Homem sábio é aquele que ama e busca a verdade, que é constante na
sabedoria e que discorre com a sua inteligência, onde o desejo de conhecer é uma característica comum a todos os homens. Existe uma unidade profunda e indivisível entre o conhecimento da razão e o da fé onde não é possível conhecer profundamente o mundo e os factos da história, sem ao mesmo tempo professar a fé em Deus que neles atua. A fé aperfeiçoa o olhar interior, abrindo a mente para descobrir, no curso dos acontecimentos, a presença operante da Providência. Por isso, a razão e a fé não podem ser separadas, sem fazer com que o homem perca a possibilidade de conhecer de modo adequado a si mesmo, o mundo e Deus. Em Deus reside a origem de tudo, n'Ele se encerra a plenitude do mistério, e isto constitui a sua glória; ao homem, pelo contrário, compete o dever de investigar a verdade com a razão, e nisto está a sua nobreza. O livro do Provérbios nos ensina vários pontos já mencionados acima e nos ensina que não há motivo para existir concorrência entre a razão e a fé: uma implica a outra, e cada qual tem o seu espaço próprio de realização. Podemos encontrar no livro da Sabedoria, alguns textos importantes, que nos mostrar de forma clara e nos iluminam sobre este tema central. o homem é capaz de filosofar sobre os textos sagrados e dar um passo à frente muito significativo sobre este ensinamento, onde raciocinando precisamente sobre a natureza, pode-se chegar ao Criador pela grandeza e beleza das criaturas, chegando ao conhecimento do seu Autor. Em resumo, pela razão o homem alcança a verdade, porque, iluminado pela fé, descobre o sentido profundo de tudo e, particularmente, da própria existência. São Paulo, na Carta aos Romanos, o Apóstolo nos faz conhecer uma verdade profunda: através da criação, os olhos da mente podem chegar ao conhecimento de Deus. Efetivamente, através das criaturas, Ele faz intuir à razão o seu poder e a sua divindade, onde filosoficamente falando, ele afirma a capacidade metafísica do homem. O livro do Génesis nos revela que, por conta do pecado original os olhos da mente deixaram de ser capazes de ver claramente e a razão foi progressivamente ficando prisioneira de si mesma. A vinda de Cristo foi o acontecimento de salvação que redimiu a razão da sua fraqueza, libertando-a dos grilhões onde ela mesma se tinha algemado. Por conta disto, a relação do cristão com a filosofia requer um discernimento radical, onde Deus escolheu, no mundo, aquelas coisas que nada são, para destruir as que são e razão não pode esgotar o mistério de amor que a Cruz representa, mas a Cruz pode dar à razão a resposta última que esta procura. Os desafios lançados à nossa razão são enormes, onde através da filosofia, somos capazes de reconhecer a necessidade do transcender na busca da verdade, abrindo-nos para a Cruz de Cristo. Sendo assim, a relação entre a fé e a filosofia nos coloca no caminho, assim como razão e fé, que nos levam a sabedoria da Cruz.