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A IRA DE DEUS - Rm 1.

18-32

Ao ouvir a palavra ‘ira’ logo a relacionamos com a raiva


humana, uma emoção irracional carregada de vaidade,
hostilidade, malícia e vingança. Mas a ira de Deus nada
tem haver com isso. C. H. Dodd em seu comentário de
Romanos (1932) argumentou que Paulo não expressava
uma reação pessoal de Deus, mas um processo inevitável
de causa e efeito em um universo moral, seguindo um
argumento parecido com a Segunda Lei da
Termodinâmica, onde afirma-se que tudo está em estado
de composição. O sol é um exemplo, pois já é certo que
sua energia não durará para sempre. Mas quanto a ira de
Deus não podemos despersonificá-la, pois ela é uma
faceta do amor de Deus, uma indignação, uma hostilidade
santa do Criador contra o pecado e o mal. Apesar de ser
pessoal, pois Deus é uma pessoa, ela não carrega
ressentimentos.
A ira de Deus se revela contra toda impiedade (asebeia) e
injustiça (adikia) dos homens que suprimem a verdade
pela injustiça (v.18). Asebeia é contra Deus e adikia é
contra os homens. Suprimem a verdade, a ordem moral
de Deus pela injustiça, ou seja, pelo egocentrismo.
Conhecendo a Deus...(v.21). Este conhecimento não
engloba a graça salvadora, mas é o primeiro passo para o
conhecimento da mesma. O que Paulo afirma é que eles
conhecem a assinatura do Divino Autor na obra prima da
criação e estão rejeitando-a por causa dos seus interesses
egoístas.
A ira de Deus terá um dia especifico[1],
mas não é sobre este dia
que Paulo está nos dizendo, esta ira é Deus
abandonando o pecador de dura cerviz rumo à
degeneração da sua posição perante a revelação do
Criador. Deus os entrega a uma espiral
descendente da depravação pagã com três estágios:
impureza sexual (24), paixões vergonhosas e a uma
disposição mental reprovável (28).“São insensatos
por natureza todos os que desconheceram a Deus,
e, através dos bens visíveis, não souberam
conhecer Aquele que é, nem reconhecer o Artista,
considerado suas obras”; “Ainda uma vez,
entretanto, eles não são desculpáveis, porque, se
eles possuíram luz suficiente para poder perscrutar
a ordem do mundo, como não encontraram eles
mais facilmente Aquele que é o seu Senhor?”,
Livro apócrifo da Sabedoria, cap. 13.1,8,9.
[1] 1Ts 1.10; Rm 2.5,8
CLODOALDO CLAY NUNES

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