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Alimentação saudável:

o papel do Direito, do
Estado e do cidadão
Apresentação de Luciana Melquiades,
Bruna Prandi e Alan Roger
Linha do Tempo
1930 1940 1948

Josué de Castro e a inovação Criação da CNA (Comissão Declaração Universal dos


do caráter nutricional como Nacional de Alimentação) e Direitos Humanos (ONU).
indicativo da qualidade da do SAPS (Serviço de
alimentação brasileira. Alimentação da Previdência
Social).
O papel do Direito
Declaração Universal dos Direitos
Humanos (1948)

Artigo 25 — 1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de


assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação
(...).
O papel do Direito
Pacto Internacional de Direitos
Econômicos Sociais e Culturais (1966)

Surge a expressão "direito humano à alimentação adequada".

O artigo 11 do pacto reconheceu o direito de todos a um padrão de vida


adequado, incluindo uma alimentação adequada, e citou o direito
fundamental de toda pessoa de estar protegida da fome. O texto previu
ainda que os Estados deveriam adotar ações de garantia da segurança
alimentar nos processos de produção e distribuição de alimentos.
Linha do Tempo
1970 1985 1988

O direito à alimentação Surge o termo SAN - Uma nova Constituição


passa a ser entendido como Segurança Alimentar e Federal.
resultado de ações Nutricional e a ideia de
intersetoriais, diante da interdependência entre os
grande produção agrícola e direitos fundamentais.
da permanência da fome.
A evolução jurídica do direito à alimentação
A inserção no texto constitucional
(2010)

O direito humano à alimentação adequada foi incluído no artigo 6º da


Constituição Federal, junto aos demais direitos sociais, após processo
de forte mobilização da sociedade civil. Esse foi um grande avanço para
a exigibilidade desse direito.
O papel do Estado
O que são políticas públicas?
O papel do Estado

O perigo da austeridade
Nível de processamento de alimentos
In natura ou minimamemente
processados

Fonte: Autor, 2023


São os mais naturais possíveis. Passaram por nenhuma ou
pouquíssimas modificações (processamento) até chegarem
em nossas mãos. Ex.: arroz, feijão, banana, agrião, leite,
ovo, entre outros. (BRASIL, 2014)
Nível de processamento de alimentos
Ingredientes culinários

Fonte: Autor, 2023

São extraídos dos alimentos in natura ou da natureza. De


forma Geral, é o que utilizamos pra temperar e cozinhar. Ex.:
açúcar, sal, manteiga sem sal, azeite, óleo de soja e outros
(BRASIL, 2014)
Nível de processamento de alimentos
Processados

Fonte: Autor, 2023

São uma fusão (soma/mistura) dos alimentos in natura com


os ingredientes culinários. Ex.: conserva de alimentos
(ervilha, milho e outras), carne seca, pão, queijo, fruta em
calda. (BRASIL, 2014)
Nível de processamento de alimentos
Ultraprocessados

Fonte: Autor, 2023

São feitos com ingredientes de uso industrial, ingredientes que


normalmente não encontramos na cozinha da nossa casa (aditivos
alimentares - corantes, emulsificantes, glaceantes e outros).
Ex.: chiclete, macarrão instantâneo, empanado de frango, etc. (BRASIL, 2014)
Nível de processamento de alimentos
Diferenças

In natura ou minimamente Ultraprocessados


processados

Fonte: Autor, 2023


Fonte: Autor, 2023

(BRASIL, 2014)
Classificação dos alimentos

(ALIANÇA, 2023)
Rotulagem nutricional
Suco de pozinho

Fonte: Google Imagens


Rotulagem nutricional
Suco de caixinha

Fonte: Google Imagens


Rotulagem nutricional
Suco

Fonte: Google Imagens


Rotulagem nutricional
Suco
Rotulagem nutricional frontal

Fonte: ANVISA, 2020


Fonte: ALIANÇA, 2023
Rotulagem nutricional
Suco
Desrotulando
Ultraprocessados
Tem veneno no
pacote?

(IDEC, 2021)
Ultraprocessados
Tem veneno no
pacote?

(IDEC, 2021)
Ultraprocessados
Tem veneno no
pacote?

(IDEC, 2021)
Ultraprocessados
Tem veneno no
pacote?

(IDEC, 2021)
Ultraprocessados
Tem veneno no
pacote?

(IDEC, 2022b)
Ultraprocessados
Tem veneno no
pacote?

(IDEC, 2022b)
Ultraprocessados
Tem veneno no
pacote?

(ACT, 2021b)
Ultraprocessados
Tem veneno no
pacote?

(IDEC, 2022b)
DHAA No Brasil, desde 2010, está
assegurado entre os direitos
Conceito de DHAA sociais da Constituição
Federal

Cada pessoa, sozinha ou em


comunidade, tem direito ao acesso
físico e econômico, ininterruptamente, a
uma alimentação adequada ou aos
meios para sua obtenção.

Caráter intersetorial, pois está atrelado à


realização de outros direitos: terra, meio
ambiente equilibrado e saudável, saúde,
(ABRANDH, 2013; BRASIL, 2010;
educação, cultura, emprego e renda ONU, 1999)
Conceito de DHAA
Figura 1 - Representação gráfica das dimensões da alimentação adequada
Segurança Alimentar e Nutricional (SAN)
Conceito de SAN

Realização do direito de todos ao acesso regular e


permanente a alimentos de qualidade, em quantidade
suficiente sem comprometer o acesso a outras
necessidades essenciais, tendo como base práticas
alimentares promotoras de saúde, que respeitem a
diversidade cultural e que sejam social, econômica e
ambientalmente sustentáveis

(BRASIL, 2006,)
SAN
Dimensões da SAN

Disponibilidade Acesso Utilização Estabilidade


Contempla o modo Realiza-se quando todos Influenciada pelas Se refere ao elemento
como os alimentos são têm a capacidade de obter condições de saneamento temporal das três condições
produzidos, alimentos de forma básico e saúde das pessoas, mencionadas
comercializados (nacional e socialmente aceitável (meio da segurança anteriormente. Problemas
internacionalmente) e de produção, compra, caça microbiológica e química de disponibilidade, acesso e
distribuídos. ou troca) dos alimentos, bem como utilização dos alimentos
pelo conhecimento podem ser crônicos,
nutricional, hábitos
sazonais ou transitórios.
alimentares e o papel social
da alimentação.
A Escala Brasileira de Insegurança
SAN no Brasil Alimentar (EBIA) verifica a SAN dos
indivíduos que residem no domicílio,
baseada em perguntas referentes aos
EBIA ultimos 3 meses.
Fome conjuntural
De cárater agudo, produzida
repentinamente por conflitos e
catástrofes
Fome estrutural
De caráter crônico, provocada pela
produção/acesso insuficiente aos
alimentos
Quadro 3 - Categorização dos pontos de corte da EBIA

(BRASIL, 2010; KEPPLE; SEGALL-CORRÊA, 2011;


PEREZ-ESCAMILLA, R. SEGALL-CORRÊA, 2008)
SAN no Brasil
EBIA

Quadro 4 - Caracterização dos estágios de SAN

(BRASIL, 2010; KEPPLE;


SEGALL-CORRÊA, 2011; PEREZ-
ESCAMILLA, R. SEGALL-
CORRÊA, 2008)
SAN no Brasil
Fome no Brasil?
SAN no Brasil
VigiSAN II
Gráfico 6 - Tendência da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar (IA)
no Brasil, 2004 a 2022. II VIGISAN - SA/IA e Covid-19, Brasil, 2021/2022.

Fonte: Dados reanalisados para a escala de oito itens, a partir das pesquisas: [1] Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
(REDE PENSAN, 2022)
2003-2004 (IBGE); [2] Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2008-2009 (IBGE); [3] Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios 2013-2014 (IBGE); [4] Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017-2018 (IBGE).
SAN no Brasil
VigiSAN II
Tabelas 4 - Distribuição percentual no I e II VIGISAN da SAN e InSAN, segundo faixas
de renda familiar per capita, Brasil. II VIGISAN - SA/IA e Covid-19, Brasil, 2021/2022.

(REDE PENSSAN, 2022)


SAN no Brasil
VigiSAN II
Gráfico 8 - Distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança
Alimentar (IA), segundo o sexo da pessoa de referência do domicílio, Brasil. II VIGISAN -
SA/IA e Covid-19, Brasil, 2021/2022.

(REDE PENSAN, 2022)


SAN no Brasil
VigiSAN II
Gráfico 9 - Distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança
Alimentar (IA), segundo a raça/cor da pele autorreferida, Brasil. II VIGISAN - SA/IA e
Covid-19, Brasil, 2021/2022.

Fonte: Dados reanalisados para a escala de oito itens, a partir das pesquisas: [1] Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios 2003-2004 (IBGE); [2] Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2008-2009
(IBGE); [3] Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2013-2014 (IBGE); [4] Pesquisa de Orçamentos (REDE PENSSAN, 2022)
Familiares 2017-2018 (IBGE).
SAN no Brasil
VigiSAN II
Gráfico 10 - Distribuição percentual da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança
Alimentar (IA), segundo a escolaridade, Brasil. II VIGISAN - SA/IA e Covid-19, Brasil,
2021/2022.

Fonte: Dados reanalisados para a escala de oito itens, a partir das pesquisas: [1] Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios 2003-2004 (IBGE); [2] Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2008-2009
(IBGE); [3] Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2013-2014 (IBGE); [4] Pesquisa de Orçamentos (REDE PENSSAN, 2022)
Familiares 2017-2018 (IBGE).
SAN no Brasil
Gêneros alimentícios
Gráfico 11 - Comparação da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar (IA),
segundo as modificações que ocorreram na quantidade comprada de arroz e feijão para as
famílias, Brasil. II VIGISAN - SA/IA e Covid-19, Brasil, 2021/2022..

(REDE PENSSAN, 2022)


SAN no Brasil
Gêneros alimentícios
Gráfico 12 - Comparação da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar
(IA), segundo as modificações que ocorreram na quantidade comprada de frutas e vegetais
para as famílias, Brasil. II VIGISAN - SA/IA e Covid-19, Brasil, 2021/2022..

(REDE PENSSAN, 2022)


SAN no Brasil
Gêneros alimentícios
Gráfico 13 - Comparação da Segurança Alimentar e dos níveis de Insegurança Alimentar
(IA), segundo as modificações que ocorreram na quantidade comprada de carnes para as
famílias, Brasil. II VIGISAN - SA/IA e Covid-19, Brasil, 2021/2022..

(REDE PENSSAN, 2022)


Soberania Alimentar

Defende que cada nação tem o direito de definir políticas


que garantam a SAN de seus povos, incluindo aí o direito à
preservação de práticas de produção e práticas
alimentares tradicionais. Além disso, há o reconhecimento
de que tal processo deve ocorrer em bases sustentáveis,
do ponto de vista ambiental, econômico e social.

(ABRANDH, 2013)
Soberania Alimentar Em 2014, a indústria de
transformação chegava ao

mas pra
O Agro é Pop, superávit de 35 bilhões de
quem? dólares, em 2005, decaindo
Gráfico 1 - Saldo da balança comercial do Brasil, agronegócio e para o déficit de US$ 60
demais setores (2010-2020) - em US$ bilhões bilhões.

(ESPOSITO, 2019; MITIDIERO


JUNIOR; GOLDFARB, 2021)
Fonte: Kreter; Pastre; Bastos (2021) - Estatísticas de Comércio Exterior do Agronegócio Brasileiro do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (Agrostat/MAPA) e Comex Stat do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC)
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea
Soberania Alimentar
O Agro é Pop, mas pra
quem?
Figura 2 - Dados sobre a concentração de terra

Fonte: Joio e o Trigo, 2022 (IBGE, 2017)


Soberania Alimentar Em 1988, o Brasil possuia
24,7% da sua área ocupada
O Agro é Pop, mas pra pela agricultura com o cultivo
dos principais produtos da
quem? cesta básica (arroz, feijão,
mandioca) e, em 2018, essa
área despencou para 7,7%.

Produção pela agricultura familiar (Censo Agricultura familiar vs. agroindústria


Agro 2017)

O sistema agroindustrial entrega


Feijão: 70%
apenas 30% dos alimentos, mas usa
Mandioca: 87% 80% da terra arável e 70% da água
Arroz: 34% para o uso agrícola
Milho: 46%
Café: 38%
Trigo: 21%
(IBGE, 2017)
Leite: 60%
Soberania Alimentar
O Agro é Pop, mas pra
quem?

Agropecuários importados (Brasil - 2019) Importação de arroz (Brasil - 2018 e


1. Trigo: 1,4 bilhões de dólares 2020)
2. Peixes: 1,1 bilhões de dólares Entre os 10 produtos agropecuários
3. Hortícolas e tubérculos: 1 bi. de dólares mais comprados do estrangeiro, entre
4. Papel: 850 milhões de doláres 2018 e 2020, o arroz ocupa a nona
posição. As importações de arroz só
cresceram nos últimos anos. Em 2018,
foram 614 mil toneladas, chegando em
2020 a quase 1 milhão de toneladas
compradas

(ESPOSITO, 2019; MITIDIERO


JUNIOR; GOLDFARB, 2021)
Soberania Alimentar Em 2020, o Governo
Federal zerou,
O Agro alimenta o país? temporariamente, a
taxa de importação do
(CONAB) arroz

Tabela 1 - Estoque de Arroz (toneladas), em Tabela 2 - Estoque de Arroz (toneladas),


janeiro(aquisição do governo Federal) em janeiro(mercado de opções)

CONAB, 2022
O Agro é Pop

Em 2019, o governo federal


O Agro alimenta o país? anunciou a venda de 27 das
92 unidades armazenadoras
(CONAB) da CONAB

As compras públicas de alimentos operadas pela Companhia Nacional de


Abastecimento (CONAB) têm duas finalidades principais. A primeira é fazer
doações para populações ameaçadas pela fome. A segunda é a formação de
estoques públicos estratégicos (evitar riscos inerentes à atividade
agrícola[chuvas, geadas secas], e às atividades mercadológicas [especulação,
variações de preços estrangeiros, expectativas de safras futuras]), que servem
tanto para garantir o abastecimento de pequenos agricultores quanto para
regular os preços do mercado de alimentos básicos
(CONAB, 2022 )

Programa de aquisição de
Alimentos (PAA)
O Agro é Pop Programa Nacional de Alimentação
Escolar (PNAE)
Promove a estruturação de cadeias Beneficia a economia e a estruturação
produtivas curtas e o acesso do O Agro alimenta o país? produtiva da agricultura familiar:
produtor a novos mercados, além da (PAA e PNAE) 30% dos recursos deve ser empregado na
expansão do poder de compra das compra direta de alimentos provindos da
famílias rurais que auxilia no agricultura familiar local, priorizando as
desenvolvimento da economia local, comunidades assentadas da reforma
apresentando-se como uma estratégia agrária, indígenas e quilombolas.
central contra o desabastecimento, na Prioriza e acresce em 30% o valor pago
garantia de renda ao produtor e por produtos orgânicos e/ou
combate à Insan no campo e na cidade agroecológicos

(ALMEIDA et al,. 2020; BRASIL, 2009;


Figura 2 - Ações sustentáveis do PAA e PNAE CUNHA, 2017; VALADARES, 2020)
O Agro é Pop PNAE
Em 2022, o governo federal vetou
um reajuste para a alimentação
O Agro alimenta o país? escolar
PAA
(PAA e PNAE) Recurso em 2012: R$ 1,2 bilhão
Recurso em 2019: R$ 41 milhões
Quadro 2 - Valores repassados pelo Governo Federal para a alimentação Escolar
(2010 e 2017)

(BRASIL, 2017; MITIDIERO


JUNIOR; GOLDFARB, 2021)
Soberania Alimentar
Produzir pra
Conceito
quem e pra quê?

Gráfico 1 - Evolução da plantação de Soja, Milho e Açúcar – Em


hectares. De 1980 até 2019.

Fonte: FAO, arquivos eletrônicos e site. Elaborado


por Valter P. Jr. (ACT, 2021)
Soberania Alimentar
Produzir pra
Conceito
quem e pra quê?

Gráfico 2 - Declínio da área de produção de arroz e feijão no


Brasil – Em milhões de hectares – de 1980 até 2019.

Fonte: FAO, arquivos eletrônicos e site. Elaborado


por Valter P. Jr. (ACT, 2021)
Soberania Alimentar
Produzir pra
Conceito
quem e pra quê?

Gráfico 3 - Comparação das plantações (em mi. ha.): Commodities para


exportação (Soja + Milho + Açúcar) versus Alimentos voltados para
consumo interno (Arroz + Feijão + Legumes + Frutas). Entre 1980 e 2019.

Fonte: FAO, arquivos eletrônicos e site. Elaborado


por Valter P. Jr. (ACT, 2021)
Soberania Alimentar
Produzir pra
Conceito
quem e pra quê?

Gráfico 4 - Evolução do Preço do Refrigerante em relação ao Preço das Frutas


no Brasil. Entre junho de 2006 e março de 2021. (Junho de 2006=100).

Fonte: IPCA/IBGE Elaborado por Valter P. Jr.

(ACT, 2021)
Soberania Alimentar
Produzir pra
Conceito
quem e pra quê?

Gráfico 5 - Comparação da evolução dos preços das hortaliças e verduras em


relação aos Preços dos enlatados e conservas. Entre junho de 2006 e março de
2021. (Junho de 2006=100).

Fonte: IPCA/IBGE Elaborado por Valter P. Jr.

(ACT, 2021)
Soberania Alimentar
Produzir pra
Conceito
quem e pra quê?

Gráfico 6 - Comparação da evolução dos preços dos Tuberculos, raízes e


legumes em relação ao preço das carnes processadas. Entre junho de 2006 e
março de 2021. (Junho de 2006=100).

Fonte: IPCA/IBGE Elaborado por Valter P. Jr.

(ACT, 2021)
Soberania Alimentar
O Agro alimenta o mundo.
Será?

(CONTINI; ARAGÃO, 2021)


Soberania Alimentar
Tributações e
isenções

Tabela 1 -Principais s tributos que incidem sobre os alimentos (itens) de


acordo a competência e o tipo

Fonte: CAMPOS; CARMÈLIO, 2022

(CAMPOS; CARMÈLIO, 2022)


Soberania Alimentar O IPI tem grande potencial para ser


um instrumento capaz de diferenciar
TributaçõesConceito
e isenções a tributação entre os alimentos in
Tabela 2 - Principais tributos que incidem sobre os alimentos natura e minimamente processados,
comparativamente aos
ultraprocessados.

Fonte: CAMPOS;
CARMÈLIO, 2022
(CAMPOS; CARMÈLIO, 2022)
Soberania Alimentar
Tributações e isenções

Tabela 3 - Resumo do PIS/Pasep, da Cofins e do IPI incidente sobre os


ingredientes selecionados

Fonte: CAMPOS;
CARMÈLIO, 2022

(CAMPOS; CARMÈLIO, 2022)


Soberania Alimentar

A política tributária para o ICMS


favorece a indústria de AUP em
Tributações e isenções detrimento da indústria que
trabalha com ingredientes
minimamente processados
utilizados para preparações
Os ingredientes para preparações culinárias ou alimentos saudáveis não culinárias.

geram créditos aos seus compradores, carregam nos preços de venda


impostos acumulados de etapas anteriores e têm igual ou menores créditos
presumidos. Ou seja, a tributação federal não incide positivamente ou
proativamente sobre ingredientes para alimentos mais saudáveis. Pelo
contrário, o sistema tributário federal funciona melhor para as cadeias de
produtos ultraprocessados, onde a proteção contra a cumulatividade faz
com que as indústrias fabricantes desse tipo de produto tenham
pagamentos líquidos muito baixos. A gordura hidrogenada, por exemplo,
tem crédito presumido superior aos saudáveis, 5,55%, contra 3,24% para as
castanhas, farinhas e açúcares.

(CAMPOS; CARMÈLIO, 2022)


Soberania Alimentar

A produção orgânica e
agroecológica não recebe
Tributações e isenções tratamento diferenciado por
parte dos tributos federais e
estaduais.

Tabela 4 - Quadro demonstrativo da carga tributária de circuito de cadeia produtiva de


legumes in natura e minimamente processados orgânicos e convencionais

Fonte: CAMPOS; CARMÈLIO, 2022 (CAMPOS; CARMÈLIO, 2022)


Soberania Alimentar Tributos
1 litro de suco de uva orgânico:
R$ 5,72 1 litro de néctar de uva
Tributações e isenções
convencional: R$ 1,47 em
tributos
1 cacho de uva orgânico, no
suco de uva orgânico: R$1,23
1 cacho de uva convencional, no
néctar de uva convencional: R$
0,74

Tabela 5 - Carga tributária relativa e absoluta do néctar


convencional e do suco orgânico

Fonte: CAMPOS; CARMÈLIO, 2022 (CAMPOS; CARMÈLIO, 2022)


Soberania Alimentar
Tributações e
isenções

Orgânicos vs. Convencionais Feira vs Supermercados


Preços dos produtos orgânicos em feiras Nos supermercados, os preços
livres são mais baixos ou iguais aos dos encontrados eram de duas a quatro vezes
convencionais. A média dos preços, mais altos em comparação às feiras livres.
analisados por unidade, tipo de produto e E o valor de uma cesta de produtos sem
local de venda, indicou que alimentos veneno em feiras pode ser o mesmo de
orgânicos adquiridos em feiras foram uma com produtos não orgânicos.
aproximadamente 43% mais baratos que
os adquiridos em supermercados. Para
os alimentos convencionais, essa
diferença foi de 2,6% (INSTITUTO KAIRÓS, 2015;
WATANABE; LUIZ; ABREU, 2020)
Soberania Alimentar
Tributações e isenções
Quadro 1 - Alimentos desonerados de PIS/COFINS pelo Governo Federal.

Fonte: CMAP 2021 (CMAP 2021)


Soberania Alimentar
Tributações e isenções
Quadro 1 - Alimentos desonerados de PIS/COFINS pelo Governo Federal.

Fonte: CMAP 2021


(CMAP 2021)
Soberania Alimentar
Tributações e isenções

Figura 3 - Impactos da Taxação das bebidas adoçadas (arrecadação, consumo


em litros, empregos, PIB)

Fonte: ACT, 2020


(LUCINDA et al., 2020)
Soberania Alimentar Previsão que os
ultraprocessados se tornem
Consumo é "escolha"? mais baratos (na média) que
os minimamente processados,
no ano de 2026.

(MAIA et al., 2019)


Soberania Alimentar
"Escolhas" alimentares

A “escolha” do alimento, por se tratar de um ato que não é somente


individual, sofre influência dos diversos processos que extrapolam
o indivíduo e são produzidos no campo coletivo, como a
padronização das dietas, os desertos alimentares, a determinação
do ambiente alimentar, a expansão violenta sobre os ecossistemas
e modos de vida, a normalização de produtos ultraprocessados, o
controle corporativo da comercialização de alimentos e da massiva
força midiática

(BRAND,; WILSESN, 2021)


Soberania Alimentar
"Escolhas" alimentares

Aceitaremos que os
pobres adoeçam de
comida no Brasil?
Referências
ABRANDH – AÇÃO BRASILEIRA PELA NUTRIÇÃO E DIREITOS HUMANOS. O direito humano à alimentação adequada e o Sistema Nacional de
Segurança Alimentar e Nutricional. Brasília: Ação Brasileira pela Nutrição e Direitos Humanos, 2013. Disponível em: http://www.oda-
alc.org/documentos/1374763097.pdf.
ALIANÇA PELA ALIMENTAÇÃO ADEQUADA E SAÚDÁVEL, Rotulagem Nutricional Frontal. Disponível em: https://direitodesaber.org/. Acesso em: mar.
2023.
ALMEIDA, F. C. S. et al. O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA): um caso de Big Push Ambiental para a sustentabilidade no Brasil. Brasília, DF:
CEPAL; 2020. Disponível em: https://archivo.cepal.org/pdfs/ bigpushambiental/Caso92-OProgramadeAquisicaodeAlimentos.pdf.

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA - ANVISA. Instrução normativa nº 75, de 8 de outubro de 2020. Dispõe sobre a rotulagem nutricional
dos alimentos embalados. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 8 out. 2020AYRES, J. R.; PAIVA, V.; BUCHALLA, C. M. Direitos humanos e vulnerabilidade
na prevenção e promoção da saúde: uma introdução. In: PAIVA, V.; AYRES, J. R.; BUCHALLA, C. M. (Org.). Vulnerabilidade e direitos humanos: prevenção e
promoção da saúde: da doença à cidadania. Curitiba: Juruá, 2012. p. 9-22.
BRAND, U.; WISSEN, M. Modo de vida imperial: sobre a exploração dos seres humanos e da natureza no capitalismo global. São Paulo: Elefante, 2021.
BRASIL. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA – IBGE. Censo Agropecuário 2017: resultados definitivos. Rio de Janeiro, v. 8, p.1-
105, 2019.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Promulgada em 05 de outubro de 1988. Brasília, DF: Senado Federal.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Nota Técnica DA/SAGI/MDS nº 128/2010: Relatório da Oficina Técnica para análise da
Escala Brasileira de Medida Domiciliar de Insegurança Alimentar. Brasília: SAGI/DA, 30 ago. 2010
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006. Cria o Sistema Nacional de
Segurança Alimentar e Nutricional – SISAN com vistas em assegurar o direito humano à alimentação adequada e dá outras providências. Brasília: Diário Oficial
da União, 2006 [Internet]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11346.htm.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Guia Alimentar para a População Brasileira. 2. ed., Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 156 p.
BRASIL. Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar e do Programa Dinheiro Direto na Escola aos alunos da
educação básica; e dá outras providências. Diário Oficial da União. 16 Jun 2009.
BRASIL. Resolução nº 1, de 8 de fevereiro de 2017. Altera o valor per capita para oferta da alimentação escolar do Programa de Alimentação Escolar - PNAE.
Diário Oficial da União. 8 fev. 2017.
Carneiro FF, Rigotto RM, Augusto LS, et al. organizadores. Dossiê ABRASCO: um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde. Rio de Janeiro: EPSJV;
São Paulo: Expressão Popular; 2015. Disponível em: https://www.abrasco.org. br/dossieagrotoxicos/wp-content/uploads/2013/10/ DossieAbrasco_2015_web.pdf.
Companhia Nacional de Abastecimento. Série histórica de Estoques Públicos. Brasília: Conab, 2022. 32 p.
CONTI, I. L. Segurança alimentar e nutricional: noções básicas / Irio Luiz Conti. – Passo Fundo: IFIBE, 2009.

Referências
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