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Aplicação de conversores de freqüência em compressores

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Este trabalho propõe a otimização das linhas de ar comprimido, modulando a operação dos compressores de ar tipo parafuso com o
uso de conversores de freqüência para acionamento dos motores de indução trifásicos e utilizando transdutores de pressão junto com
um CLP para a automação do sistema.

Atualmente, os compressores de parafuso instalados na maioria das indústrias trabalham em regime intermitente, ou seja, alternando
seu funcionamento ora em carga e ora em alívio. Entretanto, quando em alívio esses compressores estão apenas consumindo energia
elétrica e contribuindo para baixar o fator de potência das instalações industriais, além de estarem acelerando seu desgaste mecânico,
reduzindo sua vida útil e aumentando os custos de manutenção do equipamento.

Com a automatização do acionamento dessas máquinas e das linhas de ar comprimido, haverá uma economia significativa de energia
elétrica e dos custos de manutenção.

Ar comprimido é um insumo, ou forma de energia, de ampla utilização e está presente nas mais diversas aplicações: Acionamentos e
controles industriais; Processos produtivos; Processos automotivos; Consultórios médicos; Construção civil; entre outros. As
vantagens são evidentes: é fácil de ser conduzido; não apresenta risco de incêndio; os equipamentos são compactos; não gera
resíduos; etc. Entretanto, seu custo é alto e a maior parte da energia gasta na compressão do ar é perdida na forma de calor. Estudos
realizados pela Atlas Copco demonstraram que a energia elétrica consumida para a geração de ar comprimido representa cerca de
70% dos custos de um ciclo de vida do compressor.

Portanto, em especial na indústria, o uso do ar comprimido deve ser estritamente monitorado. A operação e a manutenção dos
sistemas devem procurar sempre a maximização da eficiência. Pensando nisso e considerando que o consumo de energia elétrica
representa grande parcela nos custos de alguns segmentos industriais (Siderurgia, Alumínio, Bebidas, Vidro, entre outros), é proposto
neste trabalho a otimização das linhas de ar comprimido, modulando a operação dos compressores de ar tipo parafuso com o uso de
conversores de freqüência para acionamento dos motores de indução trifásicos (MIT) e utilizando transdutores de pressão junto com
um controlador lógico programável (CLP) para a automação do sistema.
Objetivo

A maioria das indústrias têm um perfil de demanda de ar característico, com flutuações de acordo com a hora do dia ou com o dia da
semana. Compressores com sistemas de regulagem tradicional não conseguem acompanhar com precisão essas variações de
demanda. Como resultado, se tem o desperdício de energia.

O objetivo aqui é desenvolver um projeto de automatização para linhas de ar comprimido alimentadas por compressores tipo parafuso,
evitando operações em vazio do referido equipamento e conseqüentemente, economizando energia elétrica e reduzindo os custos de
manutenção fabril. Serão instalados os conversores de freqüência para acionamento dos compressores de ar comprimido e modulado
o funcionamento através de transdutores de pressão instalados nas linhas de ar comprimido, como mostra a figura 1 com um perfil
típico de demanda de ar médio durante a semana.

F1.Perfil típico de demanda de ar (cortesia Atlas Copco)

Compressores de Ar tipo Parafuso

Os compressores são equipamentos que elevam a pressão do ar através de sistemas mecânicos, em geral, são acionados por
motores elétricos ou de combustão interna. Basicamente os compressores se classificam em dois grupos distintos: de deslocamento
positivo; e os dinâmicos.

Compressores de deslocamento positivo

Nesse tipo de compressor o aumento de pressão é obtido quando se encerra o volume de um gás num espaço fechado, onde
posteriormente o volume é reduzido por ação mecânica. Os tipos mais conhecidos são os compressores alternativos de pistão e os
compressores rotativos de parafuso, conforme ilustram as figuras 2 e 3. A capacidade não é afetada pela pressão de trabalho, exceto
pelas alterações de vazamento interno e na eficiência volumétrica.
F2.Compressor de parafuso

F3.Circuito pneumático

Compressores dinâmicos

Nesse tipo de compressor o aumento da pressão é obtido imprimindo-se energia cinética ao gás que tem um fluxo contínuo e
convertendo-se essa energia em pressão através de um difusor. Como exemplos desse tipo de compressores tem-se os ejetores, os
centrífugos e os axiais.

Compressor de parafuso

É uma máquina de deslocamento positivo com uma relação de compressão estabelecida. Os elementos rotores de parafuso são
sincronizados por meio de engrenagens externas ao espaço de compressão e, como os rotores não se tocam entre si, nem com a
carcaça, não existe a necessidade de lubrificação dentro da câmara de compressão.

Portanto, o ar descarregado é isento de óleo. A ausência de válvulas de admissão e de descarga e de forças mecânicas
desbalanceadas permite que o compressor de parafuso opere com altas velocidades no eixo.

A regulagem de capacidade ou alívio do compressor é usualmente feita por uma válvula que fecha o suprimento de ar ao compressor.
A tubulação de descarga é provida de uma válvula de retenção que fecha quando não há demanda de ar. Quando aliviado, o ar é
conduzido através de uma passagem do elemento de alta pressão para a admissão a fim de evitar que o compressor se transforme
numa bomba de vácuo.

A válvula de retenção inserida na tubulação de descarga também serve pra evitar que o compressor trabalhe como um motor pelo
retorno do ar sob pressão da linha e do reservatório, quando o compressor está parado.

Controle de capacidade de compressores

A capacidade de um compressor deve ser regulada para se adaptar ao sistema de demanda real. Usualmente, a pressão de descarga
é a variável de controle.

O tipo de controle depende da característica do compressor, do acionador e da rede de distribuição, e pode ser dividido em contínuo
(variação da velocidade, estrangulamento da admissão) ou descontínuo (liga – desliga).

Neste projeto é utilizado controle contínuo, com variação de velocidade de acionamento, usando como variável de controle a pressão
da rede de distribuição. O alívio do compressor na partida deve ser providenciado naqueles casos onde o torque do acionador
disponível não é suficiente para acelerar o compressor sob carga. Existem vários métodos de alívio.

Métodos de alívio de compressores

Regulagem da válvula de admissão

É a forma mais comum de alívio do compressor de ar. Esse sistema utiliza um mecanismo de garfo, que mantém as placas da válvula
de admissão abertas sempre que não houver necessidade de demanda de ar do compressor. Com a válvula de admissão mantida
aberta, o ar se deslocará para dentro e para fora do cilindro acompanhando o deslocamento do pistão.

Para operar o mecanismo de alívio uma pressão mínima é requerida. A potência consumida em alívio compreende a perda devido à
fricção do ar e as perdas mecânicas do compressor.

Estrangulamento da válvula de admissão

Através de uma válvula de abertura variável na admissão do compressor pode-se regular o alívio do compressor. Esse método tem
um inconveniente que é o aumento da relação de compressão.

Controle por desvio

Esse método não controla diretamente a operação do compressor, porém permite que o compressor trabalhe o tempo todo em carga,
desviando o excesso de ar da descarga para a admissão. A potência consumida é igual àquela de plena carga. Há um resfriamento do
ar quando esse é desviado para se evitar o aumento de temperatura devido a recompressão do ar recirculado.

Controle de sopro para atmosfera

O compressor fica constantemente comprimindo. Entretanto, quando a pressão máxima é atingida, o ar descarregado é soprado para
a atmosfera. As regulagens por desvio e por sopro são anti-econômicas porque a potência necessária no eixo do compressor é a
mesma que a plena carga.

Variação da velocidade do acionador


A vazão de ar do compressor é diretamente proporcional à velocidade do acionador, dessa forma, pode-se controlar a vazão de
acordo com a demanda de ar. Esse método pode ser utilizado em compressores acionados por motores elétricos ou a combustão
interna e apresenta uma grande vantagem que é a economia de energia, além da redução dos custos de manutenção e
prolongamento da vida útil do equipamento. A figura 4 ilustra um compressor VSD com conversor integrado.

F4.Compressor VSD

Conversores de Freqüência

Conversores de freqüência são equipamentos destinados a controlar e variar a velocidade de motores elétricos de indução trifásicos.
São equipamentos microprocessados, totalmente digitalizados, disponíveis com controle escalar ou controle vetorial e utilizam
transistores de tecnologia IGBT para chaveamento em alta freqüência.

Aplicações

Os conversores de freqüência podem ser aplicados em ventiladores, exaustores, bombas centrífugas e dosadoras, agitadores,
misturadores, compressores, extrusoras, centrífugas de açúcar, esteiras transportadoras, moinhos de bolas, secadores e fornos
contínuos, mesas de rolos, filtros rotativos, peneiras, pontes rolantes, máquinas-ferramenta e sistemas de ar condicionado, entre
outras tantas aplicações.

Os atuais sistemas produtivos estão cada vez mais complexos e exigem a tecnologia de variação da velocidade, bem como controle
da mesma ou até sincronismo de velocidade em sistemas paralelos de motores CA (corrente alternada). Dá-se aí, então, a
necessidade do uso de conversores de freqüência. Mas para o uso de tal tipo de dispositivo, o conversor, algumas definições são
indispensáveis no dimensionamento do acionamento, motor e conversor.

Antes de iniciar uma explanação mais ampla sobre a aplicação dos conversores de freqüência, devem ser tomados conhecimento de
algumas definições sobre as partes integrantes do sistema a ser acionado, que são:

motor: os motores a serem acionados neste trabalho são motores de corrente alternada (CA) de indução trifásicos, assíncronos, com
rotor tipo gaiola de esquilo, salvo exceções, que serão explicitamente mencionadas;

acionamento: o conjunto compreendido pelo motor e seu sistema de partida, mais qualquer aparelho eletrônico envolvido;
carga: o conjunto de componentes da máquina, iniciando pela ponta de eixo do motor;

torque: o torque pode ser definido como “a força necessária para se girar um eixo”. Ele é dado pelo produto da força tangencial pela
distância do centro do eixo até o ponto de aplicação desta força.

Aplicações típicas de conversores de freqüência

Bombas centrífugas e ventiladores

Bombas centrífugas e ventiladores são considerados em conjunto, pois ambos são máquinas rotativas cuja função é aumentar a
energia de um fluido a partir de uma fonte externa, geralmente um motor elétrico. Portanto, o método de seleção de motor / conversor
é basicamente o mesmo para os dois.

Essa família de máquinas tem como característica que o torque de carga apresenta crescimento quadrático com a rotação. Por
exemplo, caso seja duplicada a rotação da máquina com vistas a aumentar a vazão e / ou a pressão, será demandado um torque
quatro vezes maior para tal.
Os dados disponíveis a respeito da máquina podem ser:

(a)a curva “vazão V x pressão P;


ou
(b)o torque T demandado a plena carga.

A vazão V é expressa como volume deslocado por unidade de tempo e no sistema internacional (SI) é dada em m³/s. A pressão p é
dada em Pascal [Pa = N/m²]. O produto da vazão pela pressão nas respectivas unidades SI resulta na potência fluídica Pf em watt
[W]”, de acordo com a equação

Alternativamente, o torque T a plena carga pode ser usado juntamente com a rotação nr da bomba ou ventilador para calcular a
potência mecânica Pm demandada pela máquina como mostra a equação:
A bomba ou ventilador apresenta uma eficiência fluídica ηt de acordo com a qual ela converte a energia mecânica em energia do
fluido. Pode haver ainda uma transmissão intermediária entre motor e bomba ou ventilador com uma eficiência característica ηt. A
potência mecânica mínima a ser fornecida pelo motor será então a equação:

Em ventiladores de rotor muito grande e pesado é necessário fazer uma verificação do tempo de aceleração.

Caso se deseje fazer controle de vazão ou pressão por meio da variação da rotação do motor, deve-se levar em conta os seguintes
aspectos com relação à faixa de variação de rotação:

para rotações acima da rotação nominal do motor deve-se tomar o cuidado de não ultrapassar a potência nominal do motor, para que
não se entre em condição de sobrecarga;

para rotações abaixo da nominal não existem problemas, uma vez que há a diminuição quadrática do torque de carga, não havendo
portanto problemas de sobre-aquecimento por redução da ventilação, nem de sobrecarga do motor.

O controle da vazão ou da pressão por meio da variação de velocidade possibilita uma grande economia de energia. As outras formas
de controle de vazão e pressão utilizam componentes limitadores (válvulas, recirculadores, dampers, etc) e o motor opera sempre em
condição de carga nominal absorvendo potência nominal da rede. Em sistemas de controle de vazão ou pressão utilizando inversor de
freqüência, a potência absorvida da rede é apenas a necessária na condição de operação do sistema.

O Projeto

Dados do Projeto

Os compressores a serem acionados com conversores de freqüência são do tipo parafuso com as especificações abaixo:

Compressores : Atlas Copco ZR 250


Vazão : 32,7 m3 / min
Motor elétrico : 300CV / 380V / fp = 0,88 / = 0,95
399 A / Ligação delta / FS = 1,15
60 Hz / 1790 rpm

Compressores : Atlas Copco ZR 4


Vazão : 30m3 / min
Motor elétrico : 250CV / 380V / fp = 0,89 / = 0,95
332 A / Ligação delta / FS = 1,0
60 Hz / 1780 rpm

O projeto contempla a automatização da linha de ar comprimido de baixa pressão (8 bar) através da modulação da velocidade dos
compressores de parafuso de acordo com o consumo da fábrica e o intertravamento dos compressores de alta pressão (40 bar) com
as sopradoras de pet, evitando operações em vazio destes compressores.

Devido a problemas mecânicos nos compressores tipo parafuso (pressão de lubrificação dos parafusos) a rotação não poderá ser
inferior a 70% da nominal da máquina.

A figura 5 ilustra o diagrama simplificado do projeto.

F5.Diagrama simplificado do projeto

Especificação dos materiais

Os materiais necessários para a automatização do acionamento dos compressores estão abaixo listados:
1 transdutor de pressão tipo 060G2113 Danfoss
Pressão :1 – 9 bar / Alimentação :10 – 30 Vdc / Saída 4 – 20 mA
1 CPU do PLC micrologix 1500 Allen Bradley
12 entradas e 12 saídas digitais 24 Vdc
2 placas I/O analógicas Allen Bradley modelo 1769IF4-OF2
4 entradas / 2 saídas de analógicas de 0-20 mA / 4-20 mA / 0-10 V
16 relês digitais 24 Vdc
1 conversor de freqüência WEG modelo CFW-09 0312T3848
6 pulsos / 250CV / 380 V / 60Hz / 2 entradas analógicas 0-20 mA
1 conversor de freqüência WEG modelo CFW-09 0361T3848
6 pulsos / 300 CV / 380 V / 60 Hz / 2 entradas analógicas 0-20 mA
Os conversores vêm montados em painéis metálicos, com chaves seccionadoras na entrada com fusíveis de proteção ultra-rápidos.
Demais materiais tais como cabos, aterramento, chaves com fusíveis, disjuntores, etc., serão aproveitados do atual sistema de
acionamento.

Instalação e conexões

Alguns procedimentos de instalação elétrica e mecânica do conversor CFW-09 precisam ser respeitados, são elas:

Condições Ambientais;
Temperatura: 0 a 40°C;
Umidade relativa: 5% a 90% sem condensação;
Altitude: 1000 m; acima redução de 10% da corrente nominal para cada 1000 m;
Grau de poluição: 2 (poluição não condutiva);
Respeitar dimensões do painel e espaços livres para ventilação.

Instalação elétrica

Os conversores devem ser obrigatoriamente aterrados a um terra (PE) de proteção;


Não compartilhar a fiação de aterramento com outros equipamentos que operam com altas correntes;
A rede que alimenta o inversor deve ter o neutro solidamente aterrado;
Capacitores de correção de fator de potência não são necessários na entrada, nem na saída;
Quando a interferência eletromagnética gerada pelo conversor for um problema para outros equipamentos, deverá utilizar-se fiação
blindada para a conexão conversor – motor, sendo conectada a blindagem em cada extremidade;
O conversor possui proteção eletrônica de sobrecarga do motor, que deve ser ajustada de acordo com o motor específico. Quando
diversos motores forem conectados ao mesmo conversor, deverão ser utilizados relés de sobrecarga individuais para cada motor;
Se uma chave seccionadora ou contator for inserido na alimentação do motor, nunca opere com o motor em funcionamento.

Para instalação dos compressores, foram selecionadas as cabeações e proteções conforme seguem:

Cabos de alimentação – 2x120mm2 / fase ; 1x120mm2 / neutro para o inversor CFW-09 361
Cabos de alimentação - 2x70mm2 / fase ; 1x70mm2 / neutro para o conversor CFW-09 312
Proteção – fusíveis 500A Ultra-rápidos
Podem ser utilizados fusíveis normais. Neste caso, a instalação ficará protegida contra curto-circuito, mas não serão protegidos os
diodos retificadores de entrada do conversor.

O conversor possui internamente proteções para o motor e para ele próprio, que são:
Curto-circuito na entrada e na saída (fase-fase e fase-terra);
Sobrecarga no motor;
Sobretensão na saída;
Sobretemperatura nos semicondutores de potência;
Subtensão na saída;
Curto-circuito no circuito CC;
Sobretensão no circuito CC;
Proteções térmicas distintas para proteção do motor e do próprio inversor.

O controle será realizado pelo software RSLogix 500. Esse receberá o sinal analógico do transdutor de pressão e modulará os
conversores. A lógica do programa será também responsável pelo seqüenciamento de operação dos três compressores.

Acionamento e parametrização dos conversores

O sinal de liberação do acionamento do compressor será inserido na entrada de controle remoto do controlador do compressor. Desta
forma, todas as proteções existentes no controlador do compressor serão mantidas. São elas:
Pressão do óleo;
Temperatura de refrigeração;
Temperatura do óleo;
Sobre/Subcorrentes;
Sobre/Subtensões;
Temperatura de saída do ar.

Para o acionamento correto e seguro dos conversores aplicados aos compressores de ar comprimido tipo parafuso, deve-se atentar
para alguns detalhes, tais como o intertravamento do sentido de giro, para que não exista nenhum risco de inversão do sentido de
rotação, o que danificaria o elemento compressor.

As rampas de aceleração e desaceleração deverão ser corretamente ajustadas evitando sobrecargas nas partidas.

Análise Técnico-Econômica

Os custos do projeto estão apresentados na tabela 1, em seguida é realizada uma comparação com os custos de substituição dos
atuais compressores por compressores do tipo VSD da Atlas Copco, que possuem integrado o conversor de freqüência.
T1.Custos para implementação de conversor de freqüência

Demais materiais tais como cabos, painel metálico, chaves com fusíveis, disjuntores, etc. serão aproveitados do atual sistema de
acionamento.

O custo para substituição dos atuais compressores por máquinas novas, modelo VSD da Atlas Copco, que já possuem incluso o
controle de velocidade e automatização da geração de ar comprimido é apresentado na tabela 2.

T2.Custos para implantação de tecnologia com conversor de freqüência

Como é possível observar, tem-se uma economia de R$ 306.039,00 fazendo as devidas alterações necessárias nos compressores,
conforme especificado neste projeto.

Por meio das medições realizadas, foi determinado o consumo médio da fábrica, estimado em 58,22 m3/min.

Com o consumo médio medido, chegou-se à conclusão de que a melhor formatação para economia de energia seria:

Compressor ZR 3 - 16,0 m3/min - (70% em carga)


Compressor ZR 4 - 21,0 m3/min - Modulando (70% - 100%)
Compressor ZR 250 - 22,5 m3/min - Modulando (70% - 100%)
Total de ar gerado - 59,50 m3/min

A configuração acima apresenta uma geração acima do consumo médio, mas lembramos que não podemos baixar a rotação dos
compressores mais que 30% devido ao circuito de lubrificação estar interligado no motor principal, o que ocasionaria problemas com
lubrificação.

Para estimar o consumo de energia elétrica nas máquinas maiores, foram feitos ensaios com um compressor menor (5 CV; 380 V; 60
Hz; 7,97 A; 3450 rpm), com as mesmas características de acionamento e condições de trabalho dos compressores maiores. A tabela
3 relaciona os parâmetros e seus valores para o ensaio proposto. O resultado do ensaio está ilustrado na Figura 6.

T3.Dados do ensaio

F6.Curva Potência x Freqüência

Utilizando o gráfico da figura 6, é visto que trata-se de uma carga de torque constante e potência linearmente crescente.

Analisando a planilha de dados do ensaio, verifica-se que para uma redução de 30% na freqüência (em 42 Hz) a potência caiu
aproximadamente 30%, nesse caso, generalizando para os compressores maiores, tem-se a tabela 4.
T4.Estimativa de valores para os compressores maiores a partir dos ensaios realizados

A economia de energia estimada é de 407.045 kWh/ano que representa valores próximos a R$ 100.255,00/ano, conforme ilustrado na
tabela 4.

Conforme demonstrado, é viável fazer as alterações nos compressores atuais contrapondo a aquisição das novas máquinas. O
retorno do investimento é de 20 meses e será pago com a economia de energia elétrica obtida na geração do ar comprimido.

Conclusões

Foi possível observar que a automatização trará ganhos com o uso racional de energia elétrica para a geração de ar comprimido,
fazendo com que os compressores trabalhem exatamente o necessário de acordo com a demanda da fábrica.

Com a implementação proposta, ter-se-á uma economia anual de 407.045 kWh, significando uma economia de R$ 100.255/ano, que
como demonstrado anteriormente, viabiliza os investimentos no projeto.

Além dos ganhos financeiros, ter-se-á alguns ganhos com relação ao processo, pois a variação de pressão na linha será
significativamente reduzida, pois não haverá flutuações entre carga e alívio.

Concluiu-se então que o projeto é tecnicamente e financeiramente viável.

Bibliografia

Atlas Copco do Brasil. Atlas Copco Compressores de ar ZR 250. São Paulo: Atlas Copco, 2003.
Atlas Copco do Brasil. Manual do ar comprimido. São Paulo: Atlas Copco, 1976.
Danfoss do Brasil. Motores AC & conversores de freqüência. São Paulo: Danfoss, 1991.
TORO, B. del. Fundamentos de máquinas elétricas. São Paulo: Prentice-Hall do Brasil, 1994.
WEG. Manual de Operação do CWF09. Jaraguá: WEG, 2004.
WEG. Site disponível em: http://www.weg.com.br. Visitado em maio de 2004.

*Originalmente publicado na revista Mecatrônica Atual - Ano 4 - N°28 - Jun/Jul/06

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