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Química Geral e

Experimental II
Material Teórico
Química Ambiental

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Dr.ª Solange de Fátima Azevedo Dias

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Química Ambiental

• Introdução;
• O Ambiente;
• Composição da Atmosfera;
• Oceanos;
• Problemas Ambientais nos Oceanos;
• Água Doce no Mundo;
• Lençóis Freáticos;
• Contaminação de Águas de Represas por Hormônio Feminino;
• Ciclo Global da Água;
• Química Verde.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Conhecer os fundamentos de química ambiental e a importância da
química verde.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Química Ambiental

Introdução
Sabemos como as reações químicas têm papel fundamental na vida de todos os
seres vivos e não vivos do Planeta. É com reações químicas que quase tudo o que se
conhece no Universo, acontece. As vidas animal e vegetal são formadas e mantidas
às custas de inúmeras reações químicas. Assim, a química ambiental é uma divisão
da Química que se preocupa, principalmente, em saber como as transformações
químicas interferem no meio ambiente, suas atuações, causas e consequências.

Fundamentalmente, a química ambiental estuda os impactos ambientais decor-


rentes da ação humana em consequência da produção química industrial, da agri-
cultura e pecuária, bem como a de origem natural, como é o caso da emanação de
gases de origem vulcânica ou da emanação de gases de animais.

O Ambiente
Na história recente, a Terra tem sofrido mudanças, tanto benéficas quanto malé-
ficas, em virtude da necessidade de uma enorme produção de alimentos e produtos
de consumo industrial e doméstico. A preocupação com o bem-estar do Planeta
é antiga, mas não tem sido suficiente para promover ações que realmente façam
diferença impactante na vida saudável da Terra. O ser humano já conseguiu poluir
até camadas longínquas em torno do mundo, o que é atualmente conhecido como
lixo espacial, que são restos não mais utilizáveis de foguetes, satélites antigos sem
funcionamento etc. A figura 1 ilustra como atualmente está o entorno da Terra
com a grande quantidade desse tipo de lixo, por meio de imagens cedidas pela
National Aeronautics and Space Administration (Nasa), mostrando que esse tipo
de lixo se move ao redor da Terra e, a qualquer momento, pode desabar sobre o
Planeta. Estima-se que mais de 750 mil fragmentos maiores que 1 centímetro cor-
respondem a esse tipo de lixo.

Figura 1 – Lixo espacial em volta da Terra


Fonte: iStock/Getty Images

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A quantidade de outros tipos de lixo ao longo do mundo, genericamente chama-
dos de urbano, é maior que 1,5 milhão de toneladas – somente nas referidas áreas
urbanas. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a metade desse valor
é produzida pelos trinta países mais ricos do Planeta, e o Brasil faz parte dessa es-
tatística. Observe na Figura 2 o Brasil, os países da América Central e da América
do Norte e os campeões das Américas, os Estados Unidos da América (EUA); e, na
Figura 3, o ranking mundial de produção de lixo:

Figura 2 – Países campeões na fabricação de lixo urbano


(os mais vermelhos são os que mais produzem lixo urbano)
Fonte: Adaptado de elpais.com

Figura 3 – Ranking mundial de produtores de lixo urbano


Fonte: ABRELPE

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UNIDADE Química Ambiental

Os países ricos produzem lixo e as classes mais pobres sobrevivem do qual.


A Figura 4 ilustra que até animais se utilizam de lixo para garantir a própria
sobrevivência; enquanto a Figura 5 mostra como são as condições sub-humanas
da população pobre na Índia, em que as pessoas vasculham um amontoado de
lixo a fim de encontrarem algo que possa ser comercializado e resultar em algum
dinheiro para a própria sobrevivência ou, até mesmo, algum alimento que esteja
em condições, ainda que precárias, para ser consumido e produzir energia para a
manutenção de suas vidas.

Figura 4 – Gaivotas sobrevoando lixo


Fonte: iStock/Getty Images

Figura 5 – Lixão na Índia


Fonte: iStock/Getty Images

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No Brasil não é muito diferente, afinal, existem ainda muitos lixões em grandes
cidades, em locais inapropriados e manejados de forma indevida, poluindo os len-
çóis freáticos com chorume – a porção líquida que escorre dos lixos. Os problemas
ambientais causados por esses lixões são inúmeros: o lixo urbano é composto de
sólidos orgânicos, inorgânicos, materiais de uso hospitalar descartados clandesti-
namente – a Lei impõe um tratamento adequado, em geral, incineração ao lixo
infectocontagioso – e os resíduos sólidos de origem industrial. Assim, o tratamento
inadequado desses resíduos propicia a sua reutilização por pessoas que sobrevivem
do fruto da venda de alguns tipos de resíduos, tais como do lixo contendo alumínio,
ferro, vidro, papelão e, atualmente e em grandes quantidades, todo tipo de rejeitos
de aparelhos eletrônicos.

A utilização de restos de alimentos para consumo doméstico causa inúmeras do-


enças na população; ademais, o lixo urbano provoca incontáveis males ambientais
ao solo, aos lençóis freáticos, rios, lagos, oceanos e à atmosfera – com a incinera-
ção descontrolada. A Figura 6 ilustra um dos muitos lixões em cidades brasileiras:

Figura 6 – Lixão no Brasil


Fonte: iStock/Getty Images

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Composição da Atmosfera
Não é somente de contaminantes gerados a partir do lixo sólido que se contami-
na o meio ambiente. Gases exalados para a atmosfera terrestre que degradam a ca-
mada de ozônio também são considerados meios de poluição. O ozônio (O3) filtra
a radiação ultravioleta proveniente do Sol, que é nociva aos seres humanos, sendo
o excesso de tempo de exposição da pele a esses raios a principal causa de câncer
de pele em seres humanos. A Figura 7 ilustra as camadas da atmosfera terrestre:

Figura 7 – Camadas da Terra


Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images

A troposfera é a camada imaginária onde vivem todos os seres vivos e circulam


as aeronaves comerciais. Na estratosfera circulam os caças, ou seja, aviões super-
sônicos que necessitam de menos atrito com o ar para o trânsito de alta velocidade;
é onde está a camada de ozônio e onde se lançam os balões meteorológicos. Já
na mesosfera trafegam as ondas de rádio e os raios cósmicos. Encontramos na ter-
mosfera as naves em órbita e satélites. E a última camada, a exosfera, é onde figura
a formação da aurora boreal, que é a emissão de luz em decorrência da entrada de
partículas carregadas eletricamente e próximas aos polos.

Oxigênio (O2) e Nitrogênio (N2) são os gases mais abundantes na atmosfera,


onde há também, mas em significativa menor proporção, vapor d’água, gases
nobres e Gás Carbônico (CO2). Alguns gases estão em pequenas quantidades, mas

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são suficientes para causar, indiretamente, danos à vida, como é o caso do gás
carbônico oriundo de queimadas, fornos industriais, da queima de combustíveis etc.

A camada de Ozônio (O3), que nos protege da radiação ultravioleta, encontra-se


em uma altitude de 90 km da superfície da Terra. É formada pela exposição do
O2 aos raios solares, deixando oxigênio livre para a reação com moléculas de O2 e
posterior formação do O3.

O2 (g) → 2 O(g)

O(g) + O2 (g) → 1 O3 (g)

As moléculas de O3 ficam concentradas entre 20 e 35 km de altitude.


Dependendo da altitude em que se encontra – na troposfera –, o O3 não atua como
protetor solar e passa a ser um poluente conjuntamente com CO, CO2, CH4 e NO.
O ozônio é formado também na queima de combustíveis em carros e irrita o aparelho
respiratório, principalmente de crianças. Observe na Figura 8 a concentração de
ozônio na estratosfera:

70

60

50
Altitude (km)

40
Estratosfera

30

20

10

0
1010 1011 1012 1013
Concentração de ozônio (moléculas/cm³)

Figura 8 – Concentração de O3 na estratosfera


Fonte: Adaptado de Brown, 2014

Contudo, se a camada de ozônio diminuir significativamente, os raios Ultravioleta


(UV) atingirão a superfície da Terra, causando danos à vida terrestre e nos mares.

Existe o conhecido buraco na camada de ozônio, que já teve a extensão de


800 km, mantendo-se como motivo de preocupação, de forma que é monitorado
continuamente por agências espaciais tais como a Nasa. A figura a seguir ilustra a
evolução do buraco na camada de ozônio, o qual está localizado, principalmente,
sobre a Antártica.
Explor

Evolução do buraco na camada de ozônio: https://goo.gl/rVSqte

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UNIDADE Química Ambiental

A responsabilidade pela depleção da camada de ozônio é atribuída ao cloro dos


Clorofluorcarbonetos (CFC). Os CFC são usados como propelentes em latas de
aerossol – gás no estado líquido –, cuja função é fornecer pressão suficiente para
enviar ao ar, em forma de minúsculas partículas, o líquido de desodorantes, cremes
de barbear, inseticidas, tintas etc., tal como mostra a figura a seguir.

Os CFC são gases utilizados em refrigeração, concentrando CFCI3 e CF2CI2;


mas atualmente está em amplo desuso, em decorrência de ações de proteção am-
biental para tentar o restabelecimento da camada de ozônio. A princípio, não
causam males, isto é, no momento em que são lançados próximos à superfície
terrestre; porém, ao subirem e se dissiparem nas camadas mais elevadas da atmos-
fera, sofrem fotodissociação e, por fim, reagem com o O3 da camada, destruindo-a.
Explor

Lata de aerossol vista em corte, apresentando o seu interior: https://goo.gl/tvKaJ4

Os CFC foram utilizados amplamente por longo período. Após a descoberta da


depleção na camada de ozônio, na década de 1970, e com a descoberta dos pro-
blemas causados pelos CFC, na década de 1980, foram paulatinamente substituí-
dos pelo Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), os quais, segundo os estudos realizados
até então, não provocam reações na camada de ozônio.

Oceanos
Os oceanos são formados por água salgada e ocupam 71% da crosta terrestre.
Recebem os seguintes nomes: Pacífico, Atlântico, Índico, Glacial Ártico e Glacial
Antártico. Além dos oceanos, existem, no Planeta, mares, canais e golfos.
Os mares apresentam uma extensão menor que oceanos e comumente for-
mam interligações entre os quais. Todos têm grande importância para a manu-
tenção da vida na Terra, pois interferem no clima, principalmente na ocorrência
de chuvas e nevoeiros.
Os nomes dados aos oceanos referem-se às respectivas regiões onde se localizam,
a mitos e a outras características.
O Pacífico é o oceano mais calmo para se navegar e o maior em extensão e
profundidade, além de ser o menos estudado, justamente por causa de sua profun-
didade, que chega a ser maior que 30.000 metros. O Atlântico é o segundo em
extensão e seu nome tem origem em Atlas, divindade mitológica; suas águas são
as mais salgadas dos cinco oceanos. O Índico é um importante meio de transporte
de mercadorias, principalmente no escoamento comercial do petróleo que é pro-
duzido no Golfo Pérsico e Indonésia e provê a produção de frutos do mar da Ásia.
O oceano Antártico consegue rodear o Planeta com poucas águas salgadas (20%,
apenas), sendo utilizado para pesquisas marinhas, inclusive pelo Brasil, entre ou-
tros países – França, Nova Zelândia, África do Sul, Estados Unidos, Rússia etc. O

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Ártico também não é muito salgado, sendo utilizado intensamente para pesca e ao
transporte marítimo, pois as suas águas são extremamente geladas, apresentando
condições propícias ao crescimento de variedades de peixes de grande valor co-
mercial – o Quadro 1 ilustra os oceanos e as suas respectivas localizações na Terra.
A quantidade de sais dissolvidos na água salgada define a salinidade dos mares
e oceanos, de modo que dependerá da quantidade, em gramas, de sais secos em
um litro de água.

Quadro 1 – Oceanos
Oceanos Continentes
Separa as Américas da Ásia e da
Oceano Pacífico Oceania.
Separa as Américas da Europa, Ásia
Oceano Atlântico (Eirásia) e África.
Banha a parte sul da Ásia e separa a
Oceano Índico África da Oceania
Banha o Polo Norte, na faixa norte da
Oceano Glacial Ártico América do Norte e da Eurásia.
Banha a Antártica, sendo este
oceano, em algumas classificações,
Oceano Glacial Antártico considerado uma extensão dos
oceanos Pacífico, Atlântico e Índico.
Fonte: planeta-terra.info/oceanos-e-mares.html

Importante! Importante!

Quando ouvir oceano, não pense apenas em água salgada, ou somente na presença de
NaCL. Para tanto, veja, no Quadro 2, os inúmeros sais existentes nos oceanos.

Quadro 2 – Quantidade de sais nas águas salgadas


Constituinte iônico Salinidade Concentração (M)
Cloreto, CL- 19,35 0,55
Sódio, Na+ 10,76 0,47
Sulfato, SO42- 2,71 0,028
Magnésio, Mg2+ 1,29 0,054
Cálcio, Ca2+ 0,412 0,010
Potássio, K+ 0,40 0,010
Dióxido de carbono* 0,106 2,3 × 10-3
Brometo, Br- 0,067 8,3 × 10-4
Ácido bórico, H3BO3 0,027 4,3 × 10-4
Estrôncio, Sr2+ 0,0079 9,1 × 10-5
Fluoreto, F- 0,0013 7,0 × 10-5
*CO2 está presente na água do mar como HCO3- e CO32-
Fonte: Brown, 2014

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Problemas Ambientais nos Oceanos


Os maiores problemas ambientais em mares e oceanos são oriundos de:
·· Depósitos inadequados de resíduos sólidos e líquidos urbanos;
·· Excesso de turistas em épocas sazonais;
·· Despejos industriais; e
·· Resíduos de navegação comercial e de turismo descartados nos mares
e oceanos.
Por questões estratégicas, os grandes centros urbanos do mundo se localizam
próximos ao litoral, causando grande impacto ambiental nessas áreas. Por apre-
sentarem grandes possibilidades de meios de transporte, muitos territórios litorâne-
os são extremamente populosos e os detritos de esgoto doméstico e de indústrias
fazem parte da contribuição humana na degradação de áreas marítimas. Outro
contribuinte para a degradação são os desastres com petroleiros e plataformas ma-
rítimas com vazamento de petróleo ao mar. Tais desastres têm causado problemas
de todas as ordens, principalmente com consequências à fauna das águas atingidas.

Água Doce no Mundo


É considerada água doce aquela que possuir até 1% de sal.

Em nosso planeta, o teor chega a 2,5% em média; no entanto, deste percentual,


1,8% está congelado em geleiras, restando apenas 0,7% ao consumo humano –
correspondendo a cerca de 10,7 milhões de quilômetros cúbicos.

A quantidade de água no mundo é desigual em relação à distribuição entre pa-


íses e atinge principalmente as nações muito pobres, tais como as africanas. Isso
é decorrência do crescimento populacional, da poluição, da falta de programas de
sustentabilidade, do crescimento econômico e financeiro desenfreado dos países
ricos que impactam nas economias de nações pobres. Há quase total ausência de
agricultura irrigada, um crescente aumento da fome e das doenças provocadas pela
falta de saneamento básico. Os problemas naturais, como a seca permanente, são
também os causadores de muitas mortes em várias nações.

No Brasil, as precipitações de chuvas são em demasia nas fozes dos rios


Amazonas e Tocantins, locais que possuem pequenas densidades demográficas.
Em contrapartida, a impermeabilização de solo nas grandes cidades da região
Sudeste leva a enchentes, causando muitos danos à população, então por excesso
de água – em oposição ao caso africano.
Explor

Distribuição de água no Planeta: https://goo.gl/7bK5SJ e https://goo.gl/8j7RBa

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Lençóis Freáticos
Sempre que as águas naturais subterrâneas se acumulam entre as várias camadas
de rochas e a superfície da camada mais externa do solo, recebem o nome de
Lençóis Freáticos (LF) – observe a Figura 9, que ilustra onde se localizam os LF.
Essas águas são muito importantes para a preservação das nascentes dos rios, pois
se acumulam em profundidades maiores que a dos rios.

Acreditava-se que a poluição do solo e das águas demoraria a afetar as partes


subterrâneas do solo, os LF; no entanto, estudos demonstram que inúmeros agentes
poluidores já conseguem chegar a camadas mais profundas, atingindo os LF.

Os diferentes tipos de agentes poluidores são:


· Escavação de poços artesianos;
· Agrotóxicos utilizados em lavouras;
· Chorume de lixões irregulares;
· Coliformes fecais;
· Decomposição de substâncias orgânicas e inorgânicas de cemitérios;
· Metais oriundos de empresas (AL, Cr, Cd, Mn, Ba e Pb);
· Benzeno e outros compostos constituintes da gasolina, por ocorrência de
vazamentos de tanques de armazenamento em refinarias e distribuidoras;
· Resíduos líquidos de curtumes;
· Resíduos de mineradoras;
· Fossas irregulares;
· Salmonela; e
· Nanopartículas provenientes do uso de medicamentos e cosméticos. 

Alguns estudos atuais indicam que ar, água, solo e alimentos podem ser conta-
minados por nanopartículas – um nanômetro (nm) é igual a 1 × 10-9 m –, que são
partículas extremamente pequenas. As nanopartículas, além de microscópicas, têm
energia superficial muito elevada e, em tese, são de fácil contaminação humana
através da pele, sendo absorvidas por vários órgãos.

Os órgãos comprovadamente afetados são os dos sistemas respiratório e circu-


latório. Tais minúsculas partículas estariam em produtos à base de Ag, C, Ti, Si
e Zn. Os produtos existentes no mundo que utilizam esse tipo de tecnologia são
oriundos da indústria farmacêutica, vestuário, para utilização em casa, construção
civil, para jardinagem, automotivos, alimentos, eletrônicos, entre outros. Dessa
forma, pode-se também poluir os LF, pois tais produtos podem chegar às camadas
mais profundas do solo.

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A descontaminação dos agentes poluidores pode se dar, ironicamente, a partir


da síntese de nanopartículas polimetálicas, causando a degradação de diferentes
classes de poluentes, como os agroquímicos e fármacos contidos em águas e a
descontaminação de pigmentos coloridos utilizados em tingimento de tecidos na
indústria têxtil.

Leia a reportagem disponível em: https://goo.gl/TmkXs2, sobre uma nova tecnologia para
Explor

a descontaminação ambiental. Outra pesquisa, desta vez realizada com nanocristais


semicondutores fluorescentes de Sulfeto de Zinco (ZnS), material derivado do esqueleto
externo de crustáceos como camarões, caranguejos e siris, são utilizados para degradar
pigmentos orgânicos contaminantes, usualmente encontrados em águas industriais –
leia sobre em: https://goo.gl/zHKPYT e https://goo.gl/nAqeqk

Contaminação de Águas de Represas


por Hormônio Feminino
Quando se consome fármacos para qualquer tipo de doença ou reposição
hormonal, alguns resíduos após a metabolização pelo corpo humano podem pro-
duzir resíduos que, dispersos na urina ou fezes, podem contaminar as águas de
rios e lagos. Esse tipo de contaminante é chamado de emergente, que pode
contagiar as águas em quantidades extremamente pequenas – concentração de
nanogramas por litro. Tal concentração, contudo, pode causar problemas para
toda a cadeia alimentar.

Estudos indicam que já foram encontrados peixes feminizados e a formação de


óvulos em animais masculinos, fatos que se dão em decorrência da contaminação
das águas de rios, lagos e represas, após o contágio ao estrogênio usado em pílu-
las anticoncepcionais – tal fato é gravíssimo do ponto de vista da preservação de
algumas espécies.

Outro problema é o excesso de antibióticos dissolvidos nas águas, causando


maior resistência a bactérias e às doenças provocadas pelas quais.

Busque estudos de grupos de pesquisadores, afinal, mesmo em outros países a


Explor

nanotecnologia é relativamente nova, carecendo de estudos contínuos para chegarmos


a algumas conclusões, soluções e legislações aos problemas de poluição provocados
pelas nanopartículas. Por exemplo, leia o artigo disponível em: https://goo.gl/dBPrGf

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Ciclo Global da Água
Quando os raios de sol atingem os oceanos, a água no estado líquido passa ao
estado gasoso, sendo condensada em forma de nuvens. As gotinhas de vapor de
água podem sofrer cristalização e voltar ao solo como granizo ou água líquida, tal
como mostra a Figura 9:

Figura 9 – Ciclo global da água no Planeta


Fonte: Adaptado de Brown, 2014

O ciclo da água pode ser iniciado com a evaporação das águas dos oceanos que,
com as correntes de ar, são levadas para camadas mais altas e, portanto, mais frias.
Como os vapores de água se condensam formando água líquida, precipitam-se em
forma de chuvas.

Com o movimento das correntes de ar, as chuvas são carregadas para várias
partes e acabam sendo levadas para rios que, por sua vez, desembocam nos mares.
Dependendo da região, tais chuvas vão aos aquíferos e lá ficam armazenadas por
muito tempo – que pode corresponder a diversos anos ou até milênios, tal como
mostra a Figura 10. E o ciclo continua!

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UNIDADE Química Ambiental

Corrente

Lençol freático
Dias
Anos Anos Dias
Camada confinada

Aquífero confinado Séculos

Camada confinada

Aquífero confinado Milênios

Figura 10 – A água nos aquíferos

Química Verde
O termo Química Verde (QV) foi originalmente utilizado em 1991, nos Esta-
dos Unidos, quando foi publicada uma lei que indicava a prevenção de poluição
naquele país. À época, foi definida como: “O desenvolvimento de produtos quí-
micos e processos que buscam a redução ou eliminação do uso e da geração de
substâncias perigosas”.

Para essa redução de poluição, foram definidos alguns objetivos:


·· Aumento do uso de catalizadores em automóveis, diminuindo a poluição;
·· Desenvolvimento de processos químicos mais seguros;
·· Diminuição de poluição de todos os tipos;
·· Diminuição de produção de reagentes químicos;
·· Diminuição de produtos tóxicos;
·· Diminuição de resíduos;
·· Diminuição do uso de produtos industrializados;
·· Diminuição da produção de materiais com fontes não renováveis;
·· Melhora na eficiência das reações químicas;
·· Redução do consumo de água;
·· Uso racional de energia.

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Ademais, um popular exemplo brasileiro de ação em QV é a produção de
biodisel, a qual reduz em:
· 20% a emissão de enxofre;
· 9,8% a produção de anidrido carbônico;
· 35% a produção de hidrocarbonetos poluentes;
· 55% a produção de material sólido no ar;
· 78 a 100% a emissão dos gases causadores do efeito estufa;
· Integralmente a produção de derivados de enxofre e hidrocarbonetos
aromáticos.

Outra vantagem do biodiesel é a utilização de óleos sujos que, ao passarem pelo


processo de purificação para serem usados na produção do combustível, diminuem
o consumo de óleos virgens, como ilustra a figura a seguir:
Explor

Ciclo do biodiesel: https://goo.gl/2ktmeJ

Vejamos agora a produção de etanol como combustível, afinal, por ser uma
fonte de energia renovável, é considerada QV.

O Brasil é o maior produtor e consumidor de etanol do mundo, o que faz com


que diminua significativamente o uso do petróleo – sendo este um grande poluidor
do ar. A utilização do etanol como combustível diminui em 55% o uso de gasolina
– a Figura 11 ilustra as fases da produção de etanol no Brasil:

Cana-de-
açúcar-verde

Caldo-de-
Bagaço
cana

Fermentação Precipitação Queima

Torna-se Torna-se Transforma-se


etanol açucar em energia

Figura 11 – Fases de produção de etanol no Brasil

Seguindo em mais um exemplo de QV, o polímero utilizado na fabricação de


inúmeros produtos plásticos é produzido em várias partes do mundo, porém, a
partir de derivados de petróleo.

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O Brasil já fabrica “plástico verde”, que é o polietileno obtido a partir do álcool


etílico – etanol – da cana-de-açúcar, ou seja, por meio de uma fonte renovável. A
primeira empresa a produzir esse tipo de polímero foi a Braskem, que já fechou
contrato para a produção de plástico à Lego, além de sacos de lixo do mesmo
produto para incontáveis clientes. A figura a seguir ilustra as diferenças entre
produzir polímeros verdes e derivados de petróleo:
Explor

Diferenças na produção de polímeros a partir de cana-de-açúcar e petróleo:


https://goo.gl/gcv2BH

Constata-se que o Brasil está de parabéns por todas as iniciativas de produzir QV!

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Físico-Química – fundamentos
ATKINS, P. Físico-Química – fundamentos. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2003.
Físico-Química: para as Ciências Químicas e Biológicas
CHANG, R. Físico-Química: para as Ciências Químicas e Biológicas. São Paulo:
McGraw-Hill, 2010.
Química total
COVRE, G. J. Química total. São Paulo: FDT, 2001.
Química e reações químicas
KOTZ, J. C.; TREICHEL, P. Química e reações químicas. v. 1-2. 4. ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2002.
Química, um curso universitário
MAHAN, B. M.; MYERS, R. J. Química, um curso universitário. Trad. Koiti Araki; Deni-
se de Oliveira Silva; Flávio Massao Matsumoto. 4. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 1995.
Físico-Química
MOORE, W. J. Físico-Química. v. 1. [S.l.: s.n., 20--?].
Práticas de físico-química
RANGEL, R. N. Práticas de físico-química. 3. ed. rev. ampl. São Paulo: Edgard
Blücher, 2006.
Química Nova
REVISTA Química Nova, 2010, 2013, 2016.
Química geral
RUSSEL, J. B. Química geral. v. 1-2. 2. ed. São Paulo: Makron Books, 1994.

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Referências
ATKINS, P.; JONES, L. Princípios de Química: questionando a vida moderna e
o meio ambiente. Porto Alegre, RS: Bookman, 2001.

BROWN, L. B. Química, a Ciência central. São Paulo: Pearson, 2014.

CASTELLAN, G. W. Fundamentos de Físico-Química. 3. ed. Rio de Janeiro:


LTC, 1986.

MASTERTON, W. L.; SLOWINSKI, E. J.; STANITSKI, C. L. Princípios de


Química. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1990.

RUSSEL, J. B. Química geral. v. 1-2. 2. ed. São Paulo: Makron Books, 1994.

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