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Quarentena
Assistida em 19.8.20 e 20.8.20
Direito Processual Civil – Recursos. 1º bimestre.
Aula passada
Conceito de recurso
Fundamentos do recurso
Natureza jurídica: direito inerente ao direito de ação
Objeto: decisão
o Somente uma decisão pode ser objeto de um recurso
Órgão julgador do recurso
Objetivo do recurso: reformar, anular ou integrar/aperfeiçoar
Princípio da singularidade/unirrecorribilidade
Quando falamos de singularidade e unirrecorribilidade a ideia é basicamente a
mesma. Quando falamos em singularidade verificamos apenas um recurso,
assim quando falamos da unirrecorribilidade. Isto quer dizer que para cada
decisão há apenas um recurso. Este princípio entretanto comporta algumas
exceções.
A primeira exceção verificada é justamente a dos embargos de
declaração.
o O art. 1.022, CPC estabelece de forma cristalina que contra
qualquer decisão cabe ED, porque, de fato, a vontade de
aperfeiçoar/integrar determinada decisão pode se ter em qualquer
tipo de decisão, seja interlocutória, sentença, monocrática,
acórdão... Qualquer decisão e de qualquer lugar será passível
deste recurso. No art. 1.009, CPC diz que, da sentença, cabe a
apelação. Entretanto, além da apelação também cabe ED.
Isto é exceção ao princípio da singularidade
A segunda exceção diz respeito aos recursos excepcionais (RE e REsp)
o Contra uma mesma decisão pode ser possível tanto o RE como o
REsp porque, como são recursos que servem para garantir uma
segurança sistêmica e, pela CF compete ao STJ garantir esta
segurança sistêmica no que concerne a matéria relativa a tratado
e lei federal e, de outro lado, compete ao STF julgar as questões
que são de índole constitucionais. Então, pode ser que em um
acórdão tenha-se parte que seja infraconstitucional federal e outra
parte que seja constitucional. Exemplificando, digamos que em
um acórdão se trate de prescrição ou decadência e se trate
também de direito adquirido, de ato jurídico perfeito, de coisa
julgada ou qualquer outro tema constitucional. Portanto, nesta(s)
hipóteses(s) haverá a possibilidade tanto de um recurso para o
STJ como também um recurso para o STF, o que acaba
excetuando esta noção do princípio da singularidade.
Verificamos principalmente este recurso quando se trata de recursos contra
decisões de primeiro grau. Se for uma decisão interlocutória, e dessa decisão
interlocutória houver um prejuízo imediato, então será cabível um AI. Se o
prejuízo for mediato (futuro, como por exemplo uma questão de prova, de ser
indeferido uma prova pericial ou algo do gênero) poderá ser tratado como
preliminar da apelação. Inclusive, é isso que o CPC/15 fala em seu art. 1.009,
§1º.
Portanto, o princípio da singularidade significa que, para cada decisão haverá
um único recurso. Porém, comporta exceções; basicamente, o recurso
integrativo (estudaremos pelo ED, que cabe em qualquer circunstância, além
do outro recurso cabível) e, de outro lado, quando se tratar de recursos
excepcionais (RE e REsp) em que, muitas vezes, há a necessidade, conforme
o enunciado da Súmula 126 do STJ, de interposição simultânea dos dois, isto
é, para a mesma decisão, haverá dois recursos a serem interpostos.
Princípio da fungibilidade
Estudamos bens fungíveis, obrigações fungíveis.
Quando estudamos algo que é fungível, vemos que é algo que pode ser
trocados. Um bem fungível, como uma cadeira de sala de aula; se eu a
quebrar, posso colocar outra identifica no local. Quando o bem é infungível, é
quando não pode ser trocado, como por exemplo a Monalisa.
Quando trazemos esta noção para os recursos, entendemos que a
fungibilidade dos recursos trata-se de poder conhecer um recurso pelo outro.
Pode-se conhecer um recurso mesmo quando o interpõe de forma equivocada,
ou seja, conhece-se o recurso interposto erroneamente como sendo o recurso
certo. Para isto acontecer, é necessário que não haja um erro grosseiro/crasso
(ou seja, tenha uma dúvida objetiva) e, de outro lado, que, para alguns
doutrinadores, precisa estar dentro do prazo do recurso correto para evitar má-
fé daquele que interpõe.
A primeira ideia é de que não haja erro crasso/grosseiro. Deve haver uma
dúvida razoável. Se tem sentença, e dessa sentença é cabível a apelação: esta
é a regra. Se for interposto outro recurso, não tem como aplicar a fungibilidade
já que seria considerado crasso e não há como ter dúvida objetiva aqui.
Muitas vezes esta questão pode, entretanto, gerar uma dúvida objetiva porque
não há de forma clara o recurso cabível.
A título exemplificativo há o art. 34, da Lei 6.830 (Lei de execução fiscal).
Diz que das decisões das execuções fiscais de até 50 obrigações do
tesouro nacional (OTN) são cabíveis apenas o ED e embargos
infringentes. Entretanto, há divergência doutrinária e jurisprudência de
quanto se vale 50 OTM. O TJSC e TJMG colocavam em
aproximadamente 288 FIS, que, na época, dava cerca de 300 reais. Já o
TJDFT o valor era de quase 600 reais. Portanto, havendo execução
fiscal de quase 500 reais, não se sabe qual dos dois se interporia. Nesta
hipótese, se se interpõe um e o tribunal entende que é outro, é claro que
haverá a possibilidade de se conhecer um pelo outro; o errado pelo
certo. Antes do CPC/15, os ED’s só eram possíveis das decisões da
sentença ou do acórdão. O art. 535, CPC/73 dizia que só cabe ED na
sentença ou no acórdão houver obscuridade; e, no inciso II, falava da
omissão. Quando falava de contradição de contradição ou obscuridade
no acórdão, ficava obscura a interposição de ED em uma decisão
interlocutória, monocrática. Entretanto, a doutrina como a jurisprudência
entendiam pela possibilidade dos ED’s. De qualquer maneira, esta
questão foi solucionada no CPC/15 porque deixou claro que pode
interpor ED contra qualquer decisão. Ainda assim, ainda hoje há uma
discussão quanto ao ato que inadmite o REsp se caberia, ou não, o ED.
Quanto a isto, boa parte dos presidentes dos tribunais entendem pela
impossibilidade em que pese a doutrina seja muito tranquila quanto a
possibilidade. De qualquer forma, isto é uma dúvida objetiva; portanto,
sendo possível outro recurso, é razoável que possa fazer a fungibilidade:
se conhecer um pelo outro outro
1º Requisito: Não pode haver erro crasso. Deve haver dúvida objetiva