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Este projeto é uma proposta de intervenção, elaborada pelo psicólogo Caio Zenero Pinheiro
CRP: 06/174963 em seus estudos aplicados nas práticas corporais. Todos os cuidados éticos são
realizados para respeitar as demandas individuais e coletivas na realidade clínica, bem como o
contexto do 26º Congresso Internacional de Análise Bioenergética do IIBA. Agradeço o espaço
para apresentação do trabalho.
E-mail: caiozpinheiro@caiopinheiro.com
Piracicaba
Março de 2023
Introdução:
Justificativas:
1 Referência direta ao título do presente congresso.
● A proposta de intervenção não exige que os participantes disponham de nenhum
material específico.
● A proposta se alinha intimamente com a temática do 26º Congresso Internacional de
Análise Bioenergética do IIBA. Como? Qual é a temática? Sei que parece óbvio
para você e para a banca, mas deixar essa justificativa mais evidente traria um
maior peso para o trabalho, acredito eu.
● A proposta já foi aplicada diversas vezes (você poderia citar em quais eventos,
principalmentese forem da bioenergética), havendo feedbacks positivos sobre os
benefícios da prática.
● A intervenção se adequa ao tempo sugerido pela organização - sendo necessários
apenas 80 minutos para a realização de todas as etapas descritas anteriormente.
Objetivos:
O workshop consiste em uma vivência corporal que, de maneira geral, objetiva a
articulação entre os afetos primitivos (conectados com o início do processo de fala) e a
expressão corporal. É uma tentativa de integração: voz - corpo, voltada à promoção de saúde
mental.
De maneira específica, podemos dizer que o encontro objetiva possibilitar que seus
participantes experienciem, por meio da vocalização e de sua expressão em movimentos
corporais espontâneos e livres, o que, REIS (2020) descreve como uma: “qualidade intensiva
de presença voco-corpórea”.
Todas as dinâmicas e técnicas aqui aplicadas são oriundas da articulação entre a Análise
Bioenergética, estudos em fonoaudiologia e técnicas de dança contemporânea. Sendo os
principais autores de referência: ARTHUSO. (2021) Pesquisa e estudo: “Voz que dança”.
FELDENKRAIS. (1977) Consciência pelo movimento. São Paulo. Summus Editorial.
LOWEN (1958) The language of the body. New York. Collier Books. LOWEN (1975-2017)
Bioenergética. São Paulo. ABDR. E RODRIGUES (2020) Glossolalia intensiva: Como criar
uma voz para o corpo sem órgãos.
Planejamento do encontro: - Tempo total: 80 minutos2
2 Considerando o tempo total sugerido pela organização (90 minutos), a atividade proposta legou
uma margem de 10 minutos para possíveis atrasos e/ou ajustes necessários ao bom cumprimento do
cronograma.
É um momento para que os integrantes se conectem com o campo formado pela presença, em
uma articulação íntima entre mundo objetivo-subjetivo.
Nesta etapa o mediador irá ler o seguinte trecho retirado do livro “Consciência pelo
movimento”:
CASTRO (2020) nos descreve como “seres sonoros e ouvintes”, tal perspectiva nos
caracteriza como produtores e receptores de sons, barulhos, ruídos, música… - Tomando isso
como prerrogativa, neste tópico, iremos realizar o convite à exploração sonora através da
entonação de consoantes.
Como ensina RODRIGUES (2020), o uso das consoantes nos conduz a uma “ecologia
de práticas voltadas à investigação fonoarticulatória" - O que quer dizer que a exploração de
consoantes, desassociadas das vogais ou até mesmo de “palavras prontas”, permite que o
corpo se encontre com o som apartado de um sentido - Como na fases iniciais da fala, quando
balbuciamos sons que não se vinculam ao campo semântico ou quando ouvimos os sons
produzidos pelos pais e cuidadores mas ainda não entendemos nada do que foi dito, apenas
registrando as entonações e os sons “soltos no ar”.
Neste momento da vivência, estamos construindo um chão feito de memórias sonoras
primitivas. Cada participante compõe o espaço com sua presença vocal em uma exploração
conduzida pelo mediador, que fará as seguintes orientações:
- Deitados em seus lugares vamos tentar começar a entoar algumas letras.
- São letras que não possuímos o costume de vocalizar pois são algumas
consoantes.
- Iremos experimentar uma por vez, começando pelo “m”
Neste ponto o condutor fará a demonstração de como entoar a consoante “seca” - sem
que seja vinculada a nenhuma vogal. A forma de vocalização das consoantes irá ser orientada
levando em consideração a tabela do International Phonetic Alphabet (IPA). Nesta etapa os
participantes serão orientados a entoarem as vogais: “m”, “p”, “b”, “k” e “l”. Uma por vez,
em uma média de 2 minutos para cada.
Lembremos que o presente workshop foi construído pensando na curva orgástica
Reichiana. Este tópico está vinculado à etapa de “carga”, nestes termos, para além da
orientação da exploração vocal, também é importante que o mediador faça colocações visando
o aumento da carga nos corpos dos participantes, como:
- Vamos tentar colocar um pouco mais de energia na entonação.
- Respirem fundo e usem o ar dos pulmões.
- Vamos usar a voz para aumentar o fluxo energético de nossos corpos.
A utilização da voz produz movimentos que articulam pulmões com músculos
abdominais e do diafragma, músculos laríngeos e fluxo de ar, músculos dos lábios, língua e
mandíbula, como se evidencia no quadro seguinte:
3
VII- Ocupando a carne por meio do som: - Tempo estimado: (15 minutos)
Depois da exploração sonora por meio do trabalho com a entonação das consoantes, os
participantes serão convidados a, de olhos fechados, começarem a se mexer, experimentando
livremente as consoantes experimentadas na vivência: o “m”, o “p”, o “b”, o “k” e o “l”.
A orientação é que procurem entender o sentimento que cada um dos sons provoca.
Que sintam qual é mais confortável e qual mais desconfortável. É orientado que tentem se
conectar com os afetos que surgiram a partir da exploração e, nesse momento, comecem a
tentar usar a voz para “liberar” possíveis afetos negativos (explorando a possibilidade de
gritar ou falar baixo, de estender o tempo de sonorização ou encurtar, por exemplo).
Nesse momento o som compõe e atravessa o corpo virando movimento, atravessando
a carne e ganhando o mundo através da expressão do corpo. Os participantes são convidados a
irem levantando e “dançando” os sentimentos que vierem, sempre produzindo os sons das
consoantes. A movimentação deve ser fluida e seguir os movimentos que cada um sentir que
necessita fazer para liberar tensões e se conectar com o prazer.
Aqui iremos chegar ao "clímax" de nossa atividade, assim é importante que a
condução seja bastante vigorosa, fazendo com que os participantes consigam explorar ao
3 Parâmetros vocais sob um ponto de vista não linear - MATTOS (2014) apud RODRIGUES (2020)
máximo sua potência energética em movimentos e sons livres na tentativa da produção de
descarga.
Conclusão:
Como vimos ao longo deste trabalho, a exploração sonora articula a relação entre
mundo objetivo e mundo subjetivo, mente-corpo, percepção sensorial – imaginação e
liberação de possíveis afetos negativos. Assim se pode concluir que voz é um recurso
terapêutico interessantíssimo no trabalho em psicoterapia corporal, vez que sua utilização
possibilita a inter-relação entre pontos imprescindíveis à construção de saúde psíquica.
Referências:
ARTHUSO. (2021) Pesquisa e estudo: “A voz que dança”.
CASTRO. (2020) Música e clínica - sonoridades e subjetividades. Curitiba. Editora Appris.
FELDENKRAIS. (1977) Consciência pelo movimento.São Paulo. Summus Editorial.
FOCHESATTO. (2011) A cura pela fala. Belo Horizonte. Estudos de Psicanálise. n. 36
LOWEN (1958) The language of the body. New York. Collier Books.
LOWEN (1975-2017) Bioenergética. São Paulo. ABDR.
PIONTELLI. (1995). De feto a criança: um estudo observacional e psicanalítico. Rio de
Janeiro: Imago.
RODRIGUES (2020) Glossolalia intensiva: Como criar uma voz para o corpo sem órgãos.
São Paulo. Dissertação apresentada ao Departamento de Pós-Graduação em Artes da UNESP.
SOUZA, V. L. T., DUGNANI, L. A. C., REIS, E. C. G. (2018). Psicologia da arte:
Fundamentos e práticas para uma ação transformadora. Estudos de Psicologia (Campinas).