Defesa da hierarquia entre lei complementar e ordinária:
Um dos argumentos utilizados pelos que defendem a hierarquia sobre as
leis complementares e ordinárias diz que uma vez que a lei complementar é tratada de forma diferenciada como espécie normativa no art. 59, CF e é exigida dela um quórum especial para a sua aprovação, presente no art. 62, CF, é admitida a presença de hierarquia entre as leis ordinárias e as leis complementares. O fato da lei complementar ter o poder de veicular matéria que diz respeito à lei ordinária sem ser considerada vício de inconstitucionalidade formal, porém sendo apenas formalmente complementar, e materialmente ordinária, o que faz com que a modificação ou revogação dessa lei possa acontecer por lei ordinária. Diferentemente dos atos normativos que estão abaixo da lei complementar no art. 59, CF, que não têm o poder de regular a matéria reservada à lei complementar pela Constituição Federal. É resguardada à lei complementar determinadas matérias de caráter infraconstitucional, essa possibilidade se dá pelo fato da maior severidade no processo da lei complementar do que no processo da lei ordinária, uma vez que a aprovação de uma lei complementar é feita por maioria absoluta, diferente da aprovação da lei ordinária, que basta para ser aprovada uma aprovação simples. Assim, deixando mais claro a existência da hierarquia presente entre essas leis em questão.
“Hierarquia, para o direito, é a circunstância de uma norma
encontrar sua nascente, sua fonte geradora, seu ser, seu engate lógico, seu fundamento de validade, numa norma superior”. (TEMER,1967, p.162)
Tendo como base esse conceito de “hierarquia para o direito”, é visível
que há uma hierarquia entre as leis complementares e ordinárias, uma vez que por vezes, a lei ordinária encontra a sua nascente na lei complementar. Crítica à hierarquia entre lei complementar e ordinária:
Um dos argumentos dos que são contrários à hierarquia entre a lei
complementar e ordinária é que ambas essas leis são espécies normativas primárias e tem como sua nascente a Constituição Federal, é de lá que se é obtido o seu fundamento de validade. A jurisprudência do STF foi a da não existência de hierarquia entre lei complementar e ordinária. Para o STF, deve haver distinção entre elas pela questão da diferença da matéria abordada por cada uma, mas não uma hierarquia Ambas as leis são fonte de um fundamento de validade em comum, a Constituição Federal, o que faz com que estejam no mesmo patamar de importância, num mesmo plano de igualdade, não havendo assim, nenhuma hierarquia entre elas, somente fatores de distinção entre elas. Para o doutrinador Pedro Lenza, aceitar a hierarquia entre lei complementar e ordinária é o mesmo que dizer que existe hierarquia entre as leis municipais e federais, o que é um erro, pois ambas tratam de matérias totalmente diferentes, atuando em diversos âmbitos e em diferentes competências. Para finalizar o pensamento sobre a crítica da hierarquia entre as leis em questão, vale ressaltar que a existência da hierarquia entre lei complementar e ordinária não é evidenciada pelo fato de que a lei complementar não poder ser modificada por uma lei ordinária. Esse fato está ligado ao respeito aos ditames constitucionais.
Meu ponto de vista sobre o assunto:
Há sim uma hierarquia entre a lei complementar e ordinária e essa
afirmação pode se dar por vários fatores, uma vez que, como foi apresentado a cima, a lei complementar para ser aprovada, por exemplo, necessita de uma maioria absoluta, diferentemente da lei ordinária, que somente necessita de uma maioria simples, o que faz com que a aprovação de uma lei complementar seja drasticamente mais dificultosa do que a de uma lei ordinária, e essa dificuldade a mais estaria ligada a maior importância da lei complementar sobre a lei ordinária. Outro fator que evidencia a existência da hierarquia entre essas leis é o fator também apresentado, de que a lei ordinária não ter o poder de modificar uma lei complementar, tornando-a assim, mais uma vez abaixo da lei complementar. Vale ressaltar, para finalizar o meu ponto de vista sobre o assunto apresentado, que a lei ordinária busca sua nascente, seu fundamento de validade na lei complementar, frisando mais uma vez essa existência de hierarquia.
Caderno Revisto em 10022015 - Aula 01 e 02 - 26012015 e 02022015 - Fredie Didier - Introdução Ao Processo Civil Contemporâneo e Neoprocessualismo - Processo Civil
A mudança de jurisprudência no (e pelo) Supremo Tribunal Federal desde 2008: A necessidade de estabilização das decisões judiciais a partir da segurança jurídica e do direito como integridade