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2. Aula 19.8.20. Princípios gerais dos recursos.

Quarentena
Assistida em 19.8.20 e 20.8.20
Direito Processual Civil – Recursos. 1º bimestre.

Aula passada
 Conceito de recurso
 Fundamentos do recurso
 Natureza jurídica: direito inerente ao direito de ação
 Objeto: decisão
o Somente uma decisão pode ser objeto de um recurso
 Órgão julgador do recurso
 Objetivo do recurso: reformar, anular ou integrar/aperfeiçoar

Princípios gerais dos recursos


Princípio do duplo grau de jurisdição
Princípio próprio dos recursos
 Revisão daquilo que foi julgado e passar, pelo menos, por dois graus de
jurisdição
o Se começou no 1º grau, poderá ir até o segundo. Se começou no
segundo, poderá ir até o STJ/STF.
 Veremos que, de um lado, alguns doutrinadores, como
Nelson Nery defendem que esse princípio é um princípio
constitucional implícito, isto é, não está expressamente no
texto constitucional mas que, de outro lado, decorre da
própria ideia de recorribilidade; em especial dos art’s. 93,
108, 109 e 125, CF/88, os quais preveem a ideia de um
recurso da recorribilidade deste duplo grau. Ressalta-se
que este não é o posicionamento adotado pelo STF. Este
entende que, o princípio do duplo de jurisdição, em que
pese seja um princípio informativo do processo, não se
trata de um princípio constitucional e sim de um princípio
informativo. Se não é princípio constitucional, e sim
informativo, verificamos então que, este princípio, está
expressamente estabelecido no Pacto de São José da
Costa Rica o qual trata da Convenção Interamericana de
Direitos Humanos. Desse modo, precisa-se verificar a força
deste pacto. Aqui, já há pacificidade do entendimento no
STF que os tratados internacionais sobre Direitos
Humanos que não forem aprovados em 2 turnos, 3/5 e em
cada uma das casas haverá força supralegal
 A CF não prevê esta ideia de supralegalidade.
o A CF prevê basicamente a ideia geral de
tratados, que é ter a mesma força de lei. De
outro lado, o §3º do art. 5º, CF/88 estabelece
que os tratados internacionais sobre direitos
humanos aprovados em 2 turnos, por 3/5 e
em cada uma das casas terão força de
Emenda à Constituição; ou seja, terão força
constitucional. Contudo, nisso haveria um
problema porque é base para o
constitucionalismo moderno, para se ter um
controle de constitucionalidade que a
Constituição seja uma constituição rígida de,
tal forma, que se há a necessidade de uma
constituição rígida não poderia o tratado
internacional sobre direitos humanos
aprovado de outra forma senão de outra
forma de uma EC (2 turnos, 3/5 em cada uma
das casas) ter força constitucional.
Justamente, neste caso, o STF, ao analisar
dois casos (RE 466.343 de relatoria do
ministro Pelluso e HC 87.585 de relatoria do
Ministro Marco Aurelio) a partir do voto do
Ministro Gilmar Mendes, que trouxe para o
Brasil uma teoria alemã que basicamente
reproduziu de certa forma a Côrte
Constitucional Alemã estabeleceu e trouxe
essa noção da supralegalidade, isto é, que os
tratados internacionais sobre Direitos
Humanos não aprovados em 2 turnos, por 3/5
em cada uma das casas (como é o caso do
Pacto de São José da Costa Rica) e por isso
não teria força constitucional; como
defendiam alguns ministros, como o Celso de
Mello; mas sim teria força supralegal, isto é,
acima da lei, mas abaixo da CF. A
consequência disto, no âmbito prático, é que
todos os atos que tiverem cunho
constitucional não se submeterão a este
tratado, e assim é a competência do STJ e do
STF. Cita-se aqui os dispositivos que são o
art. 102, CF/88 que estabelece a
competência do STF, e o art. 105, CF/88, que
estabelece a competência do STJ,
diferentemente de outros tribunais superiores,
como o TST que não está prevista sua
competência na CF. O art. 111-A, §1º da CF
estabelece de uma maneira muito clara que a
competência do TST será fixada em lei.
Portanto, a consequência lógica disto é que
se a competência está e lei e tenho o tratado,
a lei deve ser adequação ao tratado e não o
inverso. Quando se tratar de questão
constitucional, a situação se inverte: não será
aplicado o tratado quando a CF dispuser de
forma diferente. A título exemplifico, se pegar
uma AR que se inicie em um TJ ou em um
TRF, esta AR será julgado pelo TJ/TRF e não
caberá recurso de natureza ordinária para o
STJ porque os casos de recursos ordinários
estão previstos expressamente na CF. No art.
105, II estabelece que compete ao STJ julgar
em recurso ordinário alínea a) o HC julgado
em única ou última instâncias pelos TRF, TJE
e TJDF se denegatória a decisão; portanto, o
HC julgado em única ou última instância se a
decisão for denegatória ; alínea b) MS
julgado em única instância (também) pelos
TRF, TJDFT e; alínea c) causas de que um
lado há estado estrangeiro ou organismo
internacional e, do outro, tenha pessoa
residente e domiciliada no país ou município.
Nessas hipóteses, haverá a possibilidade de
recurso ordinário. Não sendo um destes
casos, como o exemplo da AR, não será
cabível. De outro lado, a título exemplificativo,
em um TRT a mesma AR, se for julgada,
dessa decisão cabe recurso ordinário para o
TST. Pode-se dizer que a competência do
TST não está prevista na CF que cita e
remete a atribuição a lei onde foi fixada sua
competência. Portanto, o pacto de São José
da Costa Rica tem força supralegal e que a
previsão lá prevista em âmbito penal do duplo
grau de jurisdição, mas que é extensível ao
processo civil e trabalhista. Portanto, aqui
necessariamente a lei deve prever o duplo
grau de jurisidição. Diferentemente da
hipótese do STJ e do STF cuja competência
está estabelecida no texto constiticional.
Portanto, uma norma que seja supralegal
(acima da lei e abaixo da CF) não pode ir de
forma contrária ao CF. Em síntese: o duplo
grau de jurisdição é um princípio recursal. O
que se discute é a força que tem. Alguns
doutrinadores consideram como princípio
constitucional implícito. Entretanto, a posição
adotada pelo STF é diversa dizendo que não
é princípio constitucional implícito e, nesse
caso, como tem previsão expressa no Pacto
de São José da Costa Rica, pode-se
entender que é um princípio supralegal, isto
é, que está acima da lei mas abaixo da CF
 A discussão teórica é importante, mas
devem ser analisadas as
consequências práticas da natureza
estudada)
Princípio da taxatividade
Para haver recurso, deve haver previsão numerus clausus para aquele recurso.
Não existe a possibilidade de um recurso sem que haja uma previsão em lei.
É necessário que uma lei estabeleça um recurso. Por isso, um regimento
interno não pode prever um recurso. Entretanto, de outro lado, ressalta-se que
há a possibilidade de existir recursos previstos em regimento interno quando
houver a figura da recepção da norma. Quando foi promulgada a CF já existia
todo um ordenamento jurídico no âmbito nacional. Quando surge uma CF não
há necessidade de refazer todo um ordenamento jurídico novamente. E, neste
particular, verificamos o fenômeno da recepção da norma. A norma pode ser
recepcionada pelo texto constitucional quando houver compatibilidade material
e formal frente a constituição anterior. Se nasceu inválida, nesta hipótese, não
há o que se falar em qualquer tipo de recepção. Houve uma discussão
interessante no julgamento da ADI 2, da relatoria do Ministro Paulo Brossa. Na
época, houve uma discussão muito forte entre este e o Ministro Sepulveda,
prevalecendo a tese do primeiro, de tal forma que, para a norma seja
recepcionada tem que ter nascido constitucional tanto formal quanto
materialmente. Entretanto, frente a CF nova haverá apenas a análise de uma
compatibilidade material porque não se pode exigir do legislador uma bola de
cristal que, futuramente, haverá uma nova CF que tal ato seja regulado por lei
complementar, lei ordinária, decreto ou seja qual for o instituto a ser adotado.
Verificamos o fenômeno da recepção em várias normas, como o Código
Tributário. Este é matéria típica de lei complementar mas foi votado a época
como lei ordinária. Quando surgiu a CF não foi rechaçada mas verificada sua
compatibilidade com a CF nova em termos materiais e, ao ser recepcionada,
ganhou status que a CF estabeleceu, ou seja, um status de lei complementar
de tal forma que se hoje se quiser alterar o Código Tributário este só poderá
ser alterado por Lei Complementar. Da mesma forma, temos o Código Penal
que é decreto lei, que nem existe mais. Se quisermos altera-lo, deverá ser
alterado da MP (sucessor do decreto lei). O art.62, CF expressamente veda a
possibilidade de uma MP tratar de Direito Penal, DPP ou DPC. Tal fenômeno
da recepção é verificado apenas no âmbito da CF antiga na compatibilidade
material e formal e no âmbito da CF, apenas na compatibilidade material.
Se um regimento interno antes da CF/88 estabelecia validamente um recurso
 O constituinte de 67 ou 69 (a depender do doutrinador adotado)
estabelecia a possibilidade de um regimento interno estabelecer
recursos. Se esse recurso for materialmente compatível com o texto
constitucional, então o que acontecerá na prática é que ali haverá a
possibilidade daquele recurso valer. Aqui, exemplificativamente, cita-se
uma ação penal que foi bem discutida na época (Ação Penal 470 –
Mensalão), em que o STF, na relatoria do Ministro Joaquim Barbosa,
teve a oportunidade de analisar a questão quanto a possibilidade dos
embargos infringentes. A totalidade dos ministros entendeu que esta
norma havia sido recepcionada pelo texto constitucional. Embora a
discussão tenha sido 6x5, esta não foi quanto a recepção e quanto se a
lei 8.038 (lei que tratou da ação penal no STF e no STJ) havia, ou não,
revogado este dispositivo do regimento interno. A maioria, por 6 votos,
entendeu que não havia revogado. Razão pela qual entendeu-se ainda
cabível a hipótese de embargos infringentes na hipótese de julgamento.
Além disso, o voto do Ministro Celso de Mello, estabeleceu que mesmo
que o STF quisesse mudar o regimento interno neste particular, não
poderia justamente porque esta atribuição é do Congresso Nacional
porque só uma lei poderia prever isto agora. Ao haver esta recepção do
texto do regimento interno pela CF, esta parte do regimento interno
recebeu status de lei ordinária. Portanto, só lei poderia revogar o texto
anterior. Ficou muito clara a ideia de recepção. Aqui acontece
claramente a recepção no âmbito de um recurso. Há possibilidade,
portanto, de um recurso estar previsto em um regimento interno.
Entretanto, atualmente não pode um regimento interno estabelecer um
novo recurso. Somente será possível um recurso previsto em regimento
interno se tiver havido este fenômeno da recepção.
Portanto, em síntese quanto a taxatividade, se dá pela necessidade de uma lei
estabelecer um recurso. Só haverá recursos nos casos previstos em lei. Há
possibilidade de um recurso estar previsto em um regimento interno desde que
tenha havido o fenômeno da recepção.

Princípio da singularidade/unirrecorribilidade
Quando falamos de singularidade e unirrecorribilidade a ideia é basicamente a
mesma. Quando falamos em singularidade verificamos apenas um recurso,
assim quando falamos da unirrecorribilidade. Isto quer dizer que para cada
decisão há apenas um recurso. Este princípio entretanto comporta algumas
exceções.
 A primeira exceção verificada é justamente a dos embargos de
declaração.
o O art. 1.022, CPC estabelece de forma cristalina que contra
qualquer decisão cabe ED, porque, de fato, a vontade de
aperfeiçoar/integrar determinada decisão pode se ter em qualquer
tipo de decisão, seja interlocutória, sentença, monocrática,
acórdão... Qualquer decisão e de qualquer lugar será passível
deste recurso. No art. 1.009, CPC diz que, da sentença, cabe a
apelação. Entretanto, além da apelação também cabe ED.
 Isto é exceção ao princípio da singularidade
 A segunda exceção diz respeito aos recursos excepcionais (RE e REsp)
o Contra uma mesma decisão pode ser possível tanto o RE como o
REsp porque, como são recursos que servem para garantir uma
segurança sistêmica e, pela CF compete ao STJ garantir esta
segurança sistêmica no que concerne a matéria relativa a tratado
e lei federal e, de outro lado, compete ao STF julgar as questões
que são de índole constitucionais. Então, pode ser que em um
acórdão tenha-se parte que seja infraconstitucional federal e outra
parte que seja constitucional. Exemplificando, digamos que em
um acórdão se trate de prescrição ou decadência e se trate
também de direito adquirido, de ato jurídico perfeito, de coisa
julgada ou qualquer outro tema constitucional. Portanto, nesta(s)
hipóteses(s) haverá a possibilidade tanto de um recurso para o
STJ como também um recurso para o STF, o que acaba
excetuando esta noção do princípio da singularidade.
Verificamos principalmente este recurso quando se trata de recursos contra
decisões de primeiro grau. Se for uma decisão interlocutória, e dessa decisão
interlocutória houver um prejuízo imediato, então será cabível um AI. Se o
prejuízo for mediato (futuro, como por exemplo uma questão de prova, de ser
indeferido uma prova pericial ou algo do gênero) poderá ser tratado como
preliminar da apelação. Inclusive, é isso que o CPC/15 fala em seu art. 1.009,
§1º.
Portanto, o princípio da singularidade significa que, para cada decisão haverá
um único recurso. Porém, comporta exceções; basicamente, o recurso
integrativo (estudaremos pelo ED, que cabe em qualquer circunstância, além
do outro recurso cabível) e, de outro lado, quando se tratar de recursos
excepcionais (RE e REsp) em que, muitas vezes, há a necessidade, conforme
o enunciado da Súmula 126 do STJ, de interposição simultânea dos dois, isto
é, para a mesma decisão, haverá dois recursos a serem interpostos.

Princípio da fungibilidade
Estudamos bens fungíveis, obrigações fungíveis.
Quando estudamos algo que é fungível, vemos que é algo que pode ser
trocados. Um bem fungível, como uma cadeira de sala de aula; se eu a
quebrar, posso colocar outra identifica no local. Quando o bem é infungível, é
quando não pode ser trocado, como por exemplo a Monalisa.
Quando trazemos esta noção para os recursos, entendemos que a
fungibilidade dos recursos trata-se de poder conhecer um recurso pelo outro.
Pode-se conhecer um recurso mesmo quando o interpõe de forma equivocada,
ou seja, conhece-se o recurso interposto erroneamente como sendo o recurso
certo. Para isto acontecer, é necessário que não haja um erro grosseiro/crasso
(ou seja, tenha uma dúvida objetiva) e, de outro lado, que, para alguns
doutrinadores, precisa estar dentro do prazo do recurso correto para evitar má-
fé daquele que interpõe.
A primeira ideia é de que não haja erro crasso/grosseiro. Deve haver uma
dúvida razoável. Se tem sentença, e dessa sentença é cabível a apelação: esta
é a regra. Se for interposto outro recurso, não tem como aplicar a fungibilidade
já que seria considerado crasso e não há como ter dúvida objetiva aqui.
Muitas vezes esta questão pode, entretanto, gerar uma dúvida objetiva porque
não há de forma clara o recurso cabível.
 A título exemplificativo há o art. 34, da Lei 6.830 (Lei de execução fiscal).
Diz que das decisões das execuções fiscais de até 50 obrigações do
tesouro nacional (OTN) são cabíveis apenas o ED e embargos
infringentes. Entretanto, há divergência doutrinária e jurisprudência de
quanto se vale 50 OTM. O TJSC e TJMG colocavam em
aproximadamente 288 FIS, que, na época, dava cerca de 300 reais. Já o
TJDFT o valor era de quase 600 reais. Portanto, havendo execução
fiscal de quase 500 reais, não se sabe qual dos dois se interporia. Nesta
hipótese, se se interpõe um e o tribunal entende que é outro, é claro que
haverá a possibilidade de se conhecer um pelo outro; o errado pelo
certo. Antes do CPC/15, os ED’s só eram possíveis das decisões da
sentença ou do acórdão. O art. 535, CPC/73 dizia que só cabe ED na
sentença ou no acórdão houver obscuridade; e, no inciso II, falava da
omissão. Quando falava de contradição de contradição ou obscuridade
no acórdão, ficava obscura a interposição de ED em uma decisão
interlocutória, monocrática. Entretanto, a doutrina como a jurisprudência
entendiam pela possibilidade dos ED’s. De qualquer maneira, esta
questão foi solucionada no CPC/15 porque deixou claro que pode
interpor ED contra qualquer decisão. Ainda assim, ainda hoje há uma
discussão quanto ao ato que inadmite o REsp se caberia, ou não, o ED.
Quanto a isto, boa parte dos presidentes dos tribunais entendem pela
impossibilidade em que pese a doutrina seja muito tranquila quanto a
possibilidade. De qualquer forma, isto é uma dúvida objetiva; portanto,
sendo possível outro recurso, é razoável que possa fazer a fungibilidade:
se conhecer um pelo outro outro

1º Requisito: Não pode haver erro crasso. Deve haver dúvida objetiva

Além disso, a jurisprudência sempre se inclinou na necessidade de que se seja


interposto no prazo do recurso correto. Se for interposto fora do prazo do
recurso correto
 Ex.: temos um recurso que o prazo é de 15 dias e o outro que o prazo
era de 10 dias, se interpusesse no 12º dia o recurso que era de 15; e o
tribunal entendesse que o recurso correto tinha o prazo de 10, o recurso
seria considerado como intempestivo. A doutrina, como Ricardo
Pimental e Didier, sempre criticaram este posicionamento da
jurisprudência justamente porque uma má-fé é presumida e não é essa
pouca diferença de tempo que deve ser o que fará uma grande
diferença. Além do mais, aqui também há uma dúvida objetiva.
o Porém, verificamos que com o CPC/15 isso, de certa forma, foi
solucionado. Não porque houve alteração da interpretação desta
questão, mas sim porque houve uniformização do tratamento dos
prazos do código de processo civil. Todos os recursos hoje tem o
prazo de 15 dias úteis. A única exceção são os ED’s que servem
para integrar a decisão.
 Antigamente, o AI tinha o prazo de 5 dias úteis. O agravo
de instrumento, ARE, AREsp tinha o prazo de 10 dias
úteis.
 Isso faz com que haja uma alteração neste entendimento
de forma implícita porque não haverá mais esta
divergência. Entretanto, poderá haver esta divergência
quando houver choque entre lei extravagante e o CPC,
como por exemplo é o caso da apelação versus os
embargos infringentes de alçada. A apelação tem o prazo
de 15 dias e os embargos infringentes de alçada tem o
prazo de 10 dias pela lei 6.830 (Lei de execução fiscal).
Dessa forma, há a possibilidade da aplicação desta
fungibilidade.
 Boa parte da jurisprudência defende que deve ser
interposto dentro do prazo do recurso correto.
Porém, boa parte da doutrina acaba por entender
que esse requisito seria desnecessário para o
âmbito da aplicação do princípio da fungibilidade
Em síntese
 Não pode ter erro grosseiro, portanto deve ter dúvida objetiva.
o Não pode ter de forma clara, expressa, evidente o recurso
correto. Se for expresso, o erro é grosseiro.
Se o advogado, por exemplo, interpõe um recurso ordinário
no lugar de um REsp, esse erro acaba sendo um erro
grosseiro; razão pela qual este recurso não merece nem
ser conhecido
o A ideia da fungibilidade é a ideia de quando há discussão do
recurso cabível. Diante desta discussão, é razoável que se
conheça um pelo outro
 Parte da jurisprudência adota que haja interposição do
recurso correto. Doutrina discorda

Princípio da proibição reformatio in pejus


A reformatio in pejus é reforma para piorar situação do recorrente.
Ex.: pessoa pediu 10 mil. Recebeu 5 mil. Se só ela recorrer, não pode o
julgador baixar de 5 mil para 3 mil. O recurso só pode manter ou melhorar a
situação do recorrente.
Entretanto, o recorrente pode acabar tendo sua situação piorada porque pode
haver situação em que a outra parte; se houver sucumbência parcial ou
recíproca, ou seja, ou dois são sucumbentes; interponha o recurso. As duas
partes interpondo o recurso, pode ser que o recurso de uma parte não seja
provido, mas o da outra parte seja. Isto é, a situação de uma das partes será
piorada, mas não por seu próprio recurso; mas pelo recurso da outra parte.
A ideia principal do princípio da reformatio in pejus não piora a situação do
recorrente. Entretanto, existe uma exceção: matéria de ordem pública. Aquelas
matérias que o tribunal pode e deve conhecer de ofício. Art. 485, §3º, CPC –
As matérias constantes dos incisos devem ser conhecidas a qualquer tempo,
em qualquer grau de jurisdição e até o trânsito em julgado.
 Ex.: A pessoa propôs uma ação. Pediu 10 mil. O juiz entendeu que tinha
direito a 5, mas veio o tribunal, e ao analisar a questão, já se vislumbrou
a parte não era nem legitimada ou faltava interesse. Essa matéria é de
ordem pública e, como tal, se é uma matéria de ordem pública, não
haverá a possibilidade de o tribunal não analisar esta questão a partir do
momento que vislumbra a questão.
o Portanto, a questão da reformatio in pejus tem como exceção a
questão de ordem pública.
 Conceito de ordem pública
 Devemos apenas pensar: quando se ingressa com
uma ação, quem é acionado? Essa ação é proposta
contra o Estado, ou seja, se obriga o Estado em
face de alguém, por exemplo. Portanto, há duas
relações. Uma relação da parte com o estado juiz.
E, de outro lado, uma relação entre as partes. Tanto
que, em teoria geral do processo, há alguns
doutrinadores que entendem que essa relação é
angularizada e outros doutrinadores entendem que
é triangularizada.
o Para alguns, a relação entre as partes não
pode ser direta, portanto deve ser sempre por
intermédio do juiz. Isso quer dizer que a
relação é angularizada (como um A ou um V).
Para outros, é um triangulo porque
consideram que pode haver relação direta
entre as partes. Depois que o CPC/15
estabeleceu a possibilidade de negócios
jurídicos judiciais, boa parte da doutrina
considera a relação direta entre as partes.
 Matéria de TGP
 A parte tem relação com o Estado Juiz
 O Estado-Juiz pode e deve verificar de plano se a
petição inicial é inepta. Verificar se tem legitimidade,
se tem interesse, se há possibilidade jurídica do
pedido
o Impossibilidade jurídica material e/ou de
direito do pedido
 Ex.: determinada pessoa na UnB
ingressou contra a professora de
alemão. Ao ingressar com a ação,
criticou o método de ensino da
professora.
 O Judiciário não pode se
intrometer no método do ensino.
Pode fazer controle jurisdicional
se houver equívocos, como, por
exemplo, se houve tratamento
de discriminação com o aluno.
O que não acontece com o
método de ensino da
universidade, coisa que se
restringe a autonomia da
faculdade de acordo com o art.
207, CF.
 Ex.: Da mesma forma, em Direito
Administrativo, a conveniência e
oportunidade que, quem vê, é o
administrador; não podendo o Poder
Judiciário substitui-las, exceto se
houver, por exemplo, desvio de poder
ou algo que o administrador tenha
extrapolado. Portanto, nesta última
hipótese, o Judiciário deve, e pode,
agir. Porém, não poderá atuar quando
não estiver na ceara do Poder
Judiciário.
 Ex.: Lei X inconstitucional. Tribunal
deve conhecer de ofício essa questão
pois são questões de ordem pública.
 São matérias que o tribunal deve conhecer
independentemente de ter sido arguido. Poderia,
inclusive, conhecer até mesmo antes de mandar
citar; como é o caso da inépcia da petição inicial.
o Art’s. 330 e 331, CPC: deixa muito clara essa
possibilidade
 Portanto, em única exceção, a questão de ordem
pública pode gerar reformatio in pejus. Entretanto, é
exceção pois a regra é ser proibido.
O recurso da pessoa não pode servir para piorar sua situação. Porém, há como
exceções as hipóteses que envolvam matéria de ordem pública, que é uma
questão que o tribunal, o órgão julgador, deve conhecer de ofício, deve analisar
analisar independemente de ser arguido.
O professor encaminhará 4 perguntas/exercícios que servirão para aferir a
presença.
 A aula são 4 partes. 1 questão por parte

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