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“Importância da Auditoria Externa nas Pequenas e

Médias Empresas em Moçambicanas (PME´s), Março


de 2022”.
Autor: Tavares Adelino Colher

Resumo

Este artigo visa ilustrar a importância da Auditoria Externa nas organizações, concretamente nas Pequenas e
Médias em Empresas (PME´s), visto que a auditoria, auxiliam os gestores na tomada de decisões estratégicas e
operacionais. É com frequência constatar erros e fraudes nas organizações, que ocasionam problemas de
sustentabilidade no mercado, devido aos riscos que estão associados aos controles internos que não são
adequados. A Auditoria Externa tem um papel muito importante para as Pequena e Médias Empresas (PME´s) a fim
de apoia-las na gestão, maximizando o risco na tomada de decisões, para além de ajudar na definição de processos
internos e políticas se estão sendo seguidos e que as transacções realizadas estão reflectidas na contabilidade. O
estudo concluiu que as Pequenas e Médias Empresas (PME’s), apresentam, características que lhes são muito
próprias, tais como a existência de limitações no controlo interno e inexistência de segregação de funções, estando
sob controlo total do gerente. A pesquisa foi bibliográfica (consulta nas páginas da internet) para responder a
seguinte inquietação: qual a importância da auditoria externa nas PME’s. E para solucionar, a pesquisa diz que as
PME´s devem preparar, documentar e disponibilizar informação de forma completa e atempada além de que essa
disponibilização irá facilitar a comparação dessa informação por parte do auditor minimizando os riscos que podem
estar por detrás da gestão.

Palavras-Chave: Pequenas e Médias Empresas (PME´s), Auditoria, Fraude e Erro.

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Abstract
This article aims to illustrate the importance of External Auditing in organizations, specifically in Small and Medium
Enterprises (SMEs), since the audit helps managers in making strategic and operational decisions. It is often found
errors and fraud in organizations, which cause sustainability problems in the market, due to the risks associated
with inadequate internal controls. The External Audit has a very important role for Small and Medium Enterprises
(SME's) in order to support them in their management, maximizing risk in decision-making, in addition to helping to
define internal processes and policies if they are being followed and that the transactions carried out are reflected
in the accounts. The study concluded that Small and Medium Enterprises (SMEs) have characteristics that are very
specific to them, such as the existence of limitations in internal control and the absence of segregation of functions,
being under the total control of the manager. The research was bibliographic (consultation on the internet pages)
to answer the following concern: what is the importance of external auditing in SMEs. And to solve this, the
research says that SMEs must prepare, document and make information available in a complete and timely
manner, in addition to this availability will facilitate the comparison of this information by the auditor, minimizing
the risks that may be behind the management.

Keywords: Small and Medium Enterprises (SMEs), Auditing, Fraud and Error.

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1. Introdução

O crescimento da complexidade organizacional e da globalização tem vindo a tornar cada vez mais
importante a fiabilidade da informação financeira, pelo que a auditoria assume, actualmente, um papel
fundamental na confiança dos mercados. Portanto, as organizações têm de observar, atentamente e
continuadamente, o seu meio envolvente.

As Pequenas e Médias Empresas (PME’s) que actuam em Moçambique não estão isentas a observar as
mudanças e competitividade com que os negócios estão a correr no mundo e na região da África Austral.

Foi por este motivo que este artigo científico, cujo tema é “Importância da Auditoria Externa nas
Pequenas e Médias Empresas (PME’s) em Moçambicanas”, foi descrito para vir auxiliar os gestores e
diversos usuários, a analisar a evolução dos mercados e identificar ameaças e oportunidades,
diagnosticar e identificar a nível interno os pontos fortes e pontos fracos, definir os seus objectivos
estratégicos, políticas globais e analisar sistematicamente os resultados periodicamente.

De acordo com Nunes (2019/2020, p.19), as organizações para conseguirem uma posição competitiva,
vantajosa e sustentada, serem rentáveis e até mesmo sobrevivência, as mesmas precisam de ser geridas
com eficácia e, caso isso não ocorra, devem-se encontrar no mercado alternativas que melhorem os
resultados da organização, com um processo de auditoria, de modo a que os objectivos propostos sejam
alcançados.

Assim, para este estudo, o auditor executar a actividade da auditoria não é um elemento da entidade,
por ser profissionais independentes contratados para emitir opinião, ou seja, funciona como um elo
essencial de segurança para as próprias organizações.

O presente artigo, tem como objectivo a submissão para avaliação no Módulo de Auditoria Externa na
Faculdade de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Católica de Moçambique, Delegação de
Quelimane.

Esta pesquisa tem por objectivo geral ressaltar a auditoria externa como um papel fundamental para o
bom desempenho das Pequenas e Médias Empresas em Moçambique. E os objectivos específicos
fixaram-se em: relatar as características das PME’s, conceito de Auditoria e Auditoria Externa
propriamente dita; método para se evitar a fraude e erros.

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2.Marco teórico

2.1 Conceitos
2.1.1 Definição de PME´s

As Pequenas e Médias Empresas (PMEs) desempenham um papel importante no desenvolvimento de


qualquer país, como é o caso de Moçambique. Dados citados na Revista do Ministério da Industria e
Comércio (2019), indicam que as PMEs constituem aproximadamente 98 % do total das empresas
activas, proporcionando a maioria das oportunidades de emprego, oferta de produtos diversos no País.

Na literatura, encontramos traços preponderantes na análise das PMEs em países no mesmo estágio de
desenvolvimento de Moçambique nomeadamente: gestão informal, escassez de recursos e baixa
qualidade de gestão, factores que tem que ser melhorados substancialmente no País para que o
desenvolvimento possa acontecer, (Idem).

Designa-se por Pequenas e Médias Empresas, o negócios que possuem um porte reduzido, tanto de
acordo com o seu facturamento, quanto pelo seu número de funcionários.
https://www.suno.com.br/artigos/pmes (2022).

Em Moçambique, ainda existem diferentes definições de tamanho de empresas. Por exemplo: O


Instituto Nacional de Estatística (INE), considera uma Pequena Empresa, aquela que emprega entre 1 a 9
trabalhadores e a Média Empresa, aquela que emprega entre 10 a 99 trabalhadores.

Ao passo que o Estatuto Geral das PME’s, aprovado em 2011, define volume de negócios e do número
de empregados, como ilustrado na tabela abaixo;
Classificação Número de trabalhadores Volume de negócio (MZN)
Micro Empresa 1 -4 < 1.200.000,00
Pequena Empresa 5 - 49 1.200.000,00 ≤ 14.700.000,00
Média Empresa 50 - 100 14.700.000,00 ≤ 29.970.000,00
Fonte: Definição das PME´s

2.1.1.1 Características das PME´s

Segundo a Revista do Ministério da Indústria e Comércio (2019), as PME’s, apresentam as seguintes


características que lhes distinguem das restantes empresas:
 limitações da estrutura do controlo interno;
 implementação tecnológica insuficiente;
 concentração/domínio por parte de um proprietário-gerente;
 limitações na informação disponível, fácil obtenção do negócio do cliente, fácil acesso aos
activos da empresa por parte dos seus colaboradores; e
 inexistência de um eficaz órgão de gestão independente, etc.

Os profissionais da auditoria nas PME’s, tem enfrentado enormes riscos, flexibilidade no mercado e
desempenho devido as características qualitativas que a distinguem as Pequenas da Média Empresas.

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Destaca-se nelas a interacção directa entre o gestor e a empresa, isto é, o gestor é normalmente o
próprio dono da empresa, onde todas as decisões vitais da organização e o funcionamento da empresa
são da responsabilidade do mesmo.

E de acordo com AICPA (2009), as PME´s, necessitam de uma adequada segregação de funções que
consiste em atribuir a diferentes colaboradores a responsabilidade de autorização de transacções,
detenção da custódia dos activos e registo contabilístico das transacções, reduzir a existência de
situações que possibilitem a um colaborador adquirir, simultaneamente, a capacidade de cometer e
ocultar erros ou actos fraudulentos.

Alguns estudiosos das PME´s, afirmam que uma adequada segregação de funções não é exequível se o
número de colaboradores a trabalhar na área contabilística da empresa for restrito e o proprietário
gerente demonstrar interesse em controlar todas as áreas da empresa, o que normalmente, sucede este
tipo de empresas no nosso País.

Silva (2010), na sua dissertação, sustenta que a segregação de funções é também um dos aspectos
fulcrais para prevenir não só a existência de erros materiais, como também, de actos fraudulentos, pelo
que, quando ela não existe é praticada de forma limitada, cujo grau de fiabilidade da informação
disponível tornar-se-á menor. Desta forma, como consequência, a confiança depositada pelo auditor nas
PME’s é, frequentemente, menor do que numa grande empresa, em que o ambiente é mais propício à
prática de uma adequada segregação de funções.

2.1.2 Procedimentos de controlo nas PME´s

O Beaver (2002) e IFAC (2007), citados por Silva (2010), são unânimes em afirmar que na prossecução
dos seus objectivos as PME’s utilizam, procedimentos de controlo mais simples dado a sua natureza,
dimensão e complexidade, pois nestas empresas, a maior parte dos seus procedimentos não estão
devidamente documentados, sendo exemplos disto, as comunicações internas por parte do proprietário
ou do gestor da empresa aos seus colaboradores relativas a determinados aspectos tais como a
delegação de responsabilidades cujo registo documental seria bastante relevante.

Geralmente, estes meios menos formais de processos e procedimentos de carácter simples conduzem as
PME´s a aumentar a probabilidade de existência de erros e de fraudes e não só, também dificulta o
trabalho do auditor quando é solicitado para prestar tal serviço, visto que concorre para falha ou desvios
no cumprimento dos planos, programas, politicas organizacionais que as mesmas estão sujeitas.

Qualquer entidade que possui um sistema de controlo interno formalmente documentado


independentemente da fiabilidade, auxilia o auditor na redução de incerteza sobre determinados
procedimentos de controlo, nomeadamente no que diz respeito às funções atribuídas e competências
(autoridade e responsabilidade) aos colaboradores e à forma como são realizadas dentro daquela PME.

Silva (2010), acrescenta que perante procedimentos de controlo interno formais nas PME´s, o auditor
terá, em princípio, uma prova escrita que fundamente o seu parecer ao contrário do que sucede
relativamente a situações em que não existe um suporte documental, dificultando, por conseguinte, a

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realização de uma auditoria. Contudo, quando é assim, emitir uma opinião/parecer com ressalva quanto
ao facto de procedimento formal não conduzir forçosamente a uma prova escrita válida e credível para o
auditor, mas é mais vantajoso para a auditoria em si por traduzir uma segurança maior quando
comparado com um procedimento informal.

2.1.3. Insuficiência de conhecimentos contabilísticos

Um dos grandes problemas das PME´s é a não contratação de profissionais com experiência e formação
profissional, por exemplo área de preparação das demonstrações financeiras (contabilística), ou seja,
optam pela de mão-de-obra barata para todas áreas de gestão e do negócio.

De acordo com Iwisi, Kitindi e Basson (2002) e Madray (2009), citados por Silva (2010, p.13), a limitação
dos conhecimentos contabilísticos que-se constata aos colaboradores das PME´s, é conduzindo pela má
manutenção de registos “pobres”, não confiáveis e à inadequada implementação de controlos internos
na contabilidade.

Alguns estudiosos, afirmam que as limitações/restrições à implementação de bons controlos


contabilísticos, são originados pela inexistência de recursos financeiros disponíveis para que tais
controlos possam ser instituídos. De igual modo, pode suceder situações em que este tipo de empresas
ao dispor de recursos que possam ser utilizados na melhoria da sua estrutura do controlo interno mas os
proprietários demonstrem interesse em canaliza-los para outras finalidades devido ao centralismo do
poder de tomada de decisão.

Em Moçambique os gestores das PME´s olha o controlo interno como algo não tão importante, ou seja,
colocam esta preocupação em “segundo plano”. Os donos das PME’s, preferem, investir os recursos
financeiros da empresa na sua actividade operacional, de modo a aumentar o lucro da mesma, do que
canalizar uma parte desses recursos para a implementação de controlos, o que inclui a contratação de
pessoas especializadas na área contabilística, não só relativamente à salvaguarda dos activos da
empresa, mas também no que diz respeito à fiabilidade da informação processada.

2.1.4 Implementação Tecnológica insuficiente

Silva (2010), citando Soltani (2007), as tecnologias de informação assumem actualmente um papel de
primordial importância, uma vez que a crescente utilização de computadores e de técnicas informáticas
tem originado mudanças nas técnicas de manipulação, acumulação e divulgação de dados contabilísticos
nas empresas e no mundo. O mesmo autor, acrescenta que a evolução tecnologia tem obrigado as
empresas a investir em sistemas informáticos para obtenção de relatórios financeiros, gestão de activos,
pelo que, muda igualmente o modo de actuação das auditorias nesta e noutras empresas.

Importa sublinhar que é muito difícil estabelecer uma adequada segregação funções nas PME’s em
tecnologia de informação, dada a existência limitação de colaboradores por um lado, mas também os
elevados custos com a manutenção de um sistema informático, concorrem para não opção, confiando
desta forma as próprias pessoas que os utilizam.

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2.1.5.Concentração/domínio por parte de um proprietário gerente

Nas PME’s, um proprietário gerente, é, simultaneamente, detentor do capital e gestor da empresa,


aplicando-se o mesmo conceito no caso de existir mais do que uma pessoa que desempenhe o papel de
proprietário gerente.

É de conhecimento geral que o termo “gerência” aplica-se às sociedades por quotas dado que as
sociedades anónimas possuem um conselho de administração. Neste contexto e para este artigo, o
termo gerência uma vez que numa sociedade anónima de pequena dimensão o conselho de
administração não é suficientemente independente, sendo o proprietário gerente a tomar determinadas
decisões, quer no âmbito operacional, quer no âmbito estratégico.

Segundo ISA 240, §A.27, as PME’s numa perspectiva negativa, diz que o facto de existir um proprietário
gerente pode constituir uma limitação no controlo interno, considerando que tal situação possibilita a
derrogação de controlos por parte da gerência, tal situação considerada pelo auditor na identificação de
riscos de distorção material originados pela prática de actos fraudulentos.

Numa perspectiva positiva, o facto do proprietário gerente poderá desempenhar uma supervisão mais
eficaz do que uma entidade de grande dimensão, reduzindo desta forma o risco de fraudes por
colaboradores por via da supervisão directa, porque este controla todas as decisões e tem a capacidade
de intervir pessoalmente, movida pela existência de uma limitada segregação de funções, (ISA 315,
§A.49).

Portanto, a existência de um proprietário gerente, não deve constituir necessariamente um aspecto


negativo, uma vez que a posição dominante que ocupa pode ser bastante relevante para solucionar
determinados problemas, relacionados não só com o próprio negócio da empresa mas também com a
limitação dos procedimentos de controlo. Quando se denota tais características nas PME´s, o auditor
deve considerar as atitudes, consciencialização e acções do proprietário gerente.

2.1.6.Limitações na informação disponível

De acordo com Silva (2010), o processamento da informação encontra-se sujeito a determinadas


limitações originadas pelo próprio meio envolvente deste tipo de empresas, isto é, pela forma como o
trabalho é repartido pelos colaboradores, pela informalidade dos controlos, pela filosofia adoptada pelo
proprietário gerente e pelas tecnologias de informação.

As limitações de acesso a informação dificultam o trabalho do auditor uma vez que este poderá não ter
acesso a determinado tipo de informação, financeira e não financeira, que lhe seria útil e mesmo quando
o acesso lhe é facultado os dados não são disponibilizados de forma atempada e completa.

Alguns estudos em PME`s, afirmam que por causa da existência de um pequeno número de
colaboradores neste tipo de empresas, faz com que a mesma pessoa seja responsável por mais do que
uma função podendo acontecer situações em que o registo de determinados dados é menosprezado por
se considerar que a sua relevância é mínima.

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Desta forma, a disponibilização da informação não é realizada de forma completa e atempada além de
que essa disponibilização nem sempre se verifica, a comparação dessa informação por parte do auditor
será, consequentemente, dificultada.
Fase do processo de auditoria às PME’s
Fase de aceitação do cliente A tarefa de obtenção de conhecimento do negócio
è muito mais simples, auxiliando o auditor na sua
decisão de aceitação, ou não do cliente.
Fase do planeamento A natureza e extensão dos procedimentos
analíticos encontram se limitada.

Na fase do planeamento, o auditor terá uma maior


facilidade na obtenção do conhecimento do
negócio.
Fase de execução da auditoria As PME apresentam um conjunto de limitações
que poderão induzir o auditor a desenvolver
conclusões erradas através dos procedimentos
analíticos. O auditor deverá optar por reduzir de
forma moderada os testes de detalhe, e não de
forma drástica, mesmo quando os resultados dos
procedimentos analíticos são favoráveis.

A opção de aplicação dos procedimentos analíticos


substantivos nas PME’s poderá ter que ser afastada
nas mais diversas situações ou então proceder-se a
uma maior execução dos testes de detalhe.

Maior importância dos testes de controlo.


Fase final ou fase da revisão global Maior probabilidade de o auditor ter de proceder à
da auditoria reavaliação do risco de distorções materiais e à
reavaliação dos procedimentos de auditoria ou à
execução de procedimentos adicionais.
Fonte: AICPA (2009), a estrutura do processo de auditoria nas PME´s.

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Características das PME’s Impacto na auditoria
Segregação de funções insuficiente. Elevado nível de risco de existência de erros e de
fraude; Menor grau de fiabilidade dos dados a
utilizar pelo auditor.
Procedimentos de controlo informais. Dificultam o auditor na obtenção de uma prova
escrita que fundamente o seu parecer.
Elevado nível de risco de existência de erros e de
fraude mais elevado.
Contratação de colaboração com inexperiência ou Aumenta a possibilidade de existência de erros
falta de formação profissional na área relevantes.
contabilística e limitado conhecimento Reduz a confiança do auditor nos registos
contabilístico por parte dos funcionários e da contabilísticos e na informação genérica da
administração da empresa. empresa.
Implementação tecnológica insuficiente:
Fica aquém das necessidades da empresa em Dificulta o trabalho desempenhado pelo auditor
termos de processamento de informação e de devido a limitação da segregação de funções.
controlo, expondo a empresa ao risco de Maior probabilidade de perda de informação
manipulação de ficheiros de forma inadequada ou relevante para que o auditor possa realizar a
à realização de transacções que não tenham sido auditoria.
autorizadas.
Concentração/domínio por parte de um proprietário gerente:
Perspectiva negativa que inclui a ocorrência de Aumento do risco de fraude por parte da gestão e
atitudes abusivas provocando um efeito negativo da ocorrência de erros materialmente relevantes
no ambiente de controlo da empresa e nas DF’s.
marginalização dos controlos internos da empresa Reduz a fiabilidade dos dados a utilizar pelo
originando a sua ineficácia e inutilidade. auditor.
Perspectiva positiva. Reduz o risco de fraude por parte dos
colaboradores da empresa e funciona como uma
forma de compensação dos fracos controlos
internos existentes.
Limitações na informação disponível
O auditor poderá não ter acesso a determinado Dificulta o auditor na comparabilidade da
tipo de informação, financeira e não financeira ou informação disponível.
a disponibilização dos dados não é efectuada de Poderá originar a perda do rastro de auditoria.
forma atempada e completa.
O auditor terá uma maior dificuldade na análise
O nível de desagregação dos dados é reduzido desses mesmos dados assim como na detecção de
possíveis erros materialmente relevantes.
Fonte: Elaboração própria, 2022

2.2 Auditoria
A auditoria tem origem num verbo latino “audire” o qual, significa “ouvir”, assim acredita-se que a
palavra auditor pretende designar alguém que ouve (ouvinte).

Actualmente, o auditor para além ouvir tem a responsabilidade de receber as informações contabilísticas
da empresa e transmitir essa informação através de um relatório – parecer do auditor, (Nunes,
2019/2020). A contribuição da auditoria nas PME´s é crucial para uma boa imagem da empresa no

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mercado, pois permite criar elementos de índole económico e financeiro que fundamentem aumentos,
alienações/aquisições de capital próprio e eventuais empréstimos obrigacionistas.

Acresce-se, que a auditoria se destina a verificar a conformidade dos procedimentos adoptados nas
diversas áreas da entidade de acordo com os respectivos regulamentos, critérios, leis, regras, políticas
entre outros pontos, tanto a nível interno como a nível externo.

O Manual de Procedimentos do Tribunal de Contas de Portugal (1999), define auditoria como:


um exame ou verificação de uma dada matéria, tendente a analisar a conformidade da mesma
com determinadas regras, normas ou objectivos, conduzido por uma pessoa idónea,
tecnicamente preparada, realizado com observância de certos princípios, métodos e técnicas
geralmente aceites, com vista a possibilitar ao auditor formar uma opinião e emitir um parecer
sobre a matéria analisada, (p.23).

Em síntese, auditoria é uma verificação ou exame feito por um auditor dos documentos de prestação de
contas com o objectivo de o habilitar a expressar uma opinião sobre os referidos documentos de modo a
dar aos mesmos a maior credibilidade.

2.1.1Auditoria Externa

Carlos Batista da Costa (2017) citado por Nunes (2019/2020) no seu relatório de estágio diz que, a
“Auditoria Externa” é vista como uma das áreas com maior relevância, uma vez que tem como objecto as
asserções subjacentes às demonstrações financeiras que culmina com a revelação de uma opinião por
parte de um profissional competente e independente relativamente às demonstrações financeiras.

2.1.2Métodos de auditoria

Os métodos são os processos racionais e orientados de acordo com normas específicas que hão-de
conduzir o auditor na direcção do resultado desejado. Nas PME´s incide sobre as contas anuais de que
acabam por reflectir o resultado de um extenso processo, que se pode designar por “processo de
tratamento da informação” e que ocorre a nível administrativo e nível financeiro/contabilístico, de forma
dinâmica, controlada ou pelo contrário anárquica, no sentido de se produzirem determinados “outputs”
finais, máxime, de índole financeira (Manual de Procedimentos do Tribunal de Contas Português, 1999).

Constitui, na auditoria externa, um dos objectivos fundamentais do auditor, a produção de uma opinião
sobre as contas, com recurso à realização de testes directos às contas e operações, ou mediante a
análise do sistema de controlo interno inerente ao “tratamento da informação”, utilizando
simultaneamente os dois métodos (exame das contas finais e exame do sistema de controlo interno),
facto que não ocorre com frequências nas pequena e média empresas moçambicanas por que não
solicitam estes serviços de auditoria achando-os mais onerosos em custos.

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2.2 Erros, Irregularidade e Fraude
De acordo com Dr. Stephen Kanitz, citado por (de Almeida,2015), “não existem empresas sem falhas,
existem empresas bem ou mal auditadas e ou mal controladas”. E tradicionalmente, em auditoria
costuma aludir-se à detecção de erros e fraudes, que se distinguiriam fundamentalmente com base no
carácter involuntário ou não de uns e de outras.

2.2.1 Erro

É a falta profissional cometida por distracção, negligência ou ignorância de determinados princípios,


normas ou regras contabilísticas ou administrativas, que se traduza em incorrecção aritmética ou de
registo das operações e que afecte a regularidade ou perfeição técnica da contabilidade, (Da Silva, 2015).

Segundo a mesma autora, existem dois grandes grupos de erros:


1. Os que consistem em incorreções de carácter aritmético ou de escrituração dos dados
contabilísticos;

2. Os que resultam de uma deficiente aplicação dos princípios e normas administrativas e


contabilísticas.

2.2.2. Irregularidade

É a violação, intencional ou não, de uma lei ou de uma norma ou princípio contabilístico ou


administrativo aplicável, o que faz com que grande parte dos erros possam também ser qualificados
como irregularidades ou, sendo materialmente relevantes, transformar-se, se não regular e
atempadamente corrigidos, em irregularidades, (Da Silva, 2015).

As irregularidades ocorrem com frequência no exercício das actividades das organizações, bem como nas
PME´s e podem qualificar-se como fraudes quando, em face dos elementos objectivos e subjectivos
pertinentes, estejam reunidos os requisitos jurídicos aplicáveis.

2.2.3.Fraude

Para Pinheiro e Cunha (2003, p. 38), citados por de Moura; Lopes e Faria (2016), a Fraude nos meios
empresariais “caracteriza-se pela acção intencional e com dolo, praticada por agentes internos ou
externos à entidade, de forma não autorizada, com vistas a atentar contra os activos empresariais,
suprimindo desses resultados empresariais”.

Geralmente, está-se perante uma Fraude, quando existe manipulação da lei, falsificação, alteração ou
omissão voluntária de registos e/ou documentos de apoio com a intenção de obter uma representação
incorrecta da informação financeira ou uma apropriação ilícita de activos ou desvio de fundos para fins
diferentes daqueles para que foram atribuídos.

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Em suma, “Fraude” é o aproveitamento pelo (s) individuo (s) das funções que exercem para
enriquecimento pessoal, através do desvio deliberado, utilização indevida de recursos ou activos de uma
organização”.

E, por motivos consideráveis, como a fraude e erros, é que o auditor precisa de um grande auxílio de
relatórios e documentos que necessitam de cuidados especiais, para que os erros na contabilidade e as
fraudes não se tornem vícios contínuos na empresa.

O auditor deve, planear o seu trabalho de verificação de forma a ter uma segurança razoável de que será
possível descobrir erros e irregularidades (fraude) que afectem de forma materialmente relevante as
contas e deve indagar da existência de erros e irregularidades que tenham sido descobertos e
comunicados aos órgãos competentes.

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3.Conclusões
Com este estudo, conseguimos focar aspectos e importância da auditoria externa para as PME’s, visto
que a pesquisa permitiu-nos também corroborar determinadas conclusões, entre as quais se destaca, os
elementos influenciadores das caracterizadoras das PME’s, que podem assumir influências
maioritariamente negativa e razoavelmente positiva aquando da realização da auditoria.

As PME’s, apresentam diversas características segundo diversos autores e procedem, de igual forma, à
comparação dos factores com as de maior porte. Assim, importa reforçar a ideia de que,
independentemente do local do globo onde estes tipos de empresas estão instaladas, as suas
características são muito semelhantes isto é, há, normalmente, um padrão comum a todas as PME’s
mesmo que a economia e a cultura a que estão sujeitas sejam completamente diferentes.

Fraude e erros, são aspectos negativos que devem ser combatidos quer pelos gestores porque ocorrem
em qualquer organização e que o auditor precisa de um grande auxílio de relatórios e documentos que
necessitam de cuidados especiais, para que os erros na contabilidade e as fraudes não se tornem vícios
contínuos na empresa.

Nas PME´s, a disponibilização da informação não é realizada de forma completa e atempada além de que
essa disponibilização nem sempre se verifica, a comparação dessa informação por parte do auditor será,
consequentemente, dificultada devido a limitação dos controlos internos e de segregação de funções.

Silva (2010), acrescenta que perante procedimentos de controlo interno formais nas PME´s, o auditor
terá, em princípio, uma prova escrita que fundamente o seu parecer ao contrário do que sucede
relativamente a situações em que não existe um suporte documental, dificultando, por conseguinte, a
realização de uma auditoria.

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Referências Bibliográficas

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Nova Iorque: ISBN 978-0-87051-830-0;

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Pessoal e Não relativo a Pessoal/Auditoria Financeira, Touch Consultoria-Prestação de
Serviços&Imobiliária-Iprof-Lisboa-Portugal;

3. de Almeida, Mauro Leandro Ferreira (2015). A Fraude de Relato Financeiro e a Independência


dos Auditores, Dissertação apresentada à Universidade Autónoma de Lisboa para cumprimento
dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Gestão de Empresas, na
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4. de Moura, Renan Gomes ; Lopes, Paloma de Lavor; Faria, Sandi Siqueira Louzada Amum (2016).
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medium_sized_enterprises_in_Mozambique_situation_and_challenges_in_Portuguese/links/5e
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8. ISA 240 (clarificada). 2009. International Standards on Auditing – A Responsabilidade do Auditor


ao Considerar a Fraude numa Auditoria de Demonstrações Financeiras [CD ROM]. IAASB;

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requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Contabilidade- Ramo Fiscalidade.

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