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JORNAL DO COLÉGIO DE LAMAS | ANO XXV | SETEMBRO 2020 - JUNHO 2021 | 1€

ANO LETIVO MARCADO POR NOVAS FORMAS DE ENSINAR E DE APRENDER

Colégio vence os desafios da pandemia

SH@PING TOMORROW INOVAÇÃO EDUCATIVA PRÉ E PRIMEIRO CICLO COLÉGIO PREMIADO


IPad adotado por todos O Projeto de Compreensão e o Um conjunto de dinâmicas Colégio distinguido com
os alunos e professores Guião de Aprendizagem como presenciais e à distância que oito selos “Escola Amiga da
no desenvolvimento de práticas de ensino e de investi- potenciam o melhor dos nossos Criança”. P 33
metodologias ativas. P 7 gação inovadoras. P 8 alunos. P 12
2 EDITORIAL | 71 | ENTRElinhas | SETEMBRO 2020 - JUNHO 2021 SETEMBRO 2020 - JUNHO 2021 | ENTRElinhas | 71 | FICHA TÉCNICA 3

SUMÁRIO

02 EDITORIAL
04 ENSINO COM TECNOLOGIA
06 E-LEARNING E A REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA
07 IPAD SH@PING TOMORROW
08 PROJETOS DE COMPREENSÃO
09 GUIÕES DE APRENDIZAGEM
Mural de boas-vindas 10 COLÉGIO NA IMPRENSA
12 PRÉ-ESCOLAR
Este ano, pelas razões que todos conhecemos, não foi possível 17 PRIMEIRO CICLO
realizar o tradicional Dia de Acolhimento com as sempre interessan- 24 DIA DO COLÉGIO
tes e originais dinâmicas de receção aos alunos no início de mais um 26 A APLICAÇÃO DO MÉTODO CIENTÍFICO
ano letivo. 27 COACHING EDUCATIVO NO SECUNDÁRIO
A pensar nesta situação, os professores de EMRC e de Interiori-
28 FILOSOFIA
dade decidiram criar um mural para dar as boas-vindas aos alunos, 29 FEIRA DO LIVRO
utilizando os guarda-chuvas elaborados no ano letivo anterior e 30 ARTES VISUAIS
que não puderam ser expostos publicamente. 31 EDUCAÇÃO VISUAL
No belo painel que reveste a sala de convívio e a sala dos am- 32 PERCURSO POR MARIA GOMES
bientes educativos inovadores, os 36 guarda-chuvas de todas as
turmas do Colégio tornaram mais acolhedor e colorido o início do
33 ESCOLA AMIGA DA CRIANÇA
novo ano escolar. 34 CAMINHADAS SUNSET E DE PROFESSORES
Estas obras de arte, que faziam parte do Projeto de Compreen- 36 DIA INTERNACIONAL DA FAMÍLIA
são de EPS e EMRC.IN «E se abrisses o guarda-chuva/sol dos valo- 38 CAMPANHA LAÇO AZUL
res da vida?», remetiam para o contexto da primavera, com o sim- 40 EXPRESSÃO E OPINIÃO
bolismo das borboletas e das flores associado aos temas da Ado-
lescência e da Páscoa. Com estes trabalhos, pretendia-se que os
42 CAMINHO DE SANTIAGO
alunos tomassem consciência da importância de construir uma vi- 43 VISITA DE ESTUDO
da alicerçada em valores e princípios essenciais do humanismo e 44 CAMPANHA O MERCADINHO
pudessem compreender que a infância, a pré-adolescência e a 46 EXPRESSÃO E OPINIÃO
adolescência correspondem a etapas de mudanças e transforma- 48 PUBLICIDADE
ções na construção de uma existência feliz, realizada, consciente,
livre e responsável. Para além disso, esperava-se que a simbologia
desses objetos do quotidiano permitisse perceber que os obstácu-
los e as dificuldades do dia a dia tornam a pessoa mais forte e ma-
dura e que só com fé, esperança e amor se pode vencer.
JORNAL DO COLÉGIO DE LAMAS | ANO XXV | SETEMBRO 2020 - JUNHO 2021
Com a exposição destes trabalhos em contexto de boas-vindas,
www.colegiodelamas.com Rua da Salgueirinha nº 325
foi possível dar protagonismo à reflexão realizada e à criatividade entrelinhas@colegiodelamas.com 4536-904 Santa Maria de Lamas
evidenciada pelos nossos alunos. Parabéns aos nossos jovens artis-
tas. Professores Paulo Costa e Jorge Alves
Diretora: Joana Vieira
Editor: Professor Ricardo Massano
Design e paginação: Professor Daniel Pedrosa

Continuando a transformar o futuro COLABORAM NESTA EDIÇÃO


Saúdo toda a comunidade educativa do Colégio de Lamas, nesta mesmos valores humanistas. Textos de: Lourenço Barros, Filipe Silva, Francisca Soares e Isabel
reta final do ano letivo de 2020/2021. Acredito que nos encontramos Vemos já, no horizonte, com muita esperança, um setembro ri- Pereira - 1º ciclo, Afonso Nogueira, Maria João, Matilde Brito e Rafael
já no ponto, tão esperado, de viragem para o regresso pleno e sem sonho de reencontros e de abraços, pleno de novas aprendizagens e Marques - 7º B, Rita Sá Pereira e Francisco Mendes - 8º A, Leonor
limitações à nossa escola de sempre, a nossa casa comum, onde nos de novos desafios de conhecimento, numa escola moderna e inova- Ferreira e Beatriz Silva - 8º B, João Pedro Oliveira, Dinis Lopes e Bea-
sentimos acolhidos, felizes e em segurança. dora, sempre atenta às necessidades de formação integral dos seus triz Miranda - 9º A, Sofia Pereira e Pedro Lima - 9º B, Marta Oliveira,
Fomos atingidos por uma longa e dura alunos, jovens cidadãos preparados para um mundo em constante Alexandre Gonçalves e Rita Neves - 10º A, Flávia Guedes, Bruna
tempestade, que teve forte impacto em dois mudança. Amorim e Beatriz Soares - 10º B, Lourenço Ventura - 11º B, Carlota
anos letivos consecutivos. Felizmente, o Colé- Queremos que o próximo ano letivo seja verdadeiramente um vi- França - 12.º A, Maria Gomes - 12º B, Rafaela Oliveira, Marisa Sousa e
gio, os seus professores, os seus alunos e alunas rar de página do livro da pandemia e que possamos continuar a dar Maria João Ribeiro - 12º C. Convidados: Famílias de Matias Costa,
souberam estar à altura do enorme desafio do passos seguros no nosso caminho de afirmação de um modelo de or- Maria Miguel, Vicente, Santiago Alves, Carminho, Tiago, Sara Sousa
ensino remoto a que o confinamento os obri- ganização educativa que é único e distintivo, evidenciando a inova- e Gabriel Gouveia. Professores: Ricardo Massano, Catarina Oliveira,
gou. Nenhum aluno ficou sozinho, porque fo- ção pedagógica, a tecnologia ao serviço da educação e o nosso perfil Rosalina Sá, Fernando Vicente, Paulo Costa, Jorge Alves, Gautier de
Joana Vieira mos capazes de manter vivo o espírito da nos- humanista. Oliveira, Daniel Pedrosa, Pedro Silva, Maria da Luz Costa, Sandra Ri-
Diretora sa comunidade de aprendizagem e todos foram Que possamos retomar, no próximo ano letivo, todas as nossas di- beiro, professoras de Inglês, professoras e alunos do pré-escolar e
incluídos e chamados a fazer parte. Por isso, a nâmicas educativas e a partilha de experiências enriquecedoras que primeiro ciclo e bibliotecária Eva Vieira. Fotografias de: Paulo Costa,
nossa escola continuou a «acontecer» nas casas dos nossos alunos e proporcionamos às nossas crianças e jovens, numa viagem desafiante Jorge Alves, Daniel Pedrosa, Isaura Espinheira, arquivo do Colégio
dos nossos professores, com a mesma qualidade pedagógica, o mes- de conhecimento e de criatividade! Com eles, continuaremos a trans- de Lamas. Ilustrações de: Maria Gomes - 12º B.
mo compromisso com a inovação, a mesma responsabilidade e os formar o futuro! NOTA: Os artigos assinados são da responsabilidade dos autores e do editor.
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Colégio reinventa o ensino e a aprendizagem com a tecnologia Novas formas de ensinar e de aprender
O Colégio, no início do ano letivo, procurou mais uma vez investir na inovação pedagógi- É precisamente em tempos de confinamento e de relações pe- ros protagonistas do processo educativo e também detêm saberes
ca e na literacia digital através da aquisição de 300 iPads, que, juntando-se aos 250 já exis- dagógicas marcadas pelo distanciamento e pela estranheza que que devem ser partilhados e estimulados. Nesse sentido, o iPad é
tentes, permitiram que cada aluno do Colégio, do primeiro ciclo ao secundário, dispusesse faz mais sentido falar da importância que as novas tecnologias po- uma ferramenta fundamental para que os alunos se sintam motiva-
deste equipamento para uso individual na sala de aula e em casa. Lembre-se que a imple- dem e devem ter em contexto escolar. dos e desenvolvam múltiplas competências e para que o professor
mentação do programa de utilização do iPad começou em 2017, decorrente da estratégia de No Colégio, na sequência do investimento que tem sido feito possa orienta e avaliar o processo de aprendizagem.
modernização do processo de ensino e de aprendizagem do Colégio, coincidindo com a na utilização do iPad e das suas múltiplas aplicações, a transição Nas aulas em particular, o iPad tem substituído frequentemente
criação da educação pré-escolar e do primeiro ciclo. para o ensino à distância foi feita sem quaisquer sobressaltos, por- o caderno diário para pesquisar, selecionar e tratar informação de
que os alunos e os professores, como já utilizam com regularidade forma criativa, especialmente através das aplicações Pages, Keyno-
Em 2017, professores e alunos do primei- tecnologia no ambiente educativo e promo- essas tecnologias na sala de aula, conseguiram dar continuidade te e Imovies. Numa aprendizagem assente em projetos de com-
ro ciclo introduziram a tecnologia Apple no tora da inovação na educação. ao trabalho presencial. A mudança teve inclusivamente a vantagem preensão e guiões de aprendizagem que levam os alunos a apren-
processo de ensino e de aprendizagem. Fa- A visão estratégica do Colégio, mais do de possibilitar a diversificação dos recursos e de fomentar a apren- der pela prática e ao seu ritmo, o Ipad é um ótimo recurso para que
ce aos resultados positivos experienciados, que nunca, assenta num compromisso edu- dizagem autónoma. os alunos leiam, escrevam, vejam apresentações e façam os seus
em 2018, o programa estendeu-se aos alunos cativo com a inovação e com a escola do fu- ano letivo 2020-2021 com os alunos de todos Com um modelo de ensino cada vez mais centrado nos interes- próprios vídeos, combinando várias linguagens e expressões artís-
do 10º ano e, em 2019, aos do 11º e 12º. Em turo. Nesse sentido, tem vindo a implemen- os níveis de ensino a utilizarem um recurso ses dos alunos, no Colégio temos confirmado a ideia de que o tra- ticas como a fotografia, a literatura, o teatro e a música.
2019, o Colégio tornou-se na primeira escola tar práticas de renovação e melhoria cons- digital que se percebeu, ao longo destes três balho do professor passa essencialmente por ser um mediador e Porque entendemos que a educação tem de acompanhar e
a ter uma professora portuguesa com a dis- tante, apostando em projetos pedagógicos anos, ser essencial para redefinir as aprendi- um orientador, ajudando os alunos a pensarem na relevância das promover a evolução da própria sociedade, a tecnologia é, e vai
tinção Apple Distinguished Educator, quan- que vão muito para além do modelo tradicio- zagens, explorar novas abordagens do co- informações a que têm facilmente acesso. Nas aulas, entendemos continuar a ser, um elemento fundamental para que as aprendiza-
do Maria José Oliveira foi reconhecida pela nal, sendo a utilização do iPad disso exem- nhecimento e desenvolver experiências cria- que os alunos, que já não podem estar só sentados a ouvir passiva- gens sejam verdadeiramente relevantes e sejam feitas de uma for-
Apple como especialista na integração da plo. O Colégio de Lamas chegou, assim, ao tivas. Professor Ricardo Massano mente e a acumular informação de forma acrítica, são os verdadei- ma criativa, colaborativa e inspiradora. Professor Ricardo Massano

O iPad no pré-escolar e no primeiro ciclo O ensino de sempre em tempos de pandemia


O iPad tem sido utilizado com sucesso na sala de aula e tem
mostrado ser um recurso que não se esgota nas competências tec- Estudo no Colégio desde o 5° ano e, ao longo do meu percurso
nológicas que fornece aos alunos. académico, tenho sentido que, a nível pedagógico, esta instituição
Esta é uma ferramenta de eleição para crianças, mesmo para tem evoluído imenso, apostando na inovação pedagógica e na
aquelas que possuem dificuldades ao nível da motricidade e até da transformação da educação.
cognição. Salienta-se, desde logo, o peso e o tamanho confortá- Quando iniciei o ensino secundário, foi implementada a utiliza-
veis para crianças destas faixas etárias. Toda a organização do iPad ção do iPad em sala de aula, o que permitiu que as nossas aulas se
também é muito apelativa e intuitiva, o que permite ao aluno ser, O iPad permite aos alunos interagirem facilmente, pois, através da tornassem mais desafiantes, inclusivas e criativas, uma vez que ha-
desde cedo, muito autónomo na realização das tarefas. Todos os tecnologia airdrop, conseguem facilmente partilhar documentos en- via uma maior aproximação à realidade em que vivemos. Com re-
alunos começam, desde o primeiro ano, a treinar a sua caligrafia no tre si e com os professores sem que precisem de ter conta de email. curso a aplicações direcionadas para cada disciplina, desenvolve-
bloco de notas do iPad, com resultados muito positivos, sobretudo No ensino à distância, a qualidade de imagem e de áudio que o mos um trabalho mais cooperativo e aperfeiçoamos competências
porque a motivação é muito maior. iPad proporciona facilita imenso todo o processo de comunicação e fundamentais para a resolução dos desafios com os quais nos va-
A Apple mantém um rígido controle de qualidade, obrigando a a relação com os colegas e o professor. Com o iMovie, conseguimos mos deparando.
que cada aplicativo enviado à App Store passe por um processo de converter uma série de fotos ou pequenos vídeos em recordações Durante o período de confinamento, no decorrer do ensino à
análise rigorosa. O processador do iPad proporciona um desempe- que partilhamos com os nossos alunos através das nossas platafor- distância, o iPad tornou-se um recurso imprescindível, uma vez que
nho excelente das diversas aplicações, o que ajuda também a man- mas digitais. Preparar uma simples explicação de um ou outro con- nos permitiu interagir de forma imediata com os nossos professo-
ter a atenção, a concentração e a motivação do aluno. Com a apli- teúdo programático ou até um desafio para o trabalho em projeto res e colegas. Deste modo, tivemos todas as condições para conti-
cação Sala de Aula conseguimos assumir o controlo remoto do também se tornou mais simples e estimulante. nuamos a desenvolver dinâmicas inovadoras. Por exemplo, na dis-
aparelho dos alunos e monitorizar a sua utilização. Usamos o Pages para apoiar os alunos na execução das fichas ciplina de Química, muitas das Aprendizagens Essenciais foram
Temos recorrido bastante à plataforma TPC, que permite ao pro- de avaliação, nomeadamente com a gravação de voz dos enuncia- adquiridas a partir de desafios lançados pelo professor. Individual-
fessor lançar o trabalho para todos os alunos, que editam o docu- dos das questões, sobretudo com as crianças do primeiro ano e mente e em equipa, desenvolvemos a nossa capacidade de pes-
mento e o reenviam para o professor, para que este possa dar o devi- com as que têm necessidades educativas especiais. Os próprios quisa e organizamos toda a informação em múltiplos recursos pes- No fundo, nestes tempos marcados pela incerteza e pelo re-
do feedback. A vantagem desta aplicação é que o aluno não tem de alunos começam também a aprender a trabalhar com esta aplica- soais, como vídeos, esquemas, áudios e mapas de conceitos. Com ceio, a aposta na tecnologia permitiu uma continuidade de práticas
se preocupar em descarregar o documento ou em guardá-lo, porque ção, desenvolvendo as suas competências de escrita e de organi- a orientação do professor, acabámos por construir o nosso próprio educativas de qualidade, que sempre caracterizaram o nosso colé-
a aplicação faz todo esse trabalho. Professora Carina Carvalho zação textual. Professora Catarina Oliveira manual digital. gio. Marisa Sousa, 12º A
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CONSEQUÊNCIA OU INEVITABILIDADE DOS NOVOS TEMPOS?

E-learning e a revolução pedagógica quê desta afirmação, uma vez que reside no
próprio conceito a explicação – «à distân-
O debate sobre as vantagens e desvantagens do e-learning tem vindo a fazer parte do cia». É fundamental saber separar a casa do
caderno de encargos da sociedade do século XXI. Numa sociedade em que a palavra de trabalho e aprender a dar contexto às cir-
ordem é «Revolução», quer social, quer tecnológica e científica, nunca se falou tanto da ne- cunstâncias. No ensino à distância, é inevi-
cessidade e importância da convivência e da união como agora. Consequência de um mun- tável o agrupar das duas situações e é tam-
do cada vez mais presente e, ao mesmo tempo, mais distante, surge a reflexão sobre o rumo bém comum a perpetuação da desigualda-
do principal pilar da humanidade, a base da pirâmide social: a educação e a inevitabilidade de já existente na acessibilidade às mesmas

Projeto iPad Sh@ping Tomorrow


da sua restruturação. oportunidades. Dados adquiridos como a
internet, um bom computador, um ambien-
O conceito de inevitabilidade pressu- nientes desenvolvem ferramentas para con- te familiar estável, condições no local de
põe uma neutralidade na posição de argu- tornar as dificuldades provenientes da ad- trabalho e estudo são poucas vezes tidos Todos os alunos do nosso Colégio, do 1º ao 12.º ano, utilizam iPad. No nosso modelo de
mentação. No contexto desta crónica, tor- versidade circunstancial, têm a possibilida- em conta quando falamos no ensino à dis- organização pedagógica, valorizamos as metodologias ativas, sustentadas por dinâmicas de
na-se paralelamente um polo positivo da de de gerir o seu horário e escolherem a tância. Contudo, esta tem sido uma expe- aprendizagem inovadoras, como a Oficina de Trabalho Orientado, os Projetos de Com-
discussão, uma vez que surge como resulta- sua metodologia de trabalho e, ao mesmo riência que alerta ainda mais para a existên- preensão e os Guiões de Aprendizagem. Estas dinâmicas privilegiam a utilização do iPad e
do de uma evolução natural de um mundo tempo, são dotados de uma maior flexibili- cia de disparidades gritantes e que deixam das aplicações nativas no desenvolvimento das aprendizagens essenciais definidas nos do-
em constante mudança e que acompanha a dade do ritmo de aprendizagem. Esta últi- a descoberto uma sociedade ainda com cumentos orientadores do Ministério da Educação.
perpétua cadência do tempo. É nesta linha ma premissa é resultante da diversificação muito caminho a percorrer neste sentido.
de pensamento que se encontra o copo e criação de novos formatos pedagógicos Quer seja pelo medo da descontextuali- Na Oficina de Trabalho Orientado de- No Projeto de Compreensão, numa di- to das aprendizagens essenciais, para con-
meio-cheio do e-learning, onde a autono- que democratizam o projeto de aprendiza- zação, quer pelo medo subliminar de um senvolve-se o currículo de várias disciplinas, nâmica de trabalho colaborativo, os alunos teúdos específicos de cada disciplina, de
mia e independência são as palavras de or- gem e o direcionam para as diversas tipolo- «novo normal», o ensino à distância deve de uma forma integrada, recorrendo a prá- são desafiados a descobrir e aprofundar o forma orientada e sustentada em diferentes
dem. Na equação do ensino à distância, gias de aluno, graças à presente revolução ser uma ferramenta de apoio e não uma ticas de trabalho de projeto e desafios de conhecimento inerente a cada disciplina, atividades, a desenvolver por cada aluno.
são indispensáveis dois elementos: o pro- e evolução tecnológica que tanto define os norma. Deve ser uma experiência de refle- aprendizagem e descoberta (CBL - Challen- partindo das propostas dos professores e O iPad e todas as suas aplicações tor-
fessor e o aluno, e o resultado da mesma é nossos tempos. xão, não só sobre a fragilidade do sistema, ged Based Learning). Esta dinâmica é de- usando o iPad e as suas aplicações, para da- nam o nosso modelo de organização peda-
tão ou mais positivo quanto maior for o Por outro lado, não poderemos assumir mas também sobre as exigências do ensino senvolvida em todos os níveis de ensino, rem forma, com criatividade e autonomia, gógica mais inovador e tecnológico e con-
equilíbrio entre ambas as partes. Tanto o que o próprio conceito de «ensino à distân- atual. Inevitabilidade dos tempos ou conse- desde o 1º ano até ao 12º, tirando partido aos projetos que se propõem desenvolver. tribuem para que as experiências de apren-
aluno como o docente crescem pessoal e cia» constitui em si mesmo a sua maior des- quência de uma crise pandémica, o ensino da flexibilidade dos espaços educativos, da O Guião de Aprendizagem é um recurso dizagem dos nossos alunos sejam verda-
interpessoalmente com esta experiência, vantagem? Num mundo em que se debate à distância é a resposta possível às necessi- portabilidade do iPad e das condições de educativo digital desenvolvido pelo profes- deiramente mais significativas e proveito-
uma vez que pressupõe a existência de constantemente a importância do «ser» em dades da sociedade moderna, dos seus acesso à rede móvel. sor, no iPad, que promove o desenvolvimen- sas. Professor Fernando Vicente
duas características fundamentais para o detrimento do «ter», é no e-learning que compromissos e ambições, mas é, acima de
bom desenvolvimento do indivíduo: a aqui- encontramos como consequência a des- tudo, uma realidade que tem de estar em
sição da autonomia e desenvolvimento da personalização do ensino, que leva a uma concordância com a premissa de que «ne-
independência. No ensino à distância, es- mais fácil desmotivação do professor e do nhum Homem é uma ilha». Professora Ma-
tas são as palavras de ordem. Os interve- aluno. Torna-se redundante analisar o por- ria da Luz

Participação em masterclass sobre Física

Jogos e «matematiquices»
No dia 20 de março decorreu uma masterclass relacionada com a Física de Partículas. A ra determinar múltiplos. O Jogo da Glória,
atividade teve início com uma sessão que reuniu todos os participantes e oradores da Facul- que também não podia faltar, implicou a re-
dade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e do Laboratório de Instrumentação e solução de equações, enquanto o Cluedo
Física Experimental de Partículas (LIP), para uma apresentação teórica sobre o tema «Univer- Desejando recuperar os serões passados em redor de uma mesa, com amigos e família, exigiu a descoberta do «intruso matemáti-
so e Física de Partículas». a jogar um jogo de tabuleiro, um dominó ou um jogo de cartas, foi proposto aos alunos do co», através de pistas dispersas pelo tabulei-
7º ano que criassem ou adaptassem jogos aos conteúdos matemáticos deste ano letivo. ro. Mas também foram criados jogos origi-
Após introduzidos os conceitos básicos, tório Europeu de Investigação de Física Nu- cimento adquirido ao longo do dia. nais, que incluíam questões sobre os conteú-
os participantes, divididos em grupos, tive- clear). Por fim, os resultados de todos os Para mim, a participação nesta atividade A imaginação e a criatividade permitiram cartão do Bingo, seria necessário fazer cálcu- dos matemáticos a que os alunos teriam de
ram a oportunidade de realizar uma ativida- participantes foram reunidos e discutidos foi muito enriquecedora, uma vez que, para que os resultados fossem incríveis. Quem ima- los com potências e raízes? O Jogo da Me- responder se quisessem continuar a jogar.
de experimental que consistia em, a partir com a ajuda de investigadores do CERN. A além de me ter possibilitado o contacto ginaria que, para sair da prisão do «Matno- mória também não foi esquecido, mas, para Foram aulas muito bem passadas, com
de 50 ocorrências, apurar quais os candida- masterclass terminou com uma sessão de com pessoas mais experientes, me permitiu ply», teria de se resolver uma equação e pagar se ganhar, tornou-se necessário simplificar as muitos risos e sorrisos à mistura. Os nos-
tos a Bosão Z ou Bosão de Higgs, através esclarecimento de dúvidas e a realização adquirir novos conhecimentos na área da propriedades usando cartões com expres- frações. Já em relação ao Dominó, os alunos sos alunos do 7º ano estão de parabéns.
do recurso a um software do CERN (Labora- de um questionário relativo a todo o conhe- Física. Carlota França (12º A) sões numéricas? E que, para preencher um tiveram de fazer cálculos mentais rápidos pa- Professora Rosalina Sá
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PROJETOS DE COMPREENSÃO

Uma nova forma de ensinar e de aprender


Os professores desempenham, nos dias de hoje, um papel muito mais complexo e exi- do, a aprendizagem dos alunos torna-se
gente do que no tempo em que se pedia que eles fossem apenas competentes e eficazes tendencialmente autónoma, colaborativa e
transmissores de conhecimento. interdisciplinar, porque, tendo sensibilida-
des e capacidades diferentes, eles também
Perante um novo paradigma de aluno, os Na procura de novos modelos pedagó- possuem ideias diferentes e vão procurar
professores confrontam-se constantemente
com a necessidade de se reinventar, descons-
gicos, os projetos de compreensão têm vin-
do a ganhar relevância enquanto estratégia
articulá-las entre si. Por seu lado, o professor
também se pode associar ao trabalho cola-
O Guião de Aprendizagem na disciplina de Ciências Naturais
truindo ou aperfeiçoando práticas que consi- de exploração de conteúdos e de desenvol- borativo, uma vez que, ao serem utlizadas
deravam certas e imutáveis, de modo a tentar vimento de competências essenciais através algumas aplicações e plataformas que pro- A turma B do 7ºano, na disciplina de Ciências Naturais, foi desafiada a construir o seu
compreender as necessidades e as motiva- da realização de trabalhos práticos, indivi- vavelmente ele não dominará com a mesma conhecimento com recurso a um Guião de Aprendizagem. Trata-se de uma dinâmica peda-
ções de jovens que cada vez mais se sentem dualmente ou em grupo. Constituindo uma destreza dos alunos, também ele estará a gógica inovadora, centrada nos alunos, que pretende que cada aluno se assuma como agen-
seduzidos por um progresso tecnológico que metodologia ativa de ensino, os projetos de adquirir novas competências. te ativo na construção do seu próprio conhecimento, pesquisando e organizando informa-
vai tornando possível o que até há pouco compreensão colocam os alunos no centro A grande vantagem da realização de ção, analisando e interpretando dados, planificando e executando atividades práticas.
tempo era inimaginável. Ainda que não seja da aprendizagem, tomam como ponto de projetos de compreensão é que os alunos
fácil definir novos caminhos ou apresentar partida situações e problemas reais com os se sentem naturalmente mais motivados pe- Tomando como ponto de partida a ques- nentes atuais tivessem resultado da frag-
propostas que tornem a relação pedagógica quais esses mesmos alunos se possam iden- lo facto de serem desafiados e pela possibi- tão «Qual o papel da dinâmica interna do mentação de um antigo supercontinente.
mais proveitosa e adequada às novas necessi- tificar e propõem todo um processo de pes- lidade que têm de construir o seu conheci- planeta na transformação da sua superfí- Outra proposta de trabalho baseou-se na vi-
dades, parece evidente que a escola não po- quisa, de seleção e de tratamento de infor- mento, fazendo quase sempre bom uso de cie?», os alunos exploraram uma série de ati- sualização de um documentário que deu a
de continuar a insistir em modelos de apren- mação que possa conduzir a conclusões ge- potencialidades das tecnologias. Esta me- vidades, com gradação apropriada, de mo- conhecer o cientista Alfred Wegener. No ví-
dizagem centrados no professor e apoiados radoras e reveladoras de conhecimento. todologia permite também reforçar múlti- do a desenvolver a aprendizagem essencial deo, foram apresentadas as evidências que o
fundamentalmente na transmissão de con- Nesse sentido, o professor, ao invés de le- plas competências valorizadas atualmente inerente ao processo: sistematizar informa- cientista usou para enunciar a sua teoria. En-
teúdos estanques, como que ignorando que cionar conteúdos ou impor procedimentos no mercado de trabalho, como a comunica- ção sobre a Teoria da Deriva Continental, ex- tão, cada aluno construiu uma apresentação,
a sociedade está em permanente evolução e de uma forma vertical, tem o papel de esti- ção, a autonomia, a liderança, a proativida- plicitando os argumentos que a apoiaram e em Keynote, com os argumentos de Wege-
exige cada vez mais uma formação que esti- mular a imaginação e incentivar os alunos a de, o espírito crítico, a persistência, a con- que a fragilizaram, tendo em conta o seu ner. Por fim, e ao livre, cada aluno gravou um
mule o empreendedorismo, a criatividade e a procurar soluções, intermediando e colabo- fiança, a criatividade e a cooperação. Pro- contexto histórico. áudio em que emitiu a sua opinião crítica fa-
resolução de problemas concretos. rando pontualmente com eles. Assim sen- fessor Ricardo Massano O tema da Deriva dos Continentes foi ex- ce às ideias de Alfred Wegener.
plorado numa perspetiva histórica, eviden- No desenvolvimento desta dinâmica, fi-
ciando o papel dinâmico e evolutivo do co- cou evidente o gosto e a curiosidade dos alu-
Professores do Colégio distinguidos pela Microsoft
Centro para Educadores
nhecimento científico. A partir de áudios e nos pela aprendizagem do conteúdo. A tur-
Centro para Educadores

Certificado de reconhecimento vídeos, os alunos selecionaram e organiza- ma envolveu-se nas atividades propostas
A Microsoft, no final do ano anterior, reconheceu o papel do Colégio na transformação
Certificado de reconhecimento Centropara
Centro paraEducadores
Educadores
Centro para Educadores ram informação, de forma autónoma. Uma com dedicação e responsabilidade, cum-
da educação com a atribuição da distinção «MIEE – Microsoft Innovative Educator Expert» a das atividades foi de papel e tesoura. A partir prindo a calendarização prévia, questionan-
Centro para Educadores
Certificado
DANIEL de
JOSÉreconhecimento
DOS DOS REIS PEDROSA​
PEDROSA ​
todo o corpo docente, consequência da inclusão das tecnologias nas suas dinâmicas de en- Certificado
Certificado de
DANIEL
de reconhecimento
JOSÉ
reconhecimento REIS PEDROSA​
PEDROSA ​ do decalque, do recorte e da colagem, os do de forma oportuna e construindo mate-
sino e aprendizagem. É o recipiente deste certificado da Microsoft in Education que
reconheceDANIEL
ÉDANIEL
oarecipiente JOSÉ
JOSÉ DOS
DOS
no: REIS
deste certificado
sua participação REIS PEDROSA​
PEDROSA
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in Education que alunos notaram que os continentes sul-ame- riais originais corretos do ponto de vista cien-
reconhece
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EducadorDANIEL
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JOSÉ
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da Microsoft ininEducation​
Education que
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ricano e africano encaixam quase na perfei- tífico, sempre com muita agilidade tecnoló-
A Microsoft define o MIEE como um melhorar as experiências de aprendizagem ção, e daí surgiu a hipótese de que os conti- gica. Professora Sandra Ribeiro
Educador
reconheceInovador
reconhece aasua Microsoft
suaparticipação
participação no: Certificado
no:
Concluído:É o02/04/2020
recipiente deste certificado da Microsoft in Education que
reconhece
ÉEducador
Concluído:
Educador a02/04/2020
o recipientesua participação
deste
Inovador
Inovador Microsoftno:
certificado
Microsoft da Microsoft in Education que
Certificado
Certificado
«educador apaixonado pelo ensino e pela dos alunos. reconhece a sua participação no:
Educador
Concluído:Inovador
Concluído: 02/04/2020Microsoft Certificado
02/04/2020

aprendizagem, que procura constantemen- Pertencer a esta comunidade alargada


Educador Inovador Microsoft Certificado
Concluído: 02/04/2020

Comentários dos alunos


Concluído: 02/04/2020

te novas formas de motivar os seus alunos, de professores permite a partilha das me- Eu gostei de realizar esta tarefa, pois
Anthony Salcito
Vice President, Worldwide Education
Anthony Salcito education.microsoft.com
Vice President, Worldwide Education education.microsoft.com
Anthony Salcito
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que redefine o que deve ser a sala de aula lhores práticas educativas entre escolas, o acho que é uma forma mais intuitiva de
VicePresident,
Vice President,Worldwide
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do século XXI, que trabalha em colaboração conhecimento de novas práticas através do na educação, usando as tecnologias como aprender e que desperta mais a atenção
Vice President, Worldwide Education education.microsoft.com

e partilha os seus conhecimentos com uma contacto com diferentes projetos educati- suporte aos seus métodos inovadores. Na minha opinião, o guião de aprendi- dos alunos. Além disso, todas as atividades
comunidade global de educadores». É pre- vos e a constante troca de experiências in- Lembramos que, em 2019, o Colégio foi zagem foi muito cativante para trabalhar foram muito bem escolhidas para a realiza-
cisamente essa a atitude dos docentes do terpares. A Microsoft tem, por isso, sido fun- escolhida como a única escola em Portu- um assunto muito interessante. Rafael Mar- ção do projeto, sendo esta uma forma di-
Colégio, que, sabendo acompanhar a evo- damental para a concretização dos vários gal, num total de 30 escolas de todo o ques vertida e fácil de aprender. Maria João
lução de uma sociedade em transformação, projetos que a escola dinamiza, estando mundo, para uma conversa, via Skype, com
têm investido na sua formação técnica e pe- sempre disponível para ouvir as nossas ne- Anthony Salcito, Vice-Presidente da Micro- Eu gostei do guião de aprendizagem, Eu gostei muito de realizar este guião
dagógica. Desde princípios de inclusão, à cessidades e fornecer as soluções tecnoló- soft para a Educação. Nessa altura, os alu- pois é uma forma de aprender em que te- de aprendizagem, pois compreendi muito
promoção da criatividade e pensamento ló- gicas adequadas aos desafios que surgem. nos aproveitaram para aprofundar temas mos mais liberdade. Gostei particularmen- bem a matéria com a ajuda dos vídeos, ima-
gico através das novas tecnologias, o intuito Os nossos professores são educadores que relacionados com a educação e a utilização te da aula ao ar livre, porque foi algo dife- gens e esquemas. Também gostei muito da
dos professores é aproveitar o que de me- entendem o seu papel de agentes de mu- da tecnologia em sala de aula. Texto adap- rente. Afonso Nogueira aula em que nós fomos lá para fora para
lhor as tecnologias podem proporcionar e dança e trabalham para atingir a excelência tado de correiodafeira.pt gravar o áudio da atividade. Matilde Brito
10 COLÉGIO NA IMPRENSA | 71 | ENTRElinhas | SETEMBRO 2020 - JUNHO 2021 SETEMBRO 2020 - JUNHO 2021 | ENTRElinhas | 71 | EXPRESSÃO E OPINIÃO 11

O Colégio de Lamas, movido pela vonta- legiadas e por um ensino diferenciado e dife- Todo este trabalho tem tido destaque

Ilustrações por Maria Gomes, 12º B


de de colocar em prática modelos de educa- renciador, os docentes continuam a promo- na comunicação social regional e nacional.
ção que se adequem às exigências de uma ver aptidões intelectuais e atitudes baseadas No presente ano letivo, à semelhança dos
sociedade cada vez mais tecnológica e com- na iniciativa, na criatividade, na cooperação e anteriores, têm sido várias as referências na
petitiva, continua a investir na qualidade edu- na inovação, construindo diariamente uma comunicação social que confirmam a nossa
cativa, na excelência dos recursos e no de- escola que não se acomoda e já é uma refe- ideia de que, no Colégio de Lamas, anteci-
senvolvimento de dinâmicas inspiradoras. rência para tantas outras que ambicionam fa- pando-se o futuro, vale a pena aprender e
Num ambiente marcado por condições privi- zer o mesmo caminho. crescer. Professor Ricardo Massano
Uma estranha forma de viver
e de aprender
Há pouco mais de um ano que estamos a viver uma
pandemia a nível mundial. Todos tivemos de nos reinven- 50 lições de vida a propósito da pandemia
tar e enfrentar esta nova realidade que o vírus nos trou- Por Professor Paulo Costa
xe. Inesperadamente, em vez de enfrentá-lo cara a cara,
fomos obrigados a recuar, a isolar-nos de tudo e todos. Es- A vida humana é o valor supremo, e nada é mais importante do que ela.
colas, teatros, cinemas, bares, res- A saúde é a realidade mais valiosa para o nosso bem-estar e qualidade de vida.
taurantes, ruas e parques ficaram Somos todos feitos da mesma matéria e todos estamos sujeitos à doença e à morte.
praticamente vazios, enquanto, Parar é importante para refletirmos nas coisas verdadeiramente importantes.
infelizmente, os hospitais ficavam É essencial termos consciência da vulnerabilidade das pessoas mais idosas.
cada vez mais cheios. É importante viajar rumo ao nosso interior, na descoberta do nosso ser mais profundo.
Há quase um ano, as famílias O tempo é um bem precioso que deve ser sempre bem aproveitado.
com crianças e jovens em idade es- O otimismo e o sentido de humor são armas para vencer as adversidades.
Beatriz Neves colar foram surpreendidas com a Os médicos, enfermeiros e instituições de saúde são imprescindíveis para a sociedade.
8º B implementação do ensino à distân- Os verdadeiros heróis são aqueles que tudo fazem para preservar a vida dos demais.
cia para controlar os números da Abraçar as pessoas é muito importante, faz-nos bem e humaniza-nos.
pandemia. Ninguém pensava que, em 2021, teríamos de Sorrir é essencial para aproximar as pessoas e tornar a vida mais bonita e colorida.
nos preparar para voltar ao mesmo regime. A única dife- Muitas vezes, a melhor maneira de amar e ajudar uma pessoa é não estar perto dela.
rença era que desta vez estava previsto um menor tempo Não conseguimos viver sem amigos e fazemos tudo para nos relacionarmos com eles.
de confinamento. São fundamentais as iniciativas de solidariedade a favor das pessoas mais vulneráveis.
Também nós, no Colégio de Lamas, como em todas as A humanidade vive num ritmo elevadíssimo, por isso é urgente desacelerar.
outras escolas do país, fomos obrigados a ir para casa, no Podemos viver bem com menos bens materiais e com mais afetos.
fim de janeiro. Ninguém podia prever quanto tempo iría- Toda a humanidade está no mesmo barco, e todos somos responsáveis uns pelos outros.
mos manter-nos assim, mas esperávamos que fosse por um A globalização e a interdependência dos povos são realidades incontestáveis.
período mais curto do que em 2020. Foi anunciado que as Temos uma enorme capacidade de adaptação, empreendedorismo e criatividade.
aulas iriam ser suspensas durante duas semanas. A maior A nossa casa será sempre o nosso refúgio e o melhor lugar do mundo.
parte da comunidade revoltou-se, pois a consequência da A nossa família, com as suas virtudes e defeitos, é muito importante para nós.
decisão tomada pelo Governo seria o prolongamento do A oração une as famílias de todo o mundo na fé, na esperança e no amor.
ano letivo no verão e a diminuição das férias da Páscoa e O trabalho doméstico e a participação de todos nas tarefas do lar são fundamentais.
Carnaval, mas não havia nada que pudéssemos fazer para É bom e necessário ter mais tempo para as brincadeiras entre pais, filhos e irmãos.
mudar o que já tinha sido decidido. Deste modo, as aulas Só Aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida nos pode verdadeiramente salvar.
online foram retomadas no dia 8 de fevereiro. É ótimo fazer coisas em família, como conversar, ver séries, cozinhar, cuidar da casa.
Para mim, as aulas à distância não foram uma grande É bom poder ter mais tempo para ler, escrever, pesquisar, aprender e jogar.
novidade. Eu adaptei-me facilmente, mas, ainda assim, É estimulante a oportunidade de passear e conhecer melhor a nossa terra.
penso que elas tiveram vantagens e desvantagens. Pes- Deus é o princípio e o fim de todas as coisas e só Ele confere sentido à existência.
soalmente, senti que, no final do dia, ficava mais cansa- Informaticamente, as empresas adaptaram-se, reinventaram-se e modernizaram-se.
da, consequência de estar de manhã à noite a olhar para As escolas, as empresas e as instituições souberam adotar novas formas de traba-
ecrãs. Por vezes, conseguia recuperar as energias dormin- lho e conexões virtuais.
do mais um pouco todas as manhãs, pois, como estava em O teletrabalho, os eventos online e a gestão à distância têm aspetos muito positivos.
casa, podia acordar mais tarde. Além disso, a necessidade A ciência é fundamental para a vida das pessoas e para o progresso da humanidade.
de sair todos os dias deixou de ser uma preocupação, o Os serviços de compras online e de entrega ao domicílio facilitam as transações
que tornou a minha vida muito monótona. Infelizmen- comerciais.
te, em algumas disciplinas, a dificuldade em assimilar os Há coisas que se podem muito bem fazer sem tanta burocracia e deslocações.
conteúdos tornou-se maior, pois estar em casa prejudica Faz bem à nossa economia comprar e consumir preferencialmente produtos na-
os nossos hábitos de estudo e não nos permite esclarecer cionais.
dúvidas, ao contrário do que acontece em regime presen- Os meios de comunicação social são fundamentais para a vida em sociedade.
cial. Senti que a maior desvantagem de estar a ter aulas A diminuição da emissão de gases poluentes é muito importante para o meio
à distância foi a tentação de me distrair. Nada justifica a ambiente.
ausência de concentração nas aulas, mas, querendo ou A natureza recupera o seu esplendor sem a intervenção e presença do ser humano.
não, ao receber uma notificação, sentia-me mais tentada A máscara desafia a olharmo-nos nos olhos e a falarmos e sorrirmos com eles.
a saber o que seria, e penso que falo por todos os alunos. A máscara convida-nos a calar a boca e a pensar mais antes de falarmos.
Continuámos assim durante os dois meses seguintes, até, A máscara ensina-nos a amar com o coração e não com os lábios.
finalmente, ser anunciado que, no dia 5 de abril, o segun- A colocação da máscara nas orelhas lembra-nos que devemos escutar mais os outros.
do e o terceiro ciclo iriam voltar à escola. A desinfeção das mãos é decisiva, mas há que eliminar o vírus do egoísmo do coração.
Apesar de já estarmos em aulas presenciais, ainda É importante lavar as mãos, mas é ainda mais importante limpar a consciência.
nem tudo voltou à normalidade, pois temos que manter Também é importante manter uma distância de segurança face às pessoas maldosas.
o distanciamento, usar máscara e ter os respetivos cuida- O recolhimento domiciliário também nos ajuda a pensar nas epidemias interiores.
dos. Acredito que, daqui a algum tempo, tudo irá voltar à A etiqueta respiratória passa também por não infetarmos os outros com menti-
normalidade e iremos, finalmente, viver a vida que que- ras e ofensas.
remos e a que julgamos ter direito. O vírus do amor é muito mais poderoso e contagiante do que qualquer pandemia.
12 PRÉ-ESCOLAR | 71 | ENTRElinhas | SETEMBRO 2020 - JUNHO 2021 SETEMBRO 2020 - JUNHO 2021 | ENTRElinhas | 71 | PRÉ-ESCOLAR 13

Novidades do pré-escolar e do primeiro ciclo VISITA DA «ASSOCIAÇÃO CÃO OU SEM CASA»

As nossas crianças mais pequeninas aproveitaram o dia Mundial


As crianças do pré-escolar e do primeiro ciclo, num ano marca- Ainda assim, as professoras e as educadoras, ao longo do ano do Animal para abraçar uma causa nobre, concretamente a de ajudar
do por restrições e períodos de confinamento, tiveram de se adap- letivo, tudo fizeram para minimizar os constrangimentos e para os animais.
tar a novas rotinas e viram condicionada a realização de muitas das que os alunos fossem crescendo em autonomia, responsabilidade Após votação das crianças, decidimos receber e ajudar a «Asso-
habituais atividades dentro e fora do espaço escolar. Algumas di- e criatividade. Sem descurar a segurança, a imprevisibilidade obri- ciação Cão ou Sem Casa». Com a ajuda das famílias das crianças dos
nâmicas tiveram de ser reorganizadas e as relações de proximida- gou a uma diversidade de estratégias e de recursos pedagógicos 3 aos 5 anos, juntámos esforços monetários e recolhemos bens que
de foram limitadas e adequaram-se às exigentes e necessárias me- e tecnológicos que acabaram por enriquecer as aprendizagens e fazem falta aos «patudos»: comida, brinquedos, acessórios e areias.
didas de prevenção e segurança. assegurar que o percurso de cada aluno continuava a ser trilhado Os muitos produtos angariados possibilitaram, no final da atividade,
com todo o apoio necessário. uma doação generosa.
Assim, no dia 6 de outubro, as nossas crianças receberam um
membro da direção e uma veterinária, que nos explicaram a melhor
CELEBRAÇÃO DO DIA DE REIS maneira de atuar quando encontrarmos um animal abandonado na
rua. No final da atividade, juntos, proporcionámos uma vida mais feliz
Após as celebrações natalícias, as crianças da educação pré-es- aos animais acolhidos por esta associação. Fica o nosso agradeci-
colar do Colégio visitaram o Museu de Lamas para aí celebrarem o mento a todos os que nos possibilitaram levar os mais pequenos a
Dia de Reis. envolverem-se numa causa tão nobre.
A atividade, dinamizada pela monitora Silvina, pretendeu moti-
var as crianças para o desenvolvimento das expressões artísticas,
nomeadamente as artes plásticas, através da construção de coroas
individuais.
De coroa posta na cabeça, os pequenos reis do Colégio de La-
mas dramatizaram a chegada dos Reis Magos a Belém, oferecendo
ao Menino Jesus ouro, mirra e incenso, elementos que simbolizam
as culturas de todo o Mundo. Esta dramatização, com direito a ca-
melos, coroas e capas de reis, proporcionou a todas as crianças uma
experiência rica em conhecimento, criatividade e muita diversão.
No fim, despediram-se felizes, levando as coroas especiais para
as suas casas. CINEMA E PIPOCAS

No dia 5 de novembro, todas as crianças do pré-escolar come-


moram o Dia Mundial do Cinema. Já que não foi possível ir ao cine-
ma, trouxemos o cinema (e pipocas) até ao Colégio!
As nossas crianças, que demonstraram um grande entusiasmo
desde o primeiro momento, reuniram-se numa sala, assistindo
atentamente ao filme «Up – Altamente».
O cinema possui um grande potencial pedagógico para as
crianças, uma vez que estas assimilam facilmente informações ad-
vindas de estímulos audiovisuais. Desta forma, a visualização do
filme tinha como grande objetivo mostrar que a verdadeira aventu-
ra da vida é o relacionamento que temos com as outras pessoas e
que é preciso reconhecer o valor das pequenas coisas.

CELEBRAÇÃO DO DIA MUNDIAL DO PÃO -se o alimento do povo. Hoje em dia, há muitas variedades de pão
e a sua confeção tornou-se mais simples, pois já existem máquinas
OLÁ, SÃO MARTINHO! OLÁ, CASTANHAS! dade com a leitura do conto «A lenda de São Martinho». Após a O tema da alimentação chama sempre a atenção das nossas que facilitam todo o processo de misturar, amassar, levedar e cozer.
familiarização com a lenda e a colocação de diversas questões, as crianças. O dia da alimentação comemora-se no dia 16 de outubro, Nesse dia, as crianças de pré-escolar, aproveitando a visita de
O Museu de Lamas é uma mais mais-valia para as nossas crian- crianças dirigiram-se até ao atelier dos pequenos artistas, onde ela- data em que, desde 2000, se celebra também o dia Mundial do um padeiro, juntaram-se no nosso refeitório para falar sobre esta
ças, pois, nesse espaço, é-lhes permitido explorar e conhecer diver- boraram uma produção alusiva ao S. Martinho. Pão. Esse dia tão especial constitui um pretexto para conhecer me- profissão e, claro está, observar as várias fases do fabrico do pão.
sas tradições. Sendo um local cheio de magia e descobertas, no dia Para dar significado às palavras que caracterizam esta lenda lhor a profissão de padeiro. Conhecer de perto o profissional e ver todo o processo foi ex-
11 de novembro de 2020, as crianças dos 3, 4 e 5 anos viajaram até (partilha, amor ao próximo e convívio), à tarde, todas as crianças do O primeiro registo do pão fermentado data aproximadamente tremamente interessante para as nossas crianças. Para terminar,
ao museu, de forma a celebrar o S. Martinho, época festiva associa- pré-escolar conviveram num magusto, saboreando umas deliciosas de 4 mil anos a.C. e terá ocorrido no Egipto. Mais tarde, quando os contamos com um excelente pão oferecido pelo senhor padeiro, a
da às castanhas e a muita diversão. castanhas. Este foi um momento único de alegria e de enriqueci- romanos espalharam o consumo do pão pela Europa, este tornou- quem agradecemos toda a experiência e simpatia.
A «senhora muito simpática do museu», a Silvina, iniciou a ativi- mento cultural.
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PÃO POR DEUS, UMA TRADIÇÃO MUITO NOSSA nhecer esta tradição. Ficaram a saber que, em Portugal, no dia 1 de
novembro, as crianças saem à rua e juntam-se em pequenos gru-
COMEMORAÇÃO DO DIA NACIONAL DO PIJAMA Na sexta-feira, dia 30 de novembro, todas as crianças do pré-es- pos, pedindo, de porta em porta, o «Pão por Deus». Quando as
colar visitaram um sítio muito especial e de que tanto gostam: o crianças pedem o «Pão por Deus», recitam versos e recebem pão,
De forma a sensibilizar as crianças do pré-escolar, as educado- Museu de Lamas. broa, frutos secos. Depois, colocam as ofertas dentro dos seus sa-
ras organizaram a celebração do Dia Nacional do Pijama. Neste As crianças começaram por realizar uma oficina dedicada a cos de pano, por norma de retalhos.
dia, 20 de novembro de 2020, os mais pequenos vestiram-se a ri- uma tradição muito nossa – o Pão por Deus. A equipa optou por Desta forma, cada criança elaborou o seu saco antes da visita ao
gor, com os pijamas mais quentes e fofinhos, e trouxeram até ao celebrar este dia, pois valorizar as tradições é, antes de tudo, res- museu, para se sentir mais integrado nesta tradição e tornar toda a
Colégio todos os seus sonhos. peitar a própria História e defender a nossa identidade. Assim, en- experiência o mais real possível. No fim, as crianças montaram um
Este foi um dia dedicado à Convenção dos Direitos da Criança, tre lápis de cera, cortiça e cola, aa crianças confecionaram o saco cenário alusivo à temática, com trigo, pão e saco, entre outros ele-
tendo surgido longas conversas sobre as desigualdades espalhadas do Pão por Deus. mentos, e recitaram alguns dos versos.
por todo o mundo. Entendemos que despertar consciências e tornar Após o atelier dos pequenos artistas, a nossa guia levou-nos a Por fim, todas regressaram ao Colégio, com um sorriso na cara
as nossas crianças mais sensíveis a outras realidades proporcionará conhecer e a explorar o museu e, ao mesmo tempo, deu-nos a co- e o saco de pão na mão.
cidadãos mais atentos, mais tolerantes e mais ativos.
E, depois de terem sido mimados com um docinho especial, os 2º SEMESTRE
mais pequeninos do Colégio assistiram a um filme sobre os sonhos.

CARNAVAL DO PRÉ-ESCOLAR
VIAGEM PELAS ESTAÇÕES DO ANO
No dia 16 de fevereiro, os alunos do pré-escolar não se esquece-
As crianças do pré-escolar do nosso Colégio andam a viajar, per- ram de comemorar a festa de Carnaval, sempre muito especial para
correndo caminhos que ganham vida a cada estação do ano. Até ao todas as crianças. É na festa de Carnaval que cada um pode ser aqui-
momento, viajámos, «de comboio humano», até ao outono e ao in- lo que mais deseja. Mesmo à distância, conseguimos recriar um baile
verno, paragens muito importantes que ajudam a caracterizar as alte- animado e memorável. Entre máscaras, serpentinas, música e muitas
rações climáticas e a conhecer as estações do ano. fatiotas coloridas, os mais pequeninos divertiram-se e celebram este
O nosso ano letivo começou pela viagem pelo outono, no dia 22 dia todos juntos, permitindo que as três salas se reencontrassem de-
de setembro, marcado também pela primeira visita de estudo das pois de tantos dias separadas.
crianças dos 3 anos. O outono foi recebido pela dramatização da pro-
fessora Silvina (monitora do museu) e dos próprios meninos. No final,
foi realizada uma oficina prática com uma coroa, folhinhas e bolotas O período de ensino à distância
do outono.
Mais tarde, no dia 21 de dezembro, voltámos à viagem, desta vez
no solstício do inverno, novamente no Museu de Lamas, com a equi-
pa fantástica que nos acolhe sempre tão bem. Nesta segunda ativi-
dade, a envolvência das crianças na dramatização da «viagem» já foi
diferente e muito mais elaborada. As crianças já sabiam como tudo ia
acontecer e conseguiram participar mais ativamente, mostrando uma
excelente capacidade de intervenção e de compreensão.
De um momento para o outro, deparámo-
-nos com uma nova realidade. Uma realidade
DIA DE NOSSA SENHORA DO Ó que exigiu uma adaptação de todas as partes.
As nossas crianças aprenderam e socializa-
No dia 18 de dezembro de 2020, as crianças das três salas do pré- ram umas com as outras através de ecrãs de
-escolar visitaram o Museu de Lamas, de forma a conhecerem a histó- computadores e, de repente, viram as suas ro-
ria da Nossa Senhora do Ó. O ensino à distância exigiu da parte de tinas diárias alteradas.
Numa pequena sessão da «Hora do Conto», a monitora Silvina todos os envolvidos (educadores e família) Apesar de todas as restrições impostas,
narrou o que aconteceu quando o Anjo Gabriel anunciou a Maria a muito trabalho e dedicação. Esta modalidade este período de confinamento foi vivido da
boa-nova de que iria ser mãe de Jesus. Parabéns à equipa do pré-escolar, em espe- decorreu com normalidade e permitiu que melhor forma por parte dos nossos meninos.
Todas as crianças tiveram a oportunidade de observar e tocar cial à Professora Mónica Santiago, que, neste dela pudéssemos tirar o máximo proveito Tudo isto só foi possível devido ao esforço gi-
na escultura da Nossa Senhora do Ó, em aglomerado de cortiça. desafio do ensino à distância, nos mostrou para a Gabi, quer através das sessões síncro- gante feito por todos, mantendo e reforçando
Depois, as crianças realizaram um trabalho de oficina orientada, que, mesmo à distância, é possível os nossos nas agendadas, quer através das propostas de a relação entre alunos, pais e professores.
tendo tido a oportunidade de pintar a Nossa Senhora do Ó, com pequenos Inventores aprenderem e evoluí- atividades e materiais enviados, que, além de É um privilégio enorme acompanhar o
as cores reais da figura. rem. Semana após semana, ela levou as crian- contribuírem para a ocupação do seu tempo, crescimento e desenvolvimento da Maria
Desta forma, as crianças relembraram que o Natal é tempo de ças à descoberta de novas aprendizagens e ex- criaram também oportunidades de apren- Miguel, ao lado de excelentes profissionais.
celebrar o nascimento de Jesus Cristo, bem como o de relembrar os periências. (Vera Moutinho, encarregada de dizagem. (Marta Almeida, encarregada de Obrigada! (Sílvia Pinto, encarregada de edu-
valores da partilha, do amor e da união. educação do Matias Costa) educação da Maria Gabriela) cação da Maria Miguel)
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A importância do regresso ao ensino presencial


Novidades do primeiro ciclo
Regresso à escola em tempos de pandemia… O tão desejado regres-
so ao Colégio…. Finalmente, chegou o dia. Sem dúvida que o ideal A equipa educativa do primeiro ciclo, num tempo marcado impostas pela pandemia global.
seria podermos regressar sem receios à nossa «normalidade», mas, por restrições e imposições de confinamento, adaptou-se às no- A equipa educativa promoveu um ambiente de proximidade e
não podendo ser assim, temos de nos adaptar da melhor forma a esta vas exigências e continuou a trabalhar no sentido de potenciar as respeitou os diversos ritmos de aprendizagem, dando a oportuni-
nova realidade. O valor das aulas presenciais para o desenvolvimen- capacidades intelectuais e humanas daqueles a quem se dedica dade a todas as crianças de aprenderem por si próprias, nomeada-
to infantil, para a socialização das crianças e para o bem-estar psico- diariamente, dando resposta às suas necessidades e desenvol- mente através da pesquisa, da experimentação e da realização de
lógico delas é inquestionável. Será preciso algum tempo antes de se vendo as suas competências. projetos. A escola continuou a ser um espaço, real ou virtual, onde
conhecer a verdadeira amplitude das perturbações ocorridas. O ano Na sala de aula ou à distância, as professoras, em articulação os alunos fizeram descobertas, partilharam vivências e materializa-
de 2021 será certamente um ano desafiante para a escola e toda a sua com as famílias, que se viram obrigadas a assumir um papel mais ram os seus sonhos, num ambiente marcado pela amizade, pela
comunidade. Aproveitemos este tempo para sermos mais empáticos, ativo na educação dos seus educandos, nunca deixaram de estar iniciativa e pela criatividade.
compreensivos e respeitadores da diferença, para que, todos juntos e O período de confinamento foi muito desafiador para todos. As próximas dos seus alunos, minimizando os efeitos das vicissitudes
unidos, possamos transformar o futuro. (Liliana Tavares, encarrega- escolas passaram por uma reinvenção dos métodos de ensino e os
da de educação do Vicente) pais tiveram de se adaptar a uma nova realidade, que muitas vezes
até implicou uma colisão entre horário de trabalho e a educação dos REGRESSO AO COLÉGIO – 2020/2021
filhos. As crianças também tiveram de lidar não só com um novo am-
Com o ensino à distância biente de aprendizagem, mas também com uma nova ordem social, No dia 2 de setembro, celebrou-se o regresso à escola dos alu-
Muito estivemos a aprender uma vez que passaram a relacionar-se fisicamente apenas com os fa- nos do primeiro ciclo ao Colégio de Lamas. Como forma de pro-
Com o Colégio de Lamas e a Educadora «Momó» miliares. Tudo isto perante a ansiedade e a desconfiança no futuro, à mover o relacionamento e de começar a criar laços, foram realiza-
Foi sempre a valer! volta deste novo vírus. dos vários jogos, como «O Rei Manda», «O Jogo do Sério» e «O
A situação particular do pré-escolar prende-se não só com as com- Jogo do Detetive», entre outros.
Quando o ensino passou a presencial petências intelectuais, as quais as educadoras e os professores procu- Nesse dia, cada aluno tirou uma fotografia e colocou-a numa
Os olhinhos começaram a brilhar raram desenvolver exemplarmente através das atividades síncronas moldura em aglomerado de cortiça, que antes tinha sido decorada
O sorriso e a alegria e assíncronas pelas plataformas digitais, mas também, e essencial- e pintada. O Malaquias, o contador de histórias, alegrou o nosso
Todos os dias não podiam faltar. mente, com as competências sociais e com os valores. Desta forma, o dia com as suas narrativas e proporcionou a todos os que o pude-
regresso ao ensino presencial no pré-escolar tornou-se fundamental ram ouvir momentos de grandes viagens pelo mundo dos livros.
Não podíamos terminar pelo reforço da socialização, pela motivação da criança à partilha, Foi um regresso diferente, com máscaras e mãos devidamente
Com uma mensagem de gratidão pela perceção da diferença entre pares e entre os educadores e outros desinfetadas, mas, ainda assim, muito bom. Apesar das todas as
A toda a equipa educativa que trabalha com o nosso Diogo professores, pelo sentido de responsabilidade, pelo conhecimento do medidas de proteção e de distanciamento, todos estavam ansio-
Com muito amor no coração. funcionamento das organizações e de uma vida em sociedade, pelo sos por voltar à escola, especialmente para poderem rever amigos
desenvolvimento e consolidação dos laços afetivos, para além dos fa- e professores. Alunos do primeiro ciclo
(Família do Diogo Santiago Alves) miliares, pelo reforço da autoconfiança da criança e pela aquisição e
desenvolvimento de novas competências. (Rosa Carneiro Pais, encar-
regada de educação da Carminho)

Projetos desenvolvidos na sala dos inventores


Os pequenos Inventores participaram no projeto «Alimentação às
cores», que promoveu aprendizagens relacionadas com os diversos
alimentos e a exploração de comidas típicas portuguesas. De desta-
car a construção e manutenção do restaurante «Cantinho dos Inven-
tores», com direito a um almoço muito especial no dia da despedida.
Este projeto foi bastante enriquecedor, pois, para além de promover ALIMENTAÇÃO COLORIDA? PORQUE NÃO?
hábitos de alimentação saudável, os pequenos cozinheiros puderam
brincar e sonhar no «Cantinho dos Inventores”. No dia 11 de setembro os alunos do primeiro e do segundo ano
Atualmente, os pequenos Inventores estão envolvidos no projeto anos tiveram duas visitas especiais. De manhã, o hipopótamo Sera-
«A Selva», encontrando-se a explorar a origem dos animais no plane- vido pelo Museu de Lamas. fim entrou nas suas salas. Os alunos tiveram um pouco de medo,
ta Terra. Os Inventores já tiveram oportunidade de decorar a sua sala Parabéns à educadora Mónica e à restante equipa, pela forma como porque ele vinha muito constipado, mas foi tudo desinfetado e foi
com dinossauros, já foram ao Parque de Lamas participar na «Caça ao envolvem as nossas crianças nos projetos escolares, mantendo-as motiva- guardada a devida distância de segurança.
Urso» e até tiveram um primeiro contacto com uma trilobite, promo- das e felizes no Colégio!». (Ana Silva, encarregada de educação do Tiago) O Serafim Constipadinho alertou as duas turmas para a neces-
sidade de se fazer sempre uma alimentação equilibrada e colorida.
Como isso nem sempre acontece, algumas dúvidas começaram a
Projeto dos Geniozinhos: “Viagem por Portugal” surgir e a vontade de saber mais começou a aumentar.
Nesse sentido, um nutricionista da Escola Superior de Tecnolo-
O projeto «Viagem por Portugal» permitiu aos Geniozinhos aliar gias da Saúde de Coimbra, o professor João Lima, foi convidado a
momentos de brincadeira ao desenvolvimento social e criativo, à au- conversar com os alunos e professoras (via Zoom) para esclarecer
tonomia e ao pensamento crítico. Perceber como funciona uma via- todas as dúvidas. Como não houve tempo para tudo, o professor
gem, colocar em prática esses conhecimentos e montar a sua própria João Lima desafiou os nossos alunos a pesquisarem e a descobri-
estação de comboio na sala trouxe uma grande dinâmica, espírito de rem as respostas a todas as suas dúvidas.
companheirismo e muito entusiasmo às crianças. Na área da brinca- E foi assim que apareceu o projeto «Somos o que comemos».
deira, os meninos divertem-se ao faz de conta, desenvolvendo a sua Alunos do primeiro e do segundo ano
imaginação, as relações interpessoais e também as estratégias para
a tomada de decisões. Em paralelo, aprendem competências sociais e
culturais, que são complementadas pelas visitas ao Museu de Lamas,
onde cada canto é um apeadeiro na cultura e na História portugue-
sa. Um bem-haja à Joana e à Cláudia, que ajudam os Geniozinhos a
crescer felizes e a tornarem-se cidadãos conscientes do mundo em
que vivemos. (Gisela Bastos, encarregada de educação do Martim)
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CELEBRAÇÃO DO DIA MUNDIAL DO SORRISO

No dia 2 de outubro, as turmas do terceiro e do quarto ano celebra-


ram o Dia Mundial do Sorriso. Nesse dia, quando chegaram à sala,
depararam-se com um Sol sorridente e foram desafiados a descobrir o
que representa o esse elemento nas nossas vidas.
Mas, afinal, que data estava a ser celebrada? Descobriram que o Sol
é uma estrela e, de imediato, fizeram a ligação ao projeto de OTO das
duas turmas: «À Descoberta do Universo – o que há para além da Ter-
ra?» Depois de concluírem que era o Dia Mundial do Sorriso, foram
convidados a sorrir muito e a serem o Sol uns dos outros, quer na esco-
la, quer em casa, junto das suas famílias. Alunos do terceiro e do quar-
to ano

COMEMORAÇÃO DO DIA DA ALIMENTAÇÃO

No dia 16 de outubro, o Dia da Alimentação foi celebrado com


bastante entusiasmo. Entre textos e desenhos, jogos e canções, hou-
ve tempo para confecionar uma deliciosa gelatina vegetal com iogur-
CELEBRAÇÃO DO OUTONO te e para provar um dos frutos específicos do outono: o dióspiro.
As crianças do primeiro e do segundo ano deram, assim, continui-
No dia 7 de outubro de 2020, os alunos do primeiro ciclo visita- dade ao seu projeto de OTO, e as do terceiro e do quarto ano relem-
ram o Museu de Lamas para descobrirem mais sobre a estação do braram como é importante optar por uma alimentação equilibrada.
outono. Encontraram elementos outonais na decoração do Museu No final do dia, foram todos premiados com o livro «Alimenta-te
e tiveram a oportunidade de colocar em prática o que haviam já sem porquês!», da Companhia Geral de Restaurantes e Alimenta-
aprendido acerca dessa estação do ano. ção. Este livro, em forma de sebenta, serviu como inspiração para
No final da visita, construíram um marcador de livros ligado a os alunos descobrirem a importância que os alimentos têm na vida
essa temática. Alunos do primeiro ciclo de todos, dando também respostas aos «porquês» relacionados
com a pandemia que estamos a viver. Alunos do primeiro ciclo

HORA DO CONTO NO MUSEU DE LAMAS

No dia 21 de outubro, os alunos do terceiro e quarto ano assisti-


ram a uma «Hora do Conto», no Museu de Lamas. Escutaram a his-
tória «Terra! Planeta fantástico!», o que lhes permitiu alargar o co-
nhecimento acerca do planeta onde vivemos e sobre o próprio Uni-
verso. Esta atividade enquadrou-se no projeto de OTO: «À Desco-
berta do Universo – o que há para além da Terra?»
No final, os alunos construíram o planeta Terra em aglomerado
VISITA DE EXTRATERRESTRES AO COLÉGIO DE LAMAS de cortiça e identificaram as várias camadas que o constituem. Alu-
nos do terceiro e do quarto ano
No dia 9 de outubro, dois extraterrestres visitaram os alunos do
terceiro e do quarto ano do Colégio de Lamas, para lhes fazerem al-
gumas perguntas sobre o Universo.
Um dos extraterrestres, o Fozi, era um pouco diferente e mostrava
sempre admiração e entusiasmo perante tudo. O outro, o Ozi, era
mais civilizado e instruído. A visita destes seres estimulou a curiosida-
de em querer saber mais sobre o tema que os alunos tinham decidido
estudar durante o primeiro semestre, pois, quando os extraterrestres
voltarem, os alunos querem ensinar-lhes tudo o que aprenderam.
As turmas adoraram a visita destes seres tão diferentes e espe- HALLOWEEN NO COLÉGIO DE LAMAS
ciais e aguardam ansiosos por uma nova visita. Alunos do terceiro e
do quarto ano No dia 30 de outubro, os alunos do primeiro ciclo festejaram o
Halloween! Embora este ano os festejos tenham sido diferentes, os
mesmos permitiram que as crianças se divertissem e convivessem.
Mantendo todos os cuidados, elas assistiram a um filme com direito a
Comentários de alguns alunos pipocas e receberam os tão desejados doces.

Os extraterrestres eram fixes e curiosos. Queriam saber muito so-


bre nós e sobre o nosso sistema solar. Lourenço Barros
Os extraterrestres eram divertidos e simpáticos. Filipe Silva
Os extraterrestres eram fofos e simpáticos. Queriam fazer-nos vá-
rias perguntas sobre o Universo. Francisca Soares
Os extraterrestres pareciam gostar muito da Terra e do Universo.
Tinham atitudes muito engraçadas. Isabel Pereira
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CELEBRAÇÃO DE S. MARTINHO TEA TIME

Em novembro, celebrou-se o São Martinho. Fizeram-se cartuchos, No dia 15 de dezembro comemora-se o Dia do Chá, e os alunos
comeram-se castanhas bem quentinhas e realizaram-se algumas ativi- do primeiro e do segundo ano, que estavam a aprender mais sobre
dades: leitura da história da Maria Castanha e pintura de vitrais e de alimentação saudável, não podiam deixar de celebrar essa data que
uma castanha para decoração do cartucho. poucos conhecem.
Os alunos do primeiro ciclo visitaram o Museu de Lamas, assistiram Para esta celebração, contamos com o apoio das nossas profes-
à dramatização da lenda, observaram os fantoches que representavam soras e da professora de Inglês, uma vez que esta bebida é muito
as personagens da história narrada e construíram o S. Martinho em apreciada na Inglaterra.
aglomerado de cortiça. Alunos do primeiro ciclo Sabiam que foi um membro da realeza portuguesa que levou esta
bebida para Inglaterra? É verdade! Foi Catarina de Bragança, que,
em 1662, introduziu na cultura inglesa o consumo do chá, quando
rumou a Inglaterra para se casar com Charles II. Alunos do primeiro e
do segundo ano

CONVERSAS ANIMADAS COM A DOUTORA BABÁ

Ensinar que a alimentação pode ser divertida, colorida, saborosa


e, ao mesmo tempo, saudável foi o objetivo das sessões online que
estabelecemos com a nutricionista doutora Bárbara da Fundação
Portuguesa de Cardiologia, ou, como ficou conhecida pelos nossos
alunos, a doutora Babá.
CELEBRAÇÃO DO DIA NACIONAL DO PIJAMA Estas sessões semanais foram essenciais para os alunos perce-
berem que, por exemplo, o açúcar daquelas panquecas de que eles
No dia 20 de novembro, os alunos do primeiro ciclo celebraram tanto gostam pode ser substituído por fruta ou que o azeite no pão
o dia dos Direitos Universais da Criança. Nesse dia, foi realizada é tão bom ou melhor do que a manteiga.
uma recolha de livros para serem doados a uma instituição de soli- Em cada uma das sessões, os alunos aprenderam mais sobre
dariedade social, concretamente o Centro de Solidariedade Cristã cada uma das secções da roda dos alimentos e provaram e compro-
Maranatha. varam que a alimentação saudável não tem de ser aborrecida nem
Também foram desenvolvidas dinâmicas de aprendizagem que sem sabor. Por cada receita que a nossa nutricionista partilhava, os
permitiram perceber a importância de todas as crianças terem uma meninos provavam novos sabores e descobriram que as gomas fei-
família que lhes dê amor, carinho, aconchego e cuidados de saúde. tas com sumo de fruta são, afinal, muito saborosas, que as bolachas
Após uma reflexão, os alunos reconheceram que são crianças mui- de maçã e aveia são deliciosas e que o húmus de grão-de-bico é
to felizes e com muita sorte por terem uma família estruturada, ca- cremoso e ótimo para comer com legumes crus.
paz de os amar e educar e de lhes conceder os cuidados de que Tudo aquilo que a doutora Babá nos ensinou e mostrou foi es-
necessitam. sencial para conseguirmos organizar e elaborar o nosso livro digital
«Somos o que comemos». A ideia é nunca nos esquecermos do
vocabulário complicado que foi aprendido ao longo das sessões,
como hidrato de carbono, proteínas, lípidos, gordura saturada, para
reforçarmos a nossa saúde e o nosso sistema imunitário.
Na nossa memória ficarão, com certeza, as imagens dos embru-
lhos especiais que, cheios de alimentos maravilhosos, nos chega-
vam à sala de aula, mas ficará também aquele lindo coração verme-
lho que a nossa eterna doutora Babá trazia sempre colado na sua
bata. Alunos do primeiro e do segundo ano

CARNAVAL CONFINADO, MAS NÃO ARRUINADO


VISITA DA CIENTISTA ASTRONAUTA ANA PIRES
Carnaval é tempo de disfarce, de dança, de mistério, de máscaras
As turmas do terceiro e do quarto ano convidaram a cientista e e, sobretudo, de muita alegria.
astronauta Ana Pires para uma visita ao Colégio, com o objetivo de Apesar do confinamento e da impossibilidade da realização de
lhes falar sobre o Universo e sobre os astronautas. bailes e desfiles, os alunos do primeiro ciclo não deixaram de come-
Esta visita concretizou-se no dia 25 de novembro, altura em que morar esta data tão festiva, inspiradora e entusiasmante. Mascara-
os alunos aprenderam como se vive nas estações espaciais, como ram-se a rigor e desfilaram pelas suas casas, mostrando os seus belos
se alimentam os astronautas no espaço, que exercício físico fazem disfarces nas sessões síncronas com os professores.
os astronautas e como tratam da sua higiene pessoal, entre outras Neste dia, também celebraram o «Pancake Day», no âmbito da
curiosidades muito interessantes. Com a ajuda da Ana Pires, os alu- disciplina de Inglês. Com a ajuda dos familiares, os nossos alunos pre-
nos descobriram ainda mais características dos planetas e viram es- pararam as suas panquecas e fizeram corridas pela casa. As crianças
clarecida a maior parte das suas dúvidas. Alunos do terceiro e do do pré-escolar também se juntaram a este desafio. Foi maravilhoso!
quarto ano Alunos do primeiro ciclo
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VISITA VIRTUAL AO ZOO DE LISBOA UMA VIAGEM PELO PLANETA TERRA

No dia 3 de março, Dia Mundial da Vida Selvagem, os alunos do As turmas do terceiro e do quarto ano, após uma viagem pelo
primeiro ciclo foram surpreendidos, pelas suas professoras, com a rea- espaço ao longo do primeiro semestre, verificaram que o planeta on-
lização de uma visita virtual ao Jardim Zoológico de Lisboa. Esta inicia- de habitam é incrível e possui as condições consideradas ideais para
tiva foi promovida pela ABAE | Eco-Escolas, em parceria com o Centro o desenvolvimento e a manutenção da vida.
Pedagógico do Jardim Zoológico de Lisboa. Alunos do primeiro ciclo O planeta Terra passou, assim, a ser o tema que queriam estudar
durante o segundo semestre. No dia 22 de março, com o regresso ao
ensino presencial, comemoraram o Dia Mundial da Água com ativida-
des alusivas ao dia: exploração de uma poesia de Cecília Meireles, com água, e o conhecimento das formas de relevo, dos tipos de solo,
escrita de frases sobre a importância da água e visualização de um dos rios de Portugal e dos cuidados a ter com o planeta.
pequeno vídeo do Paxi, a mascote educacional da ESA. A partir da- Ao longo das semanas, os alunos foram verificando que a polui-
qui, empenharam-se no estudo do Ciclo da Água, tendo ficado es- ção é a maior causa da degradação do ambiente, o que afeta os seres
pantados com o que aprenderam, como, por exemplo, que a água vivos e prejudica a saúde e bem-estar dos seres humanos. Com esta
que bebemos hoje é a mesma água que os dinossauros bebiam há tomada de consciência, era importante alertar a comunidade educa-
200 milhões de anos. tiva para este problema. Para isso, fizeram um protesto silencioso no
Curiosos em saber mais sobre a Terra, decidiram definir o que pre- Dia Mundial da Terra, dia 22 de abril, espalhando cartazes com frases
tendiam conhecer e trabalhar em cada uma das áreas, tendo surgido e desenhos que sensibilizavam quem entrava no Colégio.
ideias como a escrita de poesia sobre o planeta Terra, a dramatização O «caminho» tem vindo a ser de muitas aprendizagens, mas tam-
UM ESTUDO SOBRE OS SERES VIVOS das suas produções escritas, o conhecimento mais aprofundado dos bém de consciencialização de que a mudança começa em cada um
continentes e dos oceanos, a realização de atividades experimentais de nós e que a mesma é urgente. Alunos do terceiro e quarto ano
No primeiro ciclo, OTO assume-se como um espaço de desco-
berta em que os nossos petizes podem alargar os seus conheci-
mentos acerca de determinado tema. Desta feita, os nossos alunos O TEATRO VEIO À ESCOLA
dos dois primeiros anos quiseram saber mais acerca dos seres vivos
e das suas necessidades. Na semana do aniversário do nosso Colégio, os alunos do terceiro
Os Viajantes, do primeiro ano, começaram por estudar as carac- e do quarto ano tiveram a oportunidade de assistir a uma peça de
terísticas dos caracóis e por perceber quais as suas necessidades teatro online, totalmente em inglês. Primeiro, assistiram a um vídeo
para conseguirem construir um «caracolário». Seguiu-se uma ida de preparação e, depois, à peça «The School Detective», pela com-
ao parque de Santa Maria de Lamas para recolher vários seres vivos panhia «Playtime Digital Theatre». O entusiasmo foi notório, e esta
e dar início ao dito «caracolário», que se mantém na sala e tem feito foi, sem dúvida, uma aula diferente. Houve momentos de canções,
com que os alunos aumentem o seu sentido de responsabilidade e dança, jogos e muito inglês. Alunos do terceiro e quarto ano
de respeito para com os animais.
Por seu lado, os Artistas, do segundo ano, debruçando-se mais
sobre as necessidades das plantas, fizeram plantações de vários CELEBRAÇÃO DO DIA DA FAMÍLIA
tipos de suculentas. Sob a orientação das professoras. pesquisa- A família é a árvore do amor que dá frutos todos os dias.
ram, investigaram, conheceram melhor as características destas
plantas e decidiram construir um jardim vertical. A família, nas suas diferentes tipologias, assume um papel central
Com tanto entusiasmo no desenvolvimento do projeto, surgiu a na vida dos nossos alunos e na nossa comunidade escolar. Nesse sen-
ideia de conhecer melhor o artista português Bordallo Pinheiro. tido, no dia 14 de maio, os nossos alunos do primeiro ciclo celebraram
Entre barro, água, couves, tintas e verniz, os nossos alunos experi- as suas famílias e prepararam algumas surpresas para as surpreender.
mentaram a arte da olaria, imitando o artista e criando pratos origi- Das várias atividades, destaca-se a «Árvore da Família», construída
nais e únicos. com as fotografias das famílias de todos os nossos alunos. Além dis-
Deste trabalho, surgiu uma exposição, onde os mais novos de- so, cada aluno plantou a sua pequena árvore da família e comprome-
ram a conhecer aos mais velhos as belíssimas louças de Bordallo teu-se a cuidar dela como se da sua família se tratasse.
Pinheiro e as suas criações artísticas nesta arte bem difícil de traba- Este foi, sem dúvida, um dia muito bem passado em família, a fa-
lhar. Alunos do 1º e 2º ano mília «Semper Ascendes». Alunos do primeiro ciclo

APRENDER COM MONDRIAN COMEMORAÇÃO DO DIA INTERNACIONAL DOS MUSEUS

Os alunos do 2º ano inspiraram-se na pintura «Tableau», de Piet No Dia Internacional dos Museus, os alunos do primeiro ciclo fize-
Mondrian (1872-1944), para desenvolver uma dinâmica criativa, em Ar- ram uma visita, ainda que virtual, ao Museu da Chapelaria, em São
tes Visuais, e para aprender geometria, em Matemática. Primeiro, ex- João da Madeira. A guia que acompanhou as nossas crianças expli-
perimentaram, numa folha de papel, e, de seguida, passaram a sua cou todo o processo de fabrico dos chapéus, desde a escolha das
arte para uma t-shirt branca. Como este pintor holandês gostava de diferentes matérias-primas aos pequenos acabamentos. Além disso,
desenvolver a sua arte ao som da música jazz, os Artistas do 2º ano deliciou a sua curiosidade com histórias do Antigamente, vividas pelo
experimentaram a mesma técnica. O resultado foi de tal forma bri- sr. Méssio e pela D. Deolinda, que dedicaram toda a sua vida ao mun-
lhante que decidiram, no dia 26 de abril, vestir as camisolas e dançar do da chapelaria. Podemos mesmo dizer que foi uma visita de se lhe
ao som da música jazz. tirar o chapéu! Alunos do primeiro ciclo
Esta foi uma bela homenagem a um artista que tanto os inspirou
e fez sonhar. Com estas dinâmicas, desenvolvemos, sem dúvida, as
múltiplas inteligências dos nossos alunos. Alunos do 2º ano CELEBRAÇÃO DO DIA DA CRIANÇA

No Dia da Criança, os nossos alunos celebraram a alegria de ser


criança da melhor forma possível. Saltaram, pularam, dançaram, cor-
reram, riram e, acima de tudo, foram felizes. As atividades foram mais
do que muitas, mas, ainda assim, concluímos que faltaram horas ao
dia para conseguirmos fazer mais. Afinal de contas, não podemos
deixar que desapareça a criança que há nós. Alunos do primeiro ciclo
24 DIA DO COLÉGIO | 71 | ENTRElinhas | SETEMBRO 2020 - JUNHO 2021 SETEMBRO 2020 - JUNHO 2021 | ENTRElinhas | 71 | DIA DO COLÉGIO 25

Comunidade educativa vive intensamente o Dia do Colégio interpretou o tema «You say», de Lau- momento muito especial – a planta-
UMAS SENTIDAS PALAVRAS DE HOMENAGEM

ren Daigle. ção de uma oliveira. Os representan- Aquando do falecimento do doutor Joaquim Viei-
Em contexto de pandemia, as celebrações do Dia do Colégio ficaram necessariamente Dando continuidade à sessão, o tes das quatro turmas do primeiro ci- ra, em outubro de 2015, na edição especial do jornal
condicionadas pelas restrições impostas pela Direção Geral de Saúde. Ainda assim, a festa senhor Paulo Fortunato, Presidente da clo ajudaram o professor Jorge Alves «Entrelinhas» podia ler-se o seguinte: «Humanista e
do aniversário do Fundador do Colégio de Lamas, o doutor António Joaquim Vieira, teve Associação de Pais, proferiu um dis- a preparar a terra para a plantação da homem das Humanidades, dedicou toda a sua vida às
momentos evocativos da maior relevância e dignidade e confirmou a ideia de que os novos curso em nome dos pais dos alunos, árvore. A oliveira tem uma simbologia causas sociais e pedagógicas. Professor, filósofo, teó-
caminhos se vão construindo com o trabalho, a cooperação e a criatividade de todos. Mais antes da doutora Joana Vieira tomar a muito abrangente, positiva e grandio- logo e linguista, serviu com o seu saber e mestria a
do que nunca, o Colégio continua a afirmar-se como uma escola viva que, nunca tendo per- palavra e evocar a memória do Funda- sa, representando verdadeiramente nobre missão de educar e formar jovens na ciência e
dido a sua identidade ao longo de 52 anos, se tem mantido firme na sua missão de ensinar e dor do Colégio. Lembrando a impor- aquilo que é a identidade do Colégio na virtude do bem. Descentrado de si mesmo, a sua
de preparar cidadãos que pretendem ter um papel ativo e responsável numa sociedade em tância do nosso Projeto Educativo, a de Lamas. Desde tempos imemoriais, prioridade foram sempre os outros, que acolheu com
constante evolução. doutora Joana agradeceu a confiança e para inúmeros povos e culturas, ela um sorriso de bonomia e dedicação. Reconhecere-
de alunos, professores e famílias e representa a paz, a fecundidade, a sa- mos para sempre o nobre valor da trajetória da sua
A meio da manhã, os Ritmare, liderados sentação do Professor Paulo Costa. Estive- jetada uma apresentação multimédia de ho- comprometeu-se a continuar a fazer bedoria, o progresso, a abundância, a missão e o seu grande tributo à sociedade».
pelo professor Pedro Almeida, percorreram ram presentes os delegados e subdelega- menagem ao Fundador, da autoria do pro- tudo pela formação integral dos alu- glória, a justiça, a regeneração, o Numa adaptação do verso de Fernando Pessoa
todo o Colégio, convocando toda a comu- dos de todas as turmas do Colégio e todos fessor Paulo Costa, com inúmeras fotos signi- nos e a trabalhar pela transformação equilíbrio, a transcendência, a força e «Deus quer, o Homem sonha, a obra nasce», podería-
nidade escolar para as celebrações desse os alunos das duas turmas do 12º ano, que ficativas da História do Colégio de Lamas. do futuro na área da educação. Após a a recompensa. A oliveira é uma árvore mos dizer que Deus quis, o doutor Vieira sonhou e o
dia. Acabou por ser um momento significa- se despedem dentro em breve da nossa es- Após se ter escutado a declamação do oferta de um bonito ramo de flores muito forte, pois consegue resistir às Colégio nasceu. E poderíamos afirmar ainda, inequi-
tivo para todos, até porque ainda não tinha cola. Os restantes alunos assistiram, nas poema «Prece», de Fernando Pessoa, pela pelos representantes da Associação maiores intempéries, aos piores cli- vocamente, que Deus continua a querer, a doutora
sido possível apreciar o talento dos alunos suas salas de aula, à sessão festiva através Francisca Guerner, do 4º ano, o doutor Joa- de Pais, um grupo de alunos do se- mas e aos solos mais agrestes, conse- Joana Vieira e a sua equipa pedagógica continuam a
percussionistas neste ano letivo e muitos do direto do Facebook. quim Gautier, que foi aluno da nossa insti- gundo ciclo, sob a orientação do pro- guindo sempre renascer, adaptar-se e sonhar e o Colégio continua a reinventar-se todos os
alunos ainda nem sequer os conheciam. Como a música era uma das paixões do tuição e assessor da Direção e que, atual- fessor Pedro Almeida, interpretou o prosperar. Ela simboliza bem a identi- dias, transformando o futuro.
A sessão evocativa do Fundador do Co- doutor Vieira, deu-se início à sessão solene mente, é professor de Filosofia, falou da sua hino da instituição, como já é tradição. dade do Colégio de Lamas, que en-
légio, que decorreu no Grande Auditório, com uma interpretação ao clarinete pela Ma- relação de muitos anos com o Colégio. Se- Concluída a sessão evocativa do contra alento também nas adversida- Professor Paulo Costa
foi transmitida pelo Facebook e teve a apre- riana Azevedo, do 11º B. De seguida, foi pro- guidamente, a Maria João Ribeiro, do 12º B, Fundador do Colégio, teve lugar um des. Professor Paulo Costa
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«Coaching Educativo» no Ensino Secundário


O ensino secundário no Colégio de Lamas carateriza-se por uma cultura de esforço e nossas maiores ambições, por isso temos
exigência, onde o saber e o saber-fazer são indissociáveis de aprender a ser. fomentado a participação dos nossos alu-
nos em atividades diferenciadas e infor-
Partindo da singularidade de cada alu- no secundário, em articulação permanente mais, que promovem vários vetores essen-
no, promovemos a construção ativa do seu com os diretores de turma, tem implemen- ciais a um pleno aproveitamento deste nível
projeto de vida, da descoberta e aprofun- tado o processo de coaching educativo, de ensino. Dessas atividades, destacam-se
damento do seu lugar no mundo, como su- promovendo encontros com cada um dos as sessões de divulgação promovidas por

A aplicação do método científico nas aulas de Biologia


jeito comprometido e compassivo, autóno- alunos. Esses encontros, que são concreti- diferentes instituições de ensino superior e
mo, colaborativo e criativo, corresponden- zados em diferentes momentos do ano leti- também os fóruns de discussão com inter-
do ao perfil do «Aluno do Colégio de La- vo, para além de consciencializarem os alu- venção de ex-alunos do Colégio, com ativi-
De regresso ao regime presencial, no âmbito do estudo dos fenómenos biológicos, em mas». nos para a importância do trabalho autóno- dade profissional de mérito reconhecido.
trabalho experimental, os alunos do 10º ano de Biologia e Geologia realizaram uma ativida- Sendo a antecâmara do ensino superior, mo e da organização do seu método de Os nossos alunos têm capacidade de
de prática com o intuito de descobrir o efeito do açúcar nas células do morango. o ensino secundário no Colégio de Lamas trabalho no desenvolvimento das ativida- intervenção e consciência cívica, intera-
afirma-se pela profundidade com que prepa- des letivas, esclarecem questões relaciona- gem com os outros com bondade e altruís-
Cada turma, dividida em grupos de tra- cartaz, na aplicação Keynote, onde pôde ra todos os alunos para as diferentes áreas de das com o acesso ao ensino superior e a mo, possuem uma visão de futuro e dese-
balho, providenciou o material necessário à apresentar a aplicação do método científico conhecimento, dotando-os de uma baga- realização de exames nacionais e monitori- jam ser protagonistas de ações de mudan-
experiência, que se realizou ao ar livre, com ao trabalho experimental desenvolvido. Afi- gem científica, técnica, cultural, emocional e zam todo o percurso do aluno, no sentido ça, sendo capazes de tomar decisões cons-
o rigor científico possível e desejável. nal, através de uma atividade tão simples, ética que lhe permite a transição para essa de potenciar o sucesso educativo. cientes para o seu futuro. É, na verdade,
Cada grupo identificou a hipótese a foi possível perceber os fenómenos de os- nova etapa de ensino com sucesso. O sucesso das aprendizagens dos nos- para isso que trabalhamos todos os dias.
testar, criou e desenvolveu um procedi- mose em células eucarióticas vegetais, pois Nesse sentido, o coordenador do ensi- sos alunos é, indubitavelmente, uma das Professor Fernando Vicente
mento experimental adequado, definindo o líquido formado no copo resultou da saída
as variáveis independentes e dependen- de água das células do morango. Este fruto
tes, os ensaios de controlo e os ensaios ex- ficou doce, porque o seu interior se tornou
perimentais. Depois de os resultados obti- mais concentrado em sacarose. ram a construção do saber e a facilidade
dos terem sido registados em vídeos e fo- É de salientar o entusiasmo com que os com que criaram, com a ferramenta iPad,
tos, as conclusões foram elaboradas em alunos encararam a atividade, a curiosidade um cartaz apelativo e cientificamente corre-
sala de aula. que manifestaram face aos resultados ines- to. Esta foi a aula prática possível, em tempo
Na aula seguinte, cada grupo criou um perados, a forma proativa com que realiza- de pandemia. Professora Sandra Ribeiro

Comentários dos alunos

Penso que este trabalho foi muito enrique-


Uma visita virtual à Faculdade de Economia do Porto
Acho que atividades como esta nos fazem cedor para todos nós. Fazer experiências em No dia 3 de março, o Professor Fernando Vicente, em colaboração com a Faculdade de pretendo seguir o curso de Gestão nessa
ficar mais interessados, uma vez que somos grupo é uma forma de aprendermos mais fa- Economia da Universidade do Porto (FEP), agendou uma atividade com o objetivo de que mesma faculdade, dado que este curso está
nós que temos de pensar e de descobrir o que cilmente os conteúdos. Para além disso, a reali- os alunos de Ciências Socioeconómicas do 11º e do 12º ano pudessem conhecer melhor mais direcionado para a operacionalização
vai acontecer. O facto de a experiência ter zação do panfleto ajudou-nos a explorar mais esta faculdade e o seu sistema de ensino nas áreas de Economia e Gestão. da indústria, abordando questões mais prá-
como base os morangos, um alimento do nos- opções no Pages. Flávia Guedes (10º B) ticas. No entanto, se não tivesse quaisquer
so dia a dia, e nos ter permitido trabalhar ao O encontro, realizado por videoconfe- 2012 e uma visita virtual ao campus da Fa- bases de economia e pretendesse seguir
ar livre tornou tudo mais divertido e entusias- O facto de termos realizado esta atividade rência, começou com a apresentação dos culdade. A sessão terminou com o esclareci- qualquer destes dois destes cursos, talvez
mante. Marta Oliveira (10º A) experimental, para além de nos ter possibilita- diversos representantes da Faculdade, que mento das nossas dúvidas, que se centra- optasse pelo curso de Economia, uma vez
o nosso trabalho acabou por ir ao encontro do do compreender o fenómeno da osmose, tam- nos deram o seu testemunho enquanto alu- ram sobretudo nas diferenças entre o curso que este se centra mais em questões ma-
Na minha opinião, a experiência correu objetivo da atividade e nos permitiu perceber bém nos ajudou a relacionar situações simples nos do ensino superior. Depois, seguiu-se de Economia e o curso de Gestão. croeconómicas. Maria João Ribeiro (12º C)
muito bem, desde a execução da parte prática melhor a matéria em questão. Alexandre Gon- do quotidiano com fenómenos científicos. uma exposição sobre estrutura dos três Enquanto aluna criativa e mais interessa-
até à constituição do produto final. Acho que çalves (10º A) Bruna Amorim (10º B) anos de cada curso, o Plano de Bolonha de da pelas aulas práticas do que teóricas, eu
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Realização da Feira do Livro na biblioteca


Filosofia à distância – tão longe e tão perto A Feira do Livro de Natal, uma parceria entre o Colégio e as editoras associadas ao grupo
Leya, esteve patente na nossa biblioteca de 14 a 18 de dezembro de 2020.
Nestes tempos de uma anormalidade que se vai tornando o novo normal, nas aulas de após sorteio pelo professor da equipa que
Filosofia houve lugar para uma utilização mais eficaz do iPad e das suas aplicações, bem co- defendia a tese e da que a contestava, as A realização deste evento, que fez da bi-
mo de um conjunto de ferramentas digitais de operacionalização do ensino à distância. Gos- mesmas, com os tempos cronometrados, blioteca o centro das atenções do Colégio,
taria, pois, a esse propósito, de mencionar três experiências pedagógicas que envolveram os expuseram, intercalar e sequencialmente, teve como principais objetivos motivar os
alunos do 11º ano: o guião de aprendizagem, o torneio de debate e o enigma filosófico. as suas razões e objeções e apresentaram alunos para a leitura e divulgar autores portu-
uma síntese final. Depois disso, os três jú- gueses e estrangeiros. Com uma ótima sele-
No que concerne ao primeiro, uma es- ris pronunciaram-se fundamentadamente ção de livros para todas as idades e para to-
tratégia de trabalho autónomo, os alunos sobre a mais-valia dos arguentes e a con- dos os gostos, a feira apresentou também
foram incumbidos de dar cumprimento a sistência dos seus raciocínios e, finalmen- excelentes propostas para prendas de Natal.
uma série de atividades sobre René Des- te, declararam o vencedor. Foram muitos os alunos que visitaram o
cartes, beneficiando do apoio do profes- Por último, colocou-se em prática o espaço com o intuito de encontrar obras do recetividade e o entusiasmo dos alunos nidade escolar, também conseguiu con-
sor através da aplicação TPC, que permite enigma filosófico. Desta feita, os alunos seu agrado, o que mostrou que as novas mostram que estamos a formar cidadãos quistar alguns dos pais dos nossos alunos,
a monitorização em tempo real do desem- transformaram-se em detetives digitais, de gerações ainda valorizam os livros e a leitu- cultos, críticos e informados. o que comprova que o gosto pela leitura
penho do aluno. Neste particular, destaco novo agregados, na ânsia de decifrarem e ra. Enquanto educadores, sentimos que a Este evento, para além da nossa comu- atravessa gerações. Bibliotecária Eva Vieira
a análise orientada de texto filosófico, a justificarem as 5 pistas infográficas que, re-
elaboração de um mapa de conceitos, a go que motivou fortemente os alunos pa- lacionadas entre si, conduziam ao nome de
gravação de uma mensagem áudio perso-
nificando Descartes e a tradução para lín-
ra algumas sessões no decorrer das quais
colocados em «salas simultâneas» do
um filósofo, nacional ou estrangeiro. Mas,
tal como na vida real, a saudável competi-
Alunos participam no Concurso Nacional de Leitura
gua gestual portuguesa da conhecida fra- Zoom, eles tiveram de pesquisar e cons- ção só admitia um premiado, pelo que as As medidas de contenção da pandemia de Covid-19 tiveram um enorme e impacto na Carvalho e a Francisca Soares (primeiro ci-
se cartesiana «Penso, logo existo». truir argumentos a favor e contra a eutaná- lupas mal podiam esperar pelo próximo vida das escolas e na organização de diferentes iniciativas. Neste sentido, o Concurso Na- clo), a Ana Margarida da Costa e o Rodrigo
Por sua vez, o torneio de debate foi al- sia. Iniciada a disputa propriamente dita, desafio. Professor Gautier de Oliveira cional de Leitura (CNL) também teve de reajustar as suas características e as datas às re- Freire (segundo ciclo), a Maria Carvalho e a
gras de confinamento decretadas de acordo com a evolução da pandemia. Beatriz Mota (terceiro ciclo) e o Pedro Morei-
ra Ramos e o Tiago Castanheira (ensino se-
A edição deste ano, concretamente a cundário). Após a realização desta fase, a
14ª, foi mais uma vez promovida pelo Plano Ana Margarida Freire, a Beatriz Mota e o Pe-
Nacional de Leitura (PNL) e desenvolvida dro Ramos, apuraram-se para a fase inter-
em articulação com a RTP, com a DGLB (Di- municipal, que decorreu a 14 de abril, tendo
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4
reção Geral do Livro e das Bibliotecas) e a como referência outras obras literárias. A
RBE (Rede de Bibliotecas Escolares). prova, que foi realizado numa sessão online
Tempo sem tempo A nossa biblioteca associou-se a esta ini- a partir da Biblioteca de Vila Nova de Gaia,
ouça ou grite. No entanto, parece-me calmo, este presente, e quero fi- ciativa, com o objetivo de estimular a prática contou com a participação de 170 alunos de
Um ano para esquecer o que me disseste, não tive mais do que isso, car e quero partir e quero ver tudo e todas as coisas. Sobre este momen- da leitura e pôr à prova as competências de todos os níveis de ensino, de 15 dos 17 con-
não foi preciso mais do que isso. Agora, todas as ruas parecem assom- to, penso e decido, sobre este mundo, ando e caminho, sob esta luz, expressão escrita e oral dos nossos alunos. vulgar o concurso e de inscrever os alunos celhos que integram a Área Metropolitana
bradas, se não ouço o que dizes, se não me lembro dessas palavras. paro e respiro. A primeira fase do concurso, que envolveu ficaram a cargo dos docentes titulares da do Porto. Dos três alunos do Colégio que
Acordei para o mesmo dia, mas não para o mesmo momento, e pen- Hoje, vieste e vi-te outra vez, pela primeira vez. Vimo-nos, cruzámo- todos os níveis do ensino básico e secundá- disciplina de Português. chegaram a essa fase tão avançada do con-
so em todas as causas que me levaram a abandonar os dias, as noites, -nos, afastámo-nos. Não dissesse muito um olhar, não significasse tanto rio, realizou-se, no Colégio, na semana entre As obras selecionadas, na fase escolar, curso, o Pedro Ramos ainda fez parte do
naquelas ruas. Eu sentia-me a abandonar a cida- um movimento, não fosse a distância a decisão do tempo, tinha sido o 11 e 15 de janeiro, com a participação de pelas bibliotecas da rede escolar, para os di- grupo restrito de 20 alunos (cinco por cada
de que foi a minha cela, a dispersar-me do que fim o nosso começo. cerca de duas centenas de alunos. ferentes níveis de ensino, foram «A Cidade nível de ensino) que realizaram a prova oral
vivia e a desaparecer no mais baço dos nevoeiros. Um ano para recordar o que me disseste, não tive mais do que isso, A organização e a coordenação deste dos Cães», de Luísa Ducla Soares (primeiro dessa fase intermunicipal. O Pedro, no en-
Não sabia o que defendia e lutava pelo que não não foi preciso mais do que isso. Vi-te, as ruas já não parecem assom- primeiro momento de seleção de candida- ciclo), «A Menina do Mar», de Sophia de tanto, acabou por não conseguir ser apura-
percebia. bradas e apenas ouço o que dizes e relembro essas palavras. tos foram asseguradas pela responsável Mello Breyner Andresen (segundo ciclo), o do para a última fase, muito devido aos pro-
O que levei comigo quando parti? Todas as pa- Pessoas como eu não voltam, se se vão embora. Deste-me asas e fui, pela biblioteca, doutora Eva Vieira, pela conto «O Tesouro», de Eça de Queirós (ter- blemas técnicos aquando da realização da
lavras que me trouxeram até aqui. Nunca encon- deixei, recomecei, não regressei. A paz que, agora, sinto permanece e professora Sofia Tavares e pelo professor ceiro ciclo), e «Histórias de Ver e Andar», de videochamada.
Maria Gomes trei uma razão, mas parei para ouvir o silêncio. penso que, sim, está tudo certo. Ricardo Massano, com a colaboração da Teolinda Gersão (ensino secundário). Se- Não podemos deixar de enaltecer o en-
12.º B Se o vento traz palavras, leva, depois, recordações Um ano para esquecer que te abandonei num ano que irás, para professora Sandra Tavares, a responsável gundo o regulamento, a primeira fase do volvimento e a prestação de todos os que
e se, sentada, assim, me lembro, tenho frio. sempre, recordar. pelos recursos informáticos necessários à concurso permitiu apurar dois alunos por quiseram viajar pelo mundo maravilhoso e
Vejo cada vez mais luzes, ouço cada vez mais sons. Ninguém ouve se Um ano para recordar que me libertei num dia que irás, para sem- realização e à verificação da prova em su- escalão. Os vencedores, que representaram surpreendente da palavra, do livro e da lei-
ninguém grita, ninguém grita se ninguém ouve, não encontro quem pre, tentar esquecer. porte digital. Por sua vez, as tarefas de di- o Colégio na fase municipal, foram o Miguel tura. Professor Ricardo Massano
30 ARTES VISUAIS | 71 | ENTRElinhas | SETEMBRO 2020 - JUNHO 2021 SETEMBRO 2020 - JUNHO 2021 | ENTRElinhas | 71 | EDUCAÇÃO VISUAL 31

Exposição dos trabalhos dos alunos junto à sala residente, no bloco V. Maria Carvalho, do 9.º A, na entrega do prémio.

Concursos de expressão plástica


Na disciplina de Educação Visual, foram lançados vários desafios aos alunos, a maioria
Maria Gomes (em cima) e Lourenço Ventura
Alunos Alexandre Castañeda, João Fontes, Alexandre Conceição, Oriana Pereira, (em baixo) durante o processo de execução deles em forma de concurso.
Maria Gomes e Lourenço Ventura, junto dos respetivos trabalhos. do trabalho.
No início do ano, partindo do tema “Eu e dos em cartaz exposto junto dos trabalhos,

Exposição dos alunos de Artes Visuais a Covid”, os alunos foram convidados a ilus-
trar a sua experiência pessoal durante o
e o prémio foi entregue aos alunos na aula
de Educação Visual, junto dos colegas de Concurso de Postal de Natal.
confinamento do ano anterior. Sendo obri- turma e do professor da disciplina.
No dia 4 de maio foi inaugurada uma exposição dos alunos de Artes Visuais do Colégio, gatória uma apresentação do trabalho pe- Mais recentemente, regressados ao en-
no âmbito do «Projeto de Compreensão» da disciplina de Desenho. rante a turma, essa foi também uma forma sino presencial em tempo de primavera, os
de partilhar experiências e de todos nos co- alunos de terceiro ciclo tiveram de pintar,
O Projeto decorreu ao longo do primei- apresentassem diversas técnicas estudadas nhecermos melhor. No final, os trabalhos fo- em aguarela, uma flor, atribuída de modo
ro semestre, proporcionando aos alunos a ao longo das aulas. Os alunos de 11º ano ram expostos nos corredores junto à sala de quase aleatório, com base no nome de cada
oportunidade de desenvolverem um traba- utilizaram apenas a aguarela, enquanto a aula e foi solicitado a todos os alunos do ter- um. Para a sua execução, os alunos procura-
lho contínuo, que se ia tornando mais com- aluna de 12º ano, tendo mais conhecimento ceiro ciclo que votassem eletronicamente ram uma imagem e alguns vídeos que ser-
plexo e exigente à medida que se ia aproxi- e experiência, combinou 7 técnicas diferen- naquele que considerassem o melhor. A vissem de referência. Os resultados foram
mando do final. tes no seu projeto. Maria Carvalho, do 9.º A, foi a vencedora, diversos, mas todos com um nível de enor-
O grande objetivo deste projeto era A exposição pode ser encontrada à en- tendo-lhe sido entregue, pela Diretora do me qualidade. Tendo sido difícil decidir o
que os alunos aprendessem a trabalhar trada da papelaria do Colégio. Lourenço Colégio, um prémio em material de dese- vencedor, o prémio acabou por ser atribuí-
com aguarelas e que todos os desenhos Ventura (12º B) nho. do à Joana Santos, do 9.º A, com 12 votos,
Seguiu-se um outro concurso, este já seguida da Carmo Leão, do 8.º B, com 10
com tradição no Colégio — o “Postal de votos e da Inês Vidinha, do 9.º B, com 7.
Natal”. Este ano, o concurso revestiu-se de Os alunos sentiram-se motivados por
uma maior formalidade na disciplina de verem o seu trabalho exposto e por pode-
Educação Visual, por se tratar também de rem comparar resultados com os seus pa-
um projeto de compreensão e por nele par- res, inclusive de anos diferentes e não ape-
ticiparem todos os alunos do 5.º ao 9.º ano. nas dentro da turma. Os alunos foram res-
Os trabalhos do segundo ciclo estiveram ponsáveis pela montagem das exposições
expostos no bar, enquanto os do terceiro e pela eleição dos vencedores, desenvol-
ciclo, foram expostos no bloco V. O júri pre- vendo a sua criatividade, autonomia e espí-
miou os alunos Benedita Leite, do 6.º B; Ma- rito de participação e de cooperação. Pelo
ria Beatriz Tavares, do 7.º A; Maria Eduarda bom trabalho realizado ao longo do ano le-
Os trabalhos de Joana Santos, do 9.º A (à esquerda),
Carvalho, do 8.º A; e Maria Ribeiro Carva- tivo, todos os intervenientes se encontram Carmo Leão, do 8.º B (ao centro), e Adelaide Leite,
lho, do 9.º A. Os vencedores foram anuncia- de parabéns. Professor Daniel Pedrosa do 7.º A (à direita).

O desafio dos marshmellows


“Constrói uma torre, constrói uma equipa” é o mote lançado por Tom Wujec, que preten-
de promover, um pouco por todo o mundo, o desafio de construção de uma torre com ma-
teriais simples, como esparguete e marshmellows.

Oficina de Artes, um espaço aberto à criatividade O desafio, incluído no programa e na “uh-oh”, dependendo se a estrutura se se-
planificação da disciplina de Educação Vi- gurava ou se colapsava. Depois, para um
Oficina de Artes é uma disciplina em que podemos expressar da melhor forma a nossa sual, propõe uma abordagem às áreas de vão de 40 cm, criaram uma ponte, acrescen-
criatividade, é uma oportunidade única para libertarmos a nossa mente sob a orientação conhecimento de arquitetura e de engenha- tando, aos materiais anteriores, um metro
sempre solícita da professora. ria. Para abordar alguns conceitos de estru- de fita-cola de papel. No final, foram coloca-
turas e de forças, foi proposto um primeiro das cargas adicionais ao centro, testando os
A Oficina de Artes é um espaço aberto à inicial, desenvolvemos a nossa capacidade desafio: grupos de quatro alunos tiveram de limites de resistência dos modelos. O entu-
experimentação e à realização de projetos de pesquisa e, depois, passamos à execu- construir uma torre o mais alta possível, em siasmo e a excitação foram evidentes entre
artísticos, pois temos a possibilidade de ção do projeto final. cujo topo teria de se encontrar um marsh- todos, num desafio que pode perfeitamen-
desenvolvemos projetos criativos de acor- No fundo, a Oficina de Artes é um tem- mellow inteiro. Em 18 minutos, os alunos es- te ser realizado em família e com crianças.
do com a nossa área artística preferida, po para nos libertarmos e criarmos arte, ca- uma pequena porta, e essa disciplina aju- tabeleceram um plano, colaboraram e mon- Afinal, segundo o autor, as crianças são as
desde a pintura, à escultura e até ao uso de da um à sua maneira. A arte está presente da-nos a abrir essa mesma porta, criando taram a maquete, para, no final, descobri- segundas melhores construtoras de torres
recursos e plataformas digitais. Numa fase dentro de cada um de nós, fechada atrás de belíssimas obras. Rita Pereira (8º A) rem se teriam um momento “ta-dah” ou no mundo. Professor Daniel Pedrosa
32 EXPRESSÃO E OPINIÃO | 71 | ENTRElinhas | SETEMBRO 2020 - JUNHO 2021 SETEMBRO 2020 - JUNHO 2021 | ENTRElinhas | 71 | DISTINÇÃO 33

O meu percurso em Artes Visuais nica, tendo-se tornado, até agora, a minha preferida. Diria, também,
que comecei, definitivamente, a melhorar quando percebi que não era
Nada é mais bonito do que saber que estamos onde devemos es- suposto correr sempre tudo bem, que era suposto correr mal, às vezes,
tar, do que encontrarmos o lugar onde pertencemos, do que estarmos que eu estava cá para aprender, que, se já soubesse tudo, não precisa-
onde sentimos ser a nossa casa, como eu estou, agora. ria de estar.
Comecei a frequentar o Colégio de Lamas em 2018. Lembro-me de Não poderia prever, no início do 11º ano,
passar pelos portões no dia de receção, ao lado da minha irmã, e de como este iria decorrer. A turma de Artes passou
ver todas aquelas caras, até então, desconhecidas. a ser composta por seis elementos, em vez de um:
Sempre fui muito tímida e, não querendo ser a o Alex, o Alexandre, o João, o Lourenço, a Oriana
primeira a começar uma conversa, pedi à Fran- e eu. Tive a oportunidade de observar e de juntar-
cisca se o fazia, por mim. Correu tudo bem, real- -me a outras formas de ver o Desenho. Mas aquilo
mente não precisava de me preocupar, enquan- que parecia um bom presságio, não poderia ter-se
to pensava que passaria os próximos três anos da revelado mais falso — em ano de exames e mu-
minha vida naquele lugar. danças, entrámos em pandemia.
Maria Gomes Eu gostava, verdadeiramente, da escola que Durante a quarentena, não conseguia deixar
12.º B frequentava antes, mas, visto que ofereceria, ape- de pensar que perdia tempo que deveria passar
nas, a área de Ciências, que eu não queria, tive de naqueles edifícios, que perdia manhãs soalheiras Colégio de Lamas distinguido com oito selos «Escola Amiga da Criança»
pedir transferência. Nunca gostei muito de pensar no futuro. Até àque- e tardes ventosas. Mas sabia que não estava a per-
le momento, durante os meus curtos catorze anos de vida, tinha ou- der aprendizagens nem pessoas, porque também O Colégio de Lamas voltou a ser distinguido a nível nacional, no âmbito de mais uma enriquecedor e um desenvolvimento pes-
vido muitos dos meus colegas a planearem as suas vidas, contudo eu, sabia que não nos deixavam para trás quando edição da iniciativa «ESCOLA AMIGA DA CRIANÇA». soal e social mais integrado e harmonioso.
simplesmente, não o fazia. Não conseguia compreender como é que mais precisávamos delas. Num ano marcado pela pandemia, o de-
era suposto eu perceber quem queria ser, no futuro, antes de saber, ain- Atribuí o “Avião De Papel” como símbolo do safio foi de novo lançado e, mais do que
da, quem era, no presente. Todos à minha volta tentavam tomar essa 10º ano, no final do mesmo, a “Curva Da Estra- Os projetos da disciplina de EMRC.IN nunca, as escolas tiveram de se reinventar.
decisão por mim, e, por querer que esta fosse uma escolha minha, sem da” como símbolo do 11º ano. No entanto, ainda não encontrei o do desenvolvidos no ano letivo 2019/2020 Apesar das limitações e dos constrangimen-
a influência de nenhuma opinião alheia, não contei a ninguém o que 12º; penso que ainda está por desvendar. Tem sido um ano dedicado ao que mereceram destaque na divulgação tos, a criatividade, o altruísmo e o empenho
tinha decidido, até ao dia de fazer a transferência de escola. meu crescimento nesta área e, de certo modo, os meses passados em pública que teve lugar no dia 4 de novem- dos alunos permitiram que os projetos tives-
Por qualquer razão, em 2018, o Colégio de quarentena ajudaram-me a focar-me nos meus objetivos e a concentrar- bro foram os seguintes: sem continuidade e fossem distinguidos.
Lamas abriu uma turma de Artes Visuais, com -me no meu trabalho. 1. Blogue CoolLAMAS’MUR@L A terceira edição da «Escola Amiga»
apenas uma aluna. Não podia ter ficado mais Não saberia explicar por que motivo escolhi 2. Sessões de Interioridade – «Ir para fora contou com 3800 candidaturas, o maior nú-
surpreendida ao ver que, aqui, valorizavam um Artes Visuais no ensino secundário. Sabia que con- cá dentro!» mero de sempre, confirmando a ideia de
aluno de Artes Visuais da mesma forma que um jugava as minhas disciplinas preferidas, mas foi 3. Projeto «Fé, Esperança e Amor em tem- que a escola não se confina nem se acomo-
de Ciências e Tecnologias, algo a que eu não es- mais um instinto do que uma decisão lógica. Se eu pos de pandemia» ção Nacional das Associações de Pais), da da perante as adversidades, continuando a
tava habituada. Vinha de onde me julgavam por tivesse de definir a minha paixão numa única pa- 4. Projeto «Guarda-chuva/sol da Vida» Editora LeYa e do psicólogo Eduardo Sá, vi- ser um apoio para os alunos e a família. Ca-
causa das escolhas que tinha feito para o meu fu- lavra, seria «histórias». Sempre adorei tudo o que 5. Semana dos Afetos – «Só se vê bem sa distinguir escolas que concebam e con- da selo é sinal de que, nas escolas distingui-
turo. No Colégio de Lamas, senti-me bem-vinda, tinha uma história, fosse um livro, um filme, uma com o Coração» cretizem ideias extraordinárias, contribuin- das, o coração está na base das aprendiza-
mesmo sendo a única aluna de Artes quando cheguei. Quando o soube, canção, um lugar, uma pessoa. Fascinavam-me. 6. Caminho de Santiago - «(N)O CAMI- do para um desenvolvimento mais comple- gens e do crescimento. Cada selo é sinal de
ao entrar no 10º ano, tive algum receio, pois, nesta área, é fundamen- Mas foi apenas quando escolhi o meu curso, e embora tenha sempre gos- NHO… transforma (-te)!» to dos alunos no espaço escolar. que a escola vai além dos seus muros. Cada
tal ver, ver outras coisas, ver muitas coisas. Eu entrava, também, sem tado de desenhar, que encontrei, no Desenho, outra forma de ler e de 7. Projeto «Amigos dos Doentes» - Volun- Procura-se, desta forma, distinguir a es- selo é também um sinal de que há escolas
grandes bases de Educação Visual: nunca tinha feito desenho de obser- criar histórias. Encontrei, na ilustração, outro tipo de aviões de papel. tariado no Hospital de São Sebastião colas onde as comunidades educativas, que têm coração.
vação, pegado em pastel de óleo, ou estudado a História e trabalho de Algo que eu sempre soube era que, no que quer que eu viesse a fa- 8. Projeto «Contos da Arca de Noé» constituídas por alunos, professores, auxilia- No dia 16 de abril, no Europarque, em
um artista. Deparei-me com uma série de disciplinas novas. Geometria zer no futuro, eu estaria a criar. Agora sei que quero ser arquiteta, de- res e pais, se envolvem na concretização de Santa Maria da Feira, teve lugar a sessão so-
Descritiva foi, definitivamente, a minha maior dificuldade, nesse pri- senhar ao longo da vida toda, ver lugares, inventá-los, criá-los. Espero Os nossos alunos estão mais uma vez de projetos adicionais que proporcionam que lene de entrega dos prémios «Escola Ami-
meiro ano. Filosofia e História da Cultura e das Artes, no entanto, in- aprender muito, imaginar muito, sentir-me completa no que quer que parabéns por responderem de forma tão en- os alunos sejam mais felizes no espaço esco- ga da Criança», numa organização da Fap-
centivaram o meu gosto pela área e criaram uma rede de ligações entre faça. Porque agora consigo, sim, imaginar. tusiástica às iniciativas, projetos e desafios lar. A ideia é partilhar com os agentes edu- Feira. A doutora Sílvia Pinho, da Associação
matérias e conteúdos. Penso muito sobre o que esta escola signifi- que os professores constantemente lhes lan- cativos de todo o país e a sociedade em ge- de Pais do Colégio de Lamas, e os profes-
Já passaram quase três anos desde que, pela ca para mim. Esta casa tornou-me na pessoa que çam e que visam a sua formação integral. ral as ideias excecionais que se destacam e sores Jorge Alves e Paulo Costa receberam
primeira vez, pus os pés nesta casa. Cresci como sou hoje. Apanhou-me quando eu estava perdida, A «Escola Amiga da Criança», uma ini- que, nas respetivas escolas, têm proporcio- as distinções em representação do Colé-
pessoa e aprendi tanto... E, obviamente, não po- quando precisava de sentir que pertencia. Para ciativa conjunta da CONFAP (Confedera- nado às crianças e aos jovens um percurso gio. Professores Paulo Costa e Jorge Alves
deria escrever sobre estes tempos sem mencionar mim, o Colégio de Lamas significa alegria, educa-
a minha professora de Desenho. Não conseguiria ção, aprendizagem, correção, fé, segurança, ami-
descrever o que a professora Margarida Coelho zade, família e, acima de tudo, liberdade. Liber- Workshops de cidadania dinamizados pela GNR
significa para mim. Devo-lhe o que alcancei du- dade para sermos quem somos, para seguirmos o
rante estes anos, o meu crescimento e evolução. que queremos e para nos tornarmos no que dese- Na semana de 16 a 20 de novembro, no âmbito da disciplina de EMRC.IN, de Cidadania
Apesar de todas as dificuldades que me caracte- jamos, alguém que se sente completo. e de Desenvolvimento, os alunos das turmas do segundo e do terceiro ciclo participaram em
rizavam e à situação de ser uma aluna apenas, a Entre altos e baixos, esta casa deu-me, em apenas três anos da mi- vários workshops dinamizados por agentes da Guarda Nacional Republicana responsáveis
professora abriu-me as portas para um universo nha adolescência, o que vou carregar a vida toda. Fez-me valorizar pelo programa «Escola Segura».
ao qual eu não sabia que pertencia, deu-me a conhecer novos mundos cada dia da minha existência, mostrou-me a importância de parar
e lugares, ensinou-me a abrir as asas para voar e amparou-me nas que- e olhar para dentro, ensinou-me os sons do silêncio, desafiou-me a As temáticas foram muito interessantes motivar os nossos alunos, enriquecendo, de
das... tornar-me numa pessoa melhor, deu-me as ferramentas e os conhe- e de singular pertinência nestes tempos ca- forma única, a sua formação integral.
Dizem que “A mãe é a primeira professora de um filho, enquanto cimentos certos para construir o meu futuro, da vez mais conturbados – a segurança ro- Já na semana de 26 a 30 de abril, a equi-
uma professora é a sua segunda mãe, e a semelhança entre as duas é numa sociedade que está em constante evolu- doviária (5º ano), a educação ambiental (6º pa da GNR voltou a marcar presença no Co- ção de Prevenção Criminal e Policiamento
que ambas trabalham para o nosso brilhante fu- ção, e revelou-se o exemplo perfeito de como ano), o bullying e o cyberbullying (7º ano), légio, para proporcionar uma segunda ses- Comunitário», que, no âmbito do Programa
turo”. Esta frase não poderia ser mais verdadeira uma escola deve ser. os meios de comunicação e cyberbullying são formativa às mesmas turmas do primei- «Escola Segura» da GNR, partilharam muito
e eu não poderia estar mais grata por tudo o que a Neste momento, terminando este secundário (8º ano) e a violência no namoro (9º ano). ro semestre. A importância do cumprimen- do que são, fazem, sabem, pensam e sen-
minha professora me deu. Com as suas aulas, en- em ano de pandemia, aproveito os meus últimos Nestas aulas diferentes e intensamente to da lei, a problemática da toxicodepen- tem. Com simpatia e seriedade, esponta-
sinou-me a ver algo que nunca vou esquecer, as- dias nestes corredores e espero, pacientemente, vividas, o dinamismo das iniciativas propos- dência, o respeito pela natureza e pelo neidade e rigor, enriqueceram a formação
sim como não esquecerei todas as suas palavras. por um regresso ao lugar que ainda não deixei, tas e a profundidade dos temas estudados bem-estar dos animais e a reflexão sobre a dos nossos alunos com a abordagem peda-
Diria que, pessoalmente, o ponto de viragem pois já sinto a sua falta. interpelaram as consciências dos nossos intervenção cívica pessoal e profissional na gógica de problemáticas sociológicas da
foi quando comecei a trabalhar com aguarela e Por hoje, escrevo um sincero e profundo obrigada ao Colégio de alunos. De forma criativa e pedagógica, os sociedade foram os temas abordados. maior relevância nos nossos tempos. Paulo
pincel. Adaptei-me bem, desde o início, a esta téc- Lamas. guardas da GNR souberam sensibilizar e Agradecemos aos profissionais da «Sec- Costa e Jorge Alves
34 INICIATIVAS | 71 | ENTRElinhas | SETEMBRO 2020 - JUNHO 2021 SETEMBRO 2020 - JUNHO 2021 | ENTRElinhas | 71 | EXPRESSÃO E OPINIÃO 35

O período de ensino à distância no primeiro ciclo

A atual pandemia exigiu a todos uma enorme capacidade de adap-


tação. Há meses que continuamos a fazer um esforço para manter os
comportamentos de proteção. Todos nós sabemos como o isolamen-
to social perturba a saúde mental e física de todos, em especial das
crianças. Deixámos de ir ao cinema, ao teatro, a festas de aniversário.
Adiámos convívios, fomos obrigados a suspender alguns desportos
coletivos. Digamos que o nosso conceito de liberdade foi alterado por
causa de um microrganismo desconhecido até há alguns meses, tra-
zendo barreiras e limitações às nossas vidas.
No entanto, e pelo segundo ano consecutivo, o Colégio de Lamas

Caminhada «sunset» Miramar – Serra do Pilar


conseguiu transformar um enorme desafio num grande sucesso, le-
vando a casa de cada um dos seus alunos os conteúdos, os valores e a
aprendizagem de forma responsável e, ao mesmo tempo, lúdica.
No dia 11 de setembro, os alunos das turmas de 9º e 10º ano realizaram a Caminhada Desde o início do ano letivo, o Colégio esteve sensível e continuou
«Sunset» entre Miramar e a Serra do Pilar, em Vila Nova de Gaia. O objetivo desta atividade a introduzir os recursos tecnológicos no dia a dia dos nossos meni-
da disciplina de EMRC.IN era fazer uma caminhada exterior e interior, através da experiên- nos, tornando-os mais capazes, autónomos e responsáveis para um
cia do silêncio, do deserto, da reflexão e do caminho em grupo. Por outro lado, procurou- novo confinamento, uma possibilidade que, infelizmente, se tornou
-se refletir nos valores essenciais da existência humana, que constituem os alicerces funda- realidade.
mentais da civilização ocidental e meditar no lema EMRC.IN para o presente ano letivo Queremos realçar a forma profícua e rápida como disponibiliza-
«Uma só família na aldeia global». ram os equipamentos com os programas adequados à otimização e
operacionalização do ensino à distância. A forma como todos os pro-
A jornada teve o seu início, com mochi- A subida para o Jardim do Morro, junto à fessores interagiram com a turma foi essencial e crucial neste proces-
las às costas, na Praia do Senhor da Pedra, Ponte D. Luís, foi a etapa mais difícil do dia, so dinâmico. Todos mantiveram contacto frequente e motivador com
onde o grupo se encontrou. Iniciada a ca- uma vez que a mais de uma dúzia de quiló- os seus alunos, permitindo a manutenção do elo destes às atividades O ensino à distância sem sobressaltos foi a promessa cumprida
minhada, ao longo das praias de Vila Nova metros nas pernas já se fazia sentir de forma escolares. A professora Catarina mostrou mais uma vez a sua garra, o por parte da professora Carina no início do ano letivo. A Margarida
de Gaia, os alunos foram convidados à con- acentuada. No entanto, a vista extraordiná- profissionalismo, a disponibilidade, a paciência e a criatividade para estava devidamente preparada para as aulas à distância, com todas as
templação do mar, do areal, das dunas e do ria da cidade do Porto e a chegada das fa- cativar os alunos e tentar minimizar os efeitos negativos do ensino à competências treinadas, mesmo não tendo ainda adquirido a leitura
sol, que se ia escondendo no horizonte. mílias rapidamente fizeram esquecer o can- distância, promovendo a interação entre os alunos e utilizando efi- e escrita.
Na verdade, o espetáculo ímpar do as- do sol até ao dia seguinte. saço e despertaram a vontade de fazer ou- cazmente as ferramentas digitais disponíveis. A carga horária era exigente, mas, após a adaptação, os dias de
tro rei a desaparecer no oceano embelezou A segunda parte da caminhada fez-se à tras caminhadas. Além da leitura de textos, No Colégio, enquanto familiares de um aluno, sentimos que o ensino passaram a ser tranquilos e de gestão relativamente fácil. Os
e abrilhantou a primeira parte da caminha- luz das estrelas e com a singular paisagem os alunos foram desafiados a realizar diver- processo educativo acontece de forma holística, eficaz, fluida e con- esforços da professora foram hercúleos, e, graças à preparação no pre-
da e, por isso, mereceu o momento mais da cidade invicta na outra margem do Rio sas atividades que promoveram a vivência sistente, mesmo perante adversidades. Sentimos um retorno muitís- sencial, penso que grande parte da turma participava nas atividades
importante e intenso da jornada, que teve Douro. O cenário mudou, mas não se alte- mais intensa da jornada, que teve o seu tér- simo positivo do investimento que estamos a realizar na educação todos os dias com um sorriso na cara.
lugar na praia da Madalena. Aí, o silêncio rou a beleza da paisagem, onde se desta- mino no sopé do mosteiro da Serra do Pilar. do nosso educando, uma vez que o acompanhamento constante é, de A preocupação diária em não sobrecarregar os pais foi uma cons-
imperou, pois não existem palavras para ex- cou a zona da vila piscatória da Afurada, a Apesar do cansaço físico, a alegria e a facto, uma mais-valia para o seu desenvolvimento. Um bem-haja a to- tante, e com isso tudo se tornou mais fácil.  Família da Margarida
pressar os sentimentos que ocorrem na passagem por baixo da Ponte da Arrábida e satisfação de todos os caminheiros foram dos! Família do Gabriel Gouveia (2º ano) Sousa (1º ano)
mente e no coração quando o céu de colo- a chegada ao Cais de Gaia, com alguns tu- notórias. Valeu a pena! Paulo Costa e Jorge
ração alaranjada acompanha a despedida ristas a dar colorido e melodia às ruas. Alves
Mudar mente no centro histórico, e no centro de Atenas. De repente, parece im-
marcada pela presença do nevoeiro como possível que uma cidade tão pequena como Santa Maria da Feira possa
companheiro de caminho e com o sol a A mudança é como uma dança espontânea. Normalmente, enquan- ser comparada a Atenas. Antigo, segundo o dicionário, é algo que existiu
querer espreitar, os professores puderam to dançamos, tentamos acompanhar a música e pensar no nosso pró- outrora ou que existe e se conserva há muito tempo. Para mim, a parte
conversar, rir, refletir e contemplar a paisa- ximo passo, sem tempo para calcular o que vai acontecer depois desse mais importante disto é o ser conservado. Santa Maria da Feira é extre-
gem ímpar que o oceano, as dunas e o passo. A mudança, tal como uma dança, é inesperada. A mudança não mamente bem conservada. Claro que não podemos comparar quanto
areal oferecem. Por entre espaços de con- é um conceito filosófico difícil de compreender, mas também não é tempo cada uma destas cidades tem, mas podemos comparar o quanto
vívio e boa disposição, tiveram lugar algu- nada fácil de explicar. Tudo o que sabemos é que realmente queremos mudar e conservar cada uma das cidades.
mas dinâmicas de reflexão e de partilha a a mudança nos torna mais fortes e que nunca lhe Atenas é mais velha. É muito degradada, especialmente o centro,
Caminhada/convívio dos professores propósito de diversos símbolos que todos
receberam por parte dos dinamizadores da
devemos virar as costas.
A maior mudança da minha vida foi viver na
e, desculpem a comparação, alguns edifícios parecem saídos de um
campo de guerra. Os gregos não são nada civilizados, o que não ajuda,
Como vem sendo tradição no início do ano letivo, os professores de EMRC.IN voltaram a caminhada. Grécia, uma mudança que nunca vou esquecer e especialmente em relação à condução.
desafiar o corpo docente do Colégio para uma caminhada de confraternização. Assim, no A Barrinha de Esmoriz, com os seus be- nunca vou deixar para trás. A cultura é uma parte extremamente importante de um país, e se,
dia 5 de setembro, o grupo que aderiu a esta iniciativa encontrou-se em Espinho para uma los passadiços, proporcionou um cenário di- Tendo vivido na Grécia durante dois anos, te- nos queremos adaptar, precisamos de a perceber. As pessoas na Grécia,
jornada de convívio que terminou com o almoço no Parque Ambiental do Buçaquinho, em ferente e igualmente extraordinário para a Leonor Ferreira nho algumas experiências que, para melhor ou mesmo que não tenham muito, dão o que têm, e são extremamente
Cortegaça. manhã singular que todos viveram. O pas- 8.º B pior, me mudaram. A Grécia é diferente de Portu- hospitaleiras. Raramente existiam momentos em que eu dissesse que
seio pelo Parque Ambiental do Buçaquinho gal, e não é fácil uma pessoa que chega a esse país alguém é rude.
A comunidade educativa do Colégio de companheirismo e amizade. e o almoço foram as últimas atividades de adaptar-se. Isto tem de ser feito pouco a pouco, como muitas outras coi- A minha experiência foi muito enriquecedora, e encontrei amigos
Lamas tem consciência de que os momen- De mochilas às costas, os professores uma manhã divertida e intensamente vivida sas na vida. Comparar Portugal e a Grécia não é tarefa fácil, pois existem que nunca mais vou esquecer. Com todas as voltas e reviravoltas, com al-
tos de convívio e de partilha são uma forma saíram da Praia da Baía e rumaram a sul pe- por todos os professores. Valeu a pena ser grandes diferenças. Como exemplo, vamos usar o que é antigo e o que é tos e baixos, eu aprendi uma grande lição. Não é preciso ter medo de mu-
importante de fomentar o conhecimento los passadiços das praias de Espinho, Sil- caminheiro e fazer caminho juntos. Paulo velho. Pensa-se, por vezes, que isto é tudo o mesmo, mas antigo e velho dança. Por mais assustador que pareça, nada nos deve levar a parar de
mútuo, o espírito de grupo e os laços de valde, Paramos e Esmoriz. Numa manhã Costa e Jorge Alves são realidades diferentes. Pensemos em Santa Maria da Feira, principal- acreditar que conseguimos superar tudo, se trabalharmos o suficiente.
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Celebração do Dia Internacional da Família Projeto «Aldeia de Natal Semper Ascendens»


Tendo em consideração que o lema deste ano letivo das disciplinas de EMRC e Interiori-
A disciplina de EMRC.IN escolheu para o ano letivo 2020-2021 o lema «#UmaSóFamília- brado a 15 de maio. A data foi escolhida pe- dade foi «#UmaSóFamíliaNaAldeiaGlobal» e que o Natal é, por excelência, a festa da Famí-
NaAldeiaGlobal». Muitas e variadas iniciativas foram levadas a cabo ao longo do ano escolar, la Assembleia Geral da Organização das lia, os alunos do 5º ao 12º ano foram desafiados a desenvolverem o projeto «Aldeia de Natal
mas não se poderia deixar de celebrar de uma forma especial o Dia Internacional da Família, Nações Unidas (ONU) e é festejada anual- Semper Ascendens».
que teve lugar a 15 de maio. mente desde 1994. Esta celebração desta-
ca a importância da família na estrutura da O Advento é, tradicionalmente, um com o lema do Colégio de Lamas, «Semper
Dado que maio é o mês do Coração, por abrir aos outros e de acolher de braços sociedade e na base da educação infantil. tempo preparatório para a celebração do Ascendens».
se celebrar o Dia da Mãe no primeiro do- abertos os demais. Contudo, não nos podemos esquecer aniversário do nascimento de Jesus Cristo, Todos os alunos do Colégio, dando asas
mingo, por ser uma época de sensibilização Dado que o coração em origami é cons- de que o conceito de família está a mudar, que, de formas bem diversas, acontece em à sua enorme criatividade e imaginação e
para os riscos das doenças cardiovasculares truído com um quadrado e a folha tem for- devido a fatores como a orientação sexual, todo o planeta, independentemente das recorrendo a todo o tipo de materiais, cria-
e por se comemorar o 13 de maio em Fáti- ma retangular, uma parte do papel foi utili- o divórcio, a reestruturação familiar, entre culturas, religiões e filosofias de vida. ram verdadeiras obras de arte. O resultado
ma, foi feita a opção pela utilização deste zado para escrever uma carta à família. Na outros. É importante acompanhar estas Os professores de EMRC e de Interiori- final foi extraordinário. A utilização de ma-
símbolo tão significativo. era das tecnologias e da digitalização, nem transformações apoiando sempre as crian- dade desafiaram os alunos a realizarem um teriais, tamanhos, formas e cores bem dife-
Todos os alunos do 1º ao 9º ano foram sempre as palavras são valorizadas suficien- ças, para que estas lidem com as diferentes trabalho manual em família que consistiu na rentes permitiu criar cenários mágicos que dens» no seu bloco de aulas, no caso do
desafiados a refletir sobre a importância da temente, embora todos saibamos que a situações da melhor forma possível. construção de uma casinha. Com cada ha- pareciam saídos de mundos fantásticos da terceiro ciclo e do secundário, e no edifício
Família e a pensar na relevância do Coração verbalização dos sentimentos é muito im- Além de fundamental, é também urgen- bitação a representar cada família, a ideia banda desenhada e do cinema. administrativo, no caso do segundo ciclo.
para representar adequadamente esta rea- portante. Por isso, os alunos passaram para te incentivar as crianças e adolescentes pa- era construir uma aldeia de Natal à volta do Tendo em conta a situação de pande- Os trabalhos realizados pelos alunos e
lidade tão importante para a vida de qual- o papel o que sentiam no coração. Palavras ra a vida familiar, na qual devem ser parti- presépio do Colégio, onde estivessem sim- mia que vivemos, optou-se por construir a pelas suas famílias decoraram e embeleza-
quer pessoa. de gratidão, de perdão e de amor foram as lhados momentos de amor, afetividade, ca- bolicamente todas as famílias de todos os aldeia em três cenários diferentes, como se ram o Colégio, pondo em evidência o espí-
Assim, passo a passo, os alunos cons- mais utilizadas. lor humano e carinho. Esses momentos são alunos da nossa comunidade escolar. Cada fossem várias zonas da mesma localidade. rito desta quadra singular. Parabéns a to-
truíram um coração em origami para simbo- Depois de escritas as mensagens aos essenciais para o desenvolvimento das aluno e a sua respetiva família estariam, as- Assim, os alunos puderam construir a sua dos! Professores Paulo Costa e Jorge Al-
lizar a importância dos afetos, que exigem pais, irmãos e avós, os papéis foram dobra- crianças, mas também para a valorização da sim, presentes na nossa Aldeia de Natal parte da «Aldeia de Natal Semper Ascen- ves
consciencialização, trabalho, formação e dos e colocados numa gaveta dentro do autoestima, um elemento fulcral para um
amadurecimento diário. Cada turma utili- origami. A surpresa foi entregue por todos equilíbrio psicológico e moral destes futu-
zou uma folha de papel A4 de cores diver- os alunos no 15 de maio, sábado, Dia Inter- ros adultos. É importante que os pais reve- Oração de todas as coisas
sas para representar a riqueza e a importân- nacional da Família. Pelas reações e comen- jam os seus conceitos, o seu papel e a sua Professor Paulo Costa se há coisa que temos aprendido nestes tempos
cia do coração como motor da família. O tários, este trabalho foi motivo de enorme posição perante os filhos. Todos os mem- é que as coisas mais importantes não são só coisas
origami, com as suas dobragens, permite satisfação e emoção em todas as famílias. bros da família devem assumir as suas res- Senhor de todas as coisas, e que, por vezes, usamos as pessoas e amamos as coisas,
que haja uma abertura à frente, como se Os alunos com pais divorciados prepararam ponsabilidades dentro do lar, de modo que acontece-nos cada coisa, e é sempre a mesma coisa… em vez de usar as coisas e amar as pessoas.
fosse uma porta aberta de par em par, para a sua surpresa para os dois progenitores. exista uma harmonia no seio familiar. Pro- Mas uma coisa de cada vez... Ensina-nos a colocar cada coisa no seu devido lugar
simbolizar a importância do coração se O Dia Internacional da Família é cele- fessores Paulo Costa e Jorge Alves Nós sabemos que nos amas e conheces bem e a dar o devido valor a cada coisa.
e compreendes o quanto estamos preocupados Que saibamos pôr tudo quanto somos
porque, se sonharmos, tudo é possível. Não há impossíveis para gran- com algumas coisas que não entendemos. em cada coisa que sintamos, façamos e digamos.
O sonho é só o princípio des sonhadores. Um sonhador tem uma força de vontade e um querer A «coisa» que veio de longe teima em não ir embora Que tenhamos paciência com as coisas da vida,
que não se exprimem ou medem por palavras, mas, sim, pelos atos que e, neste momento, é das coisas da nossa vida pois as coisas levam o seu tempo a acontecer.
Todos nós de certeza que já fomos gozados, criticados ou rebaixa- tem perante os obstáculos que a vida coloca à frente da sua grande con- que mais nos inquietam e causam apreensão. Que percebamos que a única coisa que se perde na vida
dos por sonharmos demasiado alto ou por termos objetivos que pa- quista. Quando essa conquista chega, finalmente se percebe o porquê Muitas vezes, não pensamos nem dizemos coisa com coisa, é o tempo que perdemos com coisas
recem impossíveis de atingir. Mas nada é impossível se lutarmos por dos obstáculos, o porquê das decisões difíceis que temos de tomar du- mas uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa… que, em vez de nos humanizar, nos coisificam.
tudo o que sempre sonhamos. Se o caminho até rante o percurso. No final, tudo se encaixa, tudo acaba por fazer senti- É verdade que te pedimos mil e uma coisas, Que reconheçamos sempre as coisas boas da vida,
ao nosso objetivo for difícil, isso é porque estamos do, é nós somos recompensados. mas reconhecemos que, por vezes, talvez nos esqueçamos que saibamos ver que as grandes coisas são simples
no caminho certo. Se a missão for fácil, a recom- É uma alegria imensa conseguirmos finalmente conquistar uma coi- das coisas verdadeiramente importantes. e que as coisas mais importantes são gratuitas.
pensa não será gratificante, porque não sofremos sa que há muito tempo já ambicionávamos. Por isso, eu nunca desisto, Uma coisa é certa: Que não pensemos e nos preocupemos tanto
para conseguir o que queríamos. corro sempre atrás de algo mais, de algo melhor. Nunca desistir é o gran- por incrível que pareça, esta «coisa» ruim e invisível em fazer coisas extraordinárias,
Eu, como todas as pessoas, tenho sonhos e ob- de lema de um sonhador, porque pode passar por muitas dificuldades, tem-nos ensinado muitas coisas. mas, sim, em fazer as coisas simples
jetivos. Alguns são complicados de atingir, outros mas chega ao fim sem desistir, sem se queixar dos obstáculos. Simples- Temos consciência de que, às vezes, permites coisas más bem feitas e sem pensar em outra coisa.
João Oliveira nem tanto, mas não é por isso que me esforço me- mente agradece e aproveita tudo o que o seu sonho lhe traz de bom. para que coisas mais importantes possam acontecer. Senhor de todas as coisas,
9.º A nos para os alcançar. Durante o nosso percurso Para as pessoas que não têm ambições, que sentido é que a vida tem Acreditamos que há coisas que nos dás para aprendermos acaba com esta «coisa» terrível,
até chegarmos ao sonho, vamos cair e muitas ve- se não for sofrida, se não for difícil? Para mim, a resposta é fácil – não e que há coisas que só nos dás quando aprendermos. para que aconteçam coisas novas e belas na nossa vida.
zes temos de nos levantar sozinhos, porque não vamos ter lá ninguém faz sentido viver. Por isso, comecem a traçar objetivos ou a sonhar e Sabemos que, às vezes, escondes coisas grandiosas para nós Salva-nos desta pandemia e das suas coisas más,
para nos ajudar a subir. corram sempre atrás do que realmente querem e desejam, porque, no nas coisas mais pequenas e insignificantes. não nos abandones nesta fase difícil da nossa História,
O sonho é só o tempo antes de alcançarmos uma grande proeza, fim, perceberão realmente o que é viver. Senhor de todas as coisas, e ajuda-nos a amar-Te acima de todas as coisas!
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Campanha do laço azul


Os alunos do primeiro ciclo, na disciplina de Educação Pessoal e Social, e os alunos do
segundo e do terceiro ciclo, na disciplina de EMRC.IN, participaram numa bonita ação de
sensibilização promovida pelos seus professores, que lhes explicaram o propósito da Cam-
panha do Laço Azul e os convidaram a fazer a decoração de um laço que permitiu dar mais Projeto «Pontos de vista da minha janela»
cor às janelas do nosso Colégio.
As duas primeiras semanas do segundo semestre ficaram marcadas pela decisão gover-
Esta atividade surgiu de uma história real reito à saúde e o direito ao respeito. nativa de suspender todas as atividades letivas. Apesar deste constrangimento, os professo-
de uma avó nos Estados Unidos da América A cor azul do laço faz-nos lembrar o corpo res de EPS e EMRC.IN não quiseram deixar de propor um desafio a todos os alunos do Co-
que, um dia, resolveu colocar uma fita azul magoado, mas, ao mesmo tempo, convida- légio, ao qual deram o nome de «Pontos de vista da minha janela».
na antena do seu carro para chamar a aten- -nos à esperança, representada na cor do
ção das pessoas da sua cidade pra o facto céu. Como diz Bonnie W. Finney, «o azul fun- Na verdade, o tempo de confinamento
de haver muitas crianças que sofriam maus- ciona, para mim, como um constante alerta também foi uma oportunidade para parar,
-tratos, como era o caso dos seus netos. para lutar pela proteção das crianças». fazer silêncio e refletir nas coisas e nas pes-
Durante o mês de abril, somos todos Esta bonita atividade foi muito interes- soas que valem verdadeiramente a pe-
convidados a pensar nestes acontecimen- sante, porque nos ajudou a entender que na. Apesar de termos ficado em casa, isso
tos tristes, maus e dolorosos que muitas de promovermos os direitos humanos e, nem todos as crianças são e estão felizes não nos impediu de olhar, pela janela, para
crianças sofrem, não só na escola, mas tam- mais em particular, os direitos das crianças: como nós! Esperamos que este lema tenha, o mundo e para a vida lá fora. Então, duran-
bém nas suas próprias famílias. Também o direito ao amor, o direito ao carinho, o di- agora, ainda mais sentido: «Serei o que me te esses dias, os alunos foram convidados a
neste mês, esta linda campanha do laço reito a ter amigos, o direito a brincar, o di- deres..., que seja Amor»! Texto Coletivo da estar atentos àquilo que conseguiam ob-
azul chama a atenção para a necessidade reito à educação, o direito à atenção, o di- Sala dos Artistas (2º ano) servar a partir das janelas de casa, a tirar
uma fotografia e a colocar nela uma peque-
na legenda que fosse uma lição de vida ou
Adolescência perdida? terror que me levava a perguntar como é que isso era possível, como é uma mensagem a propósito da pandemia. publicado no Youtube e nas plataformas di-
que algo invisível aos nossos olhos poderia causar tanto pânico, tanta Os trabalhos fotográficos foram coloca- gitais das disciplinas.
Início de 2020, «ano novo, vida nova, mais um ano normal», pen- tristeza, tanto caos? dos na plataforma Teams, e, na primeira se- Como forma de mostrar a sensibilidade
sávamos nós. O que não sabíamos é que já andava um vírus a circular Acredito que fomos nós, os jovens, quem mais sentiu os efeitos desta mana de aulas online, todos os alunos parti- que os alunos revelaram na execução dos
pelo mundo todo. pandemia, pois estamos numa fase da nossa vida em que queremos con- lharam as suas fotografias e as suas ideias e trabalhos, transcrevemos aqui o texto que
O primeiro caso foi confirmado em Portugal quando ainda nin- viver com os nossos amigos, queremos sair, desfrutar da adolescência, conclusões. Os professores de EPS e EMRC. acompanhou a fotografia da aluna Rafaela
guém estava ciente da gravidade deste vírus e de quais iriam ser os im- mas neste momento isso não é possível. Sinto que nos estão a roubar a IN fizeram uma compilação de 100 traba- Oliveira, do 11º B. Professores Paulo Costa
pactos dele nas nossas vidas. melhor fase das nossas vidas, aquela pela qual todos ansiávamos quando lhos dos alunos através de um vídeo que foi e Jorge Alves
No dia 11 de março o mundo parou! O vírus SARS-CoV-2 foi declara- éramos pequenos, aquela pela qual tanto esperámos. Digo isto com um
do pela Organização Mundial de Saúde como uma pandemia. A partir aperto enorme no peito, pois nunca pensei viver semelhante desgraça.
desse momento, assolou-nos um misto de emoções Lembro-me também do medo que se sentiu no início do ano de 2021, Uma janela aberta para o mundo
– o receio, a insegurança, o desespero, a dúvida. quando o número de casos aumentou bruscamente, assim como o nú-
Foi então que se decidiu fechar o país e foi impos- mero de mortes e o número de internados. Com certeza foi o momento A epidemia e o confinamento trouxeram incerteza e angústia
to um confinamento geral. Estávamos a viver aqui- mais aterrador das nossas vidas. Digo isto também com um certo alívio, para o nosso dia a dia. Afinal, tudo ocorreu de forma brusca, alteran-
lo que nunca pensávamos que íamos viver – uma pois não perdi ninguém importante, ao contrário de muitas famílias do as rotinas, o trabalho, a vida em si. Tudo acabou por mudar. Mas
pandemia! Fecharam escolas, cafés, restaurantes, que, para além de perderem entes queridos, não se puderam despedir não podemos viver oprimidos pelo medo. Neste momento, também
comércio local, monumentos, fronteiras, empre- deles, devido a certas limitações para impedir a propagação do vírus. podemos fazer outros planos, repensar rumos e procurar soluções
Beatriz Soares sas e muito mais. A nossa liberdade foi posta em Tendo em conta outros problemas que esta pandemia causou, po- criativas para aquelas perguntas que vinham a ser arrastadas no pilo-
10.º B causa, fomos todos obrigados a ficar presos em demos perceber que muitas famílias, financeiramente estáveis, viram to automático do dia a dia. Sendo assim, podemos, então, olhar para
casa. Lembro-me perfeitamente do dia em que nos o seu trabalho e esforço de vários anos ir por água abaixo. A procura de a nossa janela e observar o que nos rodeia, apreciar e refletir.  do que se passa nos dias de hoje.
foi dito que as escolas iam fechar. Foi uma alegria para todos nós, visto ajuda aumentou bastante durante este período, devido ao desemprego Muitos têm a sorte de olhar pela janela e observar o mar, outros Ao observar a natureza, que é algo tão importante, eu sinto-me
que íamos ficar 15 dias em casa. O que não sabíamos é que esses 15 dias que se fez sentir e devido à falta de apoio por parte do Governo. apenas veem casas e prédios indistintos, mas eu acho que cada vista rejuvenescida, encontro nela uma conexão inexplicável e tenho cada
iriam durar uns longos 3 meses. Três meses de muita batalha, de muita Para concluir, tenho a certeza de que isto vai passar, e espero que acaba por nos permitir descobrir um significado diferente. Por exem- vez mais a certeza de que esta é um retrato que o próprio Deus pintou
força, principalmente psicológica, três meses de exaustão e de cansaço o mais rápido possível, pois ainda quero aproveitar a adolescência ao plo, eu tenho a sorte de olhar pela janela do meu quarto e poder ob- com as Suas mãos, por se tornar tão perfeita.
misturado com saudades de não podermos conviver com aqueles que máximo e como deveria ser, tal como os nossos pais a viveram. Que- servar o meu jardim e o mato. Apesar de parecer pouco para muitos, Com isto quero tentar transmitir que, apesar de estarmos a viver
mais amamos. ria também deixar uma mensagem de esperança, lembrando que nada pois acabo por não observar pessoas, prédios e agitação, estes elemen- esta fase tão difícil, não podemos encarar este tempo como um inter-
Quando me sentava para almoçar ou até mesmo para jantar com acontece por acaso e que isto aconteceu para aprendermos a dar valor tos significam muito para mim. A partir da minha janela e do que eu valo na vida, mas, sim, como uma oportunidade para pensar e repen-
os meus pais, passavam sempre imagens nos telejornais dos caos que a simples coisas, como dar um passeio à beira-mar, conviver com a nos- vejo, eu consigo sentir uma energia que não sinto no meu dia a dia, sar, para que, depois disso, sejamos todos seres muito mais humanos,
se vivia em hospitais e em morgues. Parecia um autêntico filme de sa família e amigos ou ir ao supermercado. acabo por tirar um tempo para me abstrair de tudo, principalmente felizes e realizados. Rafaela Oliveira, 11º B
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Tempos de pandemia sos. Depois, com o começo do período escolar, em setembro, os casos O caminho Queima-me o frio da chuva, que leva as lembranças de um outro in-
aumentaram ainda mais. As tentativas de descoberta de uma vacina verno que vivi. Relembro o teu olhar perdido no meu, vazio. Procuro per-
começaram, mas até lá nada era prometido. Espero que a noite chegue, que a estrada que percorro tenha fim. der-me nas palavras da promessa que um dia fizeste. Terias sido tu, não
No dia 1 de março, as televisões, os jornais e toda a comunicação Os últimos meses do ano passaram com várias dificuldades. Nes- Talvez nesse tempo sem tempo queira voltar para quem souber es- tivessem os dias já há muito expirado, não tivéssemos arriscado uma
social transmitiram uma notícia que mudaria as nossas vidas para ta altura, as vacinas da Pfizer, da Moderna, da Jonhson&Jonhson e da perar por mim. Cada passo que dou conduz-me fuga de uma perda previsível. Mas segurávamos uma faca de dois gumes.
sempre: estava realmente confirmado o primei- Oxford foram aprovadas em muitos países, dando-se, assim, início à à incerteza. Gela-me a vontade de continuar um Já sob a lua, muda a perspetiva. Foi uma corrida contra o tempo,
ro caso de coronavírus em Portugal. Este vírus si- vacinação. Porém, para somar aos transtornos do ano, na época de fes- caminho sem meta definida, mas repito a tenta- um sufoco abafado, um grito de socorro. Se este é o fim, não quero pen-
lencioso, que chegou de mansinho, veio mudar a tas, os casos, em Portugal, começaram a expandir-se, causando uma tiva de perder-me entre o que nunca vi. Cega-me sar no princípio. E se é eterna esta noite gelada, então apenas procuro
sociedade, a política, a educação e as rotinas de terceira vaga. a visão baça num nevoeiro cerrado e deixo de dis- fogo que me aqueça.
todos nós. Desde esse dia, a situação só tem piora- Podemos dizer que o ano de 2021 não começou da melhor forma. tinguir a sombra que arrasto. Calco as mesmas Não me procures mais, pois já não te procuro a ti. Aprendi a encon-
do, com altos e baixos, mas sempre a condicionar Em meados de janeiro, os hospitais começaram a ficar sem camas para pegadas daqueles que outrora também partiram, trar paz na inconstância, a zelar pelo que permanece depois de uma
as nossas vidas. acolher os internados, que chegavam e tinham de ficar à espera em Maria Gomes sinto o mesmo vento que já antes os afastou, che- tempestade, a ouvir os sons de um silêncio que contém possibilidades.
Beatriz Silva O dia 13 de março de 2020 é um dia que a nos- ambulâncias, por horas. Enquanto os profissionais de saúde lutavam 12.º B ga-me um mesmo fumo, num suspiro que não é Agora ouço as teclas de um piano que só eu toco e vejo horizontes nos
8.º B sa geração nunca mais vai esquecer, pois nesse para salvar vidas e apelavam ao fecho das escolas para os casos dimi- meu. Contemplo as cinzas de retratos quebrados limites que me cercavam. A noite já é longa e já não receio o incerto,
mesmo dia o mundo parou. As escolas fecharam, nuírem, o Governo não estava de acordo com essa possibilidade, to- que emolduram a vida dos que a desperdiçaram. Contenho um soluço pois é perpétuo este universo intemporal. Tenho outra vez tempo, pois
foram aplicadas medidas de segurança e o Estado de Emergência foi mando apenas no princípio de fevereiro a decisão de encerramento que se manifesta quando expiro. já sou, para sempre, parte do infinito.
decretado. De repente, ficámos isolados da sociedade, impedidos de das escolas. Por fim, as vacinas começaram a ser administradas, o que
circular, de conviver, de abraçar e beijar. Tudo isto ficou suspenso, e trouxe uma nova esperança à humanidade.
não saberíamos até quando. Fevereiro começou com boas notícias: os casos tinham baixado de- Hei de ir
Durante este confinamento, muita gente teve de se reinventar e de vido ao fecho das escolas. A segunda fase da vacinação começou, e as Maria Gomes — 12.º B Hei de ver o que nunca conheci, E, agora, acordada, o render-me!
se adaptar a estes novos tempos. Entretanto, as aulas acabaram e o pe- pessoas com mais de 80 anos foram vacinadas. observá-lo mesmo de perto, Desperdicei a vida, pensando-a.
ríodo de férias chegou. Foi um alívio para toda a gente quando o Estado Hoje, 1 de março, depois de um ano de luta para toda a gente, pen- Aqui estou, o que sou. tornar a ambição decisão, Quando apenas um salto bastava
de Emergência foi levantado. so que estamos mais perto do fim do que pensamos. Foi um ano de Hei de ter o que hoje não tenho, ir, não esperar pelo incerto. para me soltar, assim, do passado.
Mas nem tudo correu bem. No verão, os portugueses foram para a aprendizagem, de luta, de coragem, de esperança, mas sobretudo de hei de ir por onde hoje não venho,
praia e aproveitaram o calor para sair, causando uma nova vaga de ca- saudade de abraçar todos aqueles de quem gostamos. hei de ser quem hoje não sou. Hei de partir sem olhar para trás, Entre dias que foram, que vão,
querer tanto, poder conquistá-lo, perdi-me, presa ao receio.
Hei de sonhar a visão de outra vida, caminhar não temendo alcançá-lo, Pretender, só, não servia,
Da minha janela sar com as suas ovelhas e cabritinhas e a levá-las para o terreno ao lado vivê-la como se fosse real, libertar-me já lá, finalmente. tinha sido preciso ousar sê-lo.
de minha casa, onde podem ficar a pastar. É da minha janela que vejo esperar que nela me encontre,
as pessoas a desaparecerem, com medo. É da minha janela que não vejo trazê-la, quebrar-lhe a ilusão.
A minha janela é como se fosse uns segundos olhos, uma vista para quase ninguém há três meses. É da minha janela que não vejo o movi-
o exterior. É da minha janela que aprecio os pequenos detalhes da vida: mento e a alegria que costumava ver. É da minha janela que vejo a pan-
as pequenas partículas de pó, bailando pelo ar em constante movimen- demia a levar a nossa liberdade.
to, o pequeno pássaro a chilrear à procura dos Foi quando percebi que não via nada da minha janela senão deses- Saber crescer fortes, acelera-nos um futuro vulnerável, pois estamos à espera, em di-
seus pais enquanto o cão da vizinha ladra a um pero, tristeza, receio. Então, parei de ir à minha janela. Durante dois Maria Gomes — 12.º B reção à ruína.
gato delinquente. meses... Durante dois meses inteiros, eu não olhei para lá. Mas, em ju- Outrora acreditei que viver era um vermelho ardente, mas, agora,
É da minha janela que vejo o senhor Riqueza, lho, o meu cão chegou à minha beira com uma semente de girassol na Eu preferia sentir algo que não isto. Vai haver um tempo em que vejo que foi um cinzento baço, deixou-me cega, sem saber como pode-
com os seus noventa e quatro anos, a vir cá fora boca. Peguei na semente e plantei-a mesmo em frente à janela. tudo se tornará claro e se dissipará o que me aperta, numa oportunida- ria aprender a ver. Já abandonei a incerteza, o medo, lidei com os erros
contemplar as nuvens do céu cinza. É da minha Num dia qualquer, senti um calor vindo de lá de fora e, após todo de de respirar, e, aí, finalmente, eles vão saber. Já irei tarde, atrasada, e prolonguei a procura, de olhos abertos e curados. Percebo, agora, que
janela que, muito lentamente, vejo as folhas da aquele tempo, olhei pela janela. O girassol tinha crescido. Tinha um mas sem pressa, e o que serei, aos seus olhos, estará tão longe quanto era a última vez que caminhava para ti. O tempo que levei a descobrir-
Rita Pereira árvore do meu quintal cair para, assim que a últi- enorme caule verde e brilhava de amarelo. E, então, foi da minha ja- estarei eu. As atenções vão voltar-se, seremos tolos por não termos mu- -me libertou-me do que me amarrava e nunca mais vou precisar de me
8.º A ma tocar na relva, todo o chão se tornar amarelo, nela que eu percebi que ainda havia esperança, que havia um girassol dado a História e pareceremos descontraídos, no meio das vozes que reencontrar outra vez.
aguardando pelo sol da primavera. dentro de cada um de nós a rodopiar de alegria e de esperança. nos gritam. Acham-nos «inconscientes», mas sabemos exatamente o Talvez, um dia, numa noite igual a esta, vá recordar o que te dis-
É da minha janela que vejo as flores a ganhar cor e as folhas a serem E foi a olhar pela minha janela que o meu mundo ganhou sentido que fazemos e estamos perdidos. se sem amargura e talvez olhe para trás com a sensação de plenitude.
atravessadas por raios de sol. É da minha janela que vejo o pastor a pas- outa vez… Vivemos à beira do precipício, mas dizemos que está tudo bem, Mas, hoje, conformo-me com não conseguir fugir do que confiava po-
estabelecemos as nossas regras, fingimos que, connosco, não se passa der vir a ser diferente. És apenas uma memória que me persegue e, se
nada, embrulhamos a vida em medo e acreditamos que é isto que te- a tua presença for lembrada, ao ouvir o teu nome, não tremerei. Acha-
O meu lugar secreto repente, parecia que ganhava vida. Arrastei esta mesa para perto da mos. Se acham que somos o que eles já foram, esperam de nós o que vam-nos «inconscientes», mas sabíamos exatamente o que fazíamos e
janela e comecei a decorar o espaço para ficar mais a meu gosto, con- não conseguiram ser. A distância que nos caracteriza torna-nos frios e estávamos perdidos.
fortável. Fui buscar um tapete, o meu favorito da altura, mas parecia
Quando era mais nova, eu costumava passar os meus dias a pensar que não estava bom o suficiente. Acrescentei velas e incenso (na altura
e a refletir sobre a minha vida, na janela do meu quarto. Neste local, ainda não era alérgica a esta substância) e modifiquei a posição das Estavas aqui Lembro-me de ti, vejo apenas fragmentos
num género de plataforma, gostava de me manter suspensa, por vezes, cortinas, para cobrir este meu novo local de reflexão. Por fim, terminei Maria Gomes — 12.º B Recordo imagens, olhares, risos, momentos,

desenho de Maria Gomes, 12º B


no tudo e no nada do meu pensamento. por desenvolver algumas das minhas atividades favoritas da altura e E à luz de um semáforo parado
Procurava sempre ir para lá quando tinha até hoje: coloria algumas mandalas, cantava músicas, escrevia textos, Imaginei que ainda estavas aqui Ouço falar do que ainda reconheço
medo, quando estava triste e tinha vontade de na altura um pouco depressivos, mas que serviram para expressar tudo Contavas histórias de uma vida
chorar, mas também ia para lá quando estava fe- aquilo que sentia. Foi também nessa altura que descobri a minha pai- Eu ouvia, percebia, aprendia Tinhas em ti o conhecimento do mundo
liz por alguma coisa e simplesmente queria feste- xão pela música, que encontrei o meu abrigo nela. Lições de experiência não esquecida E toda a bondade de um bom herói
jar as minhas conquistas. Recordo com bastante Por vezes, ficava neste local por horas e não me apetecia ver pessoas Perguntava-te tudo e todas as coisas Lutaste pela vida cedo demais
carinho todos os belos momentos que vivi neste ou conviver com elas. Nesse tempo parado no tempo, ficava tão íntima Olhava com olhos grandes, admirada Conheci, vi o luto cedo demais
«esconderijo secreto», como gostava de o apelidar com os meus sentimentos que sentia que ficava gelada. Foi nesta altu-
Beatriz Miranda carinhosamente. ra que descobri que me podia encontrar comigo mesma na solidão, no Imaginei que ainda estavas aqui Para falar de ti, fico presa no tempo
9.º A Lembro-me de quando criei este sítio, quando vazio e no silêncio. Quando recordo esta época, agora penso que talvez Tinhas conversas longas e demoradas Não há palavras que cheguem num poema,
o imaginei. Era sábado, e eu estava no meu quar- devesse parar de ficar tanto tempo comigo mesma e devesse ir praticar Palavras que partilhavas com paixão Nem estrofes que pense são suficientes,
to, como habitualmente, e com bastantes saudades do meu avô, que qualquer outra atividade, como qualquer criança da minha idade. Tu conduzias, e eu, sentada ao lado, Nem nada que escreva, para te escrever
tinha falecido há dois dias. Olhei para um recanto do meu quarto, a Admito que talvez, nessa altura, tenha encontrado um lado bastan- Falava-te de todos os meus projetos
janela, e vi uma coisa especial nela que nunca antes tinha visto. Havia te obscuro em mim, mas considero que não me tenha enganado em Como iria ser, talvez, o meu legado Paro um minuto, ainda estás aqui
um pequeno canto onde estava uma mesa fria e vazia, que encaixa- nada do que fiz, pois, afinal, foi graças a essa época da minha vida que Como é estranho pensar e lembrar o passado
va perfeitamente na distância que restava entre o chão e a janela. Por descobri algumas das minhas paixões e, inclusive, descobri a capacida- Repenso-te nas memórias, pensamentos
algum motivo, nunca tinha reparado naquele móvel antes, e este, de de que agora estou a usar para redigir este texto. Como já está tudo, de novo, desfocado.
42 CAMINHOS DE SANTIAGO | 71 | ENTRElinhas | SETEMBRO 2020 - JUNHO 2021 SETEMBRO 2020 - JUNHO 2021 | ENTRElinhas | 71 | VISITA DE ESTUDO 43

Percurso cultural pela cidade do Porto


No âmbito de um projeto de compreensão da disciplina de História da Cultura e das Ar-
tes, os alunos do 11º B do curso de Artes Visuais realizaram o percurso cultural designado
por «Descobre o Porto Neoclássico», com a visita aos edifícios da Reitoria da Universidade

Encontro zoom «Caminho de Santiago» corresponde ao Ano Santo Compostelano,


facto que tornaria ainda mais especial a
do Porto, do Hospital de Santo António, da Alfândega do Porto, da Feitoria Inglesa e do
Palácio da Bolsa.  
realização do Caminho.
No dia 9 de abril teve lugar um encontro online, através da plataforma Zoom, com os Para todos os que vivem intensamente a No dia 18 de dezembro, os alunos Ale- nhecer os motivos que levaram a arte neo- Os alunos prepararam a atividade nas
alunos que fariam o Caminho de Santiago 2021, que tinha como lema «#xacobeo2021em- tradição jacobeia e o património cultural dos xandre Conceição, João Fontes, Lourenço clássica a ter os seus reflexos em Portugal, aulas da disciplina de História da Cultura e
família». Caminhos de Santiago, 2021 é um ano trans- Ventura e Oriana Pereira, juntamente com o nomeadamente na cidade do Porto, nos fi- das Artes, onde elaboraram um folheto In-
cendental, já que o dia do Apóstolo Santiago professor da disciplina de História da Cultu- nais do século XVIII. Neste sentido, esta ini- formativo sobre os edifícios neoclássicos
Infelizmente, e pelo segundo ano con- Maior (25 de julho) é celebrado a um domin- ra e das Artes, Pedro Silva, realizaram um ciativa foi importante para perceber que a portuenses. Em cada um dos edifícios visi-
secutivo, não estavam reunidas as mínimas go e, por isso, é Ano Santo. O Caminho tor- percurso pedonal a partir da estação de arquitetura em Portugal deste período co- tados, os alunos apresentaram a História e
condições para se conseguir realizar, em nou-se um itinerário espiritual e cultural de São Bento, passando pela baixa da cidade nheceu duas influências estrangeiras e para o estilo arquitetónico neoclássico subjacen-
segurança, o Caminho de Santiago nos primeira ordem e é percorrido todos os anos do Porto, Jardim da Cordoaria, Rua Mouzi- compreender a relação que a influência bri- te, relacionando-o com a influência Neo-
dias previstos, de 7 a 11 de abril. Um mês e por milhares de pessoas de todo o mundo. O nho da Silveira, terminando na Praça da Ri- tânica de cariz Neopalladiana manteve com palladiana do arquiteto italiano Andrea
meio antes da data prevista para a aventura caminho de Santiago foi declarado Primeiro beira. A atividade teve como objetivo co- o comércio do vinho na cidade do Porto. Palladio. Professor Pedro Silva
que é percorrer o Caminho, as fronteiras Itinerário Cultural Europeu, em 1987, e
entre Portugal e Espanha estavam encerra- Património da Humanidade, em 1993.
das, todos os albergues dos dois países es- rito dos peregrinos do Caminho de Santia- Este encontro, ainda que à distância, Apresentação teatral de «Os Maias»
tavam fechados e o Caminho de Santiago go, através do recurso a algumas músicas, permitiu celebrar a vida e a amizade ao jei- Aproveitando alguma abertura nas restrições a que a pandemia nos tem obrigado a to-
estava proibido em todos os seus itinerá- textos e documentários. to dos peregrinos de Santiago de Compos- dos, os alunos das turmas do 11º e do 12º ano dos cursos científico-humanísticos e de alguns
rios, devido ao confinamento geral na Pe- Foi um encontro muito familiar e cor- tela. Apesar da tristeza e da desilusão das cursos profissionais, no âmbito do estudo dos conteúdos programáticos da disciplina de
nínsula Ibérica, o que obrigou ao cancela- dial, onde os momentos de partilha ajuda- circunstâncias da vida nos obrigarem a fa- Português, tiveram a oportunidade de assistir, no Auditório António Joaquim Vieira, à adap-
mento desta caminhada. ram, de alguma forma, a superar a deceção zer um outro caminho que não o de Santia- tação teatral do romance «Os Maias», de Eça de Queirós.
Os 20 alunos do 11º ano e os 27 alunos de não se conseguir concretizar o sonho go, foi possível ficar com «um canto nos lá-
do 12º ano foram convidados e aceitaram alimentado ao longo de vários anos por es- bios e uma estrela na fronte», como se dizia A peça, que se prolongou por mais de velou as características da sociedade por-
juntar-se aos professores de EMRC.IN, Pau- tes alunos. A tristeza é maior pelo facto de dos peregrinos medievais. Professores duas horas, procurou ser fiel à narrativa da tuguesa de finais do século XIX que mere-
lo Costa e Jorge Alves, para refletir no espí- se celebrar neste ano o Xacobeo 2021, que Paulo Costa e Jorge Alves época no que toca à linguagem, aos cená- ceram particular censura por parte do au-
rios, aos figurinos e aos adereços. Das vá- tor, nomeadamente o jornalismo incompe- alunos tiveram a possibilidade de ver dire-
rias personagens em palco, as que ganha- tente, a ignorância de quem nos governava, tamente aquilo que as palavras do texto
Saudades do passado Esmoriz, que é muito perto de minha casa e que é bastante extensa, o ram mais relevância foram o protagonista, a educação conservadora, a inércia e a in- muitas vezes apenas sugerem à sua imagi-
que é algo importante, visto que tínhamos de cumprir o distanciamen- Carlos da Maia, e a sua «sombra», Dâmaso dolência em que o país vivia mergulhado. nação. Esta foi a oportunidade de, quase já
Tudo começou em meados de março de 2020 (o ano que vai ficar to social. Nos restantes dias que ficava por casa, aproveitava a minha Salcede, pelas inspiradas interpretações Após esta representação, a exploração no final do ano letivo, os alunos voltarem a
para a História por um mau motivo), quando fomos todos obrigados a pequena piscina. E assim se passou o verão. dos atores. O espetáculo, para além de ter de «Os Maias», em contexto de sala de au- participar em atividades que tiveram de ser
ficar em casa, por causa de um novo vírus que já tinha chegado ao país. Quando recomeçaram as aulas, felizmente estávamos de volta à es- dado conhecer todos os contornos da rela- la, ganhou mais substância e significado, adiadas ou canceladas nos meses anterio-
Quando recebi esta notícia, fiquei muito contente por ficar em cola. O primeiro período correu muito bem, tirando duas semanas em ção de Carlos da Maia e Maria Eduarda, re- uma vez que, através da representação, os res. Professor Ricardo Massano
casa, porque ia ter teste no dia a seguir e não estava muito segura da que praticamente toda a minha turma teve de ir para casa. Entretanto,
matéria. Além disso, achei que um pequeno tempo de descanso me iria chegou o Natal. E, passadas duas semanas, tudo começou a ficar pior,
fazer muito bem e que, passados poucos dias, iríamos todos estar de bastante pior. E foi no início do ano que atingimos o pico, os valores A floresta de silêncios o tempo que, por último, nos foi roubado. Nesse tempo, num sono pe-
volta à escola. mais elevados de sempre da pandemia. sado e inconsciência profunda, chamei quem vim a abandonar. Deam-
Mas, infelizmente, não foi isso que aconte- E voltámos todos para casa, mas, desta vez, pelo menos para mim, É tão fácil o esquecimento quando o corpo se transfigura em som- bulávamos na penumbra, na euforia de quem viaja sem norte, mas não
ceu. Todos os meses, era anunciado que o confi- tudo ainda foi mais complicado. Senti imensa falta de abraçar, de ir a bra! A saudade, depois, há de ser essa floresta de silêncios. Onde repou- era fácil pensar em como perdia mais do que encontrava. Lembro-me
namento iria continuar. As primeiras semanas concertos, de estar com pessoas. Só queria que aquilo acabasse de uma sa o mundo, enquanto eu sonho, é um mistério irresolúvel, algo fora de ti ao proferir as tuas palavras e tento ouvir-te no meio do silêncio,
foram relativamente fáceis, mas, assim que co- vez por todas para poder voltar a ir a competições de dança e sentir do meu alcance, mas perto da minha imagina- mas o que ouvi foi um choro abafado, que aprendeu a conter-se. Não
meçaram as aulas on-line, tudo mudou. Deixei de aquele nervosismo antes de entrar em palco, para poder voltar a viajar ção, longe do toque e deixado à mercê da ilusão. guardo arrependimento, pois ambiciono uma era em que o que conhe-
ter tempo para descansar e a única coisa que fazia e voltar a passar por uma experiência como foi a de ir a Londres com os De olhos fechados, ouvidos atentos, tenho apenas ci me seja útil e prefiro pensar mais no que vivi do que no que poderia
Sofia Pereira era trabalhar. Para além disso, o facto de estar o meus amigos. Até nem me importava de ter o teste para o qual eu não a consciência de que existo e vêm-me à memória ter vivido. Conheço bem a madrugada, de tantas noites acordada. Hoje,
9.º B dia todo em frente ao computador fazia com que estava tão bem preparada... lembranças de águas passadas. Há um espaço va- não devaneio senão sobre o presente. E o passado, esse, marca os dias que
eu ficasse muito cansada. Na verdade, tenho saudades do passado, até da mínima coisa, zio no lugar que deixaste e pairam no ar todas me fizeram crescer mais rápido do que tencionava. E o futuro, não me
Quando chegou o verão, a situação melhorou um pouco. Durante como, por exemplo, sair de casa sem problemas e poder andar livre, as perguntas que ficaram sem resposta, todas as atrevo a prevê-lo ou a planeá-lo, pois não assumo as coisas como garanti-
os longos dias de sol, eu aproveitava o meu tempo até bem tarde. Al- sem restrições. Agora, que não posso fazer o que quero, é que percebo Maria Gomes frases que acabaram por não ser ditas, todas as das. Despertei, estremunhada, de um pesadelo tenebroso que me man-
guns dias, vou ser sincera, quebrei o confinamento e fui até à praia de a falta que o passado me faz. 12.º B histórias que não revelaram os seus finais e todo tinha cativa e, agora que existo, iluminada, já não receio a escuridão.
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Evento «HOração online semper ascendens»


No dia 26 de março, pelas 21 horas, os professores de EPS/EMRC.IN dinamizaram um
momento de oração e reflexão ao qual que se deu o nome «HOração Online Semper As-
cendens».

Campanha de solidariedade «Mercadinho 2020»


Já em fase de interrupção letiva da Pás- Os vídeos, as músicas, os textos bíblicos e a
coa, quase a terminar o tempo da Quaresma partilha do que somos, sentimos e pensa-
e em vésperas do início da Semana Santa, o mos contribuíram para fortalecermos os
Por ocasião do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza (17 de outubro) e da Se- muito generosa, tendo sido possível entre- encontro noturno, de participação livre, foi sentimentos de pertença e para sermos ca-
mana Nacional da Educação Cristã (18 a 25 de outubro), os professores de EPS, EMRC/Inte- gar 35 caixotes de produtos muito variados, uma oportunidade para fortalecer os laços da vez mais «Semper Ascendens». A partici-
rioridade e Cidadania e Desenvolvimento desafiaram os alunos a participarem na Campanha nomeadamente bolachas (1º ano), farinha e humanistas cristãos que unem a comunida- pação e as palavras do pároco de Santa Ma- plataforma Zoom e contou com a participa-
de Solidariedade «Mercadinho 2020». Em tempos de pandemia, a pobreza aumentou, por cereais (2º ano), atum e sardinha em conser- de escolar do Colégio de Lamas e que dão ria de Lamas, o Padre José Carlos Ribeiro, ção de quase duas centenas de alunos, fami-
isso o Fórum Social de Santa Maria de Lamas pediu a nossa colaboração para, em conjunto, va (3º ano), salsichas (4º ano), polpa de toma- identidade ao seu projeto educativo. tornaram o encontro ainda mais especial. liares, professores e colaboradores do Colé-
ajudarmos algumas famílias que estão a passar por mais dificuldades. Foi uma forma concre- te e sal (5º ano), arroz (6º ano), feijão e grão O encontro foi breve, simples e familiar. Esta «HOração» foi realizada através da gio. Professores Paulo Costa e Jorge Alves
ta de viver o lema anual das disciplinas «Uma Só Família na Aldeia Global», através da cons- (7º ano), açúcar (8º ano), óleo (9º ano), leite
ciencialização para a causa da responsabilidade social. (10º ano), azeite (11º ano) e massas (12º ano).
Na semana de 12 a 16 de outubro, proce- À espreita do futuro: o que esperará a minha geração depois da pandemia?
«O Mercadinho» é um projeto que visa demos à divulgação e sensibilização da
garantir o essencial em termos de bens ali- campanha em todas as turmas do 1º ao 12º Estamos entre a geração dos millenials e a geração Z. Dizem que nas- lembrarmos de como costumávamos passar os intervalos, percebemos
mentares e de produtos de higiene e limpe- ano, e, na semana seguinte, recolheram-se cemos com a tecnologia na ponta dos dedos, mas o facto é que vive- a sorte que, nessa altura, tínhamos.
za a quem está oficialmente sinalizado pe- as ofertas da comunidade escolar nas aulas mos essencialmente como qualquer outro adolescente até aos primei- Não estamos com os nossos avós há tanto tempo que voltar a vê-
las instituições de Santa Maria de Lamas. As das disciplinas responsáveis pela iniciativa. ros meses de 2020. Em janeiro desse ano, ouvimos falar de um vírus -los se tornou num pensamento constante. Sim, é verdade que percebe-
famílias carenciadas, de acordo com o nú- No dia 28 de outubro, os alunos do 8º B, em em Wuhan, e, em fevereiro, garantiam na TV que não chegaria cá, po- mos que temos de cuidar do nosso mundo, dos nossos idosos, por isso
mero de membros do seu agregado, rece- nome de todos os alunos do Colégio, entre- rém, a 16 de março, confinamos à conta dele e passámos a viver de um atormenta-nos a pergunta «Ainda iremos a tempo de os voltar a ver?».
bem um vale que podem trocar pelos pro- garam todos os donativos às responsáveis modo completamente diferente. E essa dúvida mantém-se na nossa cabeça constantemente. Tão pertur-
dutos de que necessitam. Os funcionários do Fórum Social de Santa Maria de Lamas. Entretanto, atiraram-nos para casa e puseram à prova as nossas bante é essa dúvida quanto é pensarmos na desigualdade social que
ajudam as pessoas a escolher de forma cri- Muito obrigado a todos quantos quise- competências digitais: num abrir e piscar de olhos, o ensino a que, des- esta pandemia veio acentuar. Hoje, voltamos a estar confinados ao nos-
teriosa aquilo que levam, de forma a garan- ram partilhar um pouco do que têm, fazendo de sempre, nos habituáramos (a acontecer na sala de aula, na presen- so quarto, em frente a um ecrã e novamente sozinhos, mas, se formos a
tirem a gestão equilibrada de tudo o que a muito por quem mais precisa. Estes gestos, ça do professor e na companhia de colegas) deu ver, há certas pessoas que nem sequer têm possibilidades de continuar
instituição recebe e distribui. ainda que pareçam insignificantes, permi- lugar a plataformas virtuais, onde uns e outros, a acompanhar as aulas, porque lhes falta um computador e ligação à
O convite foi o da partilha de um bem tem-nos acreditar que as novas gerações se alunos e professores, foram percorrendo uma Internet, em casa.
alimentar, num gesto concreto de altruísmo vam em falta nesse momento, decidimos preocupam com o bem comum e que, como maratona marcada por obstáculos vários. E assim Ainda assim, trazemos no bolso uma mão cheia de sonhos. A nova
em favor das famílias mais carenciadas da responsabilizar cada um dos anos de esco- diz um provérbio africano, «muita gente pe- foi: as turmas tornaram-se pequenos retângulos, apreciação que ganhamos do tempo que nos vai gastando. A forma
freguesia onde se localiza o nosso Colégio. laridade pela recolha de um produto espe- quena, em muitos lugares pequenos, fazen- o silêncio fez-se presente e, num instante, tudo como aprendemos a voltar a conhecer a nossa família. E a consciência
Tendo-nos sido pedido que privilegiásse- cífico, no sentido de garantir a diversidade do coisas pequenas, poderá mudar o mun- mudou. Desde aí, roubaram-nos a adolescência, de que desempenhamos um papel fundamental na defesa da nature-
mos alguns géneros alimentares que esta- dos donativos. A comunidade escolar foi do». Professores Costa e Jorge Alves Pedro Lima e talvez nem disso se tenham apercebido, e até za e na proteção do nosso planeta, de que está nas nossas mãos pro-
9.º B hoje, temos o mundo, o nosso mundo, virado do curar alternativas menos poluentes, mais sustentáveis e respeitadoras
avesso. Mudaram-se as rotinas, deixou-se para do meio ambiente. Percebemos ainda que nenhum recurso humano
Uma questão de amizade e tristezas, sucessos e fracassos, expectativas e desilusões. A amizade trás a prática desportiva regular, até nos começarmos a tornar mais poderá chegar a ser substituído pelo processo de robotização: são as
torna-nos pessoas mais solidárias, responsáveis e alegres. A amizade sedentários do que alguma vez poderíamos ter imaginado. Na verdade, pessoas que, todos os dias, saem da segurança das suas casas para irem
Nestes dias de quarentena, tenho sentido falta da convivência com é como uma rede que nos suporta nas situações em que nos sentimos alguns de nós perderam muito mais do que isso: perderam um fami- para os seus postos de trabalho que têm mantido as indústrias em ati-
os meus amigos. Sinto falta de uma simples gargalhada ou de um abra- mais vulneráveis e é, sem dúvida, um fator essencial para a sanidade liar ou um amigo, enquanto os outros lamentavam, para si mesmos, o vidade; é o pessoal da área da saúde que, contra medos e cansaço extre-
ço de um amigo meu. A ausência de um toque, mental de cada um de nós. número de vítimas mortais sempre a crescer, mesmo não lhes conhe- mo, tem combatido esta guerra invisível e tem salvado inúmeras vidas;
de um olhar ou de sentir as pessoas ao meu lado Já os amigos, penso que são «a família que escolhemos», pois, além cendo nomes ou rostos, porque sabemos que eram os avós de alguém, têm sido os professores que, na sua habitual dedicação, continuam a
é, sem dúvida, a coisa mais terrível que já senti da família, os amigos são as pessoas com quem vamos estabelecer vín- ou pais de alguém, ou irmãos de alguém. E podiam ter sido os de qual- trazer a escola para perto de nós. De igual forma, está a tornar-se cla-
na vida. culos mais significativos e duradouros durante a vida. Ser amigo é acei- quer um de nós. ro, para a minha geração, que as políticas de trabalho de futuro serão
Não poder ver as pessoas que mais amo, nestes tar o outro da forma como ele é, ser amigo é respeitar sempre as esco- Nenhum de nós tinha passado por algo semelhante, antes disto. mais rentáveis quanto mais flexíveis; que novas carreiras, com certeza,
dias, fez-me pensar na importância da amizade lhas do outro, ser amigo é dizer as verdades que mais ninguém teria Aquele jogo de futebol, a festa de aniversário do nosso melhor amigo, surgirão; que a opção do teletrabalho será, inegavelmente, uma aposta
nas nossas vidas. Às vezes desvalorizamos o amor coragem de dizer e estar sempre lá para quando o outro mais precisa. o convívio diário, os treinos a que não regressámos... Já nem sequer re- muito viável.
Dinis Lopes que uma pessoa nos dá, mas, depois, quando real- Mas isto também não quer dizer que todas as pessoas com quem conhecemos nada disto. Estamos, por isso, determinados a superar a incerteza e os desafios
9.º A mente precisamos dele, abrimos os olhos e vemos partilhamos pedacinhos da nossa vida sejam nossas amigas. Um ver- Passámos, desta forma, a ver-nos diariamente por videochamada, destes tempos, o medo e a consequente tendência para o individualis-
a importância que as pessoas têm para nós. dadeiro amigo é aquele que, contra tudo e contra todos, está sempre mas até isso, que antes tanta graça tinha, acabou por tornar-se repetiti- mo. Estamos, aliás, a fazer um acordo com o otimismo. Não pedimos
Mas, a final, o que é isso da amizade? Qual é a importância dos ami- do nosso lado, é aquele que nos sabe dizer o que é errado ou não, sem vo. Agora, há medo. Somos ameaças, riscos de infeção. E sem outra hi- muito, antes aguardamos, com coragem e esperança, que um novo
gos nas nossas vidas? A amizade relaciona-se com a partilha de alegrias julgar a nossa pessoa ou as nossas atitudes. pótese de conclusão, tornámo-nos aborrecidos. E se, por exemplo, nos amanhã chegue.
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O tesouro da amizade connosco a nossa vida. Na verdade, a amizade desenvolve a felicidade A música, uma linguagem universal
e reduz o sofrimento, duplicando as nossas alegrias e dividindo as o passado, associando algo importante ou significativo a uma melodia
Era uma vez dois homens que eram os maiores amigos um do ou- nossas dores e tristezas. Não há solidão mais triste do que a do ser A música é uma forma de arte que combina vários sons e ritmos, específica. Esta ativa o cérebro, de uma forma geral, tendo influência
tro desde tenra idade. Como viviam na mesma aldeia perto do mar, humano sem amigos. A falta de amigos faz com que o mundo pareça criando harmonias fascinantes. completa sobre o mesmo, o que explica o facto de ela ter tanto poder
dedicavam-se à pesca e partilhavam o mesmo barco. O mais velho era um deserto. Todas as grandezas do mundo não valem um bom amigo. Este fenómeno envolve-nos numa «onda» de sentimentos, estimula em pessoas que são completamente diferentes umas das outras. Mas
casado e tinha três filhos enquanto o mais novo nunca se casara, pois Sou feliz por sermos amigos. os nossos pensamentos e permite-nos estar em plena harmonia com este esplendor ao qual chamamos música não influencia só seres hu-
tivera de ficar a cuidar dos pais velhos e doentes, já que não tinha ir- Uns dias mais tarde, no final de mais um dia de pesca, estavam o ambiente. Muitos seguem o «passo melodioso manos, uma vez que os animais, especialmente as aves, também falam
mãos. A vida tinha sido a melhor escola para os a apanhar o peixe das redes e deram-se conta de que estava ali uma da música» e veem-na como um refúgio, uma vez a língua da música.
dois, e eles prezavam muito a amizade. pequena caixa de madeira. Depressa a abriram e, para seu espanto, vi- que, através dela, têm a possibilidade de relaxar Durante o primeiro período de confinamento, a música foi a espe-
Um dia, após uma pescaria muito generosa, ram que estava cheia de ouro. Como a descoberta fora dos dois, deci- o corpo e a alma. De facto, muitas melodias fan- rança de milhares de comunidades que, mesmo «presas» em suas casas,
o amigo mais novo caiu na tentação de dividir diram vender o ouro e, como em muitas outras ocasiões, partilharam tásticas têm um poder curativo. Esta terapia mu- procuravam conforto e alento em músicas que se tornaram verdadei-
de forma desonesta o peixe, ficando com mui- o dinheiro a meias. Uma semana depois, o amigo mais velho achou sical pode ser usada para a promoção da saúde ros hinos de alegria para todos. Todas as músicas que escutamos, à sua
to mais peixe do que o amigo. O mais velho, de- que o dinheiro todo seria mais útil ao amigo mais novo, já que não mental, visto que todas as combinações de notas maneira, se misturam com o vento e obrigam-nos a seguir o compasso,
pois de se ter dado conta do sucedido, limitou- tinha família e tinha menos posses. Ao mesmo tempo, o mais novo Francisco Mendes penetram a nossa alma e «dão a mão ao nosso cé- ensinam-nos também a pensar com leveza.
-se a escrever na areia junto ao barco que o seu pensou que o dinheiro daria mais jeito ao amigo mais velho, pois 8.º A rebro», fazendo-nos seguir o caminho da tranqui- Concluindo, a música é um fenómeno magnífico que vive em co-
Paulo Costa melhor amigo o havia enganado. No dia seguin- tinha uma família grande para sustentar e os tempos eram difíceis. lidade. munhão connosco, une pessoas de diferentes nacionalidades ou reúne-
Professor te, devido à ondulação forte, o barco virou e o Determinados a dar toda a respetiva parte do dinheiro do ouro ao Por outro lado, a música também pode estar associada às memó- -as por uma causa. Assim sendo, podemos afirmar que a música é uma
homem mais velho caiu ao mar. Vendo-se aflito, outro, encontraram-se casualmente a meio do caminho e, após cada rias e às lembranças, pois tem o poder de transportar as pessoas para linguagem universal.
gritou por socorro. Então, o amigo mais novo atirou-se corajosamen- um ter dito o que tinha decidido fazer, abraçaram-se comovidos e op-
te à água e salvou-o. Após regressarem a casa, o amigo mais velho es- taram por ficar com quanto tinha calhado a cada um e oferecer al-
creveu com tinta no barco que o seu melhor amigo lhe tinha salvado gum às pessoas mais carenciadas da aldeia. O amigo mais novo disse:
a vida. Como aquilo intrigou o amigo mais novo, o mais velho disse: - Um amigo pode fazer-se rapidamente, mas a amizade é um
- Amigo, escrevi na areia que me tinhas magoado, para que a água fruto que amadurece lentamente. Para ser amigo de alguém, não é
do meu perdão e do meu esquecimento apagassem o que me fizeste, e obrigatório estar fisicamente ao seu lado, mas, sim, estar do lado de
escrevi a tinta no nosso barco que me tinhas salvado, porque as coisas dentro, pois só se vê aquilo que é essencial com o coração. O amigo
bonitas e profundas devem ficar para sempre gravadas na memória é aquele que sabe tudo a nosso respeito e, mesmo assim, continua a
e no coração. gostar de nós. O amigo é aquele diante do qual podemos ser verdadei-
O amigo mais novo abraçou o mais velho e chorou amargamen- ramente nós próprios, sem máscaras ou aparências. O amigo é aquele
te. Então, o mais velho, convidando-o a caminhar consigo pela praia, que pensa connosco e não aquele que pensa como nós. Sou feliz por
disse, com ternura: ter-te como amigo!
- Amigo, dos amores humanos, o menos egoísta, o mais puro e de- Os dois amigos abraçaram-se afetuosamente, pois sentiam que ti-
sinteressado, é a amizade. A amizade é uma alma com dois corpos. nham o mais valioso dos tesouros: a amizade. A notícia do que acon-
Um irmão pode não ser um amigo, mas um amigo será sempre um ir- tecera com os dois amigos espalhou-se rapidamente por toda a região.
mão. Os amigos são os familiares que nós escolhemos para caminhar A história tem passado, então, de geração em geração.

A propósito de uma pandemia comportamentos, estilos e pensamentos impostos pela sociedade. Sem
a possibilidade do convívio e do normal contacto com amigos, familia-
Hoje em dia, quando olhamos para a televisão, um jornal, um site res, conhecidos e até desconhecidos, tivemos de tomar decisões sozi-
na internet, deparamo-nos constantemente com notícias sobre a pan- nhos, sem influências, e conseguimos descobrir novos interesses, sem
demia. Quando espreitamos pela janela, vemos ruas quase desertas, o constante receio da opinião e julgamento dos outros. As notícias que não o puderam ser ano, devido aos riscos acrescidos que a atividade comportaria para os
estabelecimentos comerciais fechados e pessoas de máscara (as pou- Todo este tempo livre também nos deu a oportunidade de fazer coi- alunos e para os doentes. Ainda assim, devido ao impacto que a ini-
cas que se veem...). Tudo nos leva a pensar nesta sas que na vida atarefada que tínhamos ficavam esquecidas, como ex- ciativa já adquiriu dentro e fora do ambiente escolar, não quisemos
nova doença que tomou posse de tudo e todos e plorar a nossa criatividade nas mais diversas áreas. Por outro lado, tam- Estes são tempos de espanto, de espera e de esperança. Estes são deixar de relembrar a atitude altruísta e solidária de todos os que,
nos controla de tal forma que, por vezes, já não bém percebemos a beleza e riqueza de algo tão simples como uma flor, tempos incertos que não nos deixam esquecer o mistério que é a vida. motivados pela possibilidade de atenuaram o sofrimento daqueles
nos damos conta dela. o canto de um pássaro ou o pôr-do-sol. Estes são também tempos que nos deram a certeza de que o coração que se encontram internados, têm levado a cabo essa experiência de
Vivemos numa pandemia há pouco mais de Algo que também mudou foi a enorme vontade que todos temos não conhece distância. voluntariado no Hospital de São Sebastião, em Santa Maria da Feira.
um ano, e, se pensar bem, percebo que a minha de sair para um passeio. Antes, era normal, pelo menos para mim, pas- Estes são tempos que obrigaram professores e alunos a substituí- Por fim, em virtude da declaração do estado de emergência em
vida está praticamente irreconhecível. Este vírus sar um final de tarde ou um fim de semana sentada no sofá sem fazer rem os quadros e os cadernos escolares pelos Portugal e Espanha e com a proibição da presença de peregrinos nos
Rita Neves mudou, a nível mundial, não só a maneira como nada, mas, agora, só penso em ir para o exterior. Nem se seja por meia ecrãs e pelos aplicativos digitais. Estes são tem- percursos, também não foi possível realizar a edição deste ano do «Ca-
10.º B a população trabalha, aprende e convive, mas hora, quando acabam as aulas, lá vou eu caminhar até à praia. Duran- pos de alguns adiamentos e de muitos cancela- minho de Santiago», que levaria dezenas de alunos e de professores
também a forma de pensar e ver aquilo que nos te aquele tempo, concentro-me apenas na leve brisa e no barulho das mentos. No entanto, ainda que não tenha sido a percorrerem os 116 quilómetros do Caminho Francês entre Sarria
rodeia. Os nossos comportamentos alteraram-se drasticamente, e coi- ondas e tento desligar-me do resto do mundo. Tento até esquecer-me possível realizar muitas das iniciativas anuais, e Santiago de Compostela. Ainda assim, no dia 9 de abril, organizou-
sas que nos eram comuns, como um abraço ou um carinho, tornaram- daquilo pelo que estamos a passar, mas é impossível. Só o facto de ter não podemos deixar de lembrar aqui três delas, -se uma sessão por videoconferência que juntou todos os alunos que
-se raras. saído sem amigos, de ter uma máscara no rosto ou de ter a preocupa- porque estamos certos de que, pela sua impor- iriam ter o privilégio de viver essa experiência enriquecedora que nos
As nossas casas, antes vistas como um local de conforto e repouso, ção de me despachar e não me aproximar de ninguém leva logo a mi- Ricardo Massano tância e simbolismo para a comunidade educati- fortalece muito enquanto seres humanos. Foi uma surpresa muito es-
transformaram-se em escritórios, escolas e em tantos outros estabele- nha mente para o problema que vivemos. Professor va, continuarão a ser vistas como uma referência pecial que os professores de EMRC e de Interioridade quiseram ofere-
cimentos aos quais o acesso nos foi proibido. Destes longos meses de Perguntas como «Quando é que isto acaba?», «Quando vou poder ter para todos e voltarão a ser retomadas logo que cer aos peregrinos, acolhendo-os num albergue digital.
confinamento resultou uma vida monótona com muito tempo para a minha vida de volta?», «Quando vou poder estar com amigos?», «Quan- deixem de se aplicar as medidas de distanciamento. Assim sendo, infelizmente, este texto não constitui o registo da
pensar e reavaliar a forma como agimos, como pensamos, como nos do vou poder abraçar os meus familiares?» e tantas outras percorrem o Em primeiro lugar, gostaríamos de lembrar o sarau de Natal, ati- realização de dinâmicas que tanto nos orgulham e distinguem a nos-
relacionamos com amigos e familiares. pensamento de toda a sociedade. O pior é que ninguém tem uma respos- vidade que constitui tradicionalmente um dos momentos mais espe- sa instituição, antes corresponde ao compromisso de que a comuni-
Por vezes, ouço comentários que dizem que durante a quarentena ta concreta para elas. O mundo inteiro sente que se movimenta em ter- ciais de todo o ano letivo, mobilizando a maior parte da comunidade dade escolar nunca esquecerá que o fundamental é o tempo que vai
algumas pessoas mudaram muito. Ao início, ria-me de tal ideia, que reno desconhecido, o que torna tudo ainda mais frustrante. educativa do Colégio num espetáculo de celebração e de comunhão alimentando os dias da nossa vida em comunhão com os outros.
me parecia absurda, mas, quanto mais tempo passo a pensar nisso, Lembro-me de que, há um ano, inocentemente, acreditávamos que fraterna. As limitações e os constrangimentos decorrentes da pande- Já com saudades da rotina que tantas vezes lamentamos, todos
mais começo a achar que é verdade e que até terá ocorrido comigo. seriam duas semanas em casa, duas semanas sem aulas, sem trabalhar, mia não permitiram a preparação das atuações nem a concentração confirmamos que o contacto direto e a socialização são aspetos in-
Não considero que agora esteja irreconhecível, comparativamente ao sem contactos, e que ficaria tudo bem. Mas estas duas semanas passa- no auditório do Colégio das centenas de pessoas que faziam questão dissociáveis da aprendizagem que nunca poderão ser substituídos
que era há um ano, mas sem dúvida que estou diferente e que todo ram a três, seis, oito, não semanas, mas, sim, meses. Num abrir e fechar de estar presentes, pelo que teremos que esperar por melhores dias pela comunicação virtual. Esperemos que todos estes sacrifícios que
aquele tempo livre que já referi me deu a possibilidade de me conhe- de olhos, muito, muito lento, aqui estou eu, um ano depois, ainda em para podermos congregar alunos e famílias nesta celebração anual. fizemos, e que provavelmente ainda teremos de continuar a fazer, fi-
cer melhor a mim própria. Como todos nós somos, inconscientemente, casa, a pensar em algo que me era tão querido e que já está tão distan- O projeto solidário «Amigos dos Doentes», desenvolvido no âmbi- quem como memória de um passado difícil e representem também a
influenciados por tudo aquilo que nos rodeia, muitas vezes adotamos te, em algo tão importante e que já parece perdido. to do voluntariado para a saúde, também teve de ser cancelado este esperança num futuro melhor.
48 PUB | 71 | ENTRElinhas | SETEMBRO 2020 - JUNHO 2021

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