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Planejamento integrado para resiliência urbana

PÓLISCANDEIAS é uma cidade portuária que tem uma população muito crescente. A maior parte de
sua infraestrutura foi construída após a sua emancipação, decretada pela Lei Estadual n.º 1.028, de 14
de agosto de 1958.
Com a instalação da fábrica CCC – Companhia de Carbonos Coloidais, os seus habitantes passam a
ser afetados pela poluição ambiental, sofrendo com a má qualidade do ar e a sujeira causada pelo pó
preto que caia sobre a cidade resultante da atividade industrial daquela fábrica. Logo depois, outras
fabricas se instalaram em um de seus distritos, formando assim, o seu parque industrial.
O prefeito desta cidade fictícia, reuniu os seus secretários para realizar o planejamento de gestão
socioambiental para lidar com essas questões.
Todos devem apresentar uma solução alinhada com o objetivo de suas pastas.

Cada solução deverá seria eficaz para resolver problemas específicos e aqui são citados alguns
exemplos:
1. O secretário de Meio Ambiente propõe realizar um programa de coleta seletiva;
2. O chefe do setor portuário apresenta um plano para elevar as vias da área costeira e construir
nas proximidades um Porto Seco para desaguar os produtos destinados ao comércio;
3. O departamento de Transportes planeja atualizar a sinalização da cidade;
4. O Departamento de Parques propõe novos centros de recreação que podem servir também
como centros de refrigeração nos bairros.

O prefeito soma os orçamentos de cada proposta e percebe que não pode pagar por todas elas. O que
ele pode fazer?
A maioria das cidades vive um desafio semelhante. A adaptação das comunidades para enfrentar os
efeitos das mudanças climáticas tem um preço enorme.
Com tempestades cada vez mais intensas, temperaturas mais altas, aumento do nível do mar e
incertezas sobre as condições futuras, comunidades em todo o mundo lutam para planejar e financiar
melhorias de infraestrutura adequadas ao clima. No entanto, se os diferentes departamentos municipais
trabalhassem juntos em projetos integrados utilizando soluções baseadas na natureza, poderiam não só
alcançar as metas de cada departamento como ajudar a comunidade local e obter mais eficiência nos
custos.
A solução é trazer a natureza para dentro da cidade, pois, pesquisas mostram que soluções baseadas
na natureza (também chamadas de infraestrutura “natural” ou “verde”, como árvores, zonas úmidas,
parques, espaços abertos e telhados verdes, podem resolver muitos desses problemas de uma só vez.
As soluções baseadas na natureza servem como infraestrutura de múltiplos benefícios e atendem às
principais necessidades da comunidade, além de trazer outros benefícios. Árvores e plantas geram
oxigênio, auxiliam no sequestro de carbono da atmosfera e podem mitigar outras formas de poluição do
ar. Ao mesmo tempo, protegem ruas e parques, criam um habitat para a vida selvagem, absorvem a
água da chuva, diminuem o escoamento, contribuem para a saúde mental das pessoas e muito mais.
Por exemplo, investir em jardins de chuva, restauração de riachos (técnica chamada de daylighting
(iluminação natural), que consiste na recuperação de canais e na criação de ruas verdes para coletar e
reter água da chuva. Essas medidas de infraestrutura verde também atendem às necessidades de
outros departamentos da cidade – como o objetivo do departamento de saúde de reduzir doenças
respiratórias ou o desejo dos departamentos de transportes e educação de criar rotas seguras para
caminhar até a escola, pois as ruas verdes geralmente também possuem atributos que contribuem para
o tráfego mais lento.
De forma semelhante, as autoridades portuárias podem trabalhar para restaurar as áreas costeiras
living shorelines (linhas costeiras vivas) criando pântanos e zonas úmidas para estabilizar a costa,
reduzir a erosão e proteger contra tempestades, proporcionando ao mesmo tempo um habitat saudável
para a vida selvagem e um espaço público e de recreação.
Construir soluções baseadas na natureza também pode sair mais barato do que o investimento em
infraestrutura tradicional.
Estudos estimam que, em Los Angeles, um projeto de modernização do sistema de drenagem pluvial
custaria aproximadamente US$ 44 bilhões considerando infraestrutura cinza tradicional – e apenas
entre US$ 2,8 bilhões e US$ 7,4 bilhões com infraestrutura natural. Estudos na Filadélfia e Washington
D.C. também reportam economias de custos semelhantes por meio de infraestrutura verde.
Além disso, uma abordagem conjunta de soluções baseadas na natureza pode ajudar a cidade de
PÓLISCANDEIAS.
*Pólis significa cidade-estado. Na Grécia Antiga, a pólis era um pequeno território localizado geograficamente no ponto mais
alto da região (no nosso caso, PÓLISCANDEIAS será o bairro do Malembá), e cujas características eram equivalentes a
uma cidade. O surgimento da pólis foi um dos mais importantes aspectos no desenvolvimento da civilização grega.

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