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Alberto Jorge Nhamechoco

Factores associados a frequência de crimes e impunidade na Cidade da Beira: caso de estudo da


Manga Mascarenha

Projecto de Pesquisa apresentado ao


Departamento do curso de Licenciatura em
Ciências Jurídicas e Público, da Universidade
Alberto Chipande (UNIAC), como requisito
para a aprovação da elaboração de Monografia
científica.

Orientada por: MSC. Flora Peranhe

Universidade

Extensão da Beira

2023
Índice

Sumário
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................................1

1.1 Contextualização...............................................................................................................1

1.2 Problematização................................................................................................................1

1.3 Justificativa.......................................................................................................................2

1.4 Objectivos.........................................................................................................................2

1.4.1 Geral..........................................................................................................................2

1.4.2 Específicos.................................................................................................................2

1.5 Hipóteses...........................................................................................................................3

1.6 Variáveis...........................................................................................................................3

1.7 Relevância.........................................................................................................................3

1.8 Delimitação do tema.........................................................................................................4

1.9 Estrutura do trabalho.........................................................................................................4

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...........................................................................................4

2.1 Conceito de crime.............................................................................................................4

2.2 Factores associados ao crime............................................................................................5

2.2.1 No mundo..................................................................................................................5

2.2.2 Em Moçambique........................................................................................................9

2.3 Gestão do local de crime.................................................................................................11

2.3.1 Princípios e procedimentos de gestão do local de crime.........................................14

2.4 Factores associados a impunidade..................................................................................18

3 METODOLOGIA..................................................................................................................22

3.1 População........................................................................................................................22
3.2 Amostra...........................................................................................................................22

3.3 Classificação da pesquisa................................................................................................23

3.4 Instrumento de recolha de dados.....................................................................................23

3.5 Técnicas de análise de dados..........................................................................................24

3.6 Orçamento.......................................................................................................................24

3.7 Cronograma.....................................................................................................................25

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................26

APENDICE................................................................................................................................29
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1 INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização
A delinquência em Moçambique é cada vez mais preocupante devido ao escalamento de
comportamentos de risco em diferentes zonas do país, e surgimento de novos casos, motivado por
vários factores. A polícia de proteçao tem um papel muito importante no caso de intervenção e a
todos níveis. Esta Polícia tem a missão de garantir a ordem, segurança e tranquilidade pública,
garantir a prevenção e repressão da criminalidade de modo a que os cidadãos circulem livremente e
sem sentimento de insegurança, assim como garantir os elementos de investigação que incorporarão
as provas materiais quando se verificar a prática de crime.

A ser assim, a presente pesquisa intitulada “Factores associados a frequência de crimes e


impunidade na Cidade da Beira: caso de estudo da Manga Mascarenha” tem por objectivo avaliar a
frequência de ocorrência de crimes de assassinatos e impunidade no Bairo previamente
referenciada.

Não menos importante, a realização da pesquisa é de extrema importância porque os seus resultados
poderão trazer benificios significativos não apenas para o autor como também para a comunidade
na qual o estudo decorreu, inclusive para a comunidade académica.

1.2 Problematização
Como autor da pesquisa e também formando no curso de Ciência Jurídicas Público, tem - se
observado e se confirmado a partir das mídias, uma onda de assassinatos na cidade da Beira, e
muito em particular nas zonas de Manga, Munhava, e especialmente na zona da Manga
Mascarenha. Motivado por factores não muito evidentes, os crimes de assassinatos tem sido
efectuados por meio de armas brancas, em que os alvos tem sido indivíduos de várias idades.

À vista disto, é fundamental através de uma pesquisa, buscar respostas por forma a compreender o
os vários factores por de trás da onda de crime, especialmente na zona da Manga Mascarenha. A ser
assim, é importante colocar a seguinte questão:

Quais são os factores associados a frequência de ocorrência de crimes de assassinatos e


impunidade no Bairo da Manga Mascarenha, cidade da Beira?
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Entretanto, tendo em conta que a escola é um local que integra indivíduos de diverentes culturas e
de educação familiar diferenciada, procura – se estudar como a comunidade está inserida no
processo de gestão dos conflitos na instituição em alusão. Para isso, foi colocada a seguinte
questão-chave:

De que forma ocorre a gestão de conflitos entre a comunidade e a escola secundária de


Muchatazina?

1.3 Justificativa
A descoberta do presente tema de pesquisa deu - se na sequência de ocorrência de vários crimes na
zona da Manga Mascarenha. Entretanto, a sua prevalência pode permitir a perpectuação da onda de
crimes a todos níveis. Por isso, a ideia de pesquisa é fundamental por forma que, a partir dos
resultados, busque – se soluções mais adequadas para a sua minimização. Alem de mais, esta
abordagem tem maior vínculo com o autor, uma vez que o mesmo se encontra a se especializar na
área de ciências jurídica público.

1.4 Objectivos

1.4.1 Geral
Avaliar a frequência de ocorrência de crimes de assassinatos e impunidade no Bairo da
Manga Mascarenha

1.4.2 Específicos
a) Identificar factores associados a frequência de crimes e impunidade no Bairro da
Manga Mascarenha;
b) Explicar os factores associados a frequência de crime de assassinato e impunidade
no Bairro em estudo;
c) Propor medidas correctivas por forma a minimizar a frequência de crimes de
assassinato e impunidade na zona de ocorrência dos factos.
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1.5 Hipóteses
a) A aliança entre os funcionários de centros penitenciários (seguranças) com os reclusos, pode
ser um forte motivo para acomodar os assinatos impunidade;
b) A negligência no cumprimento da lei por parte dos agentes da polícia pode criar
oportunidades para os malfeitores e perpectuar ondas de crime;
c) A falta de efectivo de agentes de polícia pode não permitir que haja cobertura para zonas
recondidas do bairo da Manga mascarenha, usados como pontos estratégicos para se
cometer crime;
d) A pobreza, falta de emprego podem ser indicadores de cometimento de crimes de
assassinatos
e) A não inclusão da comunidade na gestão de crimes de assassinatos, pode certamente os
crimes e a impunidade

1.6 Variáveis
a) Independente: Crime e impunidade
b) Dependente: uso da lei, uso da inteligência emocional, inclusão permanente da
comunidade no processo de gestão de crime, realização de palestra nas comuinidades e nas
mídias
c) Intervenientes: agentes da polícia, agentes penitenciários, força canina, programas
de realização de palestras, a comunidade.
d) Estranhas: negligência no uso da lei, má aplicão das técnicas das técnicas de gestao
de crimes, não uso da inteligência emocional, não inclusão permanente da comunidade no
processo da gestão de crimes.

1.7 Relevância
a) Pessoal: a pesquisa servirá efectivamente para compreender a génese do problema
identificado e fazer o bom uso do conhecimento adiquirido como futura agente de ciências
jurídicas e público.
b) Social: os resultados neste âmbito hão - de servir além de melhorar as estratégias de
gestão de crimes, servirá para pensar em boas forma de concientizar os criminosos e a
comunidade em geral a respeito das consequëncias de prática de actos de crimes de assainato.
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c) Académica: os resultados desta pesquisa serão úteis como base para consulta
académica quer no âmbito de trabalhos comuns, quer em âmbito de trabalhos de conclusão de
curso, como monografias, dissertações e teses de doutoramento.

1.8 Delimitação do tema


O tema titulado “Factores associados a frequência de crimes e impunidade na Cidade da
Beira: caso de estudo da Manga Mascarenha” enquadra – se na àrea de Ciencias Jurídicas e
Público. A operacionalização do projecto terá lugar na província de Sofala, na cidade e bairro
previamente indicados.

1.9 Estrutura do trabalho


Para uma apreciação boa, futuramente o trabalho estará estruturado em seis (6) capítulos,
nomeadamente: introdução, marco teórico, metodologia da pesquisa, apresentação e análise de
dados, discussão dos resultados e, conclusões e recomendações.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Conceito de crime

A problemática da definição do crime complica-se quando se coloca a questão do que é, na


verdade, um crime. Várias e distintas serão as respostas, conforme as perspetivas (Castiano, p. 9,
2021)

Para o trabalho, o foco basear-se-á na definição do crime sob égide jurídica “facto voluntário
declarado punível pela lei penal” (Lei n.º 35/2014, de 31 de dezembro - Lei que Aprova o Código
Penal de Moçambique).

Conforme Castiano (2021), pode - se, assim, sintetizar que é crime todo o comportamento (ação ou
omissão), que esteja tipificado em lei penal escrita como sendo um crime, para o qual esteja
prevista uma sanção penal, que tenha sido voluntário ou que tenha decorrido de comportamento
voluntário, relativamente ao qual tenha havido consciência quanto à sua ilicitude e, apesar disso,
vontade de o praticar, cujos resultados sejam uma consequência típica, normal e previsível dele, que
tenha causado dano significativo a um bem protegido pela lei penal. Ou ainda uma conduta ou ato
contrário à lei penal, sendo a sua prática tipificada na lei incriminadora, como ilícita. Todavia tem a
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mesma de estar prevista anteriormente ou na altura do ato praticado, o que consubstancia a


proibição da retroatividade pejorativa.

2.2 Factores associados ao crime

2.2.1 No mundo
Existem diversas teorias e estudos que referem que o crime se deve a uma defeituosa
regulamentação social, levando a que os infratores se desviam da norma devido à imperfeição da
autoridade e da própria sociedade (ROCK, 2012).

A convicção de que a pobreza se constitui como o mais importante, e porventura decisivo, fator
explicativo dos designados crimes contra bens patrimoniais remonta, pelo menos, a
ARISTÓTELES. Esta convicção foi reforçada na segunda metade do século XIX e início do século
XX, quando às elevadas taxas de desemprego e de pobreza que acompanharam as primeiras fases
da revolução industrial se associou um aumento, sem precedentes, de crimes participados às
autoridades policiais (COHEN e FELSON, 1979). Portanto, a associação entre desemprego,
pobreza e crime seria sustentada, nesta sequência, por inúmeras abordagens teóricas, em que
assumiu um lugar de destaque o pressuposto de que são as desigualdades económicas e sociais, bem
como as necessidades de subsistência, associadas a situações de desemprego ou de pobreza, aquilo
que melhor explica práticas criminais, em particular as que têm como alvos bens patrimoniais.

Assim, com base nesta abordagem, ENGELS (1974) cit in CASTELLANO (1981, p. 546) defende
que o crime deve ser considerado como uma forma de revolta contra a pobreza e contra as
desigualdades sociais e, portanto, como resultado direto destas; MARX (1848, p. 77) refere que
todos os aspetos da vida social, incluindo as leis, são determinados pela organização económica e
que todas as pessoas que são mantidas num estado de pobreza tendem a responder a esta através do
cometimento de crimes; BONGER (1916), cit in Castellano (1981, p. 342) defende que os povos
primitivos partilhavam de uma espécie de comunismo a todos os níveis e que, por esse motivo,
desconheciam o crime motivado por questões económicas, ou seja, por uma questão de
necessidade. Sugere que, pelo contrário, os membros das sociedades capitalistas são muito menos
altruístas, não por isso ser uma caraterística individual moderna, mas porque este tipo de sociedades
está mais concentrado na produção e no lucro do que na satisfação de necessidades coletivas. Ou
seja, ao criar um sistema de valores em que a responsabilidade social está virtualmente ausente, o
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capitalismo terá sido, ele próprio, o principal e mais determinante fator explicativo do aumento de
crimes contra bens patrimoniais.

E, por forma a explicar a aparente concentração de comportamentos criminosos em indivíduos em


situação de desemprego, de pobreza ou de privação socioeconómica, mais ou menos relativa, foi
desenvolvido um outro tipo de abordagem, de natureza mais funcionalista, em que o principal fator
explicativo reside no desfasamento existente, nas sociedades modernas, entre valores socioculturais
dominantes, como o sucesso económico e social, e oportunidades legítimas para os alcançar. Nesta
perspetiva, destacam-se os seguintes autores:

a) Robert (1938, citado por Castellano, 1981) defende que a maioria dos comportamentos
“criminosos” constitui um resultado inevitável da pressão que é exercida sobre alguns indivíduos,
sobretudo aqueles pertencentes a grupos com menores recursos económicos ou educacionais, no
sentido de procurarem objetivos e a satisfação de necessidades culturalmente sugeridas,
independentemente de terem, ou não, condições ou capacidades socioeconómicas para tal. Ou seja,
que a maioria dos comportamentos “criminosos” decorre de tensões sociais estruturais, em grande
parte provocadas por um desfasamento entre fins culturais e meios objetivos disponíveis para
atingir esses mesmos fins;

b) Castellano (1981), aludindo Richard (1959), defende que o facto de grupos com menores
recursos possuírem um acesso muito limitado ao sucesso económico e social, através de meios
legítimos e institucionalizados, tende a impelir os seus membros para a violação da lei, num
processo que tende a ser facilitado pelo acesso, bastante mais alargado nesses grupos, a
oportunidades ilegítimas.

Porém, o pressuposto de que situações de desemprego, de pobreza e de desigualdade no acesso a


bens e a estatutos socialmente valorizados explicam grande parte das práticas criminais que têm
como alvos bens patrimoniais tem sido exaustivamente analisado. Os resultados obtidos, até então,
por algumas pesquisas sugerem que o desemprego e a pobreza estão, de facto, associados a taxas
mais elevadas de crimes contra bens patrimoniais. NAGEL (1967), cit in CASTELLANO (1981,
pp. 462-6) analisa as taxas de desemprego e de crimes registados pelas autoridades policiais e
verifica que existe uma forte relação entre as mesmas; ERLICH (1974, ibidem) identifica uma forte
relação entre os crimes contra o património registados pelas autoridades policiais norte-americanas
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em 1940, 1950 e 1960 e a percentagem de famílias pobres residentes em diferentes estados dos
Estados Unidos da América.

Contudo, como refere Van (2004), cint in Dorea, Stumvoll, e Quintela (2012, p. 686), analisada esta
perspetiva, por um lado, a relação entre desemprego, pobreza e crime não parece ser, no entanto,
invariável no tempo e no espaço. Por outro lado, a relação entre desigualdades socioeconómicas e
crime raramente é estatisticamente significativa, na medida em que períodos ou espaços
caracterizados por maiores níveis de pobreza ou de desigualdade socioeconómica nem sempre são
acompanhados por um maior número de participações relativas a crimes contra bens patrimoniais.
Ora vejamos:

a) Jacobs (1980) cit in Clarke (1997) defende que não existem, relativamente às principais cidades
norte-americanas, dados que confirmem a existência de uma relação estatisticamente significativa
entre a percentagem de famílias vivendo abaixo do limiar de pobreza e os principais crimes
registados pelas autoridades policiais, como o furto e o roubo;

b) Castellano e Sampson (1981) efetuam uma extensa revisão da literatura existente e verificam que
a maior parte das pesquisas não conseguiu demonstrar que a criminalidade registada pelas
autoridades policiais aumenta durante períodos de recessão ou depressão económica. Identificam
também alguns resultados que sugerem precisamente o oposto, isto é, que a criminalidade registada
tende a diminuir durante períodos de recessão económica;

c) Danser e Laub (1981, p. 48) sugerem que a existência de resultados contraditórios ou pouco
consistentes se deve sobretudo a questões metodológicas, em particular aos processos através dos
quais os dados relativos ao desemprego, à pobreza e aos crimes são registados, tratados e
analisados. Mostram, ainda, que sempre que são utilizados dados obtidos através de inquéritos de
vitimação, bem mais representativos e abrangentes que os registos oficiais, não é possível
estabelecer qualquer relação significativa entre desemprego, pobreza e crime;

d) Freeman (1983) efetua nova revisão da literatura existente nesta área e confirma que a maioria
dos resultados existentes apenas indicia que taxas de desemprego mais elevadas tendem a estar
relacionadas, mas de forma estatisticamente pouco significativa, com taxas de crimes participados
também mais elevadas;
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e) Land, Hagan e Peterson (1995) analisam as relações existentes entre taxas de desemprego e taxas
de criminalidade ao longo da segunda metade do século XX e verificam que a criminalidade, em
geral, tende a aumentar quando o desemprego aumenta, embora esta relação seja sempre
estatisticamente pouco significativa;

f) Morgan (2000) analisa os crimes participados ao Federal Bureau of Investigation (FBI) em 1991
e defende que existe uma forte relação entre pobreza e criminalidade contra bens patrimoniais, mas
não entre esta e a desigualdade socioeconómica;

g) Van (2004), cit in Dorea, StumvolL e Quintela (2012), analisa registos oficiais relativos a vinte e
sete países europeus e verifica que as desigualdades em termos de rendimentos estão fortemente
relacionadas com as taxas de furto e de danos em veículos.

Os dados disponíveis, como salienta Dorea, Stumvoll e Quintela (2012), são, no mínimo,
inconclusivos quanto ao tipo e intensidade das relações existentes entre desemprego, pobreza,
desigualdades socioeconómicas e criminalidade contra bens patrimoniais. Por outro lado, ainda
subsistem inúmeras questões metodológicas por resolver, particularmente as relacionadas com a
objetividade dos conceitos e das medidas de desemprego, de pobreza, de desigualdade
socioeconómica e de criminalidade. Na verdade, muitas das pesquisas até hoje realizadas pouco
mais fizeram do que procurar estabelecer relações diretas entre taxas de desemprego, de pobreza e
de criminalidade em diferentes cidades, regiões ou países.

Outrossim, a convicção de que parte importante da designada criminalidade contra bens


patrimoniais é cometida por indivíduos que não se encontram necessariamente em situação de
desemprego ou de pobreza começou a consolidar-se nos anos 70 do século XX. Para o efeito
contribuíram os resultados obtidos por alguns inquéritos de auto denúncia e, sobretudo, a ausência
de dados que permitissem estabelecer correlações significativas entre necessidade, seja ela absoluta
ou relativa, e criminalidade.

O Weller (1978) avalia e analisa os comportamentos de criminosos crónicos e verificam que a


maioria dos mesmos distribuiu o respetivo tempo em variadas atividades (legais ou ilegais) que são
selecionadas de acordo com os custos relativos e os benefícios delas decorrentes, dos riscos
envolvidos e de preferências pessoais. Verificam ainda que os níveis de inteligência e de educação
não influenciam a escolha de cada tipo de atividade; Rubin (1978), por sua vez, defende que a
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maioria dos criminosos tende apenas a responder racionalmente aos custos e aos benefícios
associados a uma determinada oportunidade criminal; por fim, Piliavin, et al., (1986) analisaram
3.300 indivíduos suspeitos da prática de variados crimes e verificaram que os benefícios esperados
tinham constituído o mais importante elemento de decisão no sentido do cometimento de cada
crime, enquanto os custos esperados não pareciam ter influenciado decisivamente a decisão tomada.
Feeney (1986) analisou 113 assaltantes e verificou que mais de metade dos mesmos não havia
efetuado um planeamento, racional e prévio ao crime, confirmando que a maioria dos furtos havia
sido oportunista ou casual.

Como se pode ver, os resultados obtidos pelas pesquisas anteriormente citadas sugerem que a
maioria dos alegados criminosos tendem a dividir o seu tempo entre atividades legítimas ou
ilegítimas, não em função de um qualquer determinismo biológico, psicológico ou socioeconómico,
mas sim em função de uma avaliação racional dos benefícios, dos custos e dos riscos associados a
cada atividade, bem como das competências ou preferências pessoais. A convicção de que grande
parte dos crimes contra bens patrimoniais é cometida por indivíduos absolutamente indiferenciados
e normais, sob todos os pontos de vista, viria a constituir o pressuposto básico da designada teoria
da escolha racional e do designado modelo das atividades de rotina, proposto em 1979 por Cohen e
Felson.

De acordo com pesquisas realizadas em grupos de reclusos verificam que a escolha tende a ser
afetada pelos seguintes fatores: o número de alvos disponíveis e a sua maior ou menor
vulnerabilidade; os conhecimentos e as competências necessárias para cometer, com sucesso, o
crime; os benefícios financeiros ou materiais passíveis de serem obtidos; o tempo necessário para
cometer, com sucesso, o crime; os riscos físicos e os riscos de deteção e de punição envolvidos
(Cornish e Clarke, 1986).

2.2.2 Em Moçambique
Olhando para o contexto moçambicano, Brito (2002), analisa a origem e condição sociais dos
delinquentes. Neste estudo, argumenta que a origem e condição sociais dos delinquentes ligado a
factores como a imigração e desemprego, não devem ser considerados como principais para serem
responsáveis pela criminalidade. Segundo Brito (Idem: 30), há dois tipos de delinquência
tendencialmente distintos: um ligado à exclusão social, a falta de qualificações profissionais e de
emprego, que se exprime na pequena delinquência de “subsistência” e outro parece mais ligado à
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ambição de riqueza e bens materiais e se exprime nas formas mais graves e violentas de crime, com
particular destaque para os assaltos à mão armada e o roubo de viaturas. Brito (Idem) conclui que as
delinquências em Maputo são bipolarizadas em delinquência de “subsistência” e de “ambição de
riqueza e bens materiais.”

O inquérito realizado pela UNICRI (2003) sobre a vitimização com o objectivo de colher
percepções sobre as experiências do crime no âmbito do Plano Estratégico da PRM, aponta para os
crimes contra a propriedade sendo os que ocorrem numa escala elevada e com enfoque aos roubos
que materializam-se devido a falta de melhores sistemas de segurança nas residências.

Os roubos e as tentativas de roubo nos domicílios são mais frequentes em Moçambique, em


comparação com as capitais dos seis (6) países vizinhos. O valor médio dos bens roubados é
inferior a 300 Meticais (cerca de 13 USD). Uma razão para a elevada incidência de roubos nos
domicílios será a falta de fechaduras apropriadas nas portas das casas e de outros meios de
dissuasão (Idem: 8).

Este estudo conclui que o índice de crimes cometidos é elevado em relação às participações feitas
pela população à polícia, sendo que o problema do crime é visto como dinâmico com diferentes
percepções de região a região.

Para Chaúque (2011), a criminalidade é motivada por um conjunto de variáveis que o criminoso
toma em conta antes de praticar o acto criminal e é decidido pela necessidade de ganhar dinheiro.

Desta forma, os criminosos têm feito antes uma escolha racional pautando pela avaliação da relação
entre meios e fins para que de forma eficaz possam concretizar seus objectivos práticos. “No
concreto roubam viaturas com o intuito de comercializar e ganhar um dinheiro rápido para melhorar
as suas condições de vida ou dos seus familiares (Chaúque Idem: 48)”.

O estudo de Paulino (2003) mostra como se manifesta o crime organizado em Moçambique, as


ligações que tem além fronteira. Diz que Moçambique é alvo dos crimes transnacionais com
impacto económico e que envolve figuras altas do governo incluindo polícias, mas existem
elementos de boa fé no ramo policial que se preocupam em combater esses crimes, havendo sempre
uma dificuldade, pois, acabam encontrando limitações a nível das instituições. Paulino (Idem)
conclui que o combate à criminalidade requer que todas as forças, ligadas a manutenção da lei e
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ordem estejam unidas, se necessário os Estados podem colaborar para estancar a onda de crimes
organizados, visto que a maior parte destes está ligada à economia e tem ligações internacionais.

Mosse (2006), analisando as actuações dos agentes da Polícia de Investigação Criminal (PIC),
sustenta que por vezes os agentes da PIC, desencaminham o trabalho iniciado pelos agentes da
Polícia de Protecção (PP), pois, estes têm a missão de avançar com a instrução preparatória dos
processos crime iniciados pela polícia de protecção. Para Mosse (Idem: 19-20) os investigadores da
PIC muitas vezes violam o segredo de justiça a troco de poucos milhões de Meticais. São
subornados para apagar pistas, desviar o curso correcto de uma investigação. Muitas vezes, quando
chega uma denúncia, os agentes da PIC usam a informação para extorquir dinheiro dos visados pela
queixa, através da chantagem. Desta forma Mosse (Idem), conclui que existe uma relação entre
criminoso e polícia, essa inter-ajuda de quebrar o segredo da justiça tem como recompensa um
benefício em ambas as partes, em prejuízo do outrem.

Os estudos de Paulino (2003) e Mosse (2006) são de dimensão importante nesta pesquisa por trazer
uma visão relacionada aos contornos da criminalidade, e às actuações da polícia no combate a
criminalidade em Moçambique.

Controvérsias são verificadas no contexto moçambicano devido às reincidências criminais causadas


por falta de controlo dos criminosos através dum banco de dados e solturas por parte dos tribunais,
pois, de acordo com o Comandante da Polícia em Sofala, (Notícias da Televisão Miramar de 19 de
Maio de 2015); “a polícia passa o maior tempo a perseguir os mesmos indivíduos no cometimento
de crimes, pois, estes são concedidos liberdade provisória através do termo de identidade e
residência e pagamento de caução, mas antes de cumprirem o tempo voltam a cometer crimes”, o
que leva os populares a desconfiar da existência de conivência entre os agentes da PRM e
criminosos.

Para Oliveira (2003: 253), “esta interpretação, a ineficiência dos aparelhos policial e judicial
prejudicaria o combate à criminalidade, estimulando a resolução de conflitos por meios extralegais,
debilitando as formas democráticas de mediação de atritos.”

2.3 Gestão do local de crime


Inicialmente, recorria-se apenas a observação e interpretação das provas físicas, estas eram as
principais ferramentas forenses. Porém, desde a segunda metade do século XIX, a ciência ganhou
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um papel importante na investigação criminal, melhorando a validade das investigações por parte
das entidades responsáveis (Eckert, 1997). A aplicação da ciência no âmbito da lei penal, por parte
das polícias integradas num sistema judicial é conhecida como Ciência Forense, que engloba
diversas profissões e áreas de conhecimento com vista a ajudar os peritos na condução de uma
investigação (Saferstein, 2015).

A gestão do local de crime integra um conjunto de ações, desde logo, as intervenções preliminares
no local, a proteção do local, que por sua vez integra o isolamento, a preservação e o controlo do
local, com vista a preservar a integridade do local de crime.

No que tange às intervenções preliminares, é fundamental referir-se da importância dos primeiros


intervenientes no local de crime. É quase consensual de que a grande maioria dos atos criminosos
praticados num determinado local, não são, inicialmente comunicados à entidade legalmente
competente para a sua investigação (Braz, 2016,). Portanto, muito antes da chegada das entidades
competentes no local de crime, este já foi alvo de um variável conjunto de intervenções anteriores,
por parte dos chamados first responders, circunstância que não pode deixar de ser reconhecida, e
considerada, na medida em que, as práticas e procedimentos por estes adotados, são suscetíveis de
alterar o quadro fático inicial, pondo em risco a integridade do local e dos vestígios nele existentes.

Importa referir que a primeira resposta, dada pela polícia de proximidade, leva a que sejam
introduzidas contaminações, fruto da avaliação inicial, para além de outro tipo de contaminações se
não limitarem devidamente o local à intervenção de terceiros (Costa, 2014).

Os cenários de crime são locais dinâmicos, sendo crucial que os primeiros policias no local devem-
se preocupar com diversos detalhes, uma vez que o sucesso da investigação depende, em larga
escala, do primeiro polícia a chegar ao local. Este deve preservar o local como o encontra (Fisher,
2004). Dos primeiros intervenientes no local de crime, destacam-se: os intervenientes não
institucionais, a começar pelas vítimas que, em muitas situações, constituem o primeiro
interveniente no local de crime; as pessoas que descobriram as vítimas ou detetaram o evento
criminoso, que acionaram os serviços de emergência ou outras entidades. Estes, regra geral, são
considerados de testemunhas pelas equipes de inspeção do local de crime, e, por último, os
chamados intervenientes institucionais, que integram os serviços de emergência médica e de
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socorro, numa primeira fase e, numa segunda fase as polícias de prevenção e ordem pública
chamadas ao local.

Para este grupo de intervenientes, a questão que enfatiza a sua implicância na gestão do local de
crime prende-se pelo facto destes puderem ter, direta ou indiretamente, um papel importante na
inspeção judiciária, na medida em que o seu comportamento pode constituir o garante do êxito
futuro da investigação criminal. Sendo que, a sua ação ou omissão, inadequada, pode introduzir
alterações no quadro fatual emergente da ação criminosa, limitando, ou impossibilitando mesmo, a
procura da verdade material e o desenvolvimento da investigação, com sucesso.

Quanto a proteção do local de crime, como refere Braz (2016), esta compete ao primeiro
interveniente, assegurar o início da intervenção policial no local de crime, em colaboração, sempre
que possível, com os intervenientes institucionais não policiais, nas situações, em que os mesmos
tenham tido, ou venham a ter intervenção, bem como obter parte das não institucionais, toda a
informação inicial que permitirá averiguar as circunstancias da ocorrência e avaliar a sua eventual
natureza criminal.

Esta abordagem não implica uma intervenção técnico-investigativa, mas sim de natureza preventiva
e protetiva, tendo como prioridade assegurar de forma rigorosa e tempestiva, a integridade e a
preservação do local, dos vestígios e outros meios de prova nele existentes, através, se necessário,
da adoção de medidas cautelares e de polícia adequadas.

Quanto ao isolamento, preservação e controlo do local do crime, esta abordagem tem como objetivo
central o de delimitar o local de crime, através de barreiras policias ou fita de interdição policial,
extensível a acessos e locais que possam conter vestígios do crime, inclusive, os chamados locais
secundários e descontinuado.

Corresponde a preservação do local de crime, o conjunto de diligências marcadamente levadas a


cabo pelos first responders’ que assumem, em primeira linha, todos os procedimentos tendentes a
impedir a contaminação ativa ou passiva dos espaços diretamente ou indiretamente envolvidos na
prática de certa conduta criminal.

Nesta abordagem deve-se dar particular atenção à existência de eventuais locais secundários, como
locais de espera e observação, veículos suspeitos de terem sido utilizados pelos autores, zonas em
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que se encontram potenciais vestígios, possíveis percursos de fuga, etc. que, uma vez identificados,
devem também ser rigorosamente isolados e preservados. Os limites deste isolamento e delimitação
que tem propósito meramente protetivos, conforme refere o autor, devem ter, em particular
consideração, os pontos de acesso, de entrada e de saída do local.

2.3.1 Princípios e procedimentos de gestão do local de crime


Como refere Braz (2020), “existe um conjunto de procedimentos preliminares que devem ser
realizados pela primeira entidade policial ou autoridade pública que chega ao local de crime, após a
sua comunicação e que normalmente não é o órgão de polícia criminal competente para a
investigação, mas sim a polícia local”. Cada vez mais as polícias surgem como um ator central nos
cenários de crime, levando a que hoje se aposte numa maior cientificidade nas polícias
vocacionadas para a investigação criminal (Costa, 2014).

O rápido e adequado desenvolvimento destes procedimentos preliminares é de extrema


importância, pois os mesmos têm por objetivo proteger elementos de prova e criar condições que
viabilizem a realização da inspeção judiciária propriamente dita pelo órgão de polícia criminal
competente para o efeito.

Nesta senda, de entre vários objetivos, o autor destaca como principais, os seguintes: garantir a
segurança do local de crime e a ordem pública nas áreas a ele adjacentes; prestar socorro e auxílio
urgente a pessoas em perigo de vida; desencadear medidas que façam cessar a destruição, em curso
ao iminente, de bens e equipamentos; isolar e preservar o local de crime, impedindo a entrada de
quaisquer pessoas ou entidades que possam, voluntária ou involuntariamente, proceder à sua
destruição; proceder à identificação de suspeitos e/ou testemunhas; proceder à apreensão de bens e
objetos suspeitos de poderem de algum modo ter a ver com o crime praticado; e, recolher toda a
informação oral disponível no local que possa contribuir para uma melhor caracterização de factos.

Para Braz (2020), os procedimentos preliminares da inspeção judiciária, não obstante a sua grande
importância cautelar, não constituem, no sentido próprio do termo, atos de investigação criminal,
pois não visam a descoberta da verdade, mas outrossim, a criação das melhores condições para que
aquela se inicie. Desses procedimentos preliminares, o autor destaca os sistemáticos.
15

O tempo disponível para proceder a uma avaliação e tratamento de um local de crime é limitado,
dada a sua dinâmica, a oportunidade de registar o cenário no seu estado mais próximo do original
deve ser aproveitado (Saferstein, 2015).

Após a chegada ao local de crime o órgão de polícia criminal competente, tem início a inspeção
judiciária propriamente dita e, com ela, a investigação criminal do crime subjacente. A equipa de
inspeção judiciária monta o dispositivo de intervenção e contacta com a equipa policial que
desenvolve os procedimentos preliminares e dela recebe o relatório da ocorrência.

Seguidamente, inicia a inspeção judiciária, desenvolvendo um vasto conjunto de procedimentos


sistemáticos, dos quais se destacam, de forma necessariamente sucinta, os seguintes: determinação
definitiva da área que será intervencionado como local de crime e, imediata delimitação da mesma;
reavaliação das condições globais de segurança no local e medidas subsequentes; reavaliação de
necessidades complementares ou supervenientes e satisfação dos mesmos; primeiro registo e
fixação vídeo ou fotométrica do local de crime; avaliação global do local de crime, (percursos,
distâncias, condições ambientais, alterações, objetos e outros detalhes) tendo em vista a elaboração
de uma ou várias hipóteses dinâmicas de reconstituição dos factos; recolha de informação (audição
de testemunhas, suspeitos, antecedentes, consultas de bases de dados, etc.) e elaboração de
hipóteses de trabalho; procedimentos sistemáticos de pesquisa de vestígios, de acordo com o tipo de
crime em investigação; isolamento e sinalização de vestígios identificados; subsequentes registos e
fixação vídeo ou fotométrica do local de crime com os vestígios assinalados; elaboração de
subsequente(s) hipótese(s) dinâmica(s) de reconstituição dos factos em investigação; tratamento,
recolha, preservação e transporte dos vestígios identificados em condições que garantam a custódia
da cadeia da prova; avaliação final do local de crime e de todas as hipóteses de trabalho formuladas;
elaboração do relatório final; desativação do dispositivo e libertação do local do crime, acautelando,
se for o caso disso, a possibilidade de desenvolver eventuais intervenções a posteriori.

De referir que um investigador criminal deve identificar, recolher e procurar utilizar todas as provas
que possa identificar no local, sendo crucial que as identifique face a todos os outros objetos
presentes no local (Horswell, 2004).

Existem procedimentos gerais e específicos por tipo de crime. Dos gerais, destacamse os seguintes:
1) conjunto de procedimentos relativos à segurança e ao socorro; 2) conjunto de procedimentos
16

técnicos relativos às pessoas e aos vestígios na abordagem do local do crime; e, 3) conjunto de


procedimentos relativos ao registo da informação e da comunicação – que devem ser tomadas em
consideração pelo primeiro elemento que chega ao local do crime (Valente e Martins, 2008).

Quanto aos procedimentos de segurança e de socorro, muito embora o local do crime deva merecer
um destaque importante, nada prevalece sobre a segurança dos agentes policiais e de terceiros que
possam, eventualmente, encontrar-se no local do crime e o socorro às vítimas, daí que o primeiro
conjunto de procedimentos a serem desenvolvidos pelo primeiro elemento que chega ao local do
crime devem ser os seguintes: i) Assegurar que não existe nenhuma ameaça sobre si e ou sobre
outras pessoas, nomeadamente, sobre outros elementos policiais, bombeiros, médicos, ofendidos ou
vítimas, familiares, etc. exigese que o elemento pesquise toda a área envolvente para detetar sinais
de perigo. Caso exista perigo, deve informar e solicitar de imediato o reforço e auxílio. Deve, na
medida do possível, controlar a situação até a chegada dos reforços; ii) Socorrer as vítimas, caso
seja necessário, e solicitar a presença do pessoal de emergência médica ou da ambulância.

Os procedimentos técnicos relativos às pessoas e aos vestígios na abordagem do local do crime


consistem, basicamente, em fixar o local sem o alterar ou contaminar. Como refere Valente e
Martins (2008), o elemento policial não deve mexer em nada. A regra básica a aplicar é “olhos bem
abertos, boca fechada e mãos nos bolsos”. Deste conjunto de procedimentos destacam-se os
seguintes: i) Fazer uma avaliação correta do local do crime, nomeadamente no que se refere a
restantes pessoas, veículos, acontecimentos, presença de potenciais vestígios e circunstâncias
ambientais externas; ii) Controlar, identificar, retirar pessoas estranhas do local do crime e limitar o
número de pessoas que permanecem no local e o movimento de tais pessoas. Estar vigilante e
atento a todas as pessoas que entram e saem do local. Espera-se que o elemento policial controlo
todas as pessoas que estão no local do crime, tendo por objetivo: proibir que essas pessoas alterem
ou destruam os possíveis vestígios e assegurar que essas mesmas pessoas sirvam os fins da
investigação criminal, nomeadamente no que diz respeito à prova. Os suspeitos e as testemunhas
devem ser isolados enquanto os curiosos, a comunicação social e pessoal não autorizada devem ser
afastados do local do crime; i) Estabelecer os limites do local do crime, começando no seu ponto
central e alargando, de forma a incluir: o local onde o crime aconteceu; os locais de entrada e de
saída e respetivos acessos dos suspeitos e das testemunhas; os locais onde a vítima ou objetos
possam ter sido deixados; ii) Levantar barreiras físicas, como é o caso de fitas, cordas, cones,
17

veículos disponíveis, pessoal, grades, ou outros mecanismos; iii) Executar todas as medidas de
proteção e preservação dos vestígios. Isto significa que o próprio agente não deve mexer em nada e
deve assegurar que os vestígios sejam protegidos de pessoas que intencionalmente ou não os
possam destruir, das condições atmosféricas, de sistemas de rega que possam estar instalados no
local, entre outros tantos.

Ainda no local, o agente deve ter em atenção os seguintes: toda e qualquer modificação produzida
deverá ser devidamente anotada no relatório; caminhar cuidadosamente na cena do crime para não
destruir ou contaminar os vestígios e a cena do crime; não utilizar balneário ou casa de banho nem
o telemóvel; não fumar; não tocar em nenhum objeto; proteger os vestígios ameaçados, podendo ser
com baldes ou caixas, etc.; não permitir que outras pessoas mexam nos objetos; ter atenção aos
possíveis vestígios lofoscópicos.

No que concerne aos procedimentos relativos ao registo e à transmissão da informação, é


importante ter-se a noção de que todas as atividades executadas e observadas devem ser registadas.
O primeiro elemento policial a chegar no local do crime deve ter em consideração que a informação
que vai registar tem duas finalidades, que embora complementares, podem originar cuidados
distintos. Em primeiro lugar, a informação recolhida servirá para comunicar ao Ministério Público
(MP) sobre a notícia do crime, como orienta o CPP, e em segundo lugar servirá para elaborar o
respetivo expediente. Assim, neste conjunto de procedimentos, deve ser encetado todo o esforço
para a recolha do máximo de infirmações possíveis sobre aquele crime e seus autores, mencionando
toda essa informação no expediente e outras informações laterais, mas que possam estar
relacionadas (Valente e Martins, 2008).

De salientar que este registo da informação se assenta nas seguintes ações: Obter todas as
infirmações necessárias para se proceder ao registo da ocorrência. As informações a recolher dizem
respeito às seis questões-chave da informação criminal (quem? o quê? como? onde? porquê? e
quando?), devendo ainda proceder à recolha de todas as informações relativas às detenções
efetuadas e à prova material.

Para além desta informação é importante registar todas as atividades executadas e as observações
efetuadas no local do crime – a posição das pessoas e dos objetos no local, aparência do local à
chegada do elemento policial, condições do local à chegada do elemento policial, informação
18

pessoal das testemunhas, das vítimas, dos suspeitos e de todas as declarações por si ou por outras
pessoas. Assim, como é importante registar a existência de vestígios no local do crime e a presença
de testemunhas, também pode ser importante que fique registado no expediente a inexistência
desses vestígios e dessas testemunhas quando assim acontecer (Valente e Martins, 2008). Por vezes,
em audiência de julgamento, como referem os autores anteriormente referidos, as partes confrontam
os agentes policiais sobre a presença de determinados vestígios e se essa informação que nega a
presença desses vestígios estiver registada no expediente, nem o agente, nem as partes terão
grandes dúvidas quanto a esse facto evitando-se perdas de tempo desnecessárias.

Transmitir toda a informação aos técnicos. O primeiro elemento que chega no local do crime deve
verificar se o ilícito criminal é da competência reservada em matéria de investigação criminal da
Polícia Judiciária, no caso de Portugal, ou SERNIC, para Moçambique, socorrendo-se sempre da
Lei e proceder à sua comunicação para as entidades competentes ou ao piquete operativo.

2.4 Factores associados a impunidade


Quando se sabe da ocorrência de um crime, ou ato que configure um crime, por vezes o agente do
crime é conhecido e apanhado, em algumas vezes é conhecido, mas está em fuga, e por vezes é
desconhecido. Portanto, a investigação criminal, de uma forma sintetizada, corresponderia ao
conjunto de todas as tarefas desempenhadas no âmbito do processo penal, que visam a descoberta
da verdade material (Locard, 1939).

Em Moçambique, desde o início da década de 1990, ao menos nas grandes cidades, como a Capital
Maputo, Matola, Beira, Nampula e Quelimane, o sentimento coletivo de medo e insegurança
pública passou a constituir os topos - (tɔpɔs), palavra grega - que significa lugar-comum retórico
(Santos, 1988) de divisibilidade produzido, principalmente pelas experiências de impunidade.
Entende-se por impunidade a desistência de aplicação da lei penal para crimes reportados à
autoridade policial ou judicial (Adorno; Pasinato, 2010). A percepção de impunidade é associada
aos comportamentos de revolta da população urbana contra a polícia e os governantes. Essas
revoltas manifestavam-se no espaço urbano, principalmente, em forma de linchamentos. Pessoas
são espancadas e carbonizadas até à morte por populares nas periferias das cidades moçambicanas
acusados de praticarem diversos crimes, entre roubos, violação sexual, assassinatos (homicídios), e
outros.
19

A sensação do medo por parte dos policiais face ao crime patrimonial remete-nos a percepção de
que se trata do impacto da criminalidade urbana violenta sobre a sociedade que produz uma
sensação do medo face ao crime patrimonial, num contexto em que a população acredita que os
policiais não funciona dentro do marco da legalidade (Unicri, 2003; Kula, 2009). Mais uma vez
para falar como Adorno (2002), as consequências mais graves da sensação do medo é a descrença
dos cidadãos na proteção policial.

Na metade da década de 1990, em virtude do impacto da criminalidade urbana violenta apareceu a


desconfiança na capacidade e eficiência do sistema policial em aplicar a lei, ordem e tranquilidade
pública, numa nova criminalidade urbana, como mostram os estudos de Osisa (2012) e Kula (2009,
p.70) de que há uma precepção de que os polícias colaboram com os criminosos e “não respondem
atempadamente quando são solicitados pela população”. Dentro deste cenário, os criminosos
passaram a aplicar uso da força com o objetivo de matar, ferir ou provocar lesões corporais
deixando ou não marcas evidentes na vítima. É comum: homicídios, catanadas, socos (murros),
estalos (bofetadas) e agressões com diversos objetos contundentes (Tomane, 2004).

Os professores da Universidade de Gotemburgo (Suécia), Hans Abrahmsson e Anders Nilsson,


captaram esta realidade já na década de 1990, ao estudar a problemática da transição política
moçambicana, da construção socialista para a economia do mercado (Mozambique: the troubled
transition. From socialist construction to free market capitalism). Abrahmsson e Nilsson (1994)
apontaram que na época, era habitual ver pessoas assassinadas a tiro nas estradas da Cidade de
Maputo.

Convém esclarecer ao leitor que sempre houve muita violência em Moçambique, que a vida sempre
foi colocada em ameaça, mas em contextos distintos e por motivações distintas. O que mais
surpreende hoje é a banalidade de homicídios no espaço urbano. Como mostra os casos recentes de
banalidade de homicídios no espaço urbano. Como exemplo temos o caso recente de três jovens
assassinados a tiro, no bairro Laulane, cidade de Maputo. O crime aconteceu na noite da quarta-
feira, e até ontem os vestígios da violência eram visíveis no local: sangue e marcas de balas por
todo o lado. Tudo começou quando dois grupos supostamente de criminosos começaram a discutir.
Poucos minutos depois, segundo testemunhas, houve vários disparos. Os moradores do bairro
dizem que, quando se aproximaram do local, apenas uma das vítimas mortais ainda estava viva,
mas morreu por falta de pronto socorro (O PAÍS, 2 de outubro de 2015), provocando a sensação da
20

ineficiência e ineficácia do sistema policial, para falar como Adorno e Pasinato (2010), expresso
através das narrativas e das falas, das sondagens de opinião (Kula, 2010) e das pesquisas de
vitimização (Unicri, 2003), que dizem respeito a sentimentos coletivos de insegurança. Como
mostra a entrevista do Inspetor Principal da Polícia na Cidade de Moatize em Julho de 2017:

(…). Com baixo investimento na polícia não conseguimos lidar com a criminalidade que
aumenta a cada dia (…) sabe os criminosos hoje estão mais sofisticados do que a polícia e
devemos acompanhar essa sofisticação (…), precisamos de financiamento para
conseguirmos investigar e perseguir os malfeitores, como não temos esses meios fica difícil
ser eficiente na promoção de segurança pública (…) não temos viaturas (…) os baixos
salários na corporação também trazem a ineficiência ficamos pouco motivado por essa
situação e recebemos menos reconhecimento e louvor enquanto dedicamos horas ao serviço
da proteção das comunidades, mas o que temos é a penas decepção (…) eu vejo isso nos
meus elementos pouca motivação para dar resposta a criminalidade aqui em Moatize (…).

Os policiais entrevistados acreditam ter menos material e equipamento e recebem menos


reconhecimento ou louvor para garantir a proteção, a ordem, segurança e tranquilidade pública,
desgastando a segurança pública não é, sem dúvida, que os crimes no país são mais altas da região.

A insuficiência do sistema policial esta ancorado nas mutações substantivas nos processos de
produção, de trabalho, de recrutamento e distribuição da força de trabalho. Essas mudanças
reproduziram efeitos no sistema policial. O Sistema policial mostra-se incapaz de responder à nova
busca por segurança, tranquilidade pública, esclarecimento dos crimes e infraestrutura para o seu
funcionamento. Escassos equipamentos de trabalho; fraca formação profissional dos policiais.
Como revelou o relatório do Centro de Integridade Pública realizado por Mosse (2010, p.5),
Moçambique não tem uma corporação policial devidamente treinada para garantir o respeito pelos
Direitos Humanos e a mesma sofre de escassez de equipamentos. A ministra da Justiça reconheceu
no conselho coordenador sobre as prisões que faltam recursos humanos, a par da degradação ou
falta de infraestrutura, bem como a superlotação das cadeias (PORTAL DO GOVERNO DE
MOÇAMBIQUE maio de 2011), problemas de desenhos de políticas públicas de segurança pública,
corrupção. Como indica, a corrupção na Magistratura manifesta-se da seguinte forma: os
magistrados sonegam as provas, não realizam investigações, cometem erros técnicos propositais, e
faltam com a imparcialidade e a objetividade (MOSSE, 2006, p.15-18). Abuso de poder, crise de
subordinação hierárquica entre a Polícia de Investigação criminal e o Ministério Público quanto à
produção de provas matérias do crime. Fraca instrução policial em matérias de Direitos Humanos,
entre outros (FOLIO, 2007; CIP, 2016), o Sistema policial moçambicano não dispõe de um banco
de dados padronizado, que permita fazer uma estatística rápida e fiável sobre a situação criminal
21

(esta situação nos impede de ter dados mais precisos sobre os crimes e criminosos), há insuficiência
de quadros com formação profissional adequada na Polícia - Este problema vem inscrito também
nos conflitos laborais entre os policiais formados recentemente e os antigos, como nos mostra
Borges (2012, p.18) através da sua experiência: “o estágio era concebido como requisito
complementar do curso em Ciências Policiais, bem como práticas préprofissionais de futuros
integrantes da organização policial moçambicana e, no seu desenrolar foi notável certa discrepância
entre os modos de agir aprendido a partir das disciplinas ministradas na academia e o dos que já
estavam inseridos no trabalho, há longos anos. Por um lado, nos sentíamos reprimidos por não
poder expressar nossas opiniões sobre forma de execução apreendidas em carteira; por outro lado
notávamos certa aversão em relação aos nossos posicionamentos, que mesmo estando
fundamentados em princípios jurídicos legais eram desqualificados e associados à má qualidade de
formação”. OS Policiais não cobre todo o território nacional. Como diz Osisa (2006), cerca de 801
590 quilômetros quadrados de extensão em superfície terrestre, este é o caso gritante uma vez que o
sistema policial com o seu papel de proteger pessoas e bens, assegurar o respeito pela legalidade,
garantindo a ordem, segurança e tranquilidade pública não se faz representar em todo o território
nacional em suas tarefas.

Os Comandos, Esquadras e Postos Policiais existentes são numericamente inferiores às


necessidades, com efetivos exíguos, meios materiais e financeiros escassos e, em muitos casos, o
seu pessoal possui baixo nível de especialização; o número de Procuradorias existentes situa-se
aquém das reais necessidades do país; há Procuradorias criadas (previstas) para determinados
espaços territoriais, mas não funcionam por carência de meios humanos e materiais - Segundo
RADIO TSF (08 de março de 2002), o Procurador Provincial de Nampula, Daniel Magula, admitiu
que há falta de meios no seu setor e sublinhou que ainda alguns agentes da policia de investigação
criminal não têm formação adequada e que a força luta com falta de meios, mas na procuradoria a
situação é pior: o procurador diz que o seu gabinete tem funcionado numa base de “amor à
camisola”; há iniciativas que buscam combater a corrupção e outros crimes, mas não há recursos
que permitam a sua materialização. Como aponta o SubInspetor da Polícia na Cidade de Lichinga,
agosto de 2018:

(…). Não é só na polícia que sofre o abalo de falta de efetivos e representação em todo o
território nacional, eu trabalhei em alguns distritos em Nampula, que não tem uma
Esquadra melhorada, tudo era improvisado, mesmo a Procuradoria não existia e nem Juízes
22

estamos numa situação difícil, como melhoraremos essa situação? (…), ainda estamos
muito distante em investimento na policia em relação a muitos países da região (…).

No entanto, compete ao ministério do Interior incentivar e promover a construção de uma política


nacional de segurança pública e do urgente enquadramento jurídico dos comites na política de
segurança pública de modo a permitir uma articulação produtiva de prevenção e redução de danos
nos bairros periféricos dos centros urbanos, posto que os conselhos, agindo sem um enquadramento
jurídico, acarretam a proliferação de crimes e denúncias de que os mesmos não funcionam e que
“estamos fartos, estamos cansados de sermos roubados” (Lusa, online, 18 de Fevereiro, 2008).

Na dimensão das representações dos policiais foi possível identificar as limitações da capacidade
material e humana em providenciar proteção, ordem e tranquilidade pública, degrada-se as
condição de patrulhamento ostensivo, permanências nas Esquadras (delegacias), noutras atividades
policiais: prevenção, investigação e apuramento dos crimes, entre outros. A polícia, em razão dos
inadequados e insuficientes investimentos, não tem podido oferecer as condições necessárias para a
formação e o aprimoramento profissional, horários incompatíveis entre cursos e jornada de
trabalho, além da falta de apoio psicológico, fundamental devido à inerente carga de estresse da
função policial.

3 METODOLOGIA

3.1 População
População “refere-se a todas as pessoas que possuem as mesmas características
definidas para um dado estudo” (Prodanov & Freitas 2013, p.98).

Nesta pesquisa, os agentes da polícia, agentes penitenciários e chefe dos bairros são
tidos como a população em estudo e, é a partir deles que será extraída a amostra que vai efectivar a
pesquisa.

3.2 Amostra
Amostra, “refere-se ao subconjunto do universo ou população, pelo qual podemos
estabelecer ou estimar as características deste universo ou população” (Prodanov & Freitas, 2013,
p. 98)
23

Para as entrevistas do estudo, administou se a um total de 15 participantes (amostra), sendo cinco


(5) agentes da polícia, cinco (5) agentes penitenciários e cinco (5) chefes de quarteires de bairro de
Manga Mascarenha. Entretranto, a amostra foi efectivada por conveniência.

3.3 Classificação da pesquisa


Do ponto de vista de sua natureza, a pesquisa é classificada como aplicada, porque esta visa gerar
conhecimentos para aplicação prática e direccionados à solução de problemas específicos. Implica
verdades e interesses locais. (Silva e Minezes, 2005: 20).

Quanto a abordagem a pesquisa classifica – se em qualitativa.

Pesquisa qualitativa: Segundo Minayo e Sanches (1993), o uso da abordagem qualitativa permite
ao investigador explorar a subjectividade do objecto, o mundo dos significados, das acções e
relações humanas e os aspectos que escapam através da revisão da literatura (pesquisa documental).

Para a presente pesquisa, foi dado prioridade a abordagem qualitativa pois a mesma compôs - se
perguntas abertas e posteriormente foi analisado a qualidade das opiniões da parte dos agentes e
chefe de quarteirões no conhecimento sobre a frequência de crimes.

Quanto aos objectivos, a pesquisa é classificada em: Descritiva

Esse tipo de pesquisa, segundo Selltiz et al. (1965, citado por Oliveira, 2011:21), procura descrever
um fenómeno ou situação em detalhes, especialmente o que está acontecendo, permitindo cobrir
com precisão as características de um indivíduo, uma situação ou um grupo, bem como desvendar a
relação entre eventos.

Recorreu-se a pesquisa descritiva, com o intuito de descrever as características do fenómeno que


propós - se estudar. Para o efeito, procedeu-se à análise de diversos documentos que permitiram
obter uma visão sobre o estado de arte da gestão do local do crime na investigação criminal
moçambicana.

3.4 Instrumento de recolha de dados


a) Pesquisa bibliográfica: segundo (Gil, 2008) é desenvolvido com base em material já
elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos.
24

Neste âmbito, o investigador procura conhecer a bibliografia publicada dentro da área de pesquisa.
Depois, cinge-se a obras especializadas no tema em concreto, filtrar a informação pesquisada e
organizá-la.

b) Pesquisa documenta: Segundo ALVES (2012, p. 13), na pesquisa documental, o


investigador centra a sua investigação em determinados dados obtidos nos próprios
documentos e registos, que estão em arquivos, tais como: certidões, fotografias, desenhos,
cartas, entre outros. Estes documentos registam factos sobre um determinado assunto ou
uma determinada época.
c) Entrevista não estruturada

Em uma entrevista não estruturada (Richardson, 1999) em vez de responder às perguntas por meio
de diversas alternativas pré – formuladas, visa obter do entrevistado o que ele considera os aspectos
mais relevantes de determinados problemas: as suas descrições de uma situação em estudo.

Em função da necessidade da aplicação da entrevista não estruturada para uma compreensão mais
melhorada do fenómeno em estudo, as opiniões foram apresentadas em comparação entre relatos
que dispensa comparações numéricas, e estas, alinhados ao processo de gestão de crimes de
assassinatos.

3.5 Técnicas de análise de dados


Do ponto de vista técnico em análise de dados, utilizar – se - a:
a) Análise de conteúdo, que para Bardin (2007) se busca descrever o conteúdo emitido no
processo de comunicação, seja ele por meio de falas ou de textos. Desta forma, a técnica é
composta por procedimentos sistemáticos que proporcionam o levantamento de indicadores
(quantitativos ou não) permitindo a realização de inferência de conhecimentos.

Com esta técnica, será feito o juízo de valores por meio de uma avaliação profunda do conteúdo das
perguntas abertas assim como dos documentos normativos, de forma a construir categorias para se
chegar as conclusões do tema da pesquisa.

3.6 Orçamento
Tabela 1: Dados referentes ao orçamento da pesquisa

Recursos Quantidade Preço unitário Preço total Observação


25

Leptop 1 ---------------------- ---------------------- A autora já possui


Resma 1 500, 00MT 500, 00 MT --------------------
Esferográfica 4 15, 00MT 60, 00 MT --------------------
Viagens 4 ( em média) 50MT 400MT São para o local de
estudo
5 (em média) 450MT 4050, 00MT, MT São para deixar
Viagens projecto e
monografia
Impressão 252 Páginas, em 5, 00MT 720, 00MT Inclui projecto,
média (impressão), 2MT monografia e
(cópia) respectivas cópias
Encadernação 6 em média 25, 00MT 150, 00MT Inclui projecto,
monografia e
respectivas cópias
Inquérito para 5 5, 00MT 30, 00MT inclui os 10MT de
para gestores (impressão), 2MT impressão. Cada
(cópias) inquérito compõe –
se de 2 páginas.
Calculadora 1 200, 00MT 200, 00MT ----------------------
científica
Total 279 --------------------- 6110, 00MT ----------------------
Fonte: Autor, 2023

3.7 Cronograma
Tabela. 2 Cronograma de actividades

ETAPAS A M J J A S O N D J F

Escolha do tema

Leitura bibliográfica

Justificação, objectivos, problematização


e aspectos metodológicos

Definição dos Capítulos, Elaboração do questionário

Fundamentação teórica

Entrega do projecto para apreciação

Realização do trabalho do campo e colecta de dados

Tabulação, análise dos dados e elaboração do resumo e


aranjos finais
26

Fonte: Autora, 2023

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Paulino, A. R. (2003). Criminalidade Global e Insegurança local–O caso de Moçambique. __.
Colóquio internacional de Direito e Justiça no Sec. XXI. Coimbra.

Franze, J. J. (2020). Urbanização e a criminalidade em Moçambique: uma análise da violência


criminal no município de Chimoio. Revista da Faculdade de Direito, (43), 200-220.

Maloa, J. M., Franze, J. J., & Maloa, T. M. (2022). Como fortalecer a segurança pública em
Moçambique com o uso de câmera de vigilância. Revista Brasileira de Segurança Pública, 16(2),
32-47.

da Silva, S. M. M., Silva, C. G. S., de Borba Telles, B., Barros, A. J. S., & de Borba Telles, L. E.
(2021). Assassinato múltiplo: o que sabemos?. Debates em Psiquiatria, 11, 1-22.

Santos, T. (2022). Uma introdução ao crime e a sensação na Literatura Vitoriana. Palimpsesto-


Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras da UERJ, 21(38), 480-493.

Jó, G. J. (2022). Delinquência juvenil em Moçambique: atuação da Polícia da República de


Moçambique na prevenção e repressão de comportamento de risco (Doctoral dissertation).

N.B: Falta incluir outras referencias bibliográficas


27
28
29

APENDICE
APËNDICE A

República de Moçambique

Entrevista dirigida aos agentes da polícia

I – Perfil da amostra

a) Sexo ꓽ Masculino ( ) Feminino ( )


b) Faixa etária ꓽ 15 – 20 anos ( ); 21 – 26 anos ( ); 27 – 32 anos ( ); 33 – 38 anos ( ); 39 –
43 anos ( ); Mais que 44 anos ( )
c) Tempos de serviço, _________ anos
d) Nivel académico ꓽ Básico ( ); Médio ( ); Bacharelato ( ); Licenciado ( ); Mestrado ( )

II – Questionário

1. No bairro de Manga Mascarenha, ocorre crimes com frequência?


2. Que tipos de crimes ocorre com frequência aqui no bairro da Manga Mascarenha?
3. Quais sao os indivíduos vítimas de crime de assassinato no bairro da Manga Mascarenha?
4. O que motiva as pessoas cometerem o crime de assassinato neste bairro da Manga
Mascarenha?
5. Por que é que muitas das vezes os indivíduos que cometem crime de assassinato saem
impunes?
6. O que deve ser feito para minimizer a frequência de crimes de assassinato aqui no bairro da
Manga Mascarenha?
30

APÊNDICE B

República de Moçambique

Entrevista dirigida aos agentes penitenciários

I – Perfil da amostra

e) Sexo ꓽ Masculino ( ) Feminino ( )


f) Faixa etária ꓽ 15 – 20 anos ( ); 21 – 26 anos ( ); 27 – 32 anos ( ); 33 – 38 anos ( ); 39 –
43 anos ( ); Mais que 44 anos ( )
g) Tempos de serviço, _________ anos
h) Nivel académico ꓽ Básico ( ); Médio ( ); Bacharelato ( ); Licenciado ( ); Mestrado ( )

II – Questionário

7. No bairro de Manga Mascarenha, ocorre crimes com frequência?


8. Que tipos de crimes ocorre com frequência aqui no bairro da Manga Mascarenha?
9. Quais sao os indivíduos vítimas de crime de assassinato no bairro da Manga Mascarenha?
10. O que motiva as pessoas cometerem o crime de assassinato neste bairro da Manga
Mascarenha?
11. Por que é que muitas das vezes os indivíduos que cometem crime de assassinato saem
impunes?
12. O que deve ser feito para minimizer a frequência de crimes de assassinato aqui no bairro da
Manga Mascarenha?

Fonte ꓽ Autor, 2023


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APÊNDICE C

República de Moçambique

Entrevista dirigida aos chefes dos quarteirões

I – Perfil da amostra

i) Sexo ꓽ Masculino ( ) Feminino ( )


j) Faixa etária ꓽ 15 – 20 anos ( ); 21 – 26 anos ( ); 27 – 32 anos ( ); 33 – 38 anos ( ); 39 –
43 anos ( ); Mais que 44 anos ( )
k) A quantos anos é como chefe de Qarteirão ______
l) Nivel académico ꓽ Básico ( ); Médio ( ); Bacharelato ( ); Licenciado ( ); Mestrado ( )

II – Questionário

13. No bairro de Manga Mascarenha, ocorre crimes com frequência?


14. Que tipos de crimes ocorre com frequência aqui no bairro da Manga Mascarenha?
15. Quais sao os indivíduos vítimas de crime de assassinato no bairro da Manga Mascarenha?
16. O que motiva as pessoas cometerem o crime de assassinato neste bairro da Manga
Mascarenha?
17. Por que é que muitas das vezes os indivíduos que cometem crime de assassinato saem
impunes?
18. O que deve ser feito para minimizer a frequência de crimes de assassinato aqui no bairro da
Manga Mascarenha?

Fonte ꓽ Autor, 2023

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