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Alberto de Andrade Reis Mota

Terpenos
Métodos de extração, sua formação
e aplicações

Gama, DF, 2022.


CENTRO UNIVERSITÁRIO APPARECIDO DOS SANTOS
- UNICEPLAC

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

M917t

Mota, Alberto de Andrade.

Terpenos: métodos de extração, sua formação e


aplicações. Gama, DF: UNICEPLAC, 2022.

68 p.

1.Terpenos. 2. Terpenos – Métodos de extração. 3.


Terpenos - Aplicações. I. Título.

CDU: 615.4
O que são os terpenos
O que são terpenos

Ácidos
Álcoois
Aldeídos
Cetonas
Éteres
Fenóis
Epóxidos
terpênicos
Exemplos de terpenóides

Geraniol Limoneno Eugenol


Propriedades físicas
 São líquidos sem cor
 Solúveis em solventes orgânicos e insolúveis em água (observar o
pH)
 A maioria dos terpenoides são oticamente ativos
 Voláteis na natureza
 Pontos de fusão entre 150 e 180 °C
Propriedades Químicas
 São compostos insaturados
 Podem sofrer reações de adição com hidrogênio e halogênio
(hidrácidos) para formar produtos como NOCl, NOBr e hidratos.
 Podem sofrer polimerização e desidrogenação nos compostos com
anéis
 Em sua decomposição, geram isopreno.
Métodos de separação
• Isolamento de óleos essenciais das plantas
• Destilação por arraste a vapor
• Extração por solvente
• Maceração
• Adsorção em gorduras purificadas/ enfleurage

• Isolamento de óleos essenciais das plantas


• Métodos Químicos
• Métodos Físicos
Destilação por arraste a vapor
Hidrodestilação
Extração por solvente
• Solventes como etanol e hexano são utilizados
• Usados para partes da planta que possuem poucas quantidades de
óleos essenciais.
• Depois que o material vegetal é tratado com o solvente, ele produz
um composto aromático ceroso chamado "concreto". Quando esta é
misturada com álcool, as partículas de óleo são liberadas.
Os produtos químicos mencionados acima usados no processo
permanecem no óleo e o óleo é usado em perfumes pela indústria de
perfumes ou para fins de aromaterapia.

https://www.newdirectionsaromatics.com/blog/articles/how-essential-oils-are-made.html#solvent-extraction
Extração por solvente
• Depois que o material vegetal é tratado com o solvente, ele produz um
composto aromático ceroso chamado "concreto". Quando esta é
misturada com álcool, as partículas de óleo são liberadas.

https://www.newdirectionsaromatics.com/blog/articles/how-essential-oils-are-made.html#solvent-extraction
Maceração
Vantagem. Mais moléculas da planta são capturadas
• A planta neste método é convertida em pequenas partes, um
“moído grosso”.
• Colocada em um recipiente fechado
• Adicionado solvente
• A mistura é deixada por uma semana depois o líquido é
recolhido
• O sólido restante é prensado para recuperar todo o líquido
Maceração
Enfleurage
A enfleurage é um método de extração
que foi desenvolvido na França no século XVIII.
Essa técnica consiste na utilização de uma camada
de gordura inodora, de origem animal, que é
colocada sobre uma placa de vidro. A gordura tem
função de absorver as fragrâncias das flores, para
isso são utilizados de 30 a 50 gramas de flores,
previamente selecionadas, que são espalhadas
cuidadosamente sobre essa gordura inodora.
Está operação é repetida de 30 a 40 vezes, usando
sempre flores frescas. Uma vez saturada com o
perfume das flores, a gordura da placa de vidro é
embebida e batida no álcool onde os ingredientes
são dissolvidos. Quando o álcool evapora, o produto
que permanece é chamado de pomada de absoluto,
que contém uma concentração altíssima do óleo
essencial.
Enfleurage
• Recentemente a gordura foi
trocada por carvão de coco,
devido a sua alta estabilidade e
alta capacidade de adsorção.
Separação dos terpenoides do óleo essencial
Métodos Químico
• óleos essenciais contendo terpenoides hidrocarbonetos + cloreto de
nitrosila (NOCl) em clorofórmio formam compostos cristalinos adutos dos
hidrocarbonetos.
• Óleos essenciais contendo álcool.

• Terpenoides contendo aldeídos ou cetonas podem ser tradados com


bisulfito de sódio (NaHSO3), fenil hidrazina e semicarbazonas. Separadas e
decompostos novamente para gerar os terpenos.
Separação dos terpenoides do óleo essencial
Métodos Químico
• óleos essenciais contendo terpenoides hidrocarbonetos + cloreto de
nitrosila (NOCl) em clorofórmio formam compostos cristalinos adutos dos
hidrocarbonetos.
• Óleos essenciais contendo álcool.

• Terpenoides contendo aldeídos ou cetonas podem ser tradados com


bisulfito de sódio (NaHSO3), fenil hidrazina e semicarbazonas. Separadas e
decompostos novamente para gerar os terpenos.
Separação dos terpenoides do óleo essencial
Métodos Físicos

Cromatografia

Destilação Fracionada
O que são terpenos
Apesar de diferenças estruturais entre si, todos os
terpenos/terpenoides são basicamente estruturados em blocos
de cinco carbonos- unidade do isopreno.
Normalmente ligados pela ordem de ligação cabeça-a-calda.
(Ligação 1-4) Chamada Regra do Isopreno
O que são terpenos
• Podem também existir os terpenos irregulares, que são aqueles que
possuem ligações diferentes, como o b-caroteno ligação cauda-a-cauda.
O que são terpenos
Terpenos cíclicos apresentam, como o limoneno apresentam
ligações cruzadas.
O isopreno e os terpenoides
Parece óbvio que o os terpenos, feitos com C5 são os precursores e os
candidatos favoritos para as estruturas dos isoprenos, que podem ser
desenhadas juntando 1,2,3... isoprenos.
Porém isso não é correto e esta descoberta começa com o acetato, que
é o precursor de todos os terpenos.
Ele é a chave para a formação do ácido mevalonico, formado por três
unidades de acetato.
A formação do ácido mevalonico
• Condensação de Claisen.
• Duas moléculas de acetilCoA, uma agindo como enol e outra como agente eletrofílico, para
gerar o acetoacetilCoA.

• A terceira molécula também age como um enol nucleofílico e ataca o grupo cetona do
acetoacetilCoA.
O produto
Os tiol esters (S ligado a um C=O) serão hidrolizados um de cada vez, sendo gerado um enantiômero
intermediário.

O tiol que sobra é mais eletrofílico que o ácido e pode ser reduzido pelo ataque nucleofílico do
hidrogênio do NADPH, não parando no aldeído, e sendo levado a formar o álcool.
O ácido mevalonico é C6
Podemos observar que o precursor dos terpenos é um C6 e por isso ele
tem que perder um carbono.
Este carbono é eliminado como CO2 em uma reação de eliminação.
Primeiro o álcool primário é pirofosforilado pelo ATP então o grupo
ácido CO2H e o álcool terciário é perdido em uma eliminação
concertada.
Isopentilpirofosfato e Dimetilalilpirofosfato

Há dois intermediários, cada um com um papel específico e


apropriado na síntese dos terpenos.
Ambos se convertem e estão em equilíbrio por uma simples
transferência de próton.
Isopentil pirofosfato (IPP) ou
dimetilalilpirofosfato (DMAPP)
O fato destas estruturas químicas dos terpenos serem estas
unidades de cinco carbonos ocorre devido a sua origem
bioquímica, já que todos seus carbonos são provenientes do IPP
ou de seu isômero DMAPP. Existindo duas vias para estes
compostos serem formados.
GPP- Geranilpirofosfato
FPP- Farnesilpirofosfato
Para saber mais
Formação dos terpenos
• O isopreno é produzido naturalmente, mas não está
diretamente envolvido na formação os produtos pertencentes a
estas classes.
• As unidades ativas do isopreno são o dimetilalill pirofosfato
(DMAPP) e o isopentenil pirofosfato (IPP)
• Importante saber: pirofosfato é um bom grupo de saída

DMAPP IPP
DMAPP IPP
Formação dos terpenos
• IPP atua como um nucleófilo atacando o DMAPP, formando o
Geranilpirofosfato(GPP)
Formação dos terpenos
• IPP atua como um nucleófilo
atacando o DMAPP, formando o
• Geranilpirofosfato C10
• A reação pode acontecer
novamente
• Farnesilpirofosfato, C15
• E mais uma vez
• Geranilgeranilpirofosfato. C20
Formação dos terpenos
Na natureza a maioria
dos terpenóides não ocorre
em sua forma linear,
existindo de forma cíclicas,
obtidas através de reações
de oxidação, redução,
hidratação, e isomerização,
levando a uma grande
variedade estrutural.
Formação dos terpenos
• Estima-se que as emissões de compostos orgânicos
voláteis, são comparáveis aos emitidos de fontes
antropogênicas.
• Nestes compostos: hidrocarbonetos saturados e
insaturados, hidrocarbonetos oxigenados (ácidos
carboxílicos, aldeídos, cetonas, éteres, ésteres, álcoois e
entre eles os monoterpenos)
• Mecanismos de defesa contra o ataque de herbívoros e
contra invasão de outras espécies de plantas. A exemplo
as moléculas ao lado.
Classificação dos terpenos
• São conhecidos mais de 30000 terpenos, classificados de
acordo com o número de unidades de isopreno.
 hemiterpenóides – C5
 monoterpenóides – C10 (óleos voláteis)
 sesquiterpenóides – C15 (função protetora contra
fungos e bactérias)
 diterpenóides – C20 (hormônios de crescimento
vegetal)
 triterpenóides – C30 (gama de funções como proteção
contra herbívoros, germinação)
 tetraterpenóides – C40
Classificação dos terpenos
• Assim, os terpenos podem ser classificados de acordo com a
quantidade de blocos de isopreno que este possui, ou também de
acordo com seu grau de ciclização.
Classificação
Classificação dos terpenos
• Assim, os terpenos podem ser classificados de acordo com a
quantidade de blocos de isopreno que este possui, ou também de
acordo com seu grau de ciclização.

Componentes
principais das
óleoresinas
(material- óleo
essencial + resina)
Aplicabilidade na
indústria – Fixador
de perfume,
solvente ou
matéria prima para
produção de tintas
e medicina popular
Classificação dos terpenos
• Assim, os terpenos podem ser classificados de acordo com a
quantidade de blocos de isopreno que este possui, ou também de
acordo com seu grau de ciclização.
Pigmentos de
ampla distribuição
na natureza.
Carotenos
(terpenos)
Xantófilas
(terpenóides).
Auxiliam na
fotossíntese.
Atividade
antioxidante
Precursores de
Vit.A.
Classificação dos terpenos
A isomeria dos terpenos
• Isômeros ópticos
podem conferir
substâncias com
propriedades
totalmente
diferentes umas
das outras.
 Notas aromáticas
 Propriedades
farmacológicas.
Os isômeros do limoneno
Hemiterpenos e monoterpenos

• A combinação de uma unidade do DMAPP com o IPP rende uma unidade do


• Geranil Pirofosfato (GPP)
Eventos como isomerização e perda de prótons levam a duas novas unidades:
• O Linalil pirofosfato (LPP) e o Neril pirofosfato (NPP).
• A combinação de GPP LPP e NPP leva a uma variedade de substâncias
conhecidas como monoterpenos lineares, utilizados em perfumaria e
flavorizantes.
Hemiterpenos e monoterpenos
Hemiterpenos e monoterpenos

O potencial dos óleos essenciais de plantas


aromáticas e medicinais tem impulsionado as
técnicas de cultivo e as possibilidades do
mercado de agronegócio.
Canela, manjericão, gengibre, camomila, dentre
outras plantas com atividades aromatizantes,
anti-inflamatórias e antibacterianas, além de
cosméticos, perfumaria e alimentos.
Uma boa definição para óleos essenciais
Uma boa definição para óleos essenciais
Leitura altamente recomendada
Atividades farmacológicas
Atividades farmacológicas
Os canais de sódio
Os canais de sódio
Timol Mentol
Os canais de sódio
Eugenol
Sesquiterpenos- C15
• Constituem um grupo amplo de
estruturas, reconhecidas em certas
resinas.
• O precursor FarnesilPP pode formar
sesquiterpenos tanto lineares quanto
cíclicos, devido ao aumento da cadeia e
as duplas adicionais.
• O número de ciclizações pode resultar
em estruturas mono, di ou tri cíclicas.
• A estereoquímica da
dupla ligação próxima ao
Sesquiterpenos- C15 fosfato pode adotar a
configuração E ou Z
Sesquiterpenos- C15

• Página 193- Medicinal Natural


Products- Dewick
Sesquiterpenos- C15
Sesquiterpenos- C15

• Entre os sesquiterpenos lineares pode-se citar o nerolidol,


encontrado em óleos essenciais de jasmin, lavanda entre outros.

Este sesquiterpeno se destaca com relação as


atividades antileishmaniose, antiúlcera e citotóxica
para células de carcinoma hepatocelular do fígado
HEpG2.
As lactonas sesquiterpênicas
• As lactonas sesquiterpênicas são uma importante classe.
• Se classificam de acordo com o tipo de núcleo, utilizando a terminação –
olídeo que indica a existência de um grupo funcional lactona.
• Germacrano- germacranolídeo
• Eudesmano- eudesmanolídeo

A: Germacranolides, B: Heliangolides, C+D: Guaianolides,


E: Pseudoguaianolides, F: Hypocretenolides, G: Eudesmanolides.
AS LACTONAS
SESQUITERPÊNICAS
Matricária

z
AS LACTONAS
SESQUITERPÊNICAS
Matricária
AS LACTONAS
SESQUITERPÊNICAS
Agentes citotóxicos podem irreversivelmente alquilar enzimas críticas que controlam a divisão celular
enquanto compostos alergênicos podem conjugar-se a proteínas para formar antígenos que disparam
uma resposta alérgica. Os efeitos alergênicos da matricária está relacionada a seu anel partenólideo ser
capaz de fazer a alquilação de grupos tióis de proteínas
AS LACTONAS
SESQUITERPÊNICAS
• Um outro exemplo promissor desta lactona é a artemisinina,
isolada da Artemisia annua

Esta molécula possue uma ação 50 vezes maior que a


cloroquina contra o parasita da malária. Sendo sua ação
relacionada à ligação peróxido existente em sua
estrutura. Esta molécula também tem sido utilizada para
o tratamento de câncer.

Um bom artigo:
Jansen, F.H,; Soomro, S.A. Curr.Med.Chem. 14, 30, 3243
(2007)

Qinghao
A cordia verbenácea
• O exemplo desta planta mostra bem a importância dos
óleos essenciais e também da química dos produtos
naturais.
• Nos anos 80- artemetina
• Pesquisas mais atuais- A ação anti-inflamatória é resultado
da ação do óleo essencial, sendo o principio ativo o
sesquiterpeno
• a-humuleno

Olivetti, S.V. Phytomédica.1,1(2005)


A cordia verbenácea
Erva Baleeira
Referências
1) Harris, D. C. Análise Química Quantitativa. 6. ed. Rio de Janeiro (RJ): Ltc, 2005.

2) Vogel, A. I. Química Analítica Qualitativa. 5. ed. São Paulo (SP): Mestre Jou, 1981.

3) SARKER. Química para estudantes de farmácia: Química Geral, Orgânica e de Produtos Naturais. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.

4) Simões, C. M. O.; Schenkel, E. P.; Gosmann, G.; et al, Farmacognosia: da Planta ao medicamento, Porto
Alegre (RS): Artmed, 2017. 486

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