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Sistemática para A Análise de Sistemas de Medição (Msa) : Estudo Aplicado em Uma Empresa Fornecedora de Produtos para A Indústria Automotiva
Sistemática para A Análise de Sistemas de Medição (Msa) : Estudo Aplicado em Uma Empresa Fornecedora de Produtos para A Indústria Automotiva
1. Introdução
A globalização com todas as suas vantagens e desvantagens, dependendo do ponto de vista,
nos trouxe algo que, na realidade atual, é de vital importância para a sobrevivência das
empresas: necessidade de produzir com qualidade e preocupação com a melhoria continua.
Atualmente a qualidade está intimamente relacionada com o desempenho dos processos e
seus controles que são realizados ao longo da cadeia produtiva. A decisão de se ajustar ou não
um processo depende dos dados de medição que este produz, e para isto, é imprescindível que
sua origem seja confiável e conhecida.
Em virtude desta nova realidade, é de extrema importância que os dados gerados pelos
sistemas de medição sejam tratados e analisados para garantir que a qualidade do produto
esteja sendo monitorada.
O objetivo deste artigo é apresentar uma sistemática para a realização da análise do sistema de
medição e sua aplicação pelas empresas que buscam fornecer insumos para a indústria
automotiva e estejam em conformidade com as exigências da ISO/TS 16949.
2. O Processo de medição e suas fontes de variação
Em uma linha de produção, muitas vezes, todas as unidades produzidas parecem ser
exatamente iguais, porém se verificarmos com mais detalhes, veremos que não são tão iguais
assim, por mais bem planejado e controlado que seja o processo de produção (COSTA et al.,
2004). Não existem dois produtos ou serviços iguais, porque os processos usados para
produzi-los contêm muitas fontes de variação, mesmo se os processos estiverem operando
conforme previsto (RITZMAN e KRAJEWSKI, 2004). Estas diferenças entre as unidades
constituem a variabilidade do processo.
A variabilidade natural do processo, devido às causas comuns, é algo inerente ao mesmo,
inevitável e com o qual é preciso conviver. De acordo com Slack et al. (2002), as variações
que derivam das causas comuns nunca podem ser inteiramente eliminadas, apesar de poderem
ser reduzidas. Se essa variabilidade natural se mantiver constante, diz-se que o processo está
sob controle estatístico, conforme podemos visualizar na figura 01, em que a variável X está
centrada no valor alvo, esperado para o processo, e se mantém estável (média e dispersão
inalteradas) ao longo do tempo (COSTA et al., 2004).
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Do contrário, se a variabilidade for devido a causas especiais, que poderiam ser corrigidas ou
eliminadas, como por exemplo, um lote de matéria prima com problemas ou o desajuste de
uma máquina, então o processo está fora de controle, conforme ilustrado na figura 02, onde
uma causa especial deslocou a distribuição da variável X em relação ao valor alvo, esperado
para o processo, ao longo do tempo (COSTA et al., 2004).
Segundo IQA (2004), esta variabilidade, seja devido às causas comuns ou especiais, tem que
ser conhecida e investigada para que se possa diminuí-la o máximo possível e que sua
influência sobre o processo seja a menor possível. Para isto, é importante que se conheça o
processo por inteiro, sendo extremamente necessária uma análise completa do mesmo.
2.1 Sistema de Medição
Sistema de medição é o conjunto de instrumentos ou dispositivos de medição, padrões,
operações, métodos, dispositivos de fixação, software, pessoal, ambiente e premissas usadas
para quantificar a unidade de medição ou corrigir a avaliação da característica que está sendo
medida, ou seja, o processo completo utilizado para obter as medições (IQA, 2004).
Como em qualquer processo, o sistema de medição está sujeito a vários tipos de variações que
são devidas a causas comuns e causas especiais. Para Rotondaro et al. (2002), o objetivo da
análise de um sistema de medição é o de compreender as fontes de variação que podem
influenciar nos resultados de medição. Atualmente os dados de medição vêm sendo utilizados
com frequência para analisar e ajustar os processos ou ainda como ferramenta para determinar
se existe relação ou não entre duas ou mais variáveis.
Os dados de medição podem ser obtidos a partir de um estudo onde o processo ou sistema que
está sendo estudado é observado e os dados vão sendo obtidos à medida que são
disponibilizados. Outra alternativa é a partir de um estudo de experimento planejado, onde
são simuladas variações nas características controladas do processo ou sistema, obtidos os
dados de saída e então se toma as decisões analisando esta interação (MONTGOMERY E
RUNGER, 2003).
Segundo IQA (2004), o benefício de se utilizar os dados de medição é muito dependente da
qualidade dos dados usados. Para garantir que o benefício do uso de dados de medição seja
suficiente para cobrir o custo de obtenção, deve-se avaliar a qualidade destes dados. Os dados
são a base para o controle da qualidade e, muitas vezes, os dados não são confiáveis. Podem
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O sistema de medição deve ser estável – deve ter estabilidade estatística, ou seja, sua
variação deve ser somente em função de causas comuns e não devido a causas
especiais.
As propriedades estatísticas (erros) – devem ser consistentes ao longo do intervalo de
medição esperado e adequadas ao propósito de medição.
A sensibilidade do sistema deve ser adequada – o instrumento de medição deve ter a
discriminação adequada e resolução efetiva (sensibilidade de detectar mudanças no
produto ou na variação do processo). Conforme podemos visualizar na figura 03, a
medida desta capacidade é tipicamente o valor da menor graduação na escala do
instrumento (intervalo integral). Se o instrumento tem graduações amplas, então meia
graduação poderá ser usada (meio intervalo).
Figura 03 – Discriminação
Fonte: Manual de referência IQA, 2004.
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Esta é uma das primeiras e principais atividades a serem realizadas para a correta aplicação
dos estudos de sistemas de medição, sendo realizado em várias etapas conforme podemos
visualizar no fluxograma da figura 1.
INÍCIO
O plano de controle
SIM será dividido por
famílias?
NÃO
Levantar quantidade de
sistemas por família
O plano de controle
será dividido por NÃO
característica?
Levantar quantidade de
sistemas por características
Definir a quantidade de
estudos por família conforme
criticidade
Definir a quantidade de
estudos por característica
conforme criticidade
Definir tipos de estudos
conforme a aplicação do
sistema
NÃO
Realizar estudo de Realizar estudo de Realizar estudo de Realizar estudo de Realizar estudo de R&R
Tendência Linearidade Estabilidade Repetitividade
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micrômetro centesimal, micrômetro milesimal, etc.). Para cada família, dependendo do seu
tamanho é definido um número de instrumentos proporcional ao seu tamanho, sendo estes
selecionados de acordo com a criticidade do produto, condição/erro do instrumento e cotas
críticas do desenho do produto.
Características - são definidas famílias de instrumentos por suas características (diâmetro
externo 0-50mm, diâmetro externo > 50 – 100mm, comprimento 0 – 100mm, etc.). O critério
para seleção dos instrumentos segue as mesmas regras que por famílias.
Solicitação do cliente – são selecionados produtos e/ou dimensões críticas solicitados pelo (s)
cliente (s) e somente realizadas nos sistemas que atendem a estes itens. Aplicado em empresas
que possuem somente algumas linhas de produtos que atendem às empresas automotivas e
não têm a necessidade da aplicação em todos os seus processos.
No estudo de caso da Tuper Tubos e Componentes Especiais II, foi escolhida a divisão em
famílias, devido ao alto número de instrumentos no plano de controle e uma linha de produtos
seriada sem muitas flutuações de tipos de peças. De posse da lista do plano de controle da
empresa onde constam todos os instrumentos que esta unidade possui, foi levantada a
quantidade total de instrumentos de cada família. Na seqüência, definiu-se a quantidade de
sistemas de medição a serem estudados em cada uma das famílias, em função do nível de
criticidade e do tamanho da mesma, sendo esta quantidade expressa em percentagem de itens
do total de cada família, de acordo com o seguinte critério:
Família c/ criticidade alta : Família c/ criticidade baixa:
* até 5 itens – 100%. * até 5 itens – 20 a 40%.
* 6 até 20 itens – 50 a 60%. * 6 até 20 itens – 20 a 30%.
* 21 a 50 itens – 30 a 50%. * 21 a 100 itens – 10 a 20%.
* 51 a 100 itens – 20 a 30%. * > 100 itens – 2 a 10%.
* > 100 itens – 10 a 20%.
Com a relação dos códigos dos instrumentos do plano de controle e a quantidade a ser
estudada de cada família, são identificadas as piores condições possíveis (pior instrumento ,
produto mais crítico versus sua menor tolerância) dentro de cada família e definidos assim os
sistemas que serão estudados, sendo até esta etapa definida a 1° parte do cronograma
contendo as características da família (nome, criticidade, tolerância crítica, quantidade de
itens, códigos dos instrumentos e a seleção dos sistemas) conforme exemplo do quadro 01.
Família
Código dos Sistemas
Criticidade e Tolerância Quantidade
Nome Instrumentos Selecionados
crítica
PU-001 X
Paquímetro Baixa PU-009
4
Universal ± 0,5mm PU-021 X
PU-056
MC-011 X
Micrômetro Alta
3 MC-021 X
Externo ± 0,08mm
MC-029 X
Medidor de Alta
1 MA-001 X
altura ± 0,6mm
Quadro 01 – Cronograma parcial de MSA (parte I)
Fonte: K&L Laboratório de Metrologia
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T , E ,
X 6x6 P P
R&R
T , E ,
X 12x12 P
R&R
T , E ,
X 12x12 P
R&R
T , E ,
X 12x12 P
R&R
T , E , L
X 4x4 P P
, R&R
No estudo aqui em questão, da Tuper Tubos e Componentes Especiais II, após definidas as
três etapas, a primeira fase de nosso objetivo, que é a definição do cronograma de MSA da
empresa está concluída, conforme podemos visualizar no quadro 04.
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FAMÍLIA
Baixa
Paquímetro Universal 1 TUP 169 T , R&R 6x6 R
± 0,8mm
Baixa
Transferidor de Ângulos 1 TUTA 008 R&R 12x12 R
± 1,0 °
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ANEXO 1
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INÍCIO
O plano de
SIM controle será
dividido por
famílias?
NÃO
Levantar quantidade
de sistemas por
família
O plano de NÃO
controle será
dividido por
característica
?
Levantar quantidade
de sistemas por
Definir a quantidade características
de estudos por
família conforme
criticidade
Definir a quantidade
de estudos por
característica
conforme criticidade
Definir tipos de
estudos conforme a
aplicação do sistema
Definir freqüência de
realização dos
estudos
NÃO SIM
Realizar
estudo de
re-
produtibilida
de?
Realizar estudo de Realizar estudo de
Realizar estudo de Estabilidade Realizar estudo de Realizar estudo de
Tendência Linearidade Repetitividade R&R
NÃO NÃO
Determinar o valor Selecionar o Selecionar o(s)
de referência da avaliador avaliador(es)
Executar a medição Executar a medição
peça As peças As peças
das peças das peças
NÃO NÃO são as são as
mesmas? mesmas?
SIM SIM
Executar a medição Executar a medição Definir freqüência de
da peça A peça é das peças As peças coleta dos dados
a são as
mesma? mesmas? Realizar a análise Realizar a análise
SIM SIM NÃO gráfica dos gráfica dos
resultados resultados
SIM
Realizar a análise Realizar a análise Realizar a análise
gráfica dos numérica dos numérica dos
resultados ao longo resultados resultados
Realizar a análise Realizar a análise do tempo
numérica dos numérica dos
resultados resultados
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Fonte: Primária
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