Disciplina: Introdução à História. 1° ano de Ciências Sociais. Noturno
Fichamento: Globalização e Nova Ordem Internacional – Octavio Ianni
Aluno: Silvio de Azevedo Soares
No texto “Globalização e Nova Ordem Internacional” Octavio Ianni marca
a idéia principal do texto ao afirmar que o novo, a globalização – este atual processo de expansão do capitalismo em âmbito mundial – “ao mesmo tempo que expressa e deflagra processos de homogeneização provoca diversidades, fragmentações, antagonismos”. Ou seja, uma relação em que o novo traz consigo sua negação, sua oposição, ao mesmo tempo em que busca firmar-se. Um novo que ainda embaralha os paradigmas e significados até então usados na compreensão da realidade (realidade então de um mundo bipolarizado pela Guerra Fria que atualmente encontra-se em uma série de novos rearranjos geopolíticos). Embora o autor constate a dificuldade em reconhecer essa nova realidade (globalização) quando não se mantém os olhos sobre o que é novo, o que é diferente, ele utiliza uma série de argumentos que comprovam que este processo já age e tenciona no planeta, ultrapassando fronteiras históricas, geográficas e culturais: mundialização do mercado, emergência de cidades globais, declínio do “Estado-Nação” e o surgimento de instituições que propõem poderes de projeção mundial. A expansão das corporações, conglomerados e centros financeiros por todo o planeta cria uma nova divisão internacional do trabalho, na qual Octavio Ianni vê formar-se o “trabalhador desterritorializado” ao mesmo tempo em que “que o mundo parece ter-se transformado em uma imensa fabrica”. Uma revolução nas condições de vida e trabalho produzida pelos processos que provocam, induzem ou comandam a globalização. Uma descentralização favorecida pela Guerra Fria que fez atingir a industrialização em nações subdesenvolvidas, periféricas, agrárias do Terceiro Mundo. Quanto à emergência das cidades globais, o autor acusa a formação de uma cadeia mundial de cidades que passam a exercer papéis de comando na expansão do capitalismo e na polarização das estruturas de poder global. Tais argumentos utilizados por Ianni trazem traços comuns: o auxilio das novas tecnologias (telecomunicações, computador, fax, etc.) no processo de desterritorialização de coisas, gentes e idéias; a transformação do planeta em uma “indústria mundial” além de mudanças no meio agrário (tecnificação e maquinização) que provocou a dissolução deste meio. E juntamente com esses demais movimentos da globalização, verifica-se o declínio do Estado-Nação, uma redução da soberania nacional, já que o Estado passa a submeter-se a decisões e diretrizes provenientes de estruturas de poder regionais e mundiais (tais como FMI, BIRD, OMC). Estruturas que expressam as configurações e contradições da sociedade global, porém, que pairam acima das soberanias nacionais e regionais. Salienta ainda, Octavio Ianni, que este novo ciclo de expansão do capital favoreceu-se também com a desagregação do bloco socialista, que criou novas condições e espaços para o desenvolvimento do capitalismo, propiciando ainda mais, uma acumulação do capital em âmbito realmente mundial. Entretanto este surto de expansão mundial do capitalismo tem em si a criação e a reprodução de desigualdades, carências, antagonismos. Este processo que busca homogeneizar o planeta, transformando o em um grande mercado, produz também diversidades, fragmentações. A globalização traz dimensões e elementos utilizados pelos próprios movimentos de oposição a esse processo. Octavio Ianni afirma que as manifestações da questão social, nos diferentes paises, adquirem outros significados, podendo alimentar novos movimentos sociais graças às dimensões globais alcançadas pela mundialização da questão social. Aponta também que “ indivíduos, grupos, classes, movimentos sociais, partidos políticos e correntes de opinião pública são desafiados a descobrir as dimensões globais dos seus modos de ser, agir, pensar, sentir, imaginar. Todos são levados a perceber algo além do horizonte visível, a captar configurações e movimentos da máquina do mundo”. Também os movimentos ecológicos, recebem uma nova força desta realidade, reabrindo enfaticamente a questão das agressões ao meio ambiente, afirmando que as políticas econômicas baseadas nesta globalização e industrialização “estão exaurindo a riqueza ecológica do nosso planeta, mais rapidamente do que pode ser reposta”. Verifica, o autor, que a própria cultura se vê frente a outros horizontes de universalização, ao mesmo tempo em que se reafirma ou recria em suas particularidades a partir de matrizes próprias combinadas a novos elementos culturais que caminham com a globalização. Enfim “no âmbito da globalização, compreendendo nações e nacionalidades, movimentos sociais e fundamentalismos, redes e alianças, soberanias e hegemonias, fronteiras e espaços, ecossistemas e ambientalismos, blocos e geopolíticas, nesse contexto multiplicam-se as condições de integração e fragmentação”, contribuindo para a criação da imagem caleidoscópica da atual realidade, que um olhar aguçado pode constatar por trás deste nuance de homogeneidade da globalização.