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TEORIA DAS ESTRUTURAS

Henrique Furia Silva


4 VIGAS ESPECIAIS e GRELHAS

Neste bloco serão estudadas estruturas reticuladas especiais. Além de esforços de fle-
xão e de cisalhamento que, quando submetidas a quaisquer carregamentos, suas vigas
inclinadas também desenvolvem esforços normais internos. Trata-se, portanto, de uma
solicitação combinada de cisalhamento com flexão composta e grande excentricidade.

Mesmo com múltiplos apoios, as vigas Gerber possuem articulações internas, que per-
mitem liberdade de rotações, aniquilando, no ponto da rótula, os momentos fletores,
eliminando a continuidade da estrutura. Assim, cada um de seus trechos é reduzido a
vigas articuladas que são estaticamente determinadas.

As grelhas são estruturas planas, mas seu carregamento incide perpendicularmente a


este plano, produzindo momentos em torno das suas barras (MARTHA, 2010). Por isso,
essas são tecnicamente consideradas estruturas espaciais.

4.1 Vigas inclinadas – conceituação

No Desenho 4.1 é representada uma viga simplesmente apoiada com inclinação 𝜃 com
a horizontal. A resultante do carregamento distribuído é centralizada, com direção ver-
tical, sentido descendente e de intensidade:

𝑃 = 𝑝 ⋅ ℓ ⋅ cos 𝜃

Não havendo carregamento na direção horizontal, a única reação de apoio da estrutura


nesta direção, que ocorre no ponto (𝐴), onde está o apoio fixo, é nula:

𝐻𝐴 = 0

2
Desenho 4.1 – Reações de apoio em viga inclinada isostática

Fonte: O autor.

Em relação ao ponto (𝐴), ambas as reações não produzem momentos rotacionais, e a


condição de equilíbrio permitirá determinar diretamente a reação vertical no ponto (𝐵),
onde está o apoio móvel.

ℓ ⋅ cos 𝜃 ⟹ 𝑝 ⋅ ℓ ⋅ cos 𝜃
𝑉𝐵 ⋅ ℓ ⋅ cos 𝜃 + 𝑃 ⋅ =0 𝑉𝐵 =
2 2

A reação vertical no apoio fixo (𝐴) é diretamente determinada pela aplicação das equa-
ções de equilíbrio de momentos rotacionais em relação ao ponto (𝐵).

ℓ ⋅ cos 𝜃 ⟹ 𝑝 ⋅ ℓ ⋅ cos 𝜃
−𝑉𝐴 ⋅ ℓ ⋅ cos 𝜃 − 𝑃 ⋅ =0 𝑉𝐴 =
2 2

A conclusão é que, com relação às reações de apoio, não há alteração em relação a tudo
que se refere às soluções de vigas isostáticas, quando estas estão inclinadas.

3
4.2 Vigas inclinadas – problemas

Os procedimentos para determinar os esforços solicitantes é o mesmo. No Desenho 4.2


são representadas as reações de apoio obtidas para a viga do Desenho 4.1, além de uma
seção intermediária 𝑺 de coordenadas fixadas estabelecidas conforme Quadro 4.1 para
determinar as funções 𝑀: [0; ℓ] ⟶ ℝ para o momento fletor, 𝑉: [0; ℓ] ⟶ ℝ para as for-
ças cortantes e 𝑁: [0; ℓ] ⟶ ℝ para as forças normais.

Desenho 4.2 – Seções de corte em viga inclinada isostática

Fonte: O autor.

Quadro 4.1 – Coordenadas da seção 𝑺 da viga do Desenho 4.2

Sistema global Sistema local


𝑋 ∈ [0; ℓ ⋅ cos 𝜃] 𝑌 ∈ [0; ℓ ⋅ sin 𝜃] 𝑥 ∈ [0; ℓ]

𝑋 = 𝑥 ⋅ cos 𝜃 𝑌 = 𝑥 ⋅ sin 𝜃 𝑌
𝑥 = tan−1 ( )
𝑋
Fonte: O autor.

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As forças normais são determinadas com base nas projeções das forças na direção do
eixo da barra. Cortando a barra na seção 𝑺 e observando as forças à esquerda, há as
componentes das forças {𝑉𝐴 , 𝐻𝐴 } comprimindo o trecho da barra restante. Tracionando
o trecho de viga, há a resultante parcial correspondente ao carregamento distribuído,
de intensidade:

𝑃(𝑋) = 𝑝 ⋅ 𝑋

Portanto, a força normal é:

𝑁(𝑋) = −𝑉𝐴 ⋅ sin 𝜃 − 𝐻𝐴 ⋅ cos 𝜃 + 𝑃(𝑋) ⋅ sin 𝜃

Como 𝐻𝐴 = 0, a força normal é reduzida apenas a:

ℓ ⋅ cos 𝜃
𝑁(𝑋) = −𝑉𝐴 ⋅ sin 𝜃 + 𝑝 ⋅ 𝑋 ⋅ sin 𝜃 ⟹ 𝑁(𝑋) = 𝑝 ⋅ sin 𝜃 ⋅ (𝑋 − )
2

Mudando das coordenadas globais (𝑋, 𝑌) para as locais (𝑥, 𝑦), conforme as relações do
Quadro 4.1, a força normal interna atuante na barra, em cada seção 𝑺, vale:


𝑁(𝑥) = −𝑝 ⋅ sin 𝜃 ⋅ cos 𝜃 ⋅ ( − 𝑥)
2

Trata-se de uma função de primeiro grau, cujo gráfico é um segmento de reta. Os valores
nos extremos são:

𝑝⋅ℓ 𝑝⋅ℓ
𝑁(0) = − ⋅ sin 𝜃 ⋅ cos 𝜃 ⟹ 𝑁(𝑥) = ⋅ sin 𝜃 ⋅ cos 𝜃
2 2

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Desenho 4.3 – Diagrama de forças normais

Fonte: O autor.

Como as forças estão representadas nas direções globais (𝑋, 𝑌), é mais fácil obter os
momentos fletores. Cortando a barra na seção 𝑺 e observando os esforços à esquerda,
há a força 𝑉𝐴 tracionando a face inferior da mesa da viga, com distância 𝑋.

Tracionando a face superior da mesa superior da viga, há a força 𝐻𝐴 com distância 𝑌 e a


𝑋
resultante parcial correspondente ao carregamento distribuído, com distância 2 e inten-

sidade 𝑃(𝑋) = 𝑝 ⋅ 𝑋. Consequentemente:

𝑋2 𝑝 ⋅ ℓ ⋅ cos 𝜃 𝑋2
𝑀(𝑋) = 𝑉𝐴 ⋅ 𝑋 − 𝐻𝐴 ⋅ 𝑌 − 𝑝 ⋅ ⟹ 𝑀(𝑋) = ⋅𝑋−𝑝⋅
2 2 2
𝑝 𝑝
𝑀(𝑋) = ⋅ (ℓ ⋅ cos 𝜃 ⋅ 𝑋 − 𝑋 2 ) ⟹ 𝑀(𝑋) = ⋅ 𝑋 ⋅ (ℓ ⋅ cos 𝜃 − 𝑋)
2 2

Trata-se de uma função polinomial de segundo grau, com raízes 𝑋1 = 0 e:

𝑋2 = ℓ ⋅ cos 𝜃

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Se essa função admitir um ponto de máximo ou de mínimo, ele será o ponto de derivada
nula:

𝜕𝑀 𝑝 ℓ ⋅ cos 𝜃
= ⋅ (ℓ ⋅ cos 𝜃 − 2 ⋅ 𝑋) = 0 ⟹ 𝑋̂ =
𝜕𝑋 2 2

O valor máximo do momento fletor é:

𝑝 𝑝 ⋅ ℓ2
𝑀(𝑋̂) = ⋅ 𝑋̂ ⋅ (ℓ ⋅ cos 𝜃 − 𝑋̂) ⟹ 𝑀(𝑋̂) = ⋅ (cos 𝜃)2
2 8

Desenho 4.4 – Diagrama de momentos fletores

Fonte: O autor.

Para calcular as forças cortante e normal, é necessário mudar das coordenadas globais
(𝑋, 𝑌) para as locais (𝑥, 𝑦), conforme as relações do Quadro 4.1.

𝑝 𝑝
𝑀(𝑥) = ⋅ (cos 𝜃)2 ⋅ 𝑥 ⋅ (ℓ − 𝑥) ⟹ 𝑀(𝑥) = ⋅ (cos 𝜃)2 ⋅ (ℓ ⋅ 𝑥 − 𝑥 2 )
2 2

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A função força cortante é obtida por diferenciação:

𝜕𝑀 𝑝
𝑉(𝑥) = ⟹ 𝑉(𝑥) = ⋅ (cos 𝜃)2 ⋅ (ℓ − 2 ⋅ 𝑥)
𝜕𝑥 2

Trata-se de uma função de primeiro grau, cujo gráfico é um segmento de reta. Os valores
nos extremos são:

𝑝⋅ℓ 𝑝⋅ℓ
𝑉(0) = ⋅ (cos 𝜃)2 ⟹ 𝑉(ℓ) = − ⋅ (cos 𝜃)2
2 2

A cortante será nula no meio do vão, como esperado, e como mostrado no Desenho
4.5

Desenho 4.5 – Diagrama de forças cortantes

Fonte: O autor.

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4.3 Vigas Gerber – conceituação

Este tipo de viga foi patenteado em 1866 por Heinrich Gottfried Gerber (1832-1912).
São vigas com vários apoios e que, no lugar de serem hiperestáticas, possuem articula-
ções internas em quantidade suficiente para que, internamente, cada trecho seja esta-
ticamente determinado, e a viga, globalmente, seja isostática.

Imagem 4.1 – Modelo de ponte com rótulas destacadas em vermelho

Fonte: PECHRISTENER. “Mainbrücke Hassfurt”. In: Wikimedia Commons. Disponível em:


<http://bit.ly/35GjB14>. Acesso em: 14 jan. 2021.

A viga mais simples deste tipo é apresentada no Desenho 4.6. Por ser articulada em (𝐵),
o momento fletor neste ponto é nulo. Essa é a equação de compatibilidade introduzida
pela rótula, e que permitirá resolver estaticamente a estrutura.

Desenho 4.6 – Viga Gerber engastada

Fonte: O autor.

A estrutura do Desenho 4.6 pode ser desmembrada em duas vigas isostáticas. Devido à
rótula em (𝐵), o momento 𝑀𝐴 não é transmitido da barra (𝐴𝐵) para a barra (𝐵𝐶). Com
isso, cada trecho do Desenho 4.7 pode ser resolvido separadamente, começando prefe-
rencialmente por aquele que tenha um apoio na extremidade.

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Desenho 4.7 – Trechos da viga Gerber do Desenho 4.6

Fonte: O autor.

Começando a análise da viga Gerber (𝐴𝐵𝐶) pelo trecho (𝐵𝐶), obtém-se, por equilíbrio
de momentos rotacionais em relação ao nó (𝐵), a reação no apoio móvel:

𝑝 ⋅ ℓ𝐵𝐶
𝑅𝐶 =
2

A força (𝑅𝐵 ), que age da rótula sobre a barra (𝐵𝐶), é determinada de maneira indepen-
dente pelo equilíbrio de momentos em relação ao apoio móvel:

𝑝 ⋅ ℓ𝐵𝐶
𝑅𝐵 =
2

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O equilíbrio de forças verticais faz o papel de verificação da solução obtida. Agora será
possível resolver o outro trecho (𝐴𝐵) da estrutura. Em relação ao engaste (𝐴), a reação
𝑅𝐴 não produz momentos rotacionais, e este equilíbrio permite obter o momento rea-
tivo:

𝑝 ⋅ (ℓ𝐴𝐵 )2 𝑝 ⋅ (ℓ𝐴𝐵 )2 𝑝 ⋅ ℓ𝐵𝐶 ⋅ ℓ𝐴𝐵


𝑀𝐴 = + 𝑅𝐵 ⋅ ℓ𝐴𝐵 ⟹ 𝑀𝐴 = +
2 2 2

O equilíbrio de momentos rotacionais em relação à extremidade (𝐵) permite obter a


reação de apoio vertical no engaste:

𝑝 ⋅ (ℓ𝐴𝐵 )2 𝑝 ⋅ ℓ𝐵𝐶
𝑅𝐴 ⋅ ℓ𝐴𝐵 − − 𝑀𝐴 = 0 ⟹ 𝑅𝐴 = 𝑝 ⋅ ℓ𝐴𝐵 +
2 2

4.4 Vigas Gerber – problemas

A ponte representada na estrutura da Imagem 4.1 inspira o exemplo de viga Gerber do


Desenho 4.8. Cabe observar que as rótulas (3) e (4) tornam estaticamente determinada
uma estrutura que seria estaticamente indeterminada.

Desenho 4.8 – Vínculos em viga Gerber

Fonte: O autor.

No nó (3) foi colocada uma rótula total, de modo que à esquerda o vínculo é de barra
solta, tornando o trecho (1 − 2 − 3) da viga com apoio móvel em (1), apoio fixo em
(2) e com balanço em (2 − 3). À direita da rótula do nó (3), o vínculo é de apoio móvel.

No nó (4), a articulação é parcial; à esquerda sendo de um apoio fixo e à direita é de


extremidade solta, o que torna o trecho (3 − 4) uma viga com apoio móvel em (3) e
fixo em (4), com balanços nas extremidades (2 − 3) e (4 − 5).

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O trecho (4 − 5 − 6) tem apoio fixo em (5), apoio móvel em (6), com um balanço em
(4 − 5). Trata-se, portanto, de uma viga (1 − 3 − 4 − 6) que tem o comportamento
global de três vigas isostáticas.

Sendo vãos livres de (8𝑚), há de se tomar muito cuidado na hora de se atribuir as car-
gas, porque grandes deflexões ocorrerão.

Desenho 4.9 – Carregamentos em viga Gerber

Fonte: O autor.

Os diagramas de forças cortantes e de momentos fletores são apresentados no Desenho


4.10.

Desenho 4.10 – Esforços solicitantes em viga Gerber

Fonte: O autor.

Observar que, na posição das rótulas, os momentos fletores são nulos e a função das
forças cortantes tem limites laterais iguais. Claramente são identificadas nesta estrutura
três trechos de vigas isostáticas.

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Os resultados, obtidos pelo software Ftool, são um pouco diferentes, e isso se deve prin-
cipalmente pelo fato de não existir rótula perfeita.

Desenho 4.11 – Vigas isostáticas associadas

Fonte: O autor.

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4.5 Comportamento de grelhas

Grelhas são estruturas geometricamente planas, mas solicitadas por carregamentos


perpendiculares a esse plano (SOUZA; PEREIRA, 2011). Uma possível idealização mate-
mática deste tipo de estrutura é apresentada na Imagem 4.2.

Imagem 4.2 – Grelha reticulada

Um exemplo desse tipo de construção são aquelas constituídas por vigas, formando um
reticulado que compõe uma malha que receberá solicitações fora do plano. As barras se
interceptam, trabalhando conjuntamente, permitindo vencer maiores vãos, (SOUZA;
RODRIGUES; MASCIA, 2009).

Na Imagem 4.3 temos a vista de um edifício de escritórios em perspectiva.

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Imagem 4.3 – Estrutura modular em concreto

Apesar de serem estruturas espaciais com relação ao carregamento, as grelhas isostáti-


cas podem ser resolvidas manualmente, pois há seis equações de equilíbrio a serem
consideradas, conforme foi apresentado no Quadro 1.4.

4.6 Esforços em grelhas – Força cortante, momento fletor e momento torçor

A estrutura do Desenho 4.12 é formada por vigas contínuas e apoiadas submetidas a um


carregamento distribuído de intensidade 𝑝 atuando na viga (𝐵𝐸) e um carregamento
concentrado de intensidade 𝑃 atuando no meio do trecho (𝐸𝐹). Foram colocados
apoios fixos em todos os vértices da estrutura, que formam dois quadrados de lado ℓ.

Considerando o estado em serviço no regime elástico linear, o princípio da superposição


pode ser muito bem utilizado ao analisar, isoladamente, o efeito de cada carregamento
na estrutura toda.

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Desenho 4.12 – Grelha hiperestática

Fonte: O autor.

A força concentrada 𝑃 produz forças cortantes constante em partes, com descontinui-


dade no ponto 𝐺. A intensidade desta descontinuidade é exatamente o valor 𝑃. Haverá
descontinuidades também em todos os vértices que contêm apoios, por causa do equi-
líbrio de forças na estrutura, isto é:

𝑉𝐴 + 𝑉𝐵 + 𝑉𝐶 + 𝑉𝐷 + 𝑉𝐸 + 𝑉𝐹 = 𝑃

Essa força também causa flexão no trecho (𝐸𝐺𝐹) sendo uma função de primeiro grau
em partes e que atinge o máximo em (𝐺). Pelo efeito da continuidade da viga (𝐹𝐸𝐷),
ocorre uma flexão na barra (𝐷𝐸), com uma linha elástica em sentido oposto ao do tre-
cho original.

Por causa da flexão em (𝐷𝐸𝐹) e pela continuidade da estrutura no nó (𝐸), a viga (𝐵𝐸)
terá tendência de rotação em torno do próprio eixo, com ângulo medido no sentido
(𝐷𝐸𝐺). Trata-se, portanto, de uma torção na viga (𝐵𝐸).

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O carregamento distribuído de intensidade (𝑝) produz forças cortantes na barra (𝐵𝐸)
conforme uma função contínua de primeiro grau e momentos fletores na mesma barra
como uma função de segundo grau. Pela continuidade da estrutura em (𝐵), há torção
na viga (𝐴𝐵𝐶) e pela continuidade da estrutura em (𝐸), há torção na viga (𝐷𝐸𝐺), mas
em sentido oposto ao da outra.

Considerando todos os carregamentos apresentados atuando simultaneamente e os


vínculos da estrutura, haverá uma combinação de flexão, torção e corte, em todas as
barras da estrutura. Tratando-se de uma grelha hiperestática, a indeterminação é resol-
vida de acordo com as características de rigidez e de compatibilidade de deslocamentos
e rotações.

4.7 Análise de grelhas isostáticas

A grelha do Desenho 4.13 é mais simples de analisar e mostra todos os tipos de solicita-
ções que aparecem nesses tipos de estruturas. Trata-se de uma grelha isostática, pois a
estrutura está contida no plano e o carregamento é ortogonal ao plano, e pode ser ra-
pidamente resolvida sem a necessidade de utilização de software estrutural.

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Desenho 4.13 – Grelha isostática

Fonte: O autor.

O vínculo de engaste em (𝐴) absorverá todas as forças e momentos que equilibrarão a


estrutura. As forças reativas serão simplesmente a soma de todas as resultantes. O car-
regamento produz, em relação ao ponto (𝐴), momentos em relação aos eixos {𝑥; 𝑦; 𝑧}
indicados no desenho. As reações de apoio são apresentadas no Quadro 4.2.

Quadro 4.2 – Equações vetoriais de equilíbrio na grelha do Desenho 4.13

EQUILÍBRIOS DE FORÇAS
𝑍𝐴 = 𝑝 ⋅ ℓ + 𝑃 𝑋𝐴 = 𝑄 𝑌𝐴 = 0
EQUILÍBRIOS DE MOMENTOS
𝑄⋅ℓ 𝑄⋅ℓ 𝑝 ⋅ ℓ2
(𝑀𝐴 )𝑦 = − (𝑀𝐴 )𝑧 = − (𝑀𝐴 )𝑥 = +𝑃⋅ℓ
2 2 2
Fonte: O autor.

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4.8 Diagramas de esforços em grelhas isostáticas

Somente a força (𝑄) produz esforços normais, que são de compressão nas barras
{(𝐴𝐵); (𝐸𝐹)}. A força (𝑃) e a resultante (𝑝 ⋅ ℓ) produzem torção na barra (𝐴𝐵), de:

𝑝 ⋅ ℓ2
𝑇 =𝑃⋅ℓ+
2

Desenho 4.14 – Diagrama de forças normais

Fonte: O autor.

19
Desenho 4.15 – Diagrama de momento torçor

Fonte: O autor.

Há cortantes em dois planos: a força (𝑄) a produz no plano (𝑥𝑦) da estrutura e as outras
produzem nos outros planos.

Desenho 4.16 – Diagrama de forças cortantes

Fonte: O autor.

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Da mesma forma, há flexão em dois planos. Há de se aproveitar o fato de que, nos tre-
chos onde 𝑉(𝑥) é constante (por partes), o momento é uma função de primeiro grau.
No trecho (𝐵𝐸), em que 𝑉(𝑥) é uma função de primeiro grau, 𝑀(𝑥) é uma função de
segundo grau.

Desenho 4.17 – Diagrama de momento fletores

Fonte: O autor.

4.9 Exemplos de construção de diagramas de esforços solicitantes em grelhas

No caso de estruturas hiperestáticas, os softwares estruturais são de grande valia, com


o cuidado de se verificar os resultados, utilizando as relações entre carregamento distri-
buído, forças cortantes e momentos fletores. Cabe observar que o programa Ftool só
pode ser utilizado para estruturas planas, entre elas, vigas e pórticos apenas.

As grelhas são planas apenas geometricamente, mas não do ponto de vista do carrega-
mento. Observa-se que o reticulado da Imagem 4.2 serve como estrutura matemática
para a construção de um modelo matemático para uma estrutura de grelha.

Por sorte, existe um programa “Grelha1” criado por Andrew John Richter Cass e Roberto
Chust Carvalho e atualizado em 20 de outubro de 2017, que permite resolver esses tipos
de estruturas, incluindo a construção dos diagramas de esforços solicitantes.

1
“Programa Grelha”. Disponível em: <http://www.deciv.ufscar.br/calco/grelhacalco.html>. Acesso em
18 jan. 2021.

21
Uma grelha quadrada foi construída utilizando o programa, com a malha apresentada
na Imagem 4.4 e o resultado do processamento na Imagem 4.5.

Imagem 4.4 – Lançamento de malha reticulada

Fonte: O autor.

Imagem 4.5 – Resultado do processamento

Fonte: O autor.

Uma grelha retangular foi construída utilizando o programa, com a malha apresentada
na Imagem 4.6 e o resultado do processamento na Imagem 4.7.

22
Imagem 4.6 – Lançamento de malha reticulada

Fonte: O autor.

Imagem 4.7 – Resultado do processamento

Fonte: O autor.

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4.10 Aplicação do FTOOL para determinação de esforços solicitantes em estruturas
reticuladas planas

O programa Ftool, na versão 3.01, permite resolver quaisquer tipos de estruturas reti-
culadas planas com carregamento no plano. Como exemplo, temos a estrutura do De-
senho 4.18, com as propriedades dos materiais e das seções transversais das peças es-
truturais conforme Desenho 4.19, produzindo no programa temos o modelo do Dese-
nho 4.20.

Desenho 4.18 – Estrutura reticulada mista

cabo de aço

3,0 m 3,0 m

1,0 m

3,0 m
2,0 m

0,5 m
3,0 m 4,0 m
Fonte: O autor.

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Desenho 4.19 – Parâmetros de projeto

TUBO DE AÇO
A36

2mm
CABO DE AÇO INOX 20mm
AISI 316

10mm 7 kN 7 kN 8 kN 8 kN 8 kN 8 kN 4 kN

8 kN

8 kN

8 kN

8 kN

4 kN
CONCRETO
C35
400

200

500
20 kN/m

200

Fonte: O autor.

25
Desenho 4.20 – Modelo no Ftool

Fonte: O autor.

O objetivo é o dimensionamento, que consiste na determinação das dimensões das se-


ções transversais das peças estruturais para que atendam aos critérios de segurança, o
que foi atingido com um cabo de 30𝑚𝑚 e uma seção tubular de 60𝑚𝑚 de diâmetro
externo e 6𝑚𝑚 de espessura.

Conclusão

Estruturas de vigas especiais são utilizadas em pontes e viadutos, apoiando rampas in-
clinadas e vencendo grandes vãos.

REFERÊNCIAS

SOUZA, Luiz Antonio de; PEREIRA, Vitor Faustino. Mecânica das Estruturas III, material
de aulas. Disponível em: <https://bit.ly/3bG5NHB>. Acesso em: 15 jan. 2021.

MARTHA, Luiz Fernando. Análise de estruturas. Conceitos e métodos básicos. 2010.


(9788535234558).

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