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ISOPRENOIDES

Os isoprenoides são lipídios insaponificáveis classificados em dois grandes grupos:


terpenoides e esteroides. São biossintetizados a partir do ácido mevalônico e/ou do fosfato de
metileritritol os quais originam unidades de isopreno ativado: difosfato de dimetil alila
(DMAPP) e difosfato de isopentenila (IPP), os quais se ligam cabeça-calda conforme figura a
seguir. O ácido mevalônico e/ou fosfato de metileritritol originam os terpenoides enquanto
que o ácido mevalônico origina os esteroides.

A maioria dos terpenos ainda não tem função definida para os organismos que os
produzem e não são amplamente distribuídos na natureza, têm ocorrência restrita, portanto
não fazem parte do grupo de metabólitos primários. Muitas fragrâncias e sabores encontrados
nas plantas são terpenos conhecidos como óleos essenciais. Um exemplo de terpeno bastante
conhecido é o esqualeno que foi isolado inicialmente do fígado de tubarão, porém é uma
substância de ampla ocorrência em animais e vegetais.

Metabólitos derivados do mevalonato e fosfato de metileritritol: terpenoides e


esteroides

Isoprenoides constituem uma extensa família de produtos naturais derivada de


unidades C5 com esqueleto carbônico equivalente ao isopreno, unidas comumente cabeça-
cauda (Figura 4.9). As unidades C5 ativadas são denominadas de difosfato de dimetilalila
(DMAPP) e difosfato de isopentenila (IPP).

Os isoprenoides são divididos em terpenoides e esteroides. Os terpenoides são


classificados em hemiterpenoides (C5 ), monoterpenoides (C10), sesquiterpenoides (C15),
diterpenoides (C20), sesterterpenoides (C25), triterpenoides (C30), tetraterpenoides (C30) e
politerpenoides (C5 )n (Figura 4.10). As unidades C5 ativas são ésteres de difosfato
(pirofosfato), denominadas 3-difosfato de isopentenila (IPP) e 3-difosfato de 3,3’-dimetilalila
(DMAPP).

No geraniol (C10), farnesol (C15) e geranilgeraniol (C20), por exemplo, as unidades C5


estão unidas cabeça-cauda, entretanto no esqualeno (C30) e fitoeno (C40) contém uma ligação
do tipo cauda-cauda no centro (Figura 4.11). A maioria dos terpenoides são modificados
posteriormente por reações de ciclização, porém o rearranjo das unidades cabeça cauda
podem ainda serem reconhecidas, como no terpinen-4-ol, sesquifelandreno e levopimaradieno
(Figura 4.11).

Biossíntese das unidades C5

As unidades C5 , IPP e DMAPP podem ser formadas por duas rotas: uma delas envolve
o intermediário ácido mevalônico (MVA) e a outra o fosfato de metileritritol (MEP). Durante
muitos anos acreditava-se que a rota do mevalonato era comum aos isoprenoides naturais de
todos os organismos. No entanto, após várias investigações foi comprovada a existência de
uma rota alternativa para formação de IPP e DMAP via MEP. Esta rota é também conhecida
independente do mevalonato ou rota do fosfato da desoxixilulose. A formação de IPP e
DMAPP pela rota do mevalonato ocorre a partir da condensação de três unidades de acetil-
CoA, como mostra a Figura 4.12.

A Figura 4.13 mostra, de forma simplificada, a formação de IPP e DMAPP pela rota do
MEP. Ela se inicia com a descarboxilação do ácido pirúvico, em presença de TPP, formando o
intermediário enamina derivado do TPP/piruvato seguido de reação com 3-fosfato de
gliceraldeído com formação do 5-fosfato-1- desoxi-D-xilulose. Esta por sua vez sofre uma
reação aldólica reversa, redução com NADPH, reação com trifosfato de citidina (CTP) gerando
o difosfato de 4-hidroxi-3-metil-but-2-enil que finalmente conduz a formação de IPP e DMAPP.

Diterpenoides

Os diterpenoides são formados por quatro unidades C5 , portanto em síntese são


resultantes da combinação do difosfato de farnesila (FPP) com uma unidade de IPP formando
o difosfato de geranil-geranila (GGPP). A ciclização do GGPP origina duas séries de
diterpenoides denominadas de normal com configuração 5α,10β (mais comumente
encontrada), tendo como precursor o difosfato de (+)-copalila (difosfato de labdadienila). A
série ent, com configuração 5β,10α, tem como precursor o difosfato de (-)-copalila,
responsável pela formação dos diterpenos enantiômeros, isto é, da série ent. (Figura 4.22).

O fitol é um diterpenoide comumente encontrado em plantas, resultante da


degradação da clorofila, enquanto o esteviosídeo é um diterpenoide glicosilado presente de 3-
10% em folhas de Stevia rebaudiana (Bertoni) Bertoni (Compositae/Asteraceae), usado como
adoçante, sendo de 100-300 vezes mais doce do que a sacarose. As giberelinas, aqui
representada pela giberelina A3 , constituem um grupo de norditerpenoide tetracíclico,
formadas a partir do difosfato de (-)-copalila e usadas como fito-hormônios com aplicações
agrícolas. Este grupo de substâncias foi isolado pela primeira vez do fungo Gibberella fujikuroi
e são produzidas industrialmente por meio de cultura deste fungo (Figura 4.23). Gincolídeos
são trilactonas diterpênicas, princípios ativos da Ginkgo biloba (Ginkgoaceae), uma
gimnosperma primitiva nativa da China, usada em ornamentação e cultivada para produção de
fitoterápicos, usado na Coréia, França, Estados Unidos e Brasil. O extrato padronizado das
folhas G. biloba tem ação contra doenças vascular cerebral e demência senil.

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