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Haiti: segurança ou desenvolvimento no início dos anos 90 - Vanessa Braga Matijascic

“A América Central e Caribe eram regiões que integravam o outro foco de atenção da ONU.
Grande parte dos países havia rompido com o passado colonial conquistando a
independência política já no século XIX. Porém, essas repúblicas herdaram a política
oligárquica, a sociedade desigual e a economia dependente daquelas dos países mais
desenvolvidos, o que já eram condições significativas para possibilitar que houvesse
futuramente instabilidades internas e/ou regionais.” INTRODUÇÃO. 1 P. 15.

“O Haiti apresentava um histórico de grande dependência econômica, extrema pobreza,


abuso de autoridade, violações de direitos humanos, fragilidade nas instituições políticas,
deficiências no sistema judiciário, entre outros.” INTRODUÇÃO. 1 P. 18.

“As operações de manutenção de paz são mecanismos das Nações Unidas para manter,
impor ou alcançar a paz em regiões de conflito. São ações autorizadas pelo Conselho de
Segurança e que surgiram historicamente com composição estritamente militar, mas, ao
longo dos anos, adquiriram composição mais complexa, somando civis e policiais ao seu
contingente.” CAP. 1 P. 21

ANOTAÇÃO PARA SI: Majestic cita no início do cap. 2 a intervenção militar dos Estados Unidos
(1915-1934). Nesse período os EUA escolheram as lideranças políticas, e atuaram ativamente nas
finanças e nos assuntos governamentais etc. O Haiti deixou de ser economicamente dependente da
França e contraiu dívidas com os EUA, que investem na infraestrutura do país. Na p. 43 a autora fala
sobre a estrutura colonial em Saint Domingue e sobre divisão de grupos.

“Justamente sobre os investimentos no Haiti que Richard A. Haggerty afirmou que a


intervenção militar trouxe benefícios, como as melhorias na infraestrutura: construção de
estradas, pontes, hospitais, escolas, sistemas de telefonia e saneamento básico. Sobre
esse aspecto devemos fazer a ressalva de que essas melhorias trouxeram, em longo prazo,
a concentração de riquezas na cidade de Porto Príncipe, pois todas as estradas
conectaram-se à capital." CAP. 2.2.1 P. 51

ANOTAÇÃO PARA SI: O livro foca nos conflitos políticos no início da década de 1990 e nas
intervenções da ONU e da OEA no Haiti. Lembrando que tais conflitos ocorreram a partir dos golpes
de estados que aconteciam repetidamente. A operação de manutenção de paz viabilizou as eleições
no país, visou diminuir o conflito armado e a violação dos direitos humanos por grupos extremistas. -
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A construção da desigualdade no Haiti: Experiências Históricas e Situações Atuais -


Renata de Melo Rosa

“[...] Os condicionamentos ideológicos do racismo e do colonialismo impulsionam inúmeros


intelectuais a forjarem uma visão de mundo do Haiti inscrita a partir da selvageria e da
barbáries, fundamentadas, sobretudo, a partir da ideia de raça.” CAP. 1 P. 1

“Para entender a construção da desigualdade do Haiti [...] é necessário trilhar o caminho


anterior aquele que conduz a reflexão detalhada dos processos históricos de formação das
elites haitianas e sua alternância em torno do poder do Estado[...]” CAP. 1 P 2.
ANOTAÇÃO PARA SI: A autora argumenta sobre como o colonialismo desumaniza o colonizado. De
acordo com Rosa é necessário ir até às “origens epistemológicas da desigualdade haitianas”.
Citando Aimé Césaire, a autora reflete sobre o que chama de “linha ideológica de continuidade do
colonialismo” usando dicotomias como cristianismo-civilização e paganismo-selvariedade.

“Segundo Césaire, o sentido de coisificação do outro se constituiu como o principal


mecanismo de vigor do colonialismo. Este sentido encontrava-se, em grande medida,
alimentado pela concepção cristã de mundo [...].” CAP 1. P. 2

ANOTAÇÃO PARA SI: Em uma outra citação de Césaire, o autor diz que a colonização desumaniza
até o mais civilizado dos homens e que o colonizador se habitua em ver o outro como uma fera e a
tratá-lo como fera.

“A instauração de uma contradição elementar entre sujeitos e visões de mundo, no


imaginário tanto de colonizados como de colonizadores, inspirou Frantz Fanon a concluir
que os negros vivem no mundo dos brancos de forma asolutamento contraditórua e que tal
contradição e vivida especialmente no imaginário e não necessariamente na presença ou
ausencia de brancos em países negros e vice-versa[...]” CAP 1. P. 4

“As discrepâncias estruturantes do modelo colonial fizeram com que o colonizado


alimentasse, segundo Fanon, o desejo de ocupar o lugar do colonizador, gozar de todas as
vantagens sociais, econômicas e políticas, de forma absolutamente desvinculada da
população.” CAP 1. P. 4

“Os movimentos pós-coloniais foram, de fato, motivados no sentido de ocupação do lugar


do colonizador e não necessariamente, a inversão da ordem colonial rumo à sua completa
negação. No Haiti, como em tantas outras colônias, os negros ocuparam o lugar dos
brancos, reproduzindo e atualizando as mesmas linguagens de ‘pura violência’ e
legitimando a dicotomia racial” CAP 1. P. 5

“O colonialismo haitiano vivido contemporaneamente tem como seus principais guardiões


os executivos de brancos e organismos internacionais que reproduzem as relações de
poder, sob os auspícios de outra potência colonizadora: os Estados Unidos.” CAP 1. P. 5

ANOTAÇÃO PARA SI: Como já havia sido observado no texto de Matijascic os EUA
desempenharam um papel fundamental na continuidade do imperialismo no Haiti. Percebe-se que de
fato o país nunca abandonou esta herança deixada pelos Franceses, ela apenas foi transferida.

“Apesar de o processo de emancipação colonial haitiana ter sido notável na história da


desccolonização das Américas e a luta negra haitiana de confrontação ao poder branco
colonial haver marcado o imaginário das elites agrárias de toda a América Latina e Caribe, o
processo revolucionário iniciado por Toussaint L’Ouvertura perdeu forças em meados do
século XIX[...].” CAP 2. P. 5

ANOTAÇÃO PARA SI: No decorrer do capítulo 2, Rosa explicita como a elite haitiana se distanciava
da grande massa de ex-escravos africanos. Formada por ex-escravos mulatos (nascidos na colônia)
a elite não conseguiu amadurecer o processo de descolonização e acabou por manter, de certa
forma, o modelo colonial. Percebe-se que por terem mais afinidade com o padrão de cultura e
sociedade francês e pouco conhecimento da cultura Africana a elite se afasta dos recém libertos, que
constituíam maior parte da população.

“Dada a extrema dependência internacional que as elites políticas haitianas sempre


manifestaram para transferir legitimidade a mandatos ilegais e autoritários, o país tornou-se
ao longo do tempo, uma colônia sem “donos” definidos, que sem conseguir sair do status de
dependência estrangeira, perdeu o controle de seus algozes colonialistas[...].” CAP 2.1.1 P.
9

Crítica da Razão Negra - Achille Mbembe

“A tendencial universalização da prática da condição negra é simultânea com a instauração


de práticas imperiais inéditas que devem tanto às lógicas esclavagistas de captura e
predação como às lógicas coloniais de ocupação exploração[...].” INTRODUÇÃO O. 16

“Humilhado e profundamente desonrado, o Negro é, na ordem da modernidade, o único de


todos os humanos cuja carne foi transformada em coisa, e o espírito, em mercadoria - a
cripta viva do capital. Mas - e esta é a sua manifesta dualidade -, numa reviravolta
espetacular, tornou-se o símbolo de um desejo consciente de vida, força pujante, flutuante e
plástica, plenamente engajada no acto de criação e até de viver em vários tempos e várias
histórias ao mesmo tempo.” INTRODUÇÃO P. 19

Nem todos os negros são africanos nem todos os africanos são negros. CAP. 1 P. 30

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