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Responsabilidade
Social Empresarial
UNIDADE I
Chanceler
Prof. Antonio Colaço Martins Filho

Reitora
Profa. Denise Ferreira Maciel

Diretor Administrativo Financeiro


Edson Ronald de Assis Filho

Diretora Executiva
Ana Cristina de Holanda Martins

Diretora Executiva
Sandra de Holanda Martins

Assessoria de Desenvolvimento Educacional – ADE


Profa. Elane Pereira
Prof. Silvio Rodrigues

Revisão Textual
Cristiana Castro

Diagramação
Wanglêdson Costa
Sumário

Apresentação 05
Para começo de conversa 06

01 - Responsabilidade Socioambiental 07
Cooperativa de Bordadeiras Linhas e Fios 12
Padaria Trigopão 12
Responsabilidade Social na prática 18
Responsabilidade em retrospectiva 19
Exemplos de responsabilidade social 20
Empreendedores da vida real 23

Anotações 25
Apresentação

Seja bem-vindo à disciplina Responsabilidade Social Empresarial. A


metodologia adotada pela UNIFAMETRO na modalidade a distância con-
ta com aulas ministradas no Ambiente Virtual de Aprendizagem Moodle,
favorecendo atividades colaborativas, aproximando professores e alunos
distantes fisicamente.
Para a melhor compreensão do assunto, é importante que, além da
leitura desse conteúdo, você participe das atividades e tarefas propostas
no cronograma e consulte dicas e complementos sugeridos no decorrer
da disciplina. Este material também está disponível para impressão ou
para download em formato pdf cliancando no botão abaixo:

educacaoonline.unifametro.edu.br

É importante ressaltar que, nessa metodologia, o seu compromis-


so com a aprendizagem é fundamental para que ela aconteça. Portanto,
participe, lendo os textos antes de cada aula para interagir melhor nos
momentos de comunicação virtual e presencial, nas discussões com os tu-
tores, professores e colegas de curso.

BONS
ESTUDOS!

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Para começo de
conversa
A disciplina Responsabilidade Social Empresarial é dividida em 4 unida-
des, nas quais você encontrará o conteúdo, bem como conteúdos adicio-
nais e sugestões de leituras. Ao longo do texto, você irá se deparar com
vários ícones que irão ajudá-lo neste percurso em busca do conhecimento,
tais como:

SUGESTÕES PARA REFLETIR OBJETIVOS

PARA LER ATENÇÃO EXEMPLO

SAIBA MAIS VOCÊ SABIA VÍDEO

Esses ícones nortearão a sua leitura, oferecendo amplas possibilidades de


aprofundamento. A linguagem dialógica aqui utilizada também irá aproxi-
málo das aulas ora apresentadas, levando-o à motivação e ao entendimen-
to da disciplina. Esperamos, por meio da diagramação desse material, con-
tribuir com sua interação plena com os conteúdos. Agora que já estamos
“conectados”, mãos à obra!

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01

Responsabilidade
Socioambiental
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OBJETIVOS

Responsabilidade
Socioambiental
Essa unidade tem como Objetivos de Aprendizagem:

• Compreender a responsabilidade social e ambiental das organizações


como um papel da gestão e sua importância estratégica para legitimar
sua atuação, integrando gestão empresarial e interesse socioambiental.
• Desenvolver a visão crítica da gestão socialmente responsável e desenvol-
vimento sustentável.
• Identificar as consequências das ações das empresas nos atores envolvidos,
os impactos na empresa, no mercado, no meio ambiente, na comunidade.
• Compreender os diversos atores no tocante à promoção e manutenção do
desenvolvimento sustentável.

COMPETÊNCIAS

E como competência:
Compreender as principais teorias e conceitos, a fim de compreender
o ambiente organizacional e possibilitar o desenvolvimento das habilidades
de diagnóstico, visão sistêmica e pensamento estratégico, passando a atuar
como agente de mudança e transformação, voltado para a sustentabilidade.
Ter aptidão e visão crítica para socializar e promover a intervenção e
proposição da mudança de mentalidade, voltada a promover a Responsabili-
dade social organizacional.

ATENÇÃO

Temas centrais dessa Unidade:


• Por que a preocupação com a Responsabilidade Socioambiental e a com-
petitividade no contexto atual?
• Afinal, o que é Responsabilidade Social: reflexão, conceito, características
e princípios, motivos para a implantação da RS.
• A teoria dos Stakeholders e por que priorizá-los

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O foco da nossa disciplina é compreender a importância da Responsabilidade
socioambiental no dia a dia das organizações. Você já parou para pensar em algumas
das questões abaixo?

POR QUE AS QUAL A FUNÇÃO DE A EMPRESA GERA


EMPRESAS EXISTEM? UMA EMPRESA IMPACTO?

Vamos assistir ao vídeo a seguir que trata deste tema.

EXEMPLO

Tempo: 03 min

MAN
Canal: Steve Cutts

>>> CLIQUE NESSA IMAGEM E ASSISTA AO VÍDEO <<<

https://www.youtube.com/watch?v=WfGMYdalClU

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Por que a preocupação com a Responsabilidade Socioambiental e a Competitivi-


dade no contexto atual?

Fonte: Ética e responsabilidade social nos negócios. Patricia Almeida Ashley (Org.),
Saraiva, 2002, 232 p.

O crescente aumento da complexidade dos negócios, principalmente em decor-


rência do processo de globalização e da velocidade das inovações tecnológicas e da
informação, impõe ao empresariado uma nova maneira de realizar suas transações.
Além disso, as crescentes disparidades e desigualdades de nossa sociedade obrigam
a repensar o desenvolvimento econômico, social e ambiental.
Por outro lado, o incremento da produtividade em função do avanço das novas
tecnologias e da difusão de novos conhecimentos levou a um aumento significativo
da competitividade entre as empresas. Dessa forma, elas buscam cada vez mais in-
vestir em novos processos de gestão, visando obter diferenciais competitivos.
Para responder a esse crescente desafio, governos, empresas e sociedade or-
ganizam-se para trazer novas respostas visando um desenvolvimento sustentável
que englobe tanto os aspectos econômicos como os sociais e ambientais. O mundo
empresarial vê, na responsabilidade social, uma nova estratégia para aumentar
seu lucro e potencializar seu desenvolvimento. Essa tendência decorre da maior
conscientização do consumidor e conseqüente procura por produtos e práticas que
gerem melhoria para o meio ambiente ou comunidade, valorizando aspectos éticos
ligados à cidadania. Além disso, essas profundas transformações mostram-nos que
o crescimento econômico só será possível se estiver alicerçado em bases sólidas.
Deve haver um desenvolvimento de estratégias empresariais competitivas por meio
de soluções socialmente corretas, ambientalmente sustentáveis e economicamente
viáveis. A economia mundial vem enfrentando uma transformação radical nas últi-
mas décadas. As distâncias geográficas e culturais estão se reduzindo significativa-
mente, ainda mais com o advento das novas tecnologias e da comunicação em rede
mundial. A metáfora de fábrica global surgiu justamente por causa disso: o mun-
do, hoje, é uma imensa fábrica em que se expressam e sintetizam todas as forças
produtivas.
A evolução tecnológica facilita a fluidez da comunicação de tal forma que ge-
neraliza a informação e derruba fronteiras com impressionante rapidez. Sua própria
noção engloba várias concepções distintas: informação de base como base de da-
dos; acervos digitais; arquivos multimídias; informação cultural, como filmes, vídeos,
jornais, programas televisivos e livros; e know-how, como invenções, patentes e
protótipos.
Estamos em uma nova fronteira na qual o avanço das novas tecnologias, envol-
vendo informática, telecomunicações, vídeo, televisão a cabo, enciclopédias digitais
e bancos de dados levam a uma mudança qualitativa. Uma mudança maior ainda, no
entanto, resulta das próprias transformações sociais que essa revolução está provo-
cando; o número de funcionários ou fábricas não é mais fator fundamental, e sim o
conhecimento.
A entrada de novos competidores estrangeiros, principalmente depois da
abertura do mercado em meados da década de 1990, intensificou a velocidade de

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lançamento de novos produtos e serviços, formas e práticas de gestão e de rela-


cionamento da empresa com clientes, funcionários, fornecedores, colaboradores e
comunidade em que está inserida.
Esse processo de entrada do capital internacional atingiu quase todos os setores
da economia. Segundo dados da consultoria KPMG, alimentos, bebidas e fumo lide-
raram o ranking de investimentos estrangeiros em número de aquisições nos últimos
anos, seguidos pela área financeira, química e petroquímica e de telecomunicações.
O movimento de desnacionalização das empresas traz, também, resultados po-
sitivos: as companhias experimentam novas práticas de gestão, processos de produ-
ção mais eficientes e diferentes tecnologias no mercado.
A nova realidade de mercado fez com que as empresas investissem mais em ou-
tros atributos hoje essenciais, além de preço e qualidade: confiabilidade, serviço de
pós-venda, produtos ambientalmente corretos e relacionamento ético da empresa
com seus consumidores, fornecedores e varejistas, além da valorização de práticas
ligadas ao ambiente interno, como a política adotada em relação à segurança de seus
funcionários ou produtos e à qualidade e preservação do meio ambiente.
Essas inovações, no lado tecnológico, nos processos de produção, nas formas de
organização, no relacionamento da empresa com seus funcionários e comunidade e
no lado social e ambiental, dizem respeito a um tema que não é novo mas que, nos úl-
timos anos, apresenta importância crescente: a responsabilidade social das empresas.

Afinal, o que é Responsabilidade Social?


A expressão “responsabilidade social” suscita uma série de interpretações. Para
alguns, representa a idéia de responsabilidade ou obrigação legal; para outros, é um
dever fiduciário, que impõe às empresas padrões mais altos de comportamento que
os do cidadão médio. Há os que a traduzem, de acordo com o avanço das discussões,
como prática social, papel social e função social. Outros a vêem associada ao compor-
tamento eticamente responsável ou a uma contribuição caridosa. Há ainda os que
acham que seu significado transmitido é ser responsável por ou socialmente cons-
ciente e os que a associam a um simples sinônimo de legitimidade ou a um antônimo
de socialmente irresponsável ou não responsável.
Em 1953, Bowen, nos primórdios da literatura sobre responsabilidade social
dos executivos, definiu responsabilidade social como “a obrigação do homem de ne-
gócios de adotar orientações, tomar decisões e seguir linhas de ação que sejam com-
patíveis com os fins e valores da sociedade”.
Nota-se, contudo, a partir de então, uma crescente conscientização no sentido
de que as organizações podem e devem assumir um papel mais amplo dentro da
sociedade. A responsabilidade social leva, no âmbito interno da empresa, à consti-
tuição de uma cidadania organizacional e, no âmbito externo, à implementação de
direitos sociais.
Responsabilidade social pode ser definida como o compromisso que uma
organização deve ter para com a sociedade, expresso por meio de atos e atitudes
que a afetem positivamente, de modo amplo, ou a alguma comunidade, de modo
específico, agindo proativamente e coerentemente no que tange a seu papel es-
pecífico na sociedade e a sua prestação de contas para com ela. A organização,
nesse sentido, assume obrigações de caráter moral, além das estabelecidas em lei,

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mesmo que não diretamente vinculadas a suas atividades, mas que possam contri-
buir para o desenvolvimento sustentável dos povos. Assim, numa visão expandida,
responsabilidade social é toda e qualquer ação que possa contribuir para a melhoria
da qualidade de vida da sociedade.
Peter Drucker chama a atenção para o fato de que é justamente em função de a
empresa ser bem-sucedida no mercado que cresce a necessidade de atuação social-
mente responsável, visando diminuir os problemas sociais. Assim, a responsabilidade
social é um fator importante para que as companhias mantenham sua sustentabili-
dade. Além disso, a responsabilidade social é resultado dos questionamentos e das
críticas que as empresas receberam, nas últimas décadas, no campo social, ético e
econômico por adotarem uma política baseada estritamente na economia de merca-
do. Mesmo assim, ainda é alvo de polêmicas por suas fortes conotações políticas e
ideológicas.

PARA REFLETIR

Mas você acredita mesmo que as empresas


possam praticar a RSE? Acompanhe os casos a seguir.

Cooperativa de Bordadeiras Linhas e Fios


Acompanhe o caso da Cooperativa de Bordadeiras Linhas e Fios. Ela ajuda não
só a aumentar a renda familiar, mas também oferece oportunidade de aprendizagem
para mulheres. Em uma conversa dentro da própria cooperativa, as bordadeiras vi-
ram que tinham algo em comum além do ato de bordar.
Elas descobriram que muitas tinham vontade de continuar seus estudos, pois,
por motivos diversos, a maioria ainda não havia terminado o ensino fundamental.
Pensando nisso, juntaram-se e construíram uma sala de aula em uma parte da coo-
perativa na qual são ministradas aulas por uma professora voluntária no período da
noite. Todas as bordadeiras se sentiram muito satisfeitas e com a autoestima eleva-
da. Dessa forma, pode-se perceber que a RSE pode ser praticada em pequenas em-
presas, trazendo benefícios a todos.

Padaria Trigopão
Outro exemplo é o caso da padaria Trigopão. Ela oferece à escola da comunida-
de um café da manhã nutritivo utilizando farinha enriquecida na fabricação de seus
pães.
O padeiro e o dono da padaria Trigopão sempre pensaram em praticar a RSE,
mas nunca souberam por onde começar. Até que, certo dia, o padeiro da Trigopão
conheceu o dono de uma videolocadora que emprestava filmes a professoras para
que elas os apresentassem aos alunos, tornando assim a aula mais atrativa.
Foi a partir dessa ação que o padeiro teve a ideia para iniciar seu projeto de doar
pães feitos com farinha enriquecida ao café da manhã da escola da comunidade.

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Assim, os alunos poderiam iniciar o dia na escola alimentados e mais concentra-


dos para realizar as tarefas escolares. Essa iniciativa também contribuiu para que o
mercado doasse frutas, a fim de complementar a alimentação dessas crianças.
Lendo esses dois casos, você pôde perceber que a RSE se preocupa muito com
o outro de maneira ética, e não apenas filantrópica. Agir eticamente é um dos prin-
cípios básicos da RSE, pois, sem uma gestão ética, não é possível ser socialmente
responsável.

Fonte: Sebrae, sustentabilidade, 2018.

Robert Dunn é presidente do Business for Social Responsibility (BSR), organiza-


ção norte-americana sem fins lucrativos dedicada à divulgação da responsabilidade
social nos negócios. Em sua opinião, ser socialmente responsável é um dos pilares de
sustentação dos negócios, tão importante quanto a qualidade, a tecnologia e a capa-
cidade de inovação. Quando a empresa é socialmente responsável, atrai os consumi-
dores e aumenta o potencial de vendas, gerando maiores lucros para os acionistas.
Além disso, também é, hoje, um sinal de reputação corporativa e da marca.

O Surgimento e evolução histórica da responsabilidade social

Fonte: http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2008_tn_sto_079_547_11666.pdf

As constantes mudanças advindas do desenvolvimento e globalização têm afe-


tado todos os âmbitos da sociedade, sendo necessária uma reinvenção da forma de
gerenciar os negócios e as demais variáveis que afetam a sociedade. A Responsabili-
dade Social nesse contexto está diretamente ligada às transformações que ocorrem
e envolvem todos os tipos de organizações.
Em 1916, argumentando a realização de objetivos sociais, a empresa Ford de-
cidiu não distribuir parte dos dividendos aos acionistas e investiu na capacidade de
produção, no aumento de salários e em fundo de reserva para diminuição esperada
de receitas devido à redução dos preços dos carros.
Posteriormente, em 1919, veio a público o julgamento do caso Dodge versus
Ford, nos EUA, que tratava da competência de Henry Ford, presidente a acionista
majoritário da empresa, para tomar decisões que contrariavam interesses dos acio-
nistas John e Horace Dodge. Na época a Suprema Corte de Michigan foi favorável aos
Dodges, justificando que a corporação existe para o benefício de seus acionistas e
que diretores corporativos têm livre-arbítrio apenas quanto aos meios para alcançar
tal fim, não podendo usar os lucros para outros objetivos.
Por volta dos anos 50 e 60 do século passado que começou-se a repensar a ideia
da responsabilidade social vigente e expandir seus horizontes nos Estados Unidos,
a partir da guerra do Vietnã. Nesta época, a sociedade repudiou a utilização de ar-
mamentos bélicos produzidos por empresas norte-americanas, prejudiciais ao meio
ambiente e ao homem.
No início do século XX, a Responsabilidade Social (RS) limitava-se apenas ao ato
filantrópico, que inicialmente assumia caráter pessoal, representado pelas doações
efetuadas por empresários ou pela criação de fundações. Foi durante as décadas de

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1950 e 1960 que as ideias de responsabilidade social como uma forma de atuação
ampla começaram a expandir-se. A Lei de Filantropia surgida nos Estados Unidos é
como um marco conceitual da RS, após sua aprovação, um conceito mais complexo
começou a ser estudado por suas novas aplicações na sociedade.
A partir dos resultados da Revolução industrial, com a degradação do meio
ambiente e da vida humana pelo trabalho, foi que passaram a surgir novas refle-
xões sobre o papel das empresas frente às obrigações legais, ambientais e so-
ciais de maneira geral. Assim, uma nova concepção de responsabilidade social
emergiu e pautou-se pelo reflexo dos objetivos e valores sociais. Houve o enten-
dimento de que as empresas estão inseridas em um meio complexo, onde suas
atividades influenciam ou têm impacto sobre diversos agentes sociais, comunidade
e sociedade.
No ano de 1953 surgiu um caso semelhante ao de Ford, que foi julgado nos Es-
tados Unidos, quando A.P.Smith Manufacturing Company versus Barlow. Nesse caso
em questão, a decisão da Suprema Corte de Princeton foi contrária aos interesses
dos acionistas e interpretou que a corporação poderia sim buscar o desenvolvimento
social, estabelecendo em lei a sua atuação social. Posteriormente, a filantropia co-
meçou a ser defendida como uma ação válida das empresas para obter lucros, atra-
vés de ações de responsabilidade social.
O termo RS aparece pela primeira vez em um manifesto, que defendia a respon-
sabilidade dos gestores de indústrias que era manter o equilíbrio justo entre todos
os interessados, incluindo consumidores, funcionários, acionistas e o setor público.
O manifesto foi subscrito por 120 indústrias inglesas.
No Brasil, o surgimento da responsabilidade social não tem um início preciso,
existem registros de ações sociais de empresários desde o século XIX, no entanto
pode-se indicar a ‘Carta de princípios dos dirigentes cristãos de empresas’ publicada
em 1965 pela Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas do Brasil (ADCE Brasil)
como um dos marcos iniciais, tendo maior significância pela utilização no documento
da expressão responsabilidade social das empresas.
A criação dessa associação esteve aliada ao enfraquecimento do Estado do bem
estar social e que, em conjunto contribuíram para o reconhecimento da função so-
cial das empresas. Na época da criação da ADCE Brasil haviam desníveis econômicos
alarmantes e atraso em certas áreas no Brasil sendo que a partir do século XX, as
várias crises deram início para a firmação de uma sociedade apta para negócios e
com poder social. Ocorreu então uma mudança de paradigma, em que no primei-
ro momento a empresa devia se mostrar responsável para os seus acionistas, para
outra em que devia ser responsável perante sua comunidade, empregados, nature-
za, governo, rede de fornecedores, consumidores e compradores, atuais e futuros
stakeholders.
Após a carta publicada pela ADCE Brasil, houve uma necessidade do empresa-
riado para assumir suas responsabilidades, onde percebeu-se que a atividade empre-
sarial não deveria absorver o empresário, nem transformar-se em fim em si mesma,
pois o dirigente de empresa tem obrigação de participar ativamente e com plena
responsabilidade, na vida cívica e política da comunidade. Nessa perspectiva, o qua-
dro abaixo, mostra uma síntese dos acontecimentos que sucedem o surgimento da
Responsabilidade Social no Brasil.

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Período Acontecimento
Século XIX Registro de ações sociais de empresários desde o século XIX.
Carta de princípios dos dirigentes cristãos de empresas, pu-
1965 blicada pela Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas
do Brasil (ADCE Brasil).
2º Encontro nacional de Dirigentes de Empresas, organizado
pela ADCE, no qual o tema central do evento foi o Balanço
Social.
A Câmara Americana de Comércio de São Paulo
1982 (Amcham-SP) instituiu o Prêmio Eco (Empresa-Comunidade),
com o objetivo de incentivar ações sociais.
Surgem os primeiros balanços sociais, ferramenta cuja fun-
ção principal é tornar pública a responsabilidade social em-
1980
presarial, construindo maiores vínculos entre a empresa,
sociedade e meio ambiente.
É realizado o primeiro Balanço Social de uma empresa no
1984 Brasil, o da Nitrofértil, uma estatal de sede na Bahia; em
1985 é realizado o da Eucatex.
É criada a Fundação Instituto de Desenvolvimento Empresa-
1986 rial e Social (FIDES), com o objetivo de humanizar a empresa
e promover sua relação com a sociedade.
Surge um grupo denominado Pensamento Nacional das Ba-
1987 ses Empresariais (PNBE), durante uma reunião em São Paulo
com 2.600 empresários.
É realizada a primeira reunião do que viria a ser o Grupo de
1988 Institutos, Fundações e Empresas (GIFE) com um debate so-
bre Filantropia
É criado o Centro de Estudos de Ética nos Negócios (CENE)
1992
da Fundação Getúlio Vargas.
Médios e pequenos empresários criam a Associação Brasilei-
1994
ra de empresários pela Cidadania (CIVES).
Surge o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvi-
mento Sustentável (CEBDS), com foco em questões ambien-
1997 tais e integrante do World Business Council for Sustainable
Development (WSCSD); ainda nesse ano, o Ibase cria o selo
Balanço Social.
Fonte: Elaborado pela autora.

A empresa socialmente responsável e a sociedade


Atualmente têm-se um conceito de Responsabilidade Social (RS) que vai além
de seus primórdios (Filantropia). Conforme o Instituto Ethos de Responsabilidade
Social , a RS é a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da
empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento

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de metas empresariais que impulsionem o desenvolvimento sustentável da socieda-


de, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitan-
do a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais.

Segundo Ioschpe (1997) as empresas podem ser vistas sob três ângulos, de acordo
com seus princípios, crenças, valores, objetivos e sua prática:

a) a empresa que somente é um negócio, cujo centro de interesse é o lucro a qual-


quer custo;
b) a empresa como uma organização social, por ser formada por grupos de pessoas,
numa relação de interdependência com ela e;
c) a empresa-cidadã, que contribui para a elevação do meio social em que vive, ope-
rando sob uma concepção estratégica e uma compreensão ética.

Corroborando com essa idéia Steiner e Miner (1997) afirmam que a abordagem da
responsabilidade social empresarial passou por três estágios:

a) Maximização dos Lucros - A administração da empresa deveria concentrar-se no


uso eficiente dos recursos para produzir bens ou serviços desejados pelos consu-
midores de modo a vendê-los a preços que estes estivessem dispostos a pagar,
visando assim maximizar lucros no curto prazo;
b) Equilíbrio de Interesses – O objetivo era maximizar os lucros à longo prazo,
equilibrando assim os interesses dos acionistas, funcionários, consumidores,
comunidade;
c) Administração Sócio-Econômica - O objetivo aqui deixa de ser apenas o lucro em
si, mas também a busca concreta da melhoria da qualidade de vida ou do bem-es-
tar da sociedade.

De acordo com Grajew (2000) a gestão empresarial com Responsabilidade Social


pode trazer inúmeros benefícios para a organização. Dentre esses se destacam:

a) a valorização da imagem institucional e da marca;


b) maior lealdade de todos os públicos, inclusive do consumidor;
c) maior capacidade de recrutar e de manter talentos;
d) flexibilidade e capacidade de adaptação, além da sobrevivência da empresa em
longo prazo; maior importância à organização conferida pela comunidade.

Outro aspecto de grande importância abordado por Grajew, é a atratividade e a


retenção dos bons profissionais, ou seja, cada vez mais, os bons profissionais, quan-
do podem escolher, preferem trabalhar em empresas socialmente responsáveis.
Dentro do conceito de responsabilidade social, o fator mais importante é a éti-
ca. A responsabilidade social corporativa está entremeada de questões éticas de ex-
trema importância. A empresa que atua de forma responsável deve atentar para que
estes valores estejam de fato presentes em toda a extensão de seus negócios, ou
podem correr o risco de ter sua atuação má percebida pela sociedade de um modo
geral, o que poderia gerar um efeito oposto ao desejado, ou seja, uma desvaloriza-

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ção de sua imagem. Assim, uma empresa que desenvolve uma série de projetos sociais
para a comunidade, mas não trata seus funcionários de forma adequada, ou aceita pro-
dutos de fornecedores de desempenho ético duvidoso, pode suscitar questões na so-
ciedade, e colocar em dúvida a existência de uma verdadeira responsabilidade social.
A sociedade pode beneficiar-se bastante da atuação socialmente responsável
das empresas. Estas são uma das maiores forças motoras dentro do modelo atual de
organização econômica, reunindo assim grande potencial para a realização de trans-
formações. A partir do momento em que as empresas passam a transformar esse po-
tencial em ação, podem ser antevistas grandes possibilidades de mudanças positivas.
Ser uma empresa-cidadã mostra um grau de maturidade em termos de desenvolvi-
mento social e representa olhar a comunidade envolvida em suas ações como público
prioritário, ainda que essas ações permaneçam buscando o lucro e a competitividade
no mercado. Além da exigência e da preocupação moral com o tema, a adoção da
responsabilidade social também traz uma série de benefícios para a empresa, como
motivação do público interno, ganhos de imagem, maior satisfação do consumidor,
diversidade no ambiente de trabalho e cooperação da comunidade, dentre outros.
Esse é outro motivo para se considerar a responsabilidade social extremamente im-
portante no contexto empresarial. A responsabilidade social não é um modismo, e
sim uma realidade no contexto empresarial, que acarreta em alterações gradativas
de comportamento e valores nas organizações, devendo estar presente nas decisões
de seus administradores e balizando seu relacionamento com a sociedade.

Responsabilidade Social: para quem?


Segundo os autores clássicos da área, como Howard Bowen, há cinco tipos de
público beneficiados com a responsabilidade social: funcionários, clientes, fornece-
dores, competidores e outros com os quais a empresa mantenha transações comer-
ciais. Peter Blau e W. Richard Scott ressaltaram que, dentre todas essas categorias,
a empresa deveria escolher apenas uma como a principal, que seria a razão para a
existência da organização, enquanto as outras representariam apenas despesas.
Para autores contemporâneos, a responsabilidade social assume outras caracterís-
ticas, englobando o público interno e externo, além do investimento na preservação
ambiental, mas não necessariamente privilegiando uma categoria em particular. Há
pelo menos sete vetores, ilustrados no quadro a seguir.

Vetores da Responsabilidade Social


Satisfação de clientes e consumidores.
V7
Adaptado de Ashley (2020)

Sinergia com Apoio ao


parceiros. V6 V1 desenvolvimento
da comunidade.

Vetores da
Retorno aos Responsabilidade Preservação
acionistas. V5 Social
V2 ambiental.

Comunicações Bem estar dos funcionários,


transparantes. V4 V3 dependentes e um ambiente
de trabalho agradável.

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Esses vetores direcionam o processo de gestão empresarial para o fortaleci-


mento da dimensão social da empresa e facilitam o investimento das empresas na
responsabilidade social, pois permitem o seguimento de alguns padrões e critérios
como os já definidos.

Responsabilidade Social na prática


A Unilever, em parceria com o governo do Estado do Paraná, montou o Centro
Rexona de Excelência no Vôlei, com um investimento da ordem de R$ 4 milhões por
ano. Os dois lados ganham: o comercial e o social. De um lado, a empresa proporcio-
na à marca Rexona uma imagem inovadora, jovem e moderna, condizente com seu
público-alvo; de outro, investe no social, proporcionando assistência social e esporti-
va a milhares de crianças, e contribui para desenvolver talentos para o vôlei.
No entanto, existem algumas linhas de pensamento divergentes. Uma delas é
a de Milton Friedman. Para ele, a única responsabilidade que a empresa tem é con-
seguir lucro, otimizando o uso dos recursos organizacionais, e conseqüentemente
aumentar o retorno do capital para os acionistas.
Friedman reforça a idéia de que a empresa é socialmente responsável ao gerar
novos empregos, pagar salários justos e melhorar as condições de trabalho, além de
contribuir para o bem-estar público ao pagar seus impostos. A empresa que desvia
seus recursos para ações sociais pode prejudicar sua competitividade.

Responsabilidade social na prática

O Bradesco avalia seus investimentos sociais a partir de cinco categorias de


retorno:

• imagem;
• marca (visibilidade e recall);
• mercado (facilitação da entrada em novos mercados);
• vendas (captação de novos clientes);
• tributos (dedução do imposto de renda).

As organizações têm responsabilidade direta e condições de abordar muitos


problemas que afetam a sociedade. Segundo esse enfoque, acredita-se que tarefas,
técnicas e recursos empregados por empresas para alcançar seus objetivos materiais
podem também estar voltados para a solução de problemas sociais.
A empresa deve ter consciência e visão de que, a cada dia que passa, é maior
a expectativa dos indivíduos e sua demanda quanto ao papel social a ser desempe-
nhado por executivos e empresários. A empresa socialmente responsável assume
uma postura proativa, ou seja, considera responsabilidade sua buscar e implementar
soluções para os problemas sociais. Cultiva e pratica um conjunto de valores que
podem ser explicitados em um código de ética, formando a própria cultura interna e
funcionando como referência de ação para todos os dirigentes em suas transações.

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A manifestação da responsabilidade social no âmbito da empresa também pode


ser entendida como relacionada a um processo de evolução da atuação das empre-
sas. Depois de começarem com a filantropia pura e atribuírem a alguns setores —
como o de Recursos Humanos — a responsabilidade pelo comportamento ético e
social da companhia e seus funcionários, as empresas, então, passam a repensar sua
função e seus procedimentos, implementando mudanças conceituais e agindo de
forma socialmente responsável, seja sozinha ou em parceria com ONGs ou governo.

Independentemente do porte da empresa, nota-se que a responsabilidade social é


considerada cada vez mais como uma das principais estratégias para alavancar seu
crescimento. Nesse sentido, o Instituto Ethos afirma que empresas socialmente res-
ponsáveis são:

a) agentes de nova cultura empresarial e de mudança social;


b) produtoras de valor para todos — colaboradores, acionistas e comunidade;
c) diferenciadas e de maior potencial de sucesso e longevidade.

Responsabilidade em retrospectiva
De acordo com o Perfil da empresa que investe em projetos sociais na comuni-
dade, estudo realizado pelo Serviço Nacional do Comércio (Senac) de São Paulo, 55%
das empresas incorporam o investimento social a suas práticas comerciais, constan-
do em documento de conhecimento de todos os funcionários. Embora a doação de
produtos (22%) e de equipamentos (18,5%) ainda seja a forma mais comum de rea-
lização desse tipo de investimento, 14,6% afirmaram repassar recursos diretamen-
te às comunidades a partir de projetos criados pela própria empresa. Para 38,8%, o
investimento está organizado dentro da própria empresa, que normalmente delega
essas atribuições a mais de um departamento.
Entre as razões mais apontadas para a realização de investimentos sociais estavam
consciência e cidadania empresarial (26,6%), visão e missão (26,2%) e o sentimento de
que a empresa é uma extensão da comunidade, sendo responsável por sua qualidade
de vida (23,5%). Quase metade (43%) das empresas realiza investimentos sociais com
parceiros — os mais citados foram as instituições sociais (24%) e as escolas (21,2%).

Responsabilidade social na prática


A Iochpe-Maxion, com seu forte senso de responsabilidade social, desenvolven-
do vários projetos na área de educação, cultura e bem-estar social, como o Formare
(implantação de escolas técnicas para jovens entre 14 e 17 anos), passou de patroci-
nadora de programas sociais a gestora de iniciativas sociais. Ou seja, em vez de ter
seus recursos divididos por vários programas e projetos, ela passou a focá-los, otimi-
zando os resultados e ganhando maior retorno institucional e de vendas.
A responsabilidade social disseminada como uma atitude estratégica permite
criar uma nova cultura dentro da empresa, sendo praticada e incorporada na gestão e
em atividades regulares como produção, distribuição, recursos humanos e marketing.

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Exemplos de responsabilidade social


Muitas empresas já sabem que, para a produção do papel, são necessárias de
duas a três toneladas de madeiras, além da utilização de produtos químicos, que são
prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente. Por isso, muitos fazem xerox frente
e verso para não desperdiçar papel.
Outras orientações para a economia do consumo de papel são que os colabora-
dores de empresas façam anotações em rascunhos e que os embrulhos para presen-
te sejam medidos corretamente, a fim de evitar o desperdício. Qualquer pedacinho
de sobra de papel deve ser reutilizado para fazer pequenos adornos. Não se deve
desperdiçar nada mesmo!
Essa mudança de postura ética também altera o modo como as empresas se
relacionam com seus diversos públicos.

PARA REFLETIR

E quais públicos são esses?


Vejamos no próximo assunto.

A teoria dos Stakeholders e por que priorizá-los


Imagem: Internet

Fonte: http://acslogos.dominiotemporario.com/doc/TEORIA_DOS_STAKEHOLDERS_E_RESPONSABILI-
DADE_SOCIAL.pdf

O termo stakeholder, conforme Freeman e Mc Vea (2010), apareceu em um me-


morando do Instituto de Pesquisa de Stanford (SRI) nos anos 60. Nesse memorando
discutiu-se a atuação do gestor de empresa como sendo de múltiplos objetivos, que
deveriam atender aos stakeholders, ou seja, às necessidades de acionistas, emprega-
dos, clientes, fornecedores, financiadores e sociedade. Nessa ótica, a gestão empre-
sarial deve ser desenvolvida para garantir o apoio de cada um desses interessados,
o que garantiria o sucesso da empresa em longo prazo. Assim, segundo os autores,
o gestor deve explorar as relações com os stakeholders para desenvolver as estraté-
gias empresariais.
Definições mais abrangentes consideram os stakeholders como atores diver-
sos, sejam eles pessoas, grupos ou entidades, e que tenham relações ou interesses

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diretos ou indiretos com ou na empresa. As definições menos abrangentes, por sua


vez, os consideram como atores sem os quais a empresa inviabilizar-se-ia, como em-
pregados, gerentes, fornecedores, proprietários, acionistas e clientes, todos interes-
sados e com expectativas em relação à organização.
Os diversos stakeholders considerados para a gestão de uma organização são
apontados por Freeman (2010), que cita como stakeholders os acionistas, os forne-
cedores, os empregados, administradores, comunidade e consumidores. Oliveira
(2008) por sua vez, amplia essa rede, acrescentando funcionários, governo, mídia e
Organizações Não Governamentais (ONG’s). E Sousa e Almeida (2006) ampliam ainda
mais tal rede, acrescentando a ela os sindicatos e os concorrentes.

SUGESTÕES
Imagem: Internet

A objeção mais forte à administração embasada na teoria dos stakeholders, fei-


ta pelos que defendem a administração pelo lucro em si, é a de que o aumento do
valor da empresa demanda tempo e isso aumenta o risco do investimento. Outra
objeção é apontada por Friedman (2010), que afirma que o gestor que cumpre as
leis do país, estaria necessariamente cumprindo a função social. Rigorosamente, não
se pode negar que aquele que cumpre a lei, cumpre a função social. Porém, acredi-
ta-se que em decorrência da globalização da economia, dada a velocidade com que
as informações são transmitidas, o gestor será sempre pressionado pelos diversos
stakeholders a fazer além do que é exigido por lei.
Friedman (2010) interpretou o desenvolvimento econômico e social com olhar
do seu tempo, em que, assumia-se como verdade que a destruição do meio ambien-
te era necessária para promover o desenvolvimento social e econômico. Além dis-
so, Friedman (2010) era solipsista, pois interpretava a empresa como um ente com

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existência isolada e sem relação com o mundo, cujo fim em si era o lucro. No sistema
econômico contemporâneo, o exclusivismo do lucro dos stockholders como única
responsabilidade social empresarial não se sustenta mais, dado as rápidas mudan-
ças do ecossistema terrestre e suas interligações. Tal fato suscita uma mudança de
abordagem de interpretação do mundo e das coisas do mundo. Friedaman (2010)
interpretou o mundo pelo método indutivo, ou seja, a partir da parte, como se as
partes estivessem isoladas uma das outras e que a soma das partes – quantitativa e
qualitativamente – é igual ao todo. Hoje, a tendência é interpretar o mundo pelo mé-
todo dialético, que pressupõe uma relação dinâmica e interdependência das partes.
Na administração contemporânea o lucro dá lugar para o valor da empresa. Tal
fato, entretanto, não quer dizer que o gestor deva deixar de buscar o lucro. Pois, a
ausência deste conduz a um processo de falência.

3 casos de responsabilidade social na prática

1. A Philips é uma empresa que se destaca pelas iniciativas sustentáveis fo-


cadas em eficiência energética. Em 2016, a empresa destinava 7,7% de seu
faturamento ao desenvolvimento de produtos “verdes”.
Seu programa de RSE mais recente tem como meta melhorar a vida de 3 bilhões
de pessoas até 2025, sob o lema “Pessoas saudáveis, planeta sustentável”.
Os objetivos do programa são baseados em três pilares: criar valor para os
clientes da Philips por meio de soluções sustentáveis, servir de exemplo com
suas operações sustentáveis e multiplicar seu impacto ao incentivar a susten-
tabilidade em sua cadeia de suprimentos.

2. O Santander é um exemplo de empresa que levou a sério a RSE em toda a


cadeia produtiva, pois lançou um programa para encorajar a escolha de forne-
cedores ecologicamente corretos.
O banco criou até um curso específico para ensinar empresas a usar critérios
ambientais na seleção de seus parceiros.

3. A Natura é uma empresa reconhecida pelo comprometimento com a res-


ponsabilidade social empresarial, sempre em sintonia com as tendências do
desenvolvimento sustentável.
A empresa já desenvolveu projetos sociais com ribeirinhos da Amazônia, criou
aplicativos para conectar voluntários a projetos e fundou o Instituto Natura
para contribuir com a educação.
O programa atual da Natura tem como pilares o incentivo ao consumo cons-
ciente, responsabilidade pela cadeia de valor e geração de impacto social.

Investimento Social Privado


Fonte: Sebrae, sustentabilidade, 2019

É muito comum entre as empresas confundir responsabilidade social empresa-


rial (RSE) com investimento social privado (ISP). Mas o que é ISP? O ISP é um aspecto

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particular da RSE e, como o próprio nome diz, trata-se do investimento em projetos


sociais. Ele é o uso voluntário, monitorado e planejado de recursos privados em pro-
jetos de interesse público. Nesse caso, diferente da RSE, seria um projeto assisten-
cialista da empresa?

ATENÇÃO

Tanto a RSE quanto o ISP não possuem necessariamente


cunho assistencialista. A diferença entre ISP e RSE é outra.

ISP − as empresas investem recursos em planejamento e acompanhamento


dos projetos sociais. Seu monitoramento é feito com o intuito de gerar um
retorno positivo à sociedade por meio de seus resultados.
RSE − possui amplitude maior que o ISP, pois diz respeito ao processo de
gestão da empresa de forma a torná-la parceira e corresponsável pelo desen-
volvimento social.

Viu como os dois conceitos são bem diferentes? ISP é uma ação social da empre-
sa. Ele tem grande preocupação com os resultados de seus investimentos. Isso traz
algum retorno para a empresa? Ele está relacionado com a ligação entre a empresa e
a comunidade; já a RSE é muito mais abrangente.
Pode-se dizer que a RSE diz respeito à maneira de conduzir o negócio dentro
da empresa, preocupando-se com todos os seus públicos: colaboradores, consumi-
dores, fornecedores, sociedade, entre outros, enquanto o ISP se volta ao que está
acontecendo fora da empresa.

Vejamos agora um caso de sucesso em ISP.

Empreendedores da vida real


Conhecendo a história de um escritório de contabilidade de Belo Horizonte (BH), em
Minas Gerais, você poderá visualizar as ações realizadas.

Escritório de contabilidade de BH:


• 16 colaboradores.
• 4 estagiários.
• Faturamento: R$ 1,8 milhão ao ano (médio porte).

O escritório de contabilidade de BH iniciou sua atuação social de maneira as-


sistencialista, doando alimentos a creches e asilos da cidade. Essa ação gerou um
vínculo de dependência entre as creches e os asilos com a empresa, sem promover o
desenvolvimento dos beneficiários. As despesas só aumentavam.
Ao notar os efeitos negativos dessa ação assistencialista, o escritório pensou
em como poderia apoiar as mesmas organizações na busca de desenvolvimento e

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sustentabilidade. Percebeu então que, dentro de sua própria especialidade, a conta-


bilidade poderia capacitar tais organizações para melhor captar e gerir seus recursos.
Essa ação de capacitação para administrar e orientar pessoas das entidades be-
neficiadas apresenta custos muito mais baixos que a doação de alimentos e gera
resultados bem mais expressivos. A capacitação e o material didático foram desen-
volvidos pelos próprios colaboradores.
Se ainda restavam dúvidas sobre a importância da responsabilidade social em-
presarial, o impacto do conceito já deve estar bem claro.
Afinal, em certa medida, o futuro de todos nós depende da adoção de um novo
modelo de gestão de negócios, que respeite a capacidade do planeta em suportar o
ritmo dos nossos avanços.
Precisamos de empresas que assumam seu papel decisivo na preservação do
meio ambiente, combate às desigualdades sociais e promoção da diversidade cultural.
Para além dos lucros imediatos, a iniciativa privada deve se comprometer com
a sustentabilidade em longo prazo, garantindo a sobrevivência da sociedade e sua
própria.
Se você se considera comprometido(a) com as diretrizes da RSE, está no cami-
nho certo para o sucesso.

Fonte: https://www.sbcoaching.com.br/blog/responsabilidade-social-empresarial/

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