Você está na página 1de 27

1.

A Europa do pós-guerra: tentativas de unidade (1945-49)


1.1 1945: Ano zero para a Europa
 Esgotamento material e humano, destruições maciças, perdas irreparáveis;
 Fim da hegemonia europeia
 Desmantelamento do velho sistema das RI, alicerçado no equilíbrio das grandes potências europeias
(que, ao longo do século, disputaram a liderança continental do centro e do Oeste), é o começo
irremediável da dependência
 Abalo do prestígio político dos grandes Estados europeus:
 França: desacreditada pela derrota militar de 1940; com parte do seu território ocupado pela
Alemanha Nazi e com outra numa situação degradante de colaboracionismo com o inimigo
durante a Guerra; após o fim da Guerra é um dos 4 sentados à mesa das negociações, mais
por insistência dos EUA, do que por força de autoridade para impor, exigir ou influenciar o
que quer que fosse
 Itália: o grande aliado europeu do Eixo, semi-ocupada após a libertação, não contava nada
nas negociações entre os grandes
 Reino Unido: apesar do heroico esforço de resistência antinazi, estava exausto, sem marinha,
nem aviação, sem recursos financeiros, nem capacidade material para sobreviver por conta e
risco
 Alemanha: destruída e culpabilizada, só queria aspirar à sua sobrevivência, enquanto Estado-
Nação
 Neste panorama, são as duas superpotências extraeuropeias – EUA e URSS –, as grandes
responsáveis pela vitória sobre a Alemanha, que vão decidir o destino do Velho Continente, para
disputarem, mais tarde, os respetivos prolongamentos coloniais
1.2 Os primeiros esforços do entendimento europeu
a) O protagonismo francês
Quando Charles de Gaulle assume a chefia do governo provisório, em 1944, a sua ambição é recuperar a
“grandeza” da França e recompor o tabuleiro europeu para a reorganização de uma Europa francesa,
ancorada na cooperação internacional e na plenitude soberana dos Estados.
Esta ambição passava por 2 vetores:
o Neutralizar a possibilidade futura de a Alemanha poder comprometer esse desígnio estratégico de
uma ordem regional sob tutela gaulesa, não podendo a França riscar do mapa a sua vizinha rival: de
Gaulle pretendia, pelo menos no imediato rescaldo da segunda, reduzi-la em território (anexação de
uma parte de Renânia) e fragilizá-la industrialmente (internacionalização de Ruhr). O bom senso
político e histórico, a velha lógica ainda do equilíbrio entre potências e a oposição da Inglaterra e dos
EUA desfavoreciam qualquer solução desta natureza.
o Constituição de blocos ocidentais como contrapeso ou como frente antagonista perante a
eventualidade de um ressurgimento alemão. Foi com esse objetivo que de Gaulle procurou negociar
um organismo de cooperação económica com o Benelux e o Reino Unido, concluído em março de
1945 (associação coesa, “agrupamento ocidental”, para entreajuda económica, tendente para uma
união aduaneira).
 No entanto, este propósito fracassou à nascença devido às dúvidas neerlandesas e à oposição
britânica perante uma estratégia francesa que subordinava este projeto económico à sua
política para controlar a Alemanha
Com a demissão de Charles de Gaulle, em 1946, esta pretensão de marginalização da Alemanha, à custa da
respetiva soberania territorial e política, não encontrou idêntico eco nos seus sucessores.
A tática a utilizar pela França teria de ser mais adocicada e realista. A favorecê-la, uma ameaça nova, a
Guerra Fria, que iria dar o seu contributo decisivo na alteração da política francesa em relação à Europa e,
por via disso, em relação ao relacionamento com a Alemanha.
b) O alheamento britânico
O Reino Unido continuava a não estar interessado na reorganização internacional da Europa. A ilusão da
vitória e convicção da inalterabilidade do seu prestígio como potência contribuíram para reforçar a sua falta
de ambição em relação ao destino europeu. O Reino Unido aspirava um lugar ao lado das grandes
superpotências (EUA e URSS), um papel relevante no concerto do mundo e uma influência decisiva numa
parte do mundo (Commonwealth, colónias inglesas), em detrimento de uma terceira força europeia. O Reino
Unido vivia nesta ilusão de que ainda tinha capacidade de liderança no mundo.
A ideia de bloco político europeu continental não apetecível para o Reino Unido, era até indesejável, pela
perda de influência que poderia acarretar nas relações intraestatais ou nas de cooperação multilateral ao lado
das potências. Por outro lado, a contenção de possibilidade de uma desestabilização continental, parecia-lhe
mais credível se fosse alicerçado numa aliança com os EUA.
A tudo isto, acresce o facto de o governo inglês no período do pós-guerra estar nas mãos do partido
trabalhista inglês, que se preocupava acima de tudo com as dificuldades económicas e sociais internas e
levava a cabo uma experiência socializante no quadro de um Estado-providência (política que não era
identicamente partilhada pelos governos continentais). Por essa razão e, em virtude também do
protagonismo do seu adversário político (Wiston Churchill, em prol de uma Europa unida), esta causa não
era simpática para o governo de Clement Attle, no poder desde o verão de 1945.
c) A guerra fria alavanca da unidade e da cooperação europeias
“A comunidade europeia é filha da guerra fria” – os países europeus uniram-se a nível político e económico,
como contrapeso às duas superpotências (EUA e URSS). Parece inquestionável que sem o detonador do
conflito, que opôs o ocidente ao leste europeu, dificilmente se concebe que a construção europeia pudesse
arrancar e processar-se nas circunstâncias em que ocorreu. A motivação e o entusiasmo dos povos não eram
correspondidos pela disponibilidade e pelo empenho dos governos.
c 1.) A emergência e o adensamento do conflito leste-oeste
Existia uma tensão que se instala e que tem também como palco o próprio continente europeu. “A cortina de
ferro” (discurso de Wiston Churchill) que dividia o mundo em duas partes e o discurso de Harry Truman no
qual impunha uma política de contenção do expansionismo soviético.
Como reposta a estes discursos ocidentais, Jdanov elabora um relatório que vai estar na base da constituição
do Kominform (1947), que vai levar à constituição de partidos comunistas em todos os países satélites, que
vivem na esfera da URSS. Assim, este é um processo que tem o objetivo de organizar os países da Europa
central e de leste em democracias populares sob o controlo soviético.
Em 1948, a URSS passava a constituir a principal ameaça ao ocidente. O perigo vermelho não era apenas
uma ameaça externa, mas era também uma ameaça interna dentro dos países, com a instalação de partidos
comunistas que ascendiam. Por exemplo, o Partido Comunista Francês tinha grande implantação social e
política, dominava um poderoso sindicato e tinha uma implícita estratégia de assalto ao poder. O partido
Comunista Italiano dispunha de grande peso eleitoral e participava no governo.
Os americanos convenceram-se que a estagnação económica e a miséria social da Europa eram o alfobre
revolucionário que potenciara a ascensão do comunismo.
c 2.) A estratégia de contenção americana para a Europa Ocidental
Os EUA elaboram um plano para recuperar o Velho Continente, de forma a reforçar a sua posição na Europa
e conter o expansionismo soviético (Plano Marshall).
O plano Marshall tinha como eixo central a unificação da Europa, sustentada por várias razões articuladas
entre si: um programa europeu, que garantia uma gestão de ajuda mais eficaz; uma Europa unida, com a
integração da Alemanha; uma Europa estruturada e coesa, que dispensaria a permanência americana futura
com o fim das guerras internas no continente. Um plano assim para uma Europa organizada tinha ainda o
efeito compensador de aliviar a superprodução da indústria americana.
Este plano foi o motor de arranque para a retoma do crescimento europeu. As elevadas taxas de crescimento
económico, alcançadas por boa parte dos países europeus, provieram da aplicação de fundos em
infraestruturas, na educação e na saúde, para além de se ter assistido ao desenvolvimento de políticas
sociais.
Este plano não colecionou apenas êxitos, mas também fracassos, como foram os casos de Portugal, Grécia e
Turquia, que receberam recursos, mas que não se industrializaram nem se democratizaram ou apostaram na
construção de Estados Sociais.
d) A consciência e a aspiração da unidade europeia no pós-guerra
Finda a guerra, a aspiração longínqua multissecular da unidade ressurge das cinzas e do amontoado de
destroços. É brandida pelo discurso de Churchill de que é preciso construir os “Estados Unidos da Europa”,
tendo como alicerce a reconciliação franco-alemã, a proteção dos Estados Unidos e, se possível, a amizade
da União Soviética, para evitar que a civilização do Velho Continente desapareça na voragem de uma nova
era. Embora o apelo de Churchill provocasse reações adversas, teve o mérito de contribuir para reforçar a
cadeia de solidariedade de todos os que congregaram esforços para que a união europeia se realizasse.
Da convergência destes esforços unificadores, resultou o Congresso Europeu da Haia, em maio de 1948. As
decisões tomadas, no domínio económico, político e cultural são promissoras. A unidade era, doravante,
mais credível que nunca.
d 1.) Os movimentos europeus e a sua diversidade
A diversidade de movimentos que floresceram no pós-guerra agrupava-se, esquematicamente, em duas
correntes principais: os federalistas e os unionistas.
Os federalistas eram defensores de uma organização europeia com base numa estrutura central federal, ou
seja, de um governo europeu com verdadeiros poderes de decisão. Altiero Spinelli foi um dos grandes
defensores do federalismo. Os federalistas realizaram um Congresso em Montreux, em 1947, no qual se
propunha a transferência de uma parte da soberania dos Estados para uma autoridade federal.
Os unionistas eram partidários de laços menos fortes de associação europeia, no quadro essencial de
cooperação entre Estados que preservariam o essencial das suas prerrogativas soberanas. Defendem uma
espécie de confederação ou comunidade europeia. Os Estados retiram parte das suas prerrogativas
soberanas. Juntavam-se em torno do Movimento da Europa Unida, do qual Wiston Churchill fazia parte.
Para além de federalistas e de unionistas, destaca-se a União Parlamentar Europeia (1947), que se manteve a
independente a movimentos que surgiam na Europa. Defende o estabelecimento de uma Assembleia
europeia eleita pelos parlamentos nacionais.
Estes movimentos contribuíram para que se constituísse um Comité Internacional de coordenação dos
movimentos para a unidade europeia. O Comité dissolver-se-á no Movimento Europeu, ao qual todos os
movimentos aderiram, com exceção da União Parlamentar.
2. Uma cooperação internacional ampla e diversificada: a ação dos governos
a) Uma estratégia de segurança e defesa: duma estrutura europeia à organização atlântica
A convergência de esforços europeus no sentido da dua segurança autónoma conduziu à criação, em março
de 1948, de um primeiro dispositivo multilateral de segurança entre cinco Estados (Bélgica, França,
Holanda, Luxemburgo e Reino Unido), o Tratado de Bruxelas, que deu origem à União Ocidental.
O Tratado de Bruxelas consagrava algumas debilidades que condicionavam a sua capacidade de tornar-se
num instrumento de uma efetiva e coesa cooperação: a natureza e o modo de funcionamento institucionais
da organização; a oposição do Reino Unido a qualquer estratégia de integração europeia; a intenção dos
EUA de reconhecerem nela o meio para uma defesa atlântica.
Assim, o Tratado do Atlântico Norte foi assinado a 4 de abril de 1949 por 12 países. O comando militar era
colocado na Europa, sob tutela americana, e acordos bilaterais de ajuda militar eram realizados entre os
EUA e os parceiros europeus. Neste enquadramento, a União Ocidental, desprovida de força e de autoridade
credível, fica adormecida, em favor de uma união atlântica poderosa e dissuasora.
d.2) O Congresso da Europa de 1948: clivagens e resultados possíveis
O Congresso de Haia constituiu um momento alto do entusiasmo militante em prol da união europeia; as
decisões que aí se tomaram, apesar de terem revelado conceções e caminhos diferentes de unidade,
mostraram a vontade comum de lhe darem expressão prática, através da criação de instituições
internacionais.
Para dar viabilidade política a estas intenções, era indispensável que os governos as assumissem por sua
própria conta, dando cumprimento aos anseios e às propostas do referido colóquio internacional. Mas estes
divergiam em questões fundamentais: o Reino Unido aceitava apenas um organismo controlado pelos
governos a decidirem por unanimidade; a França, a Itália e o Benelux pretendiam o estabelecimento de
instituições de natureza democrática e supranacional.
Wiston Churchill teve um papel primordial na criação do Conselho da Europa, tendo em conta que idealizou
a constituição de um governo mútuo, no qual os Estados europeus consagrassem ideais democráticos.
A criação do Conselho da Europa reuniu em Estrasburgo, sendo que é constituído pelo Comité de Ministros
e pela Assembleia Consultiva. A coesão europeia pretendida não foi realizada, devido a dois obstáculos,
sendo eles a incapacidade de aprovar no seu seio um plano europeu viável e a obstrução por parte do
Conselho de Ministros em alterar a natureza do Conselho.
Como figuras proeminentes de todo o processo de criação do Conselho da Europa destacam-se Spaak,
Churchill e Bidault.
c) A cooperação económica no quadro multilateral
Dois anos após o termo da guerra, a situação económica da Europa era preocupante, em contraste com os
Estados Unidos, que pressionavam o Velho Continente a encontrar formas de cooperação e de unidade. Com
o Plano Marshall, os dezasseis Estados que favoreciam do mesmo acordaram em elaborar a convenção que
deveria criar a orgânica institucional responsável pela gestão da ajuda americana. Assim, criou-se a
Organização Europeia de Cooperação Económica (OECE) em abril de 1948.
PPT Pascoal:
Plano Marshall (1947):
 Plano de reconstrução económica e industrial europeia pelos EUA (investimentos, ajuda financeira,
empréstimos)
 Para contenção do avanço do comunismo na Europa ocidental
 Criação de mercados europeus
 E dinamização económica pela liberalização comercial intraeuropeia
Políticas económicas de abertura dos mercados ao comércio externo:
o Protecionismo (nacionalismo económico – aplicam determinadas políticas que impedem a entrada de
produtos estrangeiros no seu território)
o Comércio livre (liberalismo económico – liberalização das trocas entre países – o que dinamiza as
economias é precisamente a troca entre países, a nível de preços, etc.)
Políticas económicas de abertura dos mercados ao comércio externo:
 Liberalização económica como elemento central do projeto liberal de paz democrática (Kant,
Wilson…)
 Estados liberais democráticos não fazem guerra entre si
 Estados com economias interligadas não fariam guerra entre si (pela profunda interdependência entre
si)
 Criação de instituições comerciais e financeiras internacionais (FMI, BM, OIC/GATT/OMC)
 Pressão gradual para que essa interdependência europeia se materializasse em “integração
económica” (sinónimo de cooperação e prosperidade)
 O que acabaria por estar na génese da criação de comunidades europeias (CECA, etc.)
Obstáculos ao livre comércio:
 Taxas alfandegárias/aduaneiras (pautas aduaneiras muito diferenciadas)
 Outras barreiras não alfandegárias (quotas à importação, subsídios de produção, mecanismos
burocráticos…)
 Da sua gradual eliminação, sentir-se-iam impactos nos preços das mercadorias, no tempo e custo de
transporte, nos custos da conversão monetária, na escala/preços de produção
 Liberalização comercial: remoção de todos os obstáculos ao comércio (taxas alfandegárias, etc.)
Modelos de integração económica:
o Sistemas de preferências aduaneiras (acordos que um determinado Estado pode fazer com outro de
redução de taxas alfandegárias, por exemplo)
o Zona de comércio livre (remoção de barreiras alfandegárias entre países, por exemplo, a CEE foi
criada com o pretexto de uma zona de comércio livre)
o União aduaneira (mais de que uma zona de comércio livre é uma zona livre é também uma zona de
uma pauta aduaneira comum, ou seja, vão estabelecer percentagens comuns entre os países que
pertencem a essa união, essa união era liderada pela CEE)
o Mercado comum (a diferença entre a união aduaneira e o mercado comum é que para além de existir
a transação de produtos, implica também o capital e fatores financeiros)
o União económica (e monetária) – nos anos 90, foi criada a moeda única, permite que todas essa
perdas e questões financeiras relacionadas
o No caso da CEE, implementação faseada de objetivos:
 Numa primeira fase, a Zona de Comércio Livre e a criação da União Aduaneira com pauta
aduaneira comum (concretizado antes do prazo projetado)
 Posteriormente, criação de um MC/UM (adiado e só nos 1980s com AUE1986)
 UEM a partir de Maastricht 1993
2. A primeira comunidade europeia, êxitos e fracassos da integração federal (1950-54)
1950: o ano das grandes decisões e expectativas:
 Se a eficácia das organizações de iniciativa ou de tutela americana era inquestionável, não o era do
mesmo modo respeitante às que resultaram da congregação de esforços autónomos dos europeus: a
UO pouco ou nenhum resultado prático teve; o Conselho da Europa revelou-se incapaz de atuações
ousadas que favorecessem uma união estrutural mais estreita e vinculativa, prisioneiro que estava da
unanimidade
 A estratégia de integração lançada em 1950 é, por um lado, o resultado articulado da crise
internacional e é, por outro, a expressão da vontade de inovação institucional, que a visão de homens
como Jean Monnet souberam materializar num projeto ambicioso, mas realista face às
circunstâncias. A atuação política que dele resultou (Plano Schuman) não era o objetivo final. Era o
início de uma estratégia dinâmica que prosseguiria com a criação de um exército europeu (Plano
Pleven)
Jean Monnet:
 Primeiro presidente da comissão executiva da CECA, as suas ideias inspiraram o Plano Schuman
para pôr em comum a produção francesa e alemã de carvão e aço
 Com o eclodir da Primeira Guerra Mundial, em 1914, Monnet contactou o governo francês para lhe
propor coordenar melhor o transporte dos fornecimentos de guerra com os aliados da França
 Mais tarde, foi nomeado Secretário-Geral Adjunto da Sociedade das Nações quando esta foi criada
 Em 1943, tornou-se membro do Comitê Francês de Libertação Nacional. Foi nesse período, que
articulou a sua visão de uma Europa que, unida, garantiria a paz
Plano Schuman:
 Perante o recrudescimento das tensões internacionais no pós-guerra, Monnet sentiu que soou a hora
de dar um passo decisivo rumo à unidade europeia
 A 9 de maio de 1950, Robert Schuman, ministro dos Negócios Estrangeiros francês, proferiu a
“Declaração Schuman” em nome do governo francês, na qual apresenta um plano para uma
cooperação mais estreita, que propõe a integração das indústrias do carvão e do aço da Europa
Ocidental
 A declaração Schuman, inspirada e preparada por Jean Monnet, propunha que toda a produção
franco-alemã de carvão e de aço fosse colocada sob uma Alta Autoridade. Esta proposta assentava na
ideia de que, se a produção desses recursos fosse partilhada pelos dois países mais poderosos do
continente, esta seria a forma possível de evitar outra guerra
 O passo fundamental para a integração da Europa foi o Plano Schuman. É, de alguma forma, um
projeto ambicioso revolucionário pacífico: cria a primeira organização supranacional europeia,
realiza o facto notável da complexa aproximação franco-alemã e contempla uma orientação gradativa
que deveria culminar na união política europeia
Com o plano Schuman, a França:
o Respondeu favoravelmente à pressão americana para liderar a reconstrução da Europa
o Regulava a superprodução anárquica do aço
o Punha à disposição da sua siderurgia o carvão necessário, indispensável para a indústria pesada
o Punha termo à velha rivalidade com a Alemanha, submetia a indústria pesada desta ao controlo
internacional e comprometia-a na defesa europeia
Schuman era um homem de fronteira (Luxemburgo e França), o que foi valorizado, tendo em conta que as
guerras começaram tendencialmente entre fronteiras, portanto, acabaria por ser uma pessoa que não defendia
o despoletar deste tipo de guerras. Era um homem europeísta, patriota e anticomunista. Estas três convicções
coloca-as ao serviço dos três grandes desafios do momento: a unidade europeia, a segurança (outro).
A declaração de 9 de maio de 1950 e as negociações subsequentes:
 As razões são claras: uma necessidade que dimana de um imperativo estrutural, de uma conjuntura
difícil e de uma oportuna circunstância; um garante da paz e da impossibilidade material e moral do
retorno à hegemonia alemã; uma via realista perante a impossibilidade comprovada de uma união
abrangente e imediata
 Os objetivos são igualmente transparentes: uma proposta francesa para a Alemanha; uma construção
“funcional” a partir de necessidades concretas, prioritárias e comuns; uma autoridade comum
supranacional numa organização aberta a outros países; uma primeira etapa de um processo
conducente à “federação europeia” indispensável à paz.
Com base no Plano Schuman, a 18 de abril de 1951, seis países (Alemanha, França, Itália, Países Baixos,
Bélgica e Luxemburgo) assinam um tratado – Tratado de Paris – para colocarem as suas indústrias pesadas –
carvão e aço – sob um sistema de gestão comum. Desta forma, ao contrário do que aconteceu no passado,
nenhum destes países pode, por si só, fabricar armas de guerra para atacar os outros. A CECA entra em
funções em 1952, sendo Jean Monnet nomeado o primeiro presidente da Alta Autoridade. A França não
retificou a CECA em 1954, porque existiu uma radicalização da política francesa e um combate aceso entre
partidos políticos.
O fracasso da integração política – a rejeição da CECA:
 O êxito negocial do Plano Schuman e os resultados imediatos visíveis da CECA apelava para novos
impulsos integradores: setores diversos, como os transportes, a agricultura e a saúde. Contudo,
circunstâncias prementes impeliam a dar o salto decisivo numa área fulcral, que, bem-sucedida,
imprimiria uma dinâmica federativa incontornável: a defesa comum europeia, que suscitava a
unidade política
O Plano Pleven de exército europeu:
o Com a intensificação da Guerra Fria, a necessidade de defesa europeia tornava-se uma questão vital.
Os americanos redobravam as pressões sobre os europeus para que desenvolvessem esforços
substantivos para uma organização de defesa ocidental em reforço do Pacto Atlântico
o Este projeto é o produto da habilidade tática e da visão estratégica pragmática e humanista de Jean
Monnet. Considerava que a política de defesa francesa na Indochina era absurda e votada ao
fracasso. A melhor forma de contribuir para a pacificação da Indochina e da União Francesa seria,
em vez de gastar somas avultadas na guerra, investi-las em progressos materiais relevantes.
Assomado a isso, «substituir a política de “containment”, que coloca a iniciativa nas mãos de
Moscovo, por uma política de conjunto positiva e dinâmica conduzida em comum pelos EUA, pela
França e pelo Reino Unido».
o Apresentado por René Pleven; criado em maio de 1952 da Comunidade Europeia de Defesa; Esta
Comunidade Europeia de Defesa integraria uma Alemanha rearmada; proposta rejeitada em França,
contestada por gaullistas, comunistas e socialistas, em 1954
O que fazer a seguir?
 Questão do rearmamento alemão continuava em aberto
 Proposta de UK de reativação do Tratado de Bruxelas/UO de 1948
 Plano: rearmamento sob supervisão (e FA autónomas), expansão da UO à RFA e Itália e criação de
instituições intergovernamentais
União da Europa Ocidental:
o Nasce a União da Europa Ocidental (UEO) com os Cinco mais RFA e IT
o Tratado de Bruxelas “modificado” (1954)
o Institucionalização da UEO (UO não tinha estruturas)
o Igualdade da RFA perante os seus parceiros (que logo aderiu à OTAN também)
o UEO rapidamente moribunda
o Cooperação com a OTAN, mas sempre na sombra
o Fórum de discussão sobre questões de segurança com UK (e os EUA de fora)
o França retira-se da estrutura do comando unificado da OTAN nos anos 60s
o Artigo 5º
o Reativada nos anos 80
3. O mercado comum e a integração económica
18 de abril de 1951: assinatura, em Paris, do tratado que instituiu a Comunidade Económica do Carvão e
Aço
Êxitos e fracassos:
 No início do seu funcionamento, a CECA foi confrontada com uma forte redução da procura do
carvão e do aço no pós-guerra que poderia ter lançado a Europa numa perigosa recessão económica.
Contudo, superado esse momento, a CECA funcionou bem, assegurando um desenvolvimento
equilibrado da produção e da distribuição dos recursos
 Face à crise profunda destes setores, nos anos 70 e 80, a CECA conseguiu organizar uma resposta
articulada que permitiu proceder às reestruturações e às reconversões industriais necessárias, com
atenção para os aspetos relativos à proteção dos direitos dos trabalhadores, na linha do modelo social
europeu
 Mas foi sobretudo no plano político que se pode avaliar a dimensão inovadora da CECA: foi ela que
lançou um processo original baseado na convicção da partilha de um destino comum e com uma
visão a longo prazo. A colaboração serena e estruturada entre parceiros pôde assim sobrepor-se à
confrontação, muitas vezes, violenta entre inimigos
 A CECA encontra-se na base do modo de organização original que caracteriza hoje a UE, que
consiste na criação de um sistema regulamentar autónomo, animado por instituições independentes
dotadas dos poderes e da autoridade necessários para fazer funcionar o sistema
 Neste contexto, a CECA contribuiu grandemente para a situação de paz, estabilidade, prosperidade e
solidariedade que é hoje a EU. Assistiu-se, no entanto, ao fracasso da integração política, ao assistir-
se à rejeição da comunidade de defesa e da união política europeia
A estratégia da integração económica. O Mercado Comum (1955-1968)
a) A indiferença e pessimismo de muitos
 Em França, a opinião geral favorável a progressos unificadores situava-se, de acordo com sondagens
de novembro de 1955, em menos de metade (45%), tendo descido vertiginosamente no período de
um ano
b) Desorientação e divergência de uns tantos
 O movimento europeu, por sua vez, encontra-se dividido. As divergências são notórias no campo
federalista, em particular, na União Europeia dos Federalistas (UEF)
c) Vigilância e determinação de uns poucos
 Mas nem tudo é desanimador desta atmosfera europessimista após o fracasso da CED. Uma minoria
de europeístas estão decididos a não esperar por ventos mais favoráveis. Destacam-se, sobretudo,
Jean Monnet, Joahan Villem Beyen e Paul-Henri Spaak
O relançamento de Messina:
 Fazendo a ponte e o compromisso de sinergias com opções diferenciadas, mas com o mesmo
propósito unificador, os seis da CECA convergiram em Messina no sentido da realização de uma
união económica global e de uma união setorial no domínio da energia
 Por volta de 1955, o sentimento e a atitude geral face à integração não são animadores. Subsiste,
contudo, uma forte determinação num grupo minoritário capaz de influenciar ou provocar atuações
unificadoras
 Seis dirigentes políticos europeus reuniram-se em Messina em junho de 1955. Uni-os o compromisso
de um consenso para a reativação de esforços comuns unitários, embora com diferenças palpáveis de
intensidade e de alcance. Tomaram uma decisão – relançar a Europa – e confiaram a Spaak a missão
de presidir a um comité especial que deveria elaborar propostas claras para conseguir este objetivo
Os resultados da conferência:
o A “Resolução de Messina” foi um catálogo de objetivos a seguir, perspetivado em quatro conjuntos
articulados:
 Por um lado, implementar condições ou suportes da integração: desenvolvimento em comum
de grandes vias de comunicação (rede europeia de canais, de autoestradas e de linhas
elétricas, estandardização de equipamentos) e de capacidades energéticas (clássicas e
atómicas)
 Estabelecer as organizações comuns: a da energia atómica para “fins pacíficos” e a de um
mercado comum europeu, com abolição de direitos alfandegários e restrições quantitativas
 Criar um fundo de investimento europeu que deve visar sobretudo o desenvolvimento das
regiões menos favorecidas dos Estados participantes
 Atender de forma progressiva à harmonização social, no respeitante à duração das horas de
trabalho, às remunerações, aos subsídios, entre outros
O trabalho do Comité Spaak:
 Era a resposta à grande questão dilemática da Conferência de Messina: mercado comum geral ou
integração sectorial?
 Soldava-se por um compromisso entre divergências: a dessintonia entre a preferência alemã pela
liberdade comercial e a preocupação francesa de liberdade controlada por políticas comuns
europeias; a oposição entre a competência supranacional e a cooperação intergovernamental
 O relatório do Comité Spaak foi apresentado aos Seis em 21 de abril de 1956. Materializava-se, pois,
numa proposta de solução conciliatória, pragmática e prospetiva:
 “Criar uma vasta zona de política económica comum”, com regras e ações comuns;
diferenciar dois projetos distintos, duas comunidades autónomas (Mercado Comum e
Euratom)
 Instituir uma engrenagem orgânica original e uma fórmula de decisão inovadora (“método
comunitário”), assentes num Conselho de ministros que decida por unanimidade ou por
maioria qualificada, conforme as matérias (vertente intergovernamental) e numa Comissão
independente que proponha e execute (valência supranacional)
 Reunidos em Veneza, de 29 a 30 de maio de 1956, os seis ministros dos Negócios Estrangeiros
aprovaram este relatório como base da negociação entre os Estados, que iria decorrer ao longo de
quase um ano e conduziria aos tratados de Roma
 25 de março 1957: Assinatura em Roma dos Tratados que instituem a Comunidade Económica
Europeia (CEE) e a Comunidade Europeia da Energia Atómica (Euratom), que entrarão em vigor em
1 de janeiro de 1958
 4 de janeiro de 1960: por iniciativa do Reino Unido, a Convenção de Estocolmo cria a Associação
Europeia de Comércio Livre (EFTA), que reúne vários países europeus que não fazem parte da CEE
PPT Pascoal:
Tratado de Dunquerque entre Reino Unido e França (1947):

 Aliança militar
 Baseada na assistência
 Dirigido (ainda) contra a Alemanha
Conferencia de Londres (1947) para debater o futuro da Alemanha: os “quatro grandes” não chegam a
acordo.
Fatores contextuais para o afastamento dos “quatro grandes”:
o Crise do bloqueio de Berlim (1948-9)
o Subjugação da Checoslováquia (1948)
o Acordo entre EUA, UK e FR para a criação de uma RFA (1949)
Conferência para a Segurança e Cooperação:
A Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) é uma organização de países
do Ocidente voltada para a promoção da democracia, direitos humanos e liberdade de imprensa na Europa.
A OSCE teve origem na CSCE (Conferência sobre a Segurança e a Cooperação na Europa), realizada
em Helsinque em 1975.
 Características do confronto bipolar:
 Corrida ao armamento
 Condução de guerras “por procuração”
 Dissuasão nuclear
 Proposta reiterada de realização de uma conferência à escala europeia:
 Aposta na coexistência pacífica
 Travar integração europeia
 Resolver a questão alemã
 Bloco ocidental sempre cético em relação a estas propostas. Mas alguns elementos novos:
 Aumento do poder nuclear soviético (paridade em 1964)
 Presença soviética muito superior à dos americanos na Europa
 EUA a quererem diminuir presença na Europa e delegar responsabilidades nos seus aliados
 Guerras no Vietname e no Médio Oriente
 Ostpolitik (Willy Brandt)
 Visita à Polónia, reconhecimento mútuo e estabelecimento das relações diplomáticas
 EUA e URSS em negociações nesta altura sobre limitação sobre armamento e não-
proliferação nuclear
 EUA acordam dar início a uma Conferência para a Segurança e Cooperação Europeia
 Em troca, abertura de conversações sobre redução mútua de forças na Europa
 46 rondas de conversações até 1989
 Conjunto de conversações entre 1972 e 1975
 35 estados envolvidos em Genebra e Helsínquia
 Todos os estados europeus (menos a Albânia) mais EUA e Canadá
 Negociações em torno de quatro “cestos”:
 Princípios que guiam as relações entre estados participantes e construção de confiança
 Cooperação económica, científica, tecnológica e ambiental
 Cooperação europeia em contactos humanos
 Follow-up da conferência
Ata final de Helsínquia (1945):
 Que confirma a regularização das relações inter-estatais na Europa. Princípios centrais:
o Igualdade soberana
o Inibição do uso da força
o Inviolabilidade das fronteiras
o Integridade territorial
o Resolução pacífica de disputas
o Não-intervenção em assuntos internos
o Respeito pelos direitos humanos e liberdades fundamentais
o Autodeterminação dos povos
 Qual a importância desta CSCE e da sua Ata Final?
o Questão das provisões sobre DH (aparentemente anódinas para a URSS) foram apropriadas
pelos dissidentes soviéticos nos 1970-1980s
o Importância para a solidificação da CPE
o Base para a criação de uma OSCE pan-europeia no pós-Guerra Fria
4. A crise internacional e a perspetiva de reforma (1969-1984)
25 de março de 1957 – assinatura, em Roma, dos Tratados que instituem a CEE e a Euratom
No período que se segue à entrada em vigor dos Tratados de Roma, em 1958, até ao início do terceiro
relançamento comunitário em 1985, diferenciam-se 2 fases:
 1ª – Até 1968: caracterizada pela influência e pelo protagonismo de Charles de Gaulle, que imprime
uma marca profunda na construção comunitária, quer no sentido em que contribui para a execução da
liberalização económica prevista no Mercado Comum, quer também pela oposição à aplicação e ao
desenvolvimento de aspetos importantes no domínio do aprofundamento supranacional da integração
europeia
 2ª – A partir de 1969: inicia-se com a substituição de Gaulle por Georges Pompidou e é marcada, nos
anos subsequentes, pelo primeiro alargamento comunitário – com a entrada do RU (a que de Gaulle
se opusera em 1963 e 1967), da Dinamarca e da Irlanda –, e pela implementação de algumas medidas
de aprofundamento, pelo choque petrolífero e pela crise que se seguiu, que teve repercussões no
alastramento de impasses na construção europeia e por tentativas malogradas de reforma comunitária
Charles de Gaulle (1890-1970):
 Presidente entre 1958 e 1969
 Enfrentou os protestos generalizados de estudantes e trabalhadores, durante o maio de 68, mas
contou com o apoio do exército
 Renunciou em 1969, após perder o referendo, no qual propunha uma maior descentralização na
administração francesa
Georges Pompidou (1911-1974):
o Presidente da França (1969-1974)
o Conservador moderado relançou as relações externas com os EUA
o Manteve uma relação de proximidade com os países recém-independentes em África
Inovações e limitações comunitárias durante o decénio (1958-1968):
Dois aspetos devem ser diferenciados:
1) A afirmação da CEE: no domínio das inovações maiores, 2 áreas concentraram o essencial das medidas
tomadas e dos progressos registados:
 a liberalização aduaneira: aceleração do desmantelamento das imposições tributárias dos Estados-
membros; estabelecimento de compensações tributárias, no âmbito da GATT. Esta relativa facilidade
na antecipação do desarmamento aduaneiro beneficiou de condições favoráveis: situou-se, por um
lado, num clima de expansão económica forte, o que proporcionou protecionismos nacionais menos
escrupulosos e aspirações livre-cambistas mais abertas e disponíveis; pôde contar, por outro, com a
organização de grupos económicos interessados, que se constituem em termos da Europa e da sua
construção.
 a comunitarização da agricultura: os princípios que deveriam superintender no funcionamento da
PAC foram definidos a junho de 1960: livre circulação dos produtos agrícolas; organização dos
respetivos mercados; preferência comunitária das produções próprias e solidariedade financeira. O
comércio agrícola comunitário foi multiplicado por sete, a PAC tornou-se um instrumento de
proteção dos agricultores, criou um verdadeiro Estado-Providência agrícola e tornou-se a expressão e
o símbolo da integração europeia.
Outras áreas, em que o Tratado de Roma previa também intervenções, as atuações foram muito limitadas:
são os casos da circulação da mão-de-obra e dos capitais, na área dos transportes e no domínio social
2) Retração da CECA e a estagnação da Euratom: a marginalização da CECA exprimiu-se sobretudo no
enfraquecimento dos poderes da Alta Autoridade, por fatores económicos (a) e por fatores políticos (b):
 a) No que concerne aos fatores económicos, importa destacar a crise carbonífera e do aço nos
anos 60, que teve várias expressões: o afundamento do consumo do carvão em proveito do
petróleo, a chegada abundante de carvão americano de reduzido custo, a importância maciça
do aço dos EUA, do Japão e da URSS a baixo preço, facilitadas pela ausência da tarifa
externa comum
 b) No âmbito dos fatores políticos, verifica-se uma incapacidade da Alta Autoridade para
impor soluções comunitárias, resultante de pressões políticas e ideológicas contrastantes, mas
com efeito convergente na atuação do poder supranacional comunitário. São disso exemplos:
o O liberalismo alemão no poder (o democrata-cristão, Ludwig Erhard, chanceler da RFA,
entre 1963 e 1966, era avesso às políticas de planificação dirigista e a favor da “mão
invisível” do mercado)
o O jacobinismo do primeiro-ministro francês, Michel Debré (1959-1962), em nome de uma
conceção soberana do aparelho industrial
o O intergovernamentalismo gaullista (de Gaulle) que desdenhava dos “autodenominados
“executivos” de organismos comuns” pomposamente crentes nas suas “ilusões da
integração”, mas incapazes ou lentos perante dificuldades que “só os governos estão em
condições de resolver”
A imobilização da Euratom foi a expressão do fracasso da política nuclear comum.
Para esta passividade atómica comunitária contribuíram efeitos de conjuntura – a utilização de energia
nuclear tornou-se menos atrativa nos anos 60 do que no período anterior – mas, sobretudo, divergências
nacionais e insuficiências normativas.
A atitude de independência da França em matéria nuclear foi, sem dúvida, um pesado fator de obstrução.
Entre o alargamento e a perspetiva de reforma. A Europa e a crise internacional (1969-1984):
 a) Figuras de relançamento perante os novos desafios comunitários:
Georges Pompidou:
 Tem, como de Gaulle, uma visão intergovernamental nas relações multilaterais europeias e dá
preferência à fórmula de União de Estados, recusando quaisquer avanços federalistas, por parte,
sobretudo, da Alemanha e do Benelux;
 Em relação às comunidades económicas, deseja uma união económica e monetária (para apoiar o
franco), mas sem natureza supranacional;
 Deseja uma política energética, mas sem a América. Uma tal conceção de Europa pesará nas
Comunidades, que não são capazes de encontrar uma resposta à altura da crise internacional –
energética, económica, monetária –, subsequente ao primeiro choque petrolífero de 1973
Giscard d’Estaing (1926-2020):
 Pompidou faleceu em 1974, sem concluir o mandato. d’Estaing, o novo presidente eleito, que tem
mais sentido europeu que os seus precedentes, fará, no âmbito institucional, a síntese entre a
governamentalidade e a supranacionalidade.
 O presidente francês (1974-1981) reforça o papel intergovernamental – com o estabelecimento das
cimeiras dos chefes de governo e de Estado num Conselho europeu regular – mas não para diminuir
o papel dos órgãos supranacionais e sim para estimular o seu funcionamento.
 Retira o veto francês à eleição do PE por sufrágio universal; favorece o recurso menos sistemático à
unanimidade e, com o seu parceiro alemão, chanceler Helmut Schmidt, implementa a criação do
Sistema Monetário Europeu (SME)
 Contudo, por muito decisiva que fosse a influência da atitude da França em relação à Europa, só
produzirá, em geral, resultados efetivos quando suportada na pareceria privilegiada e indispensável
com a Alemanha.
Willy Brandt (1913-1992):
 Político social-democrata alemão
 Presidente de Berlim entre 1957 e 1966
 Chanceler da RFA entre 1969 e 1974
 Pelo seu esforço para uma maior cooperação entre países do oeste europeu através da CEE e sua
Ostpolitik, cujo objetivo era a normalização das relações com os países do Bloco do Leste, foi-lhe
atribuído o Nobel da Paz em 1971
Helmut Schmidt (1918-2015):
 Membro do Social Democratic Party of Germany (SPD)
 Chanceler da RFA entre 1974 e 1982
A Europa comunitária vai ter de contar, doravante, com um novo parceiro de peso, o Reino Unido, cujos
interlocutores terão de ser seriamente tidos em conta pela sua dupla dirigente franco-alemã:
Edward Heath (1916-2005):
o Primeiro-ministro inglês entre 1970 e 1974
o Líder do Partido Conservador entre 1965 e 1974
o Negociou e colocou o seu país na Europa integrada
Harold Wilson (1916-1995):
o Primeiro-ministro inglês entre outubro de 1964 e junho de 1970 e, outra vez, entre março de 1974 e
abril de 1976
o Líder do Partido Trabalhista entre 1963 e 1976
o Pediu a renegociação da adesão do Reino Unido à CEE
Margaret Thatcher (1925-2013):
o Primeira-ministra inglesa entre 1979 e 1990
o Líder do Partido conservador entre 1975 e 1990
o Pediu a renegociação da adesão do Reino Unido à CEE, nomeadamente na parte relativa à
contribuição britânica para o orçamento comunitário
Conferência de Haia, 1 e 2 de dezembro de 1969:
o Conscientes da estagnação europeia e dos impasses resultantes da recusa gaulista da adesão do Reino
Unido, os dirigentes presentes na conferência decidiram um programa de ação expresso em três «A»:
acabar, alargar e aprofundar
 Acabar o Mercado Comum era concluir um regulamento definitivo e eficaz para o
financiamento da PAC, perturbada por um aumento galopante das despesas de garantia dos
preços e dos rendimentos e agravada ainda pela instabilidade recente na paridade de moedas;
 Alargar a comunidade era encontrar uma plataforma confortável que permitisse a entrada de
novos candidatos e os comprometesse na aceitação e no cumprimento do acervo comunitário;
 Aprofundar a unificação europeia era chegar a acordo sobre um plano de união por etapas,
em particular no comprometimento de uma união económica e monetária.
o É aceite pelos estados-membros o estabelecimento de uma união económica e monetária (UEM) num
prazo de 10 anos. O objetivo final consistia em alcançar uma plena liberalização dos movimentos de
capitais, uma convertibilidade total das moedas dos Estados-Membros e uma fixação irrevogável das
taxas de câmbio
o O colapso do sistema de Bretton Woods e a decisão do Governo dos EUA, em 1971, de deixar o
dólar flutuar provocaram uma onda de instabilidade cambial, que colocaram seriamente em causa as
paridades entre as moedas europeias. Nessa sequência, o projeto da UEM parou bruscamente
o Marca o renascer da vontade política de construir uma Europa unida: as suas resoluções tendem para
consolidar, reforçar e alargar a Comunidade
o Acordo sobre a integração do Reino Unido nas Comunidades, iniciando a política externa e a
cooperação (a Cooperação Política Europeia), tendo integração para além da economia
O primeiro alargamento:
 A 22 de janeiro de 1972, são assinados, em Bruxelas, os tratados de adesão da Dinamarca, da
Irlanda, da Noruega e do Reino Unido às Comunidades Europeias
 Edward Heath assina o tratado de adesão do Reino Unido às Comunidades Europeias (Bruxelas, 22
janeiro de 1972)
 Heath, o verdadeiro protagonista da adesão britânica, que facilitou as negociações,
mostrando-se pouco exigente e bastante colaborante.
 Existiam, contudo, dificuldades relevantes e razoáveis a resolver, entre as quais a matéria
complexa da contribuição para o orçamento comunitário. Não sendo um país agrícola e
estando historicamente dependente de importações de países terceiros, da Commonwealth e
não só, a preços baixos, dificilmente poderia suportar o aumento considerável dos preços
finais, acrescido das taxas agrícolas, dos direitos alfandegários e dos impostos sobre o valor
acrescentado (IVA).
 Nesta condição, não sendo o Reino Unido beneficiário da PSC, previa-se que colhesse
benefícios reduzidos do orçamento comunitário, em contraste com a entrega de encargos
contributivos pesados, solicitava, por conseguinte, um justo retorno. O acordo sobre esta
matéria foi conseguido através de um duplo compromisso: o RU disporia de um período
contributivo progressivo; as compras aos parceiros da Commonwealth ficariam dependentes
da aceitação de acordos com as Comunidades
 As negociações com os restantes candidatos. A especificidade norueguesa:
 As negociações com os restantes parceiros não foram, em geral, complicadas. Para a Irlanda,
país rural, pouco desenvolvido, a adesão era vital, apesar das dificuldades previsíveis da
adaptação. Para a Dinamarca, país com uma agricultura moderna, exportadora, tendo como
clientes principais a RFA e o RU, a integração era proveitosa.
 Para a Noruega, os benefícios presumíveis não eram assim tão evidentes: a sua agricultura era
irrelevante, subvencionada e pouco produtiva, com preços altos, a exigir um longo período de
adaptação; a pesca, em contrapartida, era um setor vital, representava cerca de 50% do total
da CEE
 Ora, a Noruega protegia zelosamente as suas riquezas marítimas e o acesso irrestrito às suas
águas territoriais estava fora de questão. O entendimento foi conseguido através de um
compromisso.
 O segundo alargamento, a sul:
 A 1 de janeiro de 1981, a Grécia tornou-se oficialmente um dos Estados-Membros das então
Comunidades Europeias. Assim, materializou-se o segundo alargamento. O Tratado de
Adesão havia sido assinado a 28 de maio de 1979
 A 12 de junho de 1985, são assinados os Tratados de adesão da Espanha e de Portugal às
Comunidades Europeias.
 Consequências decorrentes do alargamento:
 Com estes dois alargamentos, criou-se uma Europa comunitária muito heterogénea:
 Por um lado, a estrutura das receitas e das despesas do orçamento comunitário criava
desigualdades acentuadas de benefícios entre os montantes entregues e os valores recebidos;
 Por outro, ao clube dos países ricos, da primeira comunidade dos Seis, acrescido de outros do
primeiro alargamento, vem contrapor-se, com o segundo alargamento sobretudo, um núcleo
de países mais carenciados, com patamares inferiores de desenvolvimento, que acentua
grandemente as disparidades regionais dum vasto e descontínuo conjunto territorial
heterogéneo
Aprofundar a integração
A perspetiva da união económica monetária:
 A ideia de uma unificação monetária vinha de longe. Mas foi a iniciativa alemã, na cimeira da Haia
de 1969, que, num contexto de crise monetária internacional, determinou a apresentação do plano
Werner, no qual se propunha a realização da união económica e monetária por etapas.
 Considerado demasiado ambicioso por alguns, apenas se conseguiu uma primeira experiência
malsucedida de coordenação das paridades das moedas, a «serpente monetária». Na sequência deste
falhanço, é posto em funcionamento um sistema monetário europeu (SME), primeira etapa bem-
sucedida dum efetivo processo de unificação que resultará mais tarde, no final da década de 90, na
moeda única europeia
A cimeira de Paris de 1972:
 A 19 de outubro são definidos novos campos de ação para as Comunidades, nomeadamente a política
regional do ambiente e da energia
 A CEE tentou imprimir um novo impulso à integração monetária com a criação da “serpente no
túnel”: um mecanismo de flutuação controlada das moedas (a “serpente”) dentro de margens de
flutuação estreitas em relação ao dólar (o “túnel”)
 Incapaz de resistir à crise petrolífera, à debilidade do dólar e às divergências na política económica, a
“serpente” perdeu a maioria dos seus membros em menos de 2 anos, ficando reduzida a uma “zona
do marco”, que incluía a RFA, os países do Benelux e a Dinamarca
A 22 de julho de 1975: é assinado um tratado que reforça os poderes orçamentais do Parlamento Europeu e
cria o Tribunal de Contas Europeu. Entra em vigor a 1 de junho de 1977.
A 1 de dezembro de 1975: é decidida a eleição do Parlamento Europeu por sufrágio universal. Foram
necessários 25 anos para que a Comunidade tomasse esta decisão, muito embora a eleição já estivesse
prevista nos tratados de Roma.
Na Cimeira de Bremen, que ocorre entre 6 e 7 de julho de 1978, a França e a RFA propõem o relançamento
da cooperação monetária através da criação de um Sistema Monetário Europeu (SME), que deverá substituir
a “serpente”. O SME começa a funcionar a 13 de março de 1979.
O Sistema Monetário Europeu (SME):
 Com o fracasso da serpente monetária, os responsáveis europeus procuram fórmulas alternativas para
cuidarem da estabilidade das respetivas moedas. É neste contexto que o presidente da Comissão
Europeia lança uma proposta tendente à união monetária. Considerava-se importante sair da
hegemonia monetária americana, estabilizar as moedas comunitárias e fazer convergir a economia
europeia
 Todos os Estados comunitários, com exceção do RU, participaram, embora se tenham verificado
desistências (Portugal, Grécia). Obteve um sucesso incontestável, garantiu uma razoável estabilidade
económica e encorajou a disciplina financeira
 O SME foi capaz de resistir ao segundo choque petrolífero de 1979-80, à alta do dólar e das taxas de
juros de 1980-85. Teve a vantagem acrescida de funcionar como mecanismo de pressão sobre os
governos para procederem a alterações das suas políticas económicas e se comprometerem nas
obrigações resultantes do sistema monetário comum
 Apesar de ser por vezes designado como a serpente melhorada, a verdade é que comportava uma
novidade importante em relação à versão anterior: tinha uma unidade de conta própria (ECU) e não
se correlacionava diretamente com uma divisa externa (o dólar americano)
 Baseava-se no conceito de taxas de câmbio fixas, mas ajustáveis
 As moedas de todos os Estados-Membros, exceto o Reino Unido participaram deste mecanismo de
taxas de câmbio
 As taxas de câmbio eram baseadas em taxas centrais em relação ao ECU (“European Currency
Unit”), a unidade de conta europeia, que consistia numa média ponderada das moedas participantes
 Ao longo de dez anos, o SME contribuiu muito para reduzir a variabilidade das taxas de câmbio:
 A flexibilidade do sistema, aliada à vontade política de atingir uma convergência económica,
permitiu alcançar a estabilidade monetária
A 28 de fevereiro de 1984 foi lançado o European programme (EEC) for research and development in
information technologies (ESPRIT). O seu objetivo era promover a investigação e o desenvolvimento no
domínio das tecnologias da informação.
7 de janeiro de 1985, Jacques Delors assume a presidência da Comissão Europeia (1985-1995).
1) sucesso ou insucesso do ato único europeu:
A nível de sucesso, o Ato Único Europeu, através de medidas concretas e pragmáticas, permitiu a
transformação do mercado interno num mercado comum, reformou as instituições, criou competências,
preparou o terreno para a integração política e, mais tarde, para a unificação monetária. Para além disso,
executou a reforma da PAC e reestruturou o orçamento comunitário.
A nível de insucesso, foi o facto de o Ato Único Europeu não ter conseguido realizar os seus objetivos no
tempo predeterminado.
2) tratado de Maastricht linhas principais:
O Tratado de Maastricht está assente em três pilares: a Comunidade Europeia; a Política Externa e de
Segurança; Justiça e Assuntos internos. Insere-se ainda em duas vertentes fundamentais, que são o início da
união política e a realização de uma união económica e monetária.
3) justificar porque é que os processos de negociação eram tão complicados:
Ato Único Europeu (AUE):
 Entre 2 e 4 de dezembro de 1985, no Conselho Europeu do Luxemburgo, os Dez acordaram rever os
Tratados de Roma que instituíram a Comunidade Económica Europeia (CEE) e a Comunidade
Europeia da Energia Atómica
 O objetivo era relançar a integração europeia e realizar o mercado interno (um espaço sem fronteiras
internas, em que existe livre circulação de mercadorias, pessoas, serviços e capitais) até 1 de janeiro
de 1993
 O AUE alterou as regras de funcionamento das instituições europeias e alargou as competências da
então Comunidade Europeia em vários domínios políticos
 Mediante a definição de novas competências comunitárias e a reforma das instituições, o AUE
preparou o terreno para o reforço da integração política e para a União Económica e Monetária, que
seriam posteriormente instituídas pelo Tratado da União Europeia (Tratado de Maastricht).
 O AUE foi assinado a 17 de fevereiro de 1986, por 9 Estados-Membros das então CE: Bélgica,
Espanha, França, Irlanda, Luxemburgo, Portugal, Reino Unido e República Federal da Alemanha. A
cerimónia de assinatura decorreu na cidade de Luxemburgo. O segundo momento de assinatura
aconteceu a 28 de fevereiro de 1986, com a Dinamarca (após o resultado positivo de um referendo
nacional), a Grécia e a Itália. Teve lugar em Haia, nos Países Baixos
PPT Pascoal:
Anos finais da guerra fria:
 Crescentes dificuldades económicas da URSS
 Impasse no Afeganistão
 Strategic Defense Initiative (EUA)
 Liderança Gorbatchev na URSS a partir 1985: perestroika (reestruturação) e glasnost (transparência)
 Aproximação gradual dos EUA e da URSS
 1987 – Referência a uma “Casa Comum Europeia” por Gorbatchev
 Passagem da “Doutrina Brejnev” à “Doutrina Sinatra”
 Gradual liberalização dos regimes políticos nos estados-satélite da URSS ao longo de 1989 (Polónia,
Hungria)
 Queda do Muro de Berlim (1989); efeito-dominó nos restantes estados da Europa Central (RDA,
Checoslováquia, Bulgária, Roménia)
 Planos imediatos de reunificação alemã
 Alguma resistência sistémica ao surgimento deste novo ator no centro da Europa (FR, UK)
 Assinatura de um Tratado de Unificação (e tratado 2+4) em 1990; plena soberania do Estado alemão
 Acordo de fronteiras com a Polónia
 Território da RDA passa a fazer parte das CE
 Extinção do Pacto de Varsóvia e do COMECON em1991
 Dissolução da URSS e da Jugoslávia em 1991
 Guerras nos Balcãs Ocidentais
 Conselho Europeu de Estrasburgo (1989); reunificação alemã requer algumas condições:
 Feita de acordo com os princípios da Ata Final de Helsínquia;
 Contrapartida ao nível comunitário: aprofundamento da integração europeia, tanto económica
(UEM) como política
Como reorganizar o espaço europeu com o fim da bipolaridade política que dividiu o continente?
O que estava em jogo?
o Renascimento da ideia de uma Europa “do Atlântico aos Urais”, numa organização pan-europeia
o O que fazer à OTAN? Extingue-se? Continua? Muda-se? Alarga-se? Até onde?
o Pressão para integração dos estados da Europa Central nas estruturas existentes (OTAN, CE como
modelos de estabilidade e prosperidade e polos de atração)
o Disparidades políticas, económicas e sociais a terem conta
Planos imediatos - I
 Primeira proposta por Mitterrand (1989): Confederação Europeia com todos os estados europeus
 Primeiro passo para a adaptação (política, social, económica) antes da adesão à CE
 EUA céticos (não envolvidos)
 Estados da Europa Central rejeitam (retardamento da adesão)
Planos imediatos - II
 Segunda proposta por Gorbatchev (1989)
 Ideia de antecipação da Cimeira da CSCE para 1990 (prevista para 1992)
 Cimeira de Paris (1990) de onde sai a “Carta para uma Nova Europa”
 Medidas para criação de instituições permanentes
 Que se transforma em Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) na
Conferência de Budapeste (1994)
OSCE – Instituições I:
o Conselho de Ministros
o Conselho Permanente
o Assembleia Parlamentar

OSCE – Instituições II
 Gabinete para os Assuntos Democráticos e Direitos Humanos (ODHIR): monitorização de eleições;
apoio à consolidação de instituições e do estado de direito; respeito pelos DH e liberdades; apoio à
sociedade civil
 Alto-Comissário da OSCE para as Minorias Nacionais: mecanismos de alerta precoce de
instabilidade, tensão e conflito; recolha de informação e produção de relatórios
 Centro de Prevenção de Conflitos: planificação e estabelecimento de missões no terreno
 Tribunal de Conciliação e Arbitragem
Importância da OSCE
 Prevenção de conflitos/diplomacia preventiva
 Construção de instituições
 Consolidação da democracia
 Gestão de crises
 Resolução de disputas/mediação
 Reconstrução pós-conflito
 Fórum para o diálogo e troca de informação
 Papel como norm setter e promotora da estabilidade regional
Limites da OSCE
o Não está dotada de um sistema de supervisão forte e efetivo
o Não tem poder de impor sanções ou aplicar decisões, estando dependente da vontade dos atores
políticos em implementar compromissos e acordos
o Carácter vago e ambíguo das decisões adotadas
o Fosso entre necessidades e capacidades reais (meios financeiros e recursos humanos limitados)
Forças da OSCE:
 O seu alcance regional muito abrangente
 Tanto EUA como Rússia estão presentes
 Fórum de segurança comum (mas não de segurança coletiva) onde são discutidos problemas comuns
 O seu envolvimento num conjunto de ações de prevenção e (re)-construção pós-conflito em antigas
repúblicas soviéticas e jugoslavas
 O facto de não ter meios de imposição potência a aplicação voluntária de decisões (elas mesmas
tomadas por consenso) e o seu envolvimento ativo visto como imparcial
A OTAN no pós-Guerra Fria
 “Crise existencial” da OTAN
 Como reorganizar a segurança coletiva na Europa? OSCE, UEO, UE
 Complementaridade, cooperação, subordinação, competição, duplicação de meios?
 Como articular a criação de uma Identidade Europeia de Segurança e Defesa com os parceiros
transatlânticos?
 Como lidar com os PECO e as antigas repúblicas soviéticas?
 OTAN sobrevive
 Evolução do conceito estratégico da OTAN na Cimeira de Bruxelas (1994) e na de Washington
(1999)
 Deixa de estar orientada pelos princípios da defesa avançada e de resposta flexível para adotar um
conceito de intervenção fora de área
 Identificação de novas ameaças e revisão de objetivos
 Alargamento da OTAN em três vertentes:
 área de responsabilidade operacional (novos membros)
 área de interesse operacional (intervenções fora de área – “globalização da OTAN”)
 Parceria para a Paz (acordos de parceria com estados não-membros da OTAN (atualmente, a
totalidade dos estados europeus com exceção de Chipre)
Contexto – As CE
o Início 1980s
o Estagnação económica; desemprego, inflação
o “Eurosclerose”
o UA não tinha tido sequência no projetado MC
o Ainda havia barreiras não-aduaneiras (normas técnicas diferenciadas, controlos de qualidade, normas
de saúde e de segurança, tributação indireta)
o Regresso da ideia do MC em torno das quatro liberdades
o Comissão reassume alguma iniciativa política: Jacques Delors (1985)
o Conjunto de propostas legislativas num Livro Branco da Comissão (1983)
o Convocação de uma Conferência Intergovernamental (CIG) em 1985
o 1986: assinatura do Ato Único Europeu com expansão poderes das CE; mercado único até 1992
o Ressurgem planos de concretização de uma “União Política”; como dar-lhe substância?
o Como uma das últimas fases do processo gradualista da integração europeia (a metáfora da “bicicleta
em andamento permanente”; concretização do spill over)
o Tendo em conta também o desanuviamento do fim da GF
o E algum ceticismo em relação à reunificação alemã

A constituição de uma União Europeia (UE)


 Realização de duas Conferências Intergovernamentais (CIG) simultâneas a partir de 1990
 Uma CIG económica (elaboração de um plano de união económica e monetária)
 Uma CIG política (elaboração de um plano de união política que instituísse uma política externa e de
segurança comum)
 Resultados?
 Por um lado, revisão dos Tratados das Comunidades Europeias
 Por outro lado, consagração de uma nova realidade institucional: a EU
 CIG convocadas em 1990
 CIG decorrem em 1991
 Tratado da União Europeia (ou Tratado de Maastricht) assinado em 1991
 TUE entra em vigor em 1993
 Estipulado que haveria uma nova CIG de revisão dos tratados em 1996
Objetivos e princípios da UE
 Promoção do progresso económico e social equilibrado e sustentável
 Respeito pelos princípios democráticos e respeito pelos direitos fundamentais da CEDH
 Manutenção da integralidade do acervo comunitário e do seu desenvolvimento (o que é este acervo?)
Instrumentos da UE
o Espaço sem fronteiras, reforço da coesão económica e social, estabelecimento de uma UEM (com
adoção de uma moeda única)
o Desenvolvimento de uma estreita cooperação no domínio da justiça e assuntos internos
o Execução de uma política externa e de segurança comum (incluindo uma política de defesa comum);
afirmação da sua identidade na cena internacional
o Instituição de uma cidadania europeia (interna e externamente)

Novidades institucionais da UE Estrutura em três pilares:


 Tratado da Comunidade Europeia (pilar comunitário)
 Política Externa e de Segurança Comum PESC (segundo pilar, intergovernamental)
 Cooperação em matéria de Justiça e Assuntos Internos JAI (terceiro pilar, intergovernamental)
UE a funcionar como cúpula (ou frontão) com as disposições comuns aos três pilares. Contudo, sem
personalidade jurídica interna ou internacional (e sem órgãos específicos; usa as instituições da CE)
Primeiro pilar
 Instituição da Comunidade Europeia com a alteração do TUE ao TCEE
 Substituição de “CEE” por “CE” face ao alargamento dos objetivos (e meios) da Comunidade para
domínios não-económicos
 Exemplos de novas áreas de competência comunitária: proteção do consumidor, saúde pública,
transportes, educação, política social
 Ideia de competências próprias e competência partilhadas
 Disposições sobre a UEM:
 Política económica com base na coordenação das políticas económicas dos EM
 Fixação das taxas de câmbio para criação de uma moeda única, definição de uma política
monetária e cambial únicas com vista à estabilidade de preços
 Princípios orientadores como preços estáveis, finanças públicas e condições monetárias
sólidas e balança de pagamentos sustentável
 Calendário e condições para a criação da moeda única
 Criação de um conjunto de critérios económicos para a realização de uma convergência
sustentável para a concretização da UEM (Critérios de convergência):
 Elevado grau de estabilidade de preços (controlo da taxa de inflação)
 Sustentabilidade das finanças públicas (controlo do défice orçamental e da dívida pública)
 Cumprimento das margens de flutuação das taxas de câmbio (estabilidade cambial)
 Taxas de juro de longo prazo abaixo de um valor médio estipulado
 Cidadania europeia:
 Qualquer cidadão nacional de um EM da UE é considerado cidadão da EU
 Aprofundamento da liberdade de circulação de pessoas e conjunto de direitos e deveres
o 1) direito de circulação e permanência livre no território dos EM
o 2) direito eleitoral ativo e passivo nas eleições municipais e para o Parlamento Europeu
o 3) direito à proteção diplomática e consular no território de países terceiros
o 4) direito de petição ao PE e direito de queixa ao Provedor de Justiça
 Processo de tomada de decisão:
 Consagração do processo de codecisão do PE com o Conselho
 Reforço dos poderes do PE com maior participação no processo legislativo num maior
número de matérias
 PE participa na designação do Presidente da Comissão (nomeação pelo Conselho terá lugar
após aprovação do PE)
 Mais decisões por maioria qualificada no Conselho de Ministros (da UE)
 PE elege o Provedor de Justiça
Segundo pilar - PESC
o Continuação da CPE (institucionalizada no AUE) à qual se juntam questões de segurança
o Pertinência da sua criação perante novos desafios e crises: Golfo, conflitos na ex-Jugoslávia,
desintegração da URSS
o Não é uma “política comum” da competência exclusiva (ou partilhada) da UE como o seria a PAC
o É uma política de cooperação intergovernamental, dependente da acção dos EM
o Obrigações gerais dos EM: abstenção de ações contrárias aos interesses da EU
o Decisões nas mãos do Conselho da UE; tomadas por unanimidade
o Conselho Europeu define princípios e orientações gerais da PESC
o Presidência rotativa do Conselho representa a UE no âmbito da PESC e é responsável pela execução
das ações comuns (com apoio de uma troika)
o Comissão “associada” a estas tarefas; PE consultado e informado
o Política comum de defesa referida no texto, mas conteúdo exato adiado para uma revisão do Tratado
no futuro (referência já ao papel da UEO)
Terceiro pilar - JAI
 Também segundo processos de cooperação intergovernamental com decisões por unanimidade (pelo
Conselho)
 Objetivo de implementar a total liberdade de circulação das pessoas paralelamente à abolição das
barreiras físicas no Mercado Interno
Importância desta cooperação em matéria de “justiça e assuntos internos”?
Livre circulação
 Livre circulação sem qualquer controlo tem implicações ao nível das jurisdições nacionais em
matéria criminal e das questões policiais/segurança interna, mas também de imigração, asilo,
concessão de vistos, etc.
 Daí necessidade de uma cooperação intergovernamental reforçada aquando de Maastricht com a
criação da CJAI
 Livre circulação de pessoas previsto no AUE (1985)
 Supressão progressiva de controlo nas fronteiras comuns; coordenação policial, partilha de
informação e bases de dados
 Assinatura do Acordo de Schengen (1985) entre França, RFA e Benelux• Convenção de Schengen
adicionada em 1990
 Intergovernamental, à margem das estruturas comunitárias (nem todos os EM queriam fazer parte)
 Abertura efetiva de fronteiras em 1995
 Entrada progressiva dos restantes membros CE. Hoje todos os UE (exceto Irlanda, Chipre, Roménia,
Bulgária e Croácia) mais os membros da EFTA
 Deixou de haver controlos fronteiriços à passagem de pessoas; permissão de passagem automática
 Alteração da conceção do que é tradicionalmente o espaço nacional e as políticas de entrada/saída de
territórios soberanos
 Fronteiras externas comuns, necessidade de homogeneização de regras de entrada
 Cidadãos europeus vs. cidadãos de países terceiros
Terceiro pilar - JAI Domínios de ação gradualmente incluídos:
o Política de asilo
o Regras aplicáveis à passagem das pessoas nas fronteiras externas dos EM e exercício do controlo
dessa passagem
o Política de imigração
o Luta contra o tráfico de drogas
o Luta contra a fraude internacional
o Cooperação judiciária civil e penal
o Cooperação aduaneira
o Cooperação policial (terrorismo, drogas, criminalidade internacional)
Tratado da União Europeia:
 Consagração de uma nova organização assente em 3 pilares: cooperação e justiça em assuntos
internos; política externa
 Conclusão da criação do Mercado Comum:
 Primeiros passos de uma UEM (e critérios de convergência – indicadores macroeconómicos que
todos os Estados têm de cumprir para fazer parte da UEM, como o défice, as taxas de juro, etc. para
que existisse uma convergência real entre todos os Estados)
 Cidadania europeia: tem duas dimensões, uma interna, que significa que se reconhece um conjunto
de direitos a todos os cidadãos europeus que estiverem no espaço da UE e, uma externa, que
qualquer cidadão de qualquer país da UE que esteja fora do espaço europeu, é sempre considerado
cidadão europeu
 Maior envolvimento do Parlamento Europeu no processo de decisão legislativa, sendo um processo
de codecisão juntamente com o Conselho, ou seja, para que qualquer documento legislativo seja
aprovado, necessita da aprovação do PE e do Conselho. Foi extremamente importante, por um lado,
para o reforço do PE, tentou-se que as decisões se tornassem mais transparentes e democráticos,
tendo em conta que os deputados do PE são eleitos pela população

 Negociações de Maastricht: o presidente francês, o chanceler alemão, Margaret Thatcher e o


primeiro-ministro que a sucedeu foram figuras importantes nas negociações
 Papel destacado de estado/líderes de França e da RFA: França temia que a RFA se tornasse na
potência hegemónica europeia, como tal, França queria que tivesse uma moeda em conjunto e que a
Alemanha tivesse uma paridade em relação a ela. No entanto, Alemanha teve cada vez mais
população e ia reforçando cada vez mais o seu papel
 Papel destacado de estado/líderes do Reino Unido e Dinamarca: a Dinamarca não via com muitos
bons olhos a sua participação na moeda única e também relativamente a questões que dizem
respeitos à defesa dos Estados.
 Os eleitorados quando vão responder em referendo, por norma, vão em sentido contrário às ambições
dos políticos. Há países que dizem que é o parlamento que tem de retificar o documento e outras que
dizem que é a população. No caso da França, disse que sim, mas por muito pouco, no caso da
Dinamarca, no primeiro referendo, disseram que não, o que levou a um impasse do projeto da União
Europeu, conduzindo a umas negociações, formulando um novo referendo, no qual a resposta já foi
“sim”
 Foram criados uns opt-outs para o Reino Unido e a Dinamarca, existindo, assim, certas políticas
específicas que certos Estados ficaram à margem, que ficaram consagradas em adendas, declarações
e protocolos associados ao TUE
 O Reino Unido ficou de fora da UEM e da Política Social e alguns aspetos da CJAI e da Área
Schengen, tal como a Irlanda, que tem apenas uma fronteira terrestre com o Reino Unido, existindo
um problema de gestão de fronteiras da UE
 A Dinamarca consegue ficar de fora da UEM e das Políticas de defesa no quadro da PESC
A União Europeia e a UEO:
UEO (União da Europa Ocidental) como eterna moribunda:
o UEO como palco privilegiado para diálogo entre parceiros europeus sobre questões militares
o Os Estados Unidos estão ausentes
o Perdeu muito do seu sentido ao longo das décadas, o seu propósito foi sendo esvaziado
o Foi sendo uma personagem relativamente secundária no quadro das instituições
o Ao longo dos anos 90, a UE vai recorrendo a esta organização como braço armado
Os dois ressurgimentos da UEO:
 Manteve-se relativamente moribundo até aos anos 80, que teve um pequeno surgimento nos anos 80
 Declaração de Roma (1984); UEO ressurge no âmbito da harmonização progressiva das políticas de
defesa
 O segundo ressurgimento foi nas negociações do Tratado de Maastricht
 Existiu uma articulação da UEO com a UE: a EU solicita à UEO que prepare e execute decisões e
ações da EU em matérias de defesa
 Nesse quadro, a UEO emite a Declaração de Petersberg na qual elenca possíveis operações militares
que pode pôr em marcha: missões humanitárias e de evacuação; missões de manutenção de paz;
missões de combate para gestão de crises e restabelecimento da paz. Estas missões tem o objetivo de
dar resposta a uma determinada crise na sua vizinhança e que os países europeus não queriam que se
voltasse a repetir da mesma forma no futuro.
PPT pascoal:
Tratado da União Europeia/Maastricht
 Duas CIG
 Contexto específico do fim da GF e das guerras na ex-Jugoslávia
 Consagração de uma nova organização em 3 pilares
 Que abarca as anteriores CE (CEE, CECA, CEEA)
 E inclui novas dimensões no projeto de integração (PESC, JAI)
 Conclusão do Mercado comum
 Primeiros passos para a UEM (e critérios de convergência)
 Cidadania europeia
 Produção legislativa por codecisão (Conselho e PE)
 Protagonistas das negociações?
 (na prática os 12 EM…)
 Papel destacado de estados/líderes de FR e RFA
 De que forma?
 Questão geracional
 Equilíbrio geopolítico europeu e intracomunitário
 Paridade entre os parceiros do “motor franco-alemão”; contrapartidas pela reunificação alemã
 Papel destacado de estados/líderes de UK e DK
 De que forma?
 Papel dos EUA e da NATO (e da Rússia)
 Reticências em relação a alguns dos principais projetos (política de defesa associada à PESC,
a UEM)
 Papel decisivo de alguns eleitorados ao pronunciarem-se em referendo
 IRL e FR (que disseram “sim”, tal como os parlamentos dos restantes EM)
 Mas sobretudo DK (que disse “não” e “sim”)
 Como ultrapassar alguns destes impasses?
 Possibilidade dos chamados opt-outs
 Isto é, políticas específicas dos quais alguns estados se mantêm à margem
 Consagrado em adendas, declarações e protocolos associados ao TUE que isentam esses
estados
 UK consegue ficar fora da UEM e Política Social e alguns aspetos da CJAI e Área Schengen (tal
como IRL)
 DK consegue ficar de fora da UEM e Políticas de defesa no quadro da PESC
UEO como eterna moribunda
o UEO como palco privilegiado para diálogo entre parceiros europeus sobre questões militares
o UK presente e EUA ausentes
o Seu esvaziamento progressivo (RFA adere à OTAN, UK entra na CEE, primeiros passos para a CPE)
Os dois ressurgimentos da UEO
 Seu primeiro ressurgimento quando projeto de alargamento da CPE a questões de segurança e defesa
é reprovado por DIN, IRL e GR
 Declaração de Roma (1984); UEO ressurge no âmbito da harmonização progressiva das
políticas de defesa
 Convidada a participar em ações de desminagem no Pérsico após Guerra Irão-Iraque (finais
anos 80)
 Convidada a supervisionar o embargo de armas no Adriático e no Danúbio durante as
Guerras nos Balcãs (início anos 90)
 Segundo ressurgimento no quadro das negociações do Tratado de Maastricht (1992)
 Clivagem sobre uma “defesa europeia” entre uma visão atlantista (receio de duplicação de
meios com OTAN) e europeísta (ambição de criação de um pilar europeu de segurança de
raiz)
 Que relação com a OTAN? Complementaridade? Cooperação? Concorrência?
 Neutros continuavam céticos também eles
 Ao mesmo tempo, EUA a quererem reduzir presença (e despesas) na Europa
 Dissolução violenta da Jugoslávia à qual as CE não conseguiam dar resposta (nem
diplomática, nem pela força)
 Política Externa e de Segurança Comum (PESC) no quadro do Tratado da União Europeia aquém do
esperado
 Referência apenas a uma “política de defesa comum,” mas “a prazo”
 Contudo, articulação da UE com a UEO: a UE “solicita” à UEO que prepare e execute
decisões e ações da EU em matéria de defesa
 Convidada a criar e pôr em prática mecanismos de intervenção que a EU dirige politicamente
Os dois ressurgimentos da UEO – As Missões de Petersberg
 Nesse quadro, UEO emite a Declaração de Petersberg (1992) na qual elenca possíveis operações
militares (com unidades dos EM) que pode pôr em marcha:
 Missões humanitárias e de evacuação
 Missões de manutenção de paz
 Missões de combate para gestão de crises e restabelecimento da paz
Contexto pós-Maastricht:
 Referendos ao TUE e incerteza associada debilitaram o projeto. Todo o processo de negociações até
à sua entrada em vigor coincidiu também com conflitos na vizinhança da UE
 Impotência da União Europeia perante os conflitos na ex-Jugoslávia (escassos mecanismos políticos
e diplomáticos disponíveis; reconhecimentos precoces); necessidade de reforço da capacidade de
ação externa da UE
 Left-overs de Maastricht adiados para 1996 (temas que estavam em cima da mesa sobre os quais não
tinha havido acordo) numa nova CIG
 Tensão entre alargamento (alguns países preferem o alargamento, pois facilitaria o processo de
integração) e aprofundamento; há um entendimento genérico de que estes dois processos não podem
acontecer ao mesmo tempo
 Novos membros numa UE a 15 em 1995
 Outros potenciais novos membros (alargamento a leste). É neste contexto que surgem os critérios de
Copenhaga
Alargamento:
o Criação de um conjunto de pré-condições para a adesão de novos membros, os Critérios de
Copenhaga (1993):
 Ser um estado democrático, respeitar os direitos humanos e o estado de direito
 Ser uma economia de mercado livre com capacidade para se integrar num sistema capitalista
 Ser capaz de absorver e aplicar o acquis commuautaire (acervo comunitário – cada um dos
candidatos terá de absorver e adaptar a sua própria legislação a toda a legislação europeia
adotada até então, para não existir discrepâncias legais entre os países candidatos e os que
fazem parte da UE)
Tratado de Amesterdão (1999):
 Revisão do TUE
 Assinado em 1997, entra em vigor em 1999, quando é ratificado por todos os EM
 Aquém do que era esperado em termos das adaptações institucionais para o alargamento (adiado para
uma nova CIG) – tendo em conta que estão a ser negociadas questões que são sensíveis a diversos
estados, existe uma dificuldade de encontrar um patamar mínimo de convergência
Tratado de Amesterdão – Novidades I:
 Os grandes princípios da UE (liberdades fundamentais, DH, democracia, estado de direito) são
condições de admissão. Possibilidade de sanções
 Consagração das “cooperações reforçadas” – sempre que houver uma determinada matéria que os
estados queiram aprofundar, mas que nem todos os estados concordam, isto é, são matérias que
dizem respeito à UE, mas que não são albergadas por todos os estados (em matérias que não PESC,
mercado interno ou as outras políticas comunitárias)
 Inclusão de um “capítulo social” no tratado; essencialmente sobre coordenação das políticas de
emprego (que continua como competência nacional)
 Debates inconclusivos e adiados para CIG seguinte: questão da dupla maioria/ponderação de votos
(conjunto de questões numéricas para patamares mínimos para uma maioria qualificada e de se ter
em conta o peso de cada um dos Estados, foi uma questão sobre a qual não se conseguiu chegar a a
um acordo) e número de comissários (até ao período de Amesterdão, cada EM tinha direito a um
comissário, havendo 5 estados que tinham direito a um segundo comissário, ora, com o alargamento,
existiria um número de 30 ou mais comissários, então o que se debateu foi que não houvesse uma
correspondência direta entre o nº de comissários e o nº de EM, não se chegou a um acordo porque os
países pequenos temeram ver-se sub-representados)
3 pilares: 2 e 3 – decisão intergovernamental; 1 – decisão unitária
Tratado de Amesterdão – Novidades II:
o Reorganização das cooperações em matéria policial e judicial
o Comunitarização de todas as políticas sobre livre circulação (vistos, asilo, imigração, cooperação
judicial civil) e do acervo de Schengen
o Neste pilar, mantém-se apenas a cooperação policial e judicial criminal
Tratado de Amesterdão – Novidades III:
 Alterações mínimas no Pilar II
 Flexibilização da unanimidade: possibilidade da “abstenção construtiva” ou maiorias qualificadas
mediante acordo prévio
 Criação do cargo de “Alto-Representante da PESC” que assiste o Presidente do Conselho da UE (não
havia propriamente uma cara ou uma pessoa que representasse a PESC para as relações exteriores) –
Javier Solana, 1999-2009
 Missões de Petersberg (a UE não tinha meios militares para puder resolver crises e teve de recorrer à
UEO) integradas no texto do TUE
 Clarificação das relações UE/UEO, que se torna “braço armado” da UE
 Possibilitado pela convergência gradual das posições UK, FR, DE e neutros
 Fusão com a UEO é adiada, mas subalternizada perante a UE (“preparar e executar as decisões e
ações da UE”) – a UE decide politicamente e a UEO implementa no terreno
 Divisão das tarefas com a OTAN (que continua organização da defesa e segurança coletiva);
complementaridade com UEO
Tratado de Amesterdão – Novidades IV:
 Institucionalmente, apenas o PE vê os seus poderes reforçados
 Codecisão alargada a novos domínios
 PE passa a dar aval à designação do Presidente da Comissão (até então apenas parecer conforme)
 Mas continua a não estar envolvido na revisão dos tratados
Antecedentes do Tratado de Nice:
o Alargamento iminente (seria em 2004)
o Instituições teriam de estar preparadas para absorverem dez novos membros (composição da
Comissão, sistema de ponderação de votos no Conselho, redistribuição do número de deputados
europeus pelo número total de estados)
o UEM em concretização iminente; realização entre 1999 e 2002
o Desenvolvimentos de uma PESD após a Cimeira St-Malô entre França e Reino Unido e a declaração
conjunta (1998)
o Posteriores Conselhos Europeus de Colónia e Helsínquia (1999) que criam as capacidades para
implementar as Missões de Petersberg e articulação de meios com a OTAN
o Comité Político e de Segurança e Comité Militar e Força de Reação Rápida com 50 mil soldados
para missões de Petersberg
o Guerra do Kosovo (1998-9); intervenção da OTAN apoiada por todos os EM da UE (mas sem
autorização do CS da ONU)
Tratado de Nice (2001)
 UEO quase não é referida; seria integralmente incorporada na estrutura da EU e extinta em Lisboa
(2009)
 Cláusula de assistência mútua em caso de agressão presente na UEO é incluída no TUE, mas com
preponderância explícita à NATO para quem é membro
 Neste, é criada uma “Política Comum de Segurança e de Defesa”
 Âmbito próximo ao espírito de Petersberg, mas acrescenta-se-lhe a luta contra o terrorismo

Você também pode gostar