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A CONTABILIDADE GERENCIAL NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS COMO

INSTRUMENTO DE GESTÃO.

Aline de Melo Conceição


Priscila Martins Vieira Souza
Prof. Esp. Paulo Siqueira (Orientador)

RESUMO

Em meio às constantes mudanças globais, as empresas necessitam de diferenciais que


as mantenham num patamar de competitividade elevado. Desta forma, através de uma
pesquisa bibliográfica, é possível explicar que a contabilidade gerencial (com seus
instrumentos contábeis) é indispensável para o processo decisório. Além de auxiliar na
ampla visão que é possível ter da empresa, os mecanismos dos quais são oferecidos dão
suporte nas decisões de forma mais correta. A sua importância é traduzida e é praticada
em empresas de sucesso, visto que, o grande suporte desse instrumento dá possibilidade
de alavancar o seu principal objetivo: o lucro.

Palavras-Chave: Contabilidade Gerencial. Instrumentos contábeis. Empresa.

ABSTRACT

In the constants global changes, the companies need of differential that maintain them in a
high landing of competitiveness. This way, through a bibliographical research, it is possible
to explain that the managerial accounting (with their accounting instruments) it is
indispensable for the decision process. Besides aiding in the wide vision that is possible to
have of the company, the mechanisms of the which are offered give support in the
decisions in a more correct way. Its importance is translated and it is practiced in success
companies, because the great support of that instrument gives up possibility its main
objective: the profit.

Key-Words: Managerial accounting. Accounting instruments. Company.

1 INTRODUÇÃO

No Brasil a cada ano milhares de empresas nascem e outras encerram suas


atividades, principalmente as micro e pequenas empresas, que muitas vezes são
iniciadas sem um prévio planejamento e acabam sem conseguirem enfrentar os desafios
de um mercado cada vez mais exigente e competitivo. Elas necessitam dos instrumentos
gerenciais para que o gestor possa através das informações recebidas tomarem decisões
mais seguras. Pois os instrumentos gerenciais servem de amparo, à medida que estará

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preparando-as para enfrentar o mercado econômico. De posse dessas informações, o
gestor tem a capacidade de interpretar através dos relatórios adequados e claros, a
situação econômica e financeira da empresa, podendo assim evitar ações inadequadas
que não produzam efeitos desejados.
A informação que a contabilidade oferece não teria nenhum sentido se não
houvesse uma distinção específica que focasse os fatos registrados. A contabilidade
gerencial é uma forma ímpar de transformar dados e fatos em análises e relatórios que
retratem a imagem da empresa em seu momento presente.
É realidade que nas micro e pequenas empresas alguns gestores nem sempre dão
importância à contabilidade gerencial, visto que, por se tratar de empresa de pequeno
porte, preocupam-se apenas em cumprir as exigências fiscais e obter lucro sem analisar
possíveis reduções de custos, ou analisar outros investimentos que poderiam trazer um
rendimento maior.
Em virtude desse aspecto relevante, é importante que as micro e pequenas
empresas saibam que têm um forte aliado que as auxiliará na gestão da empresa, basta
apenas que as mesmas, mudem o foco de gestão, uma vez que, o modelo de
gerenciamento é formado por vezes entre familiares e as decisões são baseadas em suas
experiências, ignorando as reais vantagens que os sistemas gerenciais podem fornecer.
Assim, esse artigo tem como finalidade, demonstrar a importância da contabilidade
gerencial nas micro e pequenas empresas, de forma que, com a sua utilização seja
possível tomar decisões mais seguras e precisas, pois, o suporte gerencial é
imprescindível para a continuidade e progresso da empresa.

2 MICRO E PEQUENAS EMPRESAS (MPES)

De acordo com a Lei Complementar nº 123/06, consideram-se microempresas ou


empresas de pequeno porte a sociedade empresária, a sociedade simples e o empresário
a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002, devidamente
registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas,
conforme ocaso, desde que:
I – no caso das microempresas, o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela
equiparada, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$
240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais);

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II – no caso das empresas de pequeno porte, o empresário, a pessoa jurídica, ou a
ela equiparada, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$
240.000,0(duzentos e quarenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00 (dois
milhões e quatrocentos mil reais).
Segundo o Sebrae, as micro e pequenas empresas representam 98% do número
de empresas do país e ocupam um patamar como maior empregabilidade do país, no
entanto ainda sofrem com as altas taxas de mortalidade , devido principalmente a falta de
informações gerenciais acompanhada da alta carga tributária e a falta de recurso para
investimentos..
Outro fator importante é que estas em sua maioria são administradas pelos donos
que na grande maioria não possuem formação profissional contábil nem de gestão de
negócios, dificultando assim a administração e o controle de seu empreendimento,
levando a empresa ao fracasso. Os escritórios de contabilidade em sua maioria estão
preocupados com a quantidade de clientes e não com a qualidade dos serviços
oferecidos, temem aumentar os preços para oferecer assessoria necessária e perder o
cliente. Sem um planejamento financeiro e assessoria necessária torna se impossível o
sucesso do negócio, o que na maioria dos casos leva a falência por falta de uma gestão
eficaz.
O planejamento é uma das tarefas mais importantes das empresas, e é com base
no planejamento que se realiza uma gestão competente, eficiente e eficaz, especialmente
com relação às atividades financeiras, que na maioria das vezes exige uma parcela
significativa de riscos.
Para Raza (2008, p.16):

a falta de informação é o grande vilão nas pequenas empresas, muitos


empreendedores possuem o capital e resolvem montar um negócio
desconhecendo todos os outros fatores necessários ao sucesso do
empreendimento, tais como, o controle do capital de giro, relação entre
despesas e receitas, os custos inerentes à continuidade do negócio, dentre
outros.

A Contabilidade Gerencial é um instrumento substancial de apoio na gestão dos


negócios, uma vez, que são utilizadas em diferentes atividades empresariais e processos
decisórios. A seguir, descreveremos sobre as ferramentas mais eficientes e eficazes a
serem utilizadas pelas micro e pequenas empresas.

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3 CONTABILIDADE GERENCIAL

A Contabilidade Gerencial é uma especificação da ciência contábil, na qual através


de suas informações permite que o usuário da contabilidade possa analisar as
informações obtidas e tomar decisões.
Na visão de Horngren, Sundem e Stratton (2004, p.4):

Contabilidade Gerencial é o processo de identificar, mensurar, acumular,


analisar, preparar, interpretar e comunicar informações que auxiliem os
gestores a atingir objetivos organizacionais.

Já para Iudicibus (1998, p. 21):

a contabilidade gerencial tem um sentido mais profundo, está voltado única


e exclusivamente para a administração da empresa, procurando suprir
informações que se “encaixam” de maneira válida e efetiva no modelo
decisório do administrador.

Em uma outra abordagem relata, Padoveze (2004, p.39):

a contabilidade gerencial é relacionada com o fornecimento de informação


para os administradores, isto é, aqueles que estão dentro da organização e
que são responsáveis pela direção e controle de suas operações.

A contabilidade gerencial tem um papel muito importante para as empresas:


analisar dados que auxiliam aos administradores e todos envolvidos com a atividade das
empresas, nas tomadas de decisão, facilitando assim resultados eficientes e ágeis,
fundamentais para o processo de gestão empresarial. Sendo visível que uma empresa
bem gerida pode se tornar uma forte concorrente para as demais empresas situadas no
mercado.
Ela atua de forma a mensurar resultados como, por exemplo, podemos citar o
custeio de produção, que seria o quanto está custando para a empresa produzir
determinado produto, reduzir gastos, evitar desperdícios, além de outros fatores
necessáriospara o crescimento do lucro da empresa, até o seu planejamento tributário .
A necessidade de colocá-la em prática,tem como papel principal facilitar o uso da
informação e apresentar dados concretos e claros para uma melhor tomada de decisão,

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pois uma informação errada pode causar sérios danos a uma empresa desde a perda da
sua lucratividade até a sua extinção no mercado.
Para Da Silva, de Godoy, Cunha, & Neto( 2002, pg 24):

O empresário necessita de informações para a tomada de decisões. A


contabilidade oferece dados formais, científicos e universais, que permitem
atender a essa necessidade. [...] A decisão de investir, de reduzir custos,
de modificar uma linha de produtos, ou de praticar outros atos gerenciais
deve se basear em dados técnicos extraídos dos registros contábeis, sob
pena de se pôr em risco o patrimônio da empresa.

Os registros contábeis são fundamentais, pois eles nos levam a conhecer de forma
concreta a situação econômica-financeira das entidades, podendo detectar de forma clara
a realidade, funcionando como ferramenta gestora.
Sendo de extrema importância não somente na condição de lucratividade, mas
também na redução dos custos, verificação de aumentos de despesas decorrente dos
atos operacionais da empresa e até mesmo se a compra de um determinado
equipamento ou a compra de mais de um destes vai ser viável para a empresa, quanto
tempo ele vai conseguir reaver esse dinheiro investido na máquina, após isso, analisar
quanto será o seu custo de oportunidade com esse desembolso.
Nota-se que os autores ao conceituarem Contabilidade Gerencial utilizaram de uma
mesma linha de raciocínio: do pressuposto que a Contabilidade Gerencial serve de
ferramenta de tomada de decisão. Porém, não se pode resumir tanto o campo de atuação
desta vertente da Contabilidade.
De acordo com Neves e Viceconti (1998), a Contabilidade Gerencial não se atém
apenas nas informações produzidas e desenvolvidas dentro da Contabilidade, mas
também, se ampara de outros campos do conhecimento não vinculados diretamente à
área contábil, como exemplo a administração financeira, estatística, análise financeira,
dentre outros.
Segundo Lopes e Martins (2005, p.95), concernentes ao enfoque acima citado,
discorrem que:

[...] podemos identificar duas atividades básicas que devem ser realizadas
para que as corporações atinjam seus objetivos: coordenação e motivação.
As várias atividades da firma precisam ser adequadamente coordenadas e
os gestores e demais envolvidos precisam estar motivados para a
realização de suas funções. Para a realização dessas funções, um

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elemento é primordial: informação. Para que as atividades sejam bem
coordenadas, os gestores precisam receber informações sobre seu
desenvolvimento. Para que esses mesmos gestores adequadamente
motivados, é necessário que sistemas [...] sejam implementados como
base para a remuneração. Assim, as firmas precisam de sistemas capazes
de fornecer informações com a finalidade de coordenação e motivação dos
agentes econômicos envolvidos em suas atividades. Daí surge a
Contabilidade Gerencial.

4 SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GERENCIAIS (SIGS)

Os sistemas de informações gerenciais são os pilares da administração de uma


empresa porque reúnem funções e processos que possibilitam o planejamento,
coordenação e controle. Nascimento, Reginato acrescenta o seguinte pensamento:

O sistema tem objetivo de promover a geração de informações relevantes,


confiáveis e que estejam disponíveis aos gestores no tempo e formato
adequado, e, para cumprir com a finalidade, contam com o apoio das
ferramentas de tecnologia da informação, voltada a ampliação de sua
unidade, que serão tratadas na seção particular. (2010, pág.67)

Quanto à classificação para os sistemas, Souza (2008, pág.53,) relatou dois grupos
inter-relacionados: destinados às atividades operacionais e à gestão de negócio. O
primeiro processa dados ligados às atividades operacionais tais como: áreas de
estocagem, vendas, compras, despesas, custos e que permitem o funcionamento do
empreendimento. A segunda serve de apoio a gestão dando ênfase a aspectos
econômicos e financeiros relacionados com a gestão estratégica organizacional.
Complementa afirmando que primeiro atende as operações rotineiras das principais áreas
para depois atender a gestão.
O sistema de apoio a gestão se divide em outros sistemas tais como: sistema de
informações gerenciais (SIG). Oliveira, Perez Jr, Silva (2009, pág.55) define como um
processo de planejamento de dados em informações, que são utilizados na estrutura
decisória da empresa como ferramenta que possibilita a sustentação administrativa para
otimizar os resultados esperados.
De fato, o SIG é uma ferramenta básica no processo por fornecer informações
ágeis, precisas e organizadas para suporte a tomada de decisão, através de relatórios
que retratam o desempenho presente da empresa e informar o desempenho futuro, dando
lhe base para intervir se as previsões forem desagradáveis.

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O acesso à informação é a base de qualquer tomada de decisão, devendo a
mesma ser processada de maneira rápida e precisa, para se alcançar isso é necessária a
utilização de softwares.

Esse sistema supre tanto as necessidades fiscais, a que estão sujeitas


todas as empresas, como necessidade de informação para tomada de
decisão, as quais são extremamente necessárias para todas as empresas
que queiram sobreviver no mundo globalizado deste início de novo milênio
(Oliveira, Perez Jr, Silva, 2009 pág.55):

Souza (2008, pág. 55) relata que a aplicação de sistemas de informações


gerenciais voltadas as pequenas empresas não é uma tarefa fácil, requer um elevado
grau de paciência, pois, em alguns casos impera uma burocracia desmedida.
Decerto, as empresas que adotam os sistemas de informações gerenciais geram
variados benefícios dentre os quais cita Oliveira, Perez Jr, Silva (2009, pág.56):
a) Redução de custos das operações;
b) Melhoria no acesso a informações;
c). Rapidez na tomada de decisões;
d) Aumento da produtividade e eficiência das gestões;
e) A tomada antecipada de decisões.
f) Melhoria no resultado econômico, financeiros e operacionais.
Acrescenta ainda, que o sistema de informação é composto por subsistemas
(registros auxiliares) que fornecem informações oportunas e relevantes.
Para as micro e pequenas empresas esse controle é através do Plano de Contas;
Controle de Caixa; Controle de Banco Conta Movimento; Controle de Aplicação
Financeira; Controle de Contas a Receber; Controle Permanente dos Estoques; Controle
de Imobilizado; Controle de Fornecedores; Controle de Contas a Pagar; Controle de
Gastos Provisionados; Controle de Receita; e Controle de Despesas.
A partir desses subsistemas é que são elaborados para fins gerenciais os
demonstrativos contábeis: Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício,
Fluxo de Caixa, que terão um papel de destaque ao serem interpretados pelas
ferramentas da contabilidade.
Efetivamente a velocidade de acesso à informação é decisiva para qualidade das
decisões.

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5 FERRAMENTAS DA CONTABILIDADE

5.1 Análises das demonstrações contábeis

A análise das demonstrações contábeis é outra ferramenta que possibilita a


eficiência e eficácia do empreendimento. Tem como objetivo transformar dados numéricos
em informações capazes de gerar conhecimento à empresa, subsidiando a administração
da mesma, tornando-se uma aliada no que diz respeito ao controle patrimonial.
Para avaliar desempenho de uma empresa usam-se os índices que são as técnicas
mais utilizadas, que visam evidenciar a situação econômica e financeira da empresa. Os
principais índices são os de estrutura de capital, liquidez, rentabilidade, atividade e
dependência bancária.
Os índices de estrutura de capital procura retratar a posição do capital próprio em
relação ao capital de terceiros, isto é, a dependência da empresa de recursos externos. É
formado por: participação de capital de terceiros, composição do endividamento,
imobilização do patrimônio liquido e imobilização de recursos não correntes.
Os de rentabilidade da empresa mostram qual a rentabilidade dos capitais
investidos, isto é, quanto rende os investimentos e, portanto, qual o grau de êxito
econômico da empresa. Formado por giro de ativo, margem líquida, rentabilidade do ativo
e rentabilidade do patrimônio líquido.
Outro índice muito utilizado é o de liquidez que mostra a situação financeira da
empresa de pagar suas dívidas. Uma empresa com bons índices de liquidez apresenta
condições de capacidade para pagar suas obrigações, mas não significa que estará
pagando as dívidas em dia em função de outras variáveis como prazo, renovação das
dívidas que são calculados em outros índices. Esse é composto por: liquidez geral,
liquidez corrente e liquidez seca.
Seus relatórios funcionam como instrumento indispensável no processo decisório
interferindo positivamente no planejamento estratégico empresarial. Através da análise
das demonstrações a empresa passa a ter informações da sua situação financeira e
econômica, causas das alterações na rentabilidade, a eficiência dos recursos utilizados,
providências que deveriam ter sido tomadas e não foram entre outras. Esses dados têm
como finalidade determinar quais são os pontos críticos e permitir, de imediato,
apresentar um esboço das prioridades para solução de seus problemas.

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5.2 Contabilidade de Custos

A Contabilidade de Custos que, ao longo do tempo, deixou de ter a mera função


de avaliar os estoques, foi passando a assumir outras atribuições de caráter
administrativo, tornando-se excepcional instrumento para uma gestão mais eficiente dos
negócios.
Mediante estudo surge a indagação de como abordar a contabilidade de custos
que inicialmente trabalhava apenas para empresas industriais de grande porte e tentar
aplicar esse suporte em micro e pequenas empresas. Logo de inicio são nítidas as
diferenças, principalmente quanto aos recursos financeiros disponíveis, mas esse é o
ponto da questão, as MPEs precisam ser administradas de acordo com as suas
particularidade dentro de sua realidade.
As MPEs que buscam o conhecimento e compreendem como os custos se
comportam possuem melhores condições de prever toda a trajetória desses custos em
diferentes situações, tendo espaço para melhor planejar a sua atividade e
consequentemente seus lucros.

A contabilidade de custos refere-se hoje as atividades de coleta e


fornecimento de informações para as necessidades de tomada de
decisões de todos os tipos, desde as relacionadas com as operações
repetitivas até as de natureza estratégicas, não repetitivas, e, ainda ajuda
na formulação das principais políticas das organizações. (Leone, 2000,
pág. 22)

Com um controle de custos bem definido é possível programar estratégicas que


melhorem a gestão operacional e o desempenho nos processos para que os gastos da
empresa diminuam, como por exemplo, controle das compras, por meio de compras
planejadas, com cotação de preços, melhorando o poder de negociação com os
fornecedores, possibilitando produtos com custos menores e consequente um preço de
venda competitivo.
A correta aplicação de um preço de venda é um dos desafios das micro e
pequenas empresa, que não adotam um eficiente controle de custos. Muitas vezes
trabalham com uma formação empírica de alocação de um percentual sobre o valor de
custos das mercadorias e serviços, acreditando que esse é o bastante para cobrir todos
os gastos e ainda gerar lucro.

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Para uma correta análise da formação do preço de venda se faz necessário o
conhecimento da estrutura operacional para determinar o markup ou Mark Up: termo
usado em economia para indicar quanto do preço do produto está acima do seu custo de
produção e distribuição.
O markup, segundo Dubois, Kulpa, Souza (2008, pág.226) é o método “mais
simples para determinação dos preços dos produtos”. Ele pode ser calculado com a
utilização da margem de contribuição ou da margem de lucro. O índice obtido é um
multiplicador que aplicado sobre o custo de qualquer produto, resultará no preço de
venda.
Ele é obtido por meio de uma fórmula que insere os impostos sobre venda,
despesas financeiras, comissões sobre as vendas, despesas administrativas, despesas
de vendas, outras despesas e a margem de lucro desejada.
Os custos são classificados em relação aos produtos fabricados em custos diretos
e indiretos, quanto ao volume de produção ou venda são em custos fixos ou variáveis.
Os custos diretos podem ser quantificados e identificados no produto. Os custos
indiretos por não ser facilmente identificados, não são apropriados de forma direta,
precisando de critérios de rateio. Esses critérios por ser uma questão de julgamento
estão propícios a erros que ocorrem na tentativa de alocar nas mesmas proporções os
custos indiretos aos produtos. Essa classificação tem grande importância no custeio por
absorção, pois é o custeio que absorve todos os gastos necessários para obter o custo
da mercadoria.
Os custos fixos são aqueles cujos valores permanecem constantes dentro de
determinada capacidade produtiva. No entanto o valor unitário produzido varia a medida
que ocorre uma alteração no valor total produzido, esse é a chamada produção em
escala, muito utilizado por grandes empresas, como diferencial competitivo.
Normalmente necessitam de critérios de rateio para sua determinação. As despesas
fixas têm as características semelhantes aos custos fixos.
Os custos variáveis mantêm relação direta com o volume produzido ou serviço
prestado, alterando seus valores à medida que a produção aumenta ou diminui, sendo
seus valores unitários constantes e sua alocação aos produtos é de forma direta. As
despesas apresentam o mesmo comportamento que custos.
Assim, o custeio variável por fornecer informações gerenciais será um dos
enfoques apresentando como aplicá-los nas micro e pequenas empresas. É preciso

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destacar novamente sua importância, visto que, as empresas adotem sistemas de
informações que possibilitem a diferenciação de custos e despesas.
Abordaremos a relação custo/volume/lucro por ser um instrumento de
planejamento que possibilita estudar a relação de receitas totais, custos e despesas,
além de ser essencial para o planejamento da lucratividade, pois possibilita projetar o
lucro em níveis diferentes de produção e venda como também o impacto sobre o lucro
com as modificações dos custos e preços de vendas.

5.2.1 Margem de Contribuição

O estudo da margem de contribuição é um dos instrumentos que possibilita


analisar os custos de produtos ou serviços. Ela é determinada pela diferença entre o
preço de venda e os custos e despesas variáveis. Em suma representa o valor
necessário para cobrir as despesas fixas da empresa.
A fórmula é a seguinte:

MC= PV – (CV+DV)

MC= Margem de Contribuição


PV= Preço de Venda
CV= Custo Variável
DV= Despesa Variável

Para melhor compreensão ela é a parcela do preço de venda que ultrapassa os


custos e despesas variáveis e que contribuirá para arcar com os custos fixos e formação
do lucro.

4.2.2. Ponto de Equilíbrio

Conforme definição do SEBRAE, ponto de equilíbrio “é o valor ou a quantidade


que a empresa precisa vender para cobrir o custo das mercadorias vendidas, as
despesas variáveis e as despesas fixas”.
O ponto de equilíbrio é o momento em que a empresa não apresenta nem lucro
nem prejuízo. Com o conhecimento dele é que poderá visualizar em que momento a
empresa começará a ter lucros.
O ponto de equilíbrio pode ser encontrado com o uso da seguinte fórmula:

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PE= GF / MC

PE=Ponto de equilíbrio
GF=Gastos Fixos
MC=Margem de Contribuição

5.2.3 Margem de segurança

Em meio a instabilidade, que causam as sazonalidades dentro de uma empresa,


elas necessitam de uma ferramenta que lhe proporcione o conhecimento antecipado de
eventos que diminuam suas vendas e as consequências que causaram nas finanças da
empresa. Assim a margem de segurança é o parâmetro no qual determina que a empresa
trabalhe com prudência acima do ponto de equilíbrio, mostrando quanto às vendas podem
diminuir sem que ocorra prejuízo.
A fórmula é:

MS= Q – QPE/ Q

MS=Margem de segurança
Q=Quantidade produzida
QPE=Quantidade do ponto de equilíbrio

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Numa sociedade que passa por constantes mudanças a busca por informações é
um grande diferencial competitivo. Os relatórios emitidos pela contabilidade são
fundamentais para a tomada de decisões rápidas e precisas, e apresenta o quanto as
demonstrações contábeis trazem de forma realista o que as empresas realmente
possuem. Os gestores tem na contabilidade sua aliada em que através de suas
ferramentas gerenciais é possível saber seus custos, ponto de equilíbrio, lucratividade e
principalmente sua rentabilidade.
Sem um instrumento de gestão, como a contabilidade gerencial, dificilmente as
micro e pequenas empresas conseguirão estabelecerem ações administrativas que
garantam sua própria sobrevivência no mercado, pois não existe possibilidade de uma
empresa funcionar e cumprir sua missão sem o uso do gerenciamento contábil que

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através do seu sistema de informações fornece dados que se fazem necessários para a
continuidade do negócio.
Esse artigo teve como objetivo apresentar a importância da contabilidade gerencial
enfocando as micro e pequenas empresas, buscando através de referencial bibliográfico
apresentar alguns dos instrumentos da contabilidade para analise e controle do
patrimônio.
Em um dos momentos foi apresentada um breve relato sobre as micro e pequenas
empresas no país em seguida apresentado a contabilidade gerencial e os sistemas de
informações gerenciais utilizados para extrair os dados numéricos que serão utilizados
para a construção das demonstrações contábeis. E foi finalizado com a apresentação de
alguns mecanismos para interpretação das demonstrações contábeis, conhecimento das
classificações dos custos para formação do preço de venda, margem de contribuição,
ponto de equilíbrio e margem de segurança.
Enfatizamos diante do que foi exposto que é de suma importância para as micro e
pequenas empresas a utilização da contabilidade gerencial, a fim de que suas decisões
sejam tomadas de maneira segura e consciente, baseadas em informações que
maximizarão as chances de acertos e lhes trarão possíveis lucros .

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