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Globalização e ocidentalização

NOTA 1: Uma das características da globalização é colocar as pessoas em movimento.


Esse movimento não necessariamente é físico: as pessoas se movem mentalmente diante
do computador ou da televisão, que fornecem, a todo instante, informações sobre
realidades diferentes.
O contato entre realidades e culturas distintas pode promover a aproximação e o
intercâmbio ou mesmo a homogeneização de valores, mas não sem haver resistências e
conflitos, como será visto mais adiante. Quanto à homogeneização, pode-se dizer que a
globalização, por ser liderada por países das chamadas culturas ocidentais (Estados Unidos
e Europa Ocidental), promove uma gradativa ocidentalização do mundo. Em outras
palavras, símbolos, valores, hábitos de consumo e mercadorias da cultura tipicamente
ocidental, atualmente representada pela sociedade estadunidense, propagam-se
mundialmente, alterando ou influenciando a cultura das chamadas grandes civilizações. É
preciso destacar, porém, que o processo de ocidentalização não se inicia na era da
globalização, mas se intensifica neste período, uma vez que a disseminação das culturas
europeias
NOTA 2: Se deu com as Grandes Navegações e o processo de colonialismo, a partir do
século XV. Nesse contexto, a língua inglesa tornou-se, a partir da segunda metade do
século XX, um dos principais ícones da ocidentalização. Por ser o idioma mais utilizado nas
comunicações internacionais, é considerado universal, apesar de não ter o maior número de
falantes no mundo (veja o gráfico abaixo).
Em diversas culturas e países, entre eles o Brasil, a língua inglesa é incorporada ao idioma
local, sobretudo por meio da utilização de termos técnicos, como ocorre na informática e na
administração e também no comércio e na comunicação via internet, fenômeno linguístico
criticado e defendido por diferentes razões.
De um lado, as mudanças no idioma são vistas como parte de um processo "natural", já que
se trata de comunicação, que é dinâmica e sujeita às transformações culturais inerentes a
qualquer sociedade Por outro lado, há críticas sobre o uso excessivo de palavras
estrangeiras, principalmente quando há termos no próprio idioma falado no país para
substituí-las.
NOTA 3: Além disso, o tema passa também pelo posicionamento ideológico, já que a
incorporação de termos estrangeiros, mais especificamente do inglês, reflete certa
subserviência cultural, ou seja, a aceitação do domínio de nações consideradas
"superiores", o que caracterizaria uma dominação imperialista.
orando difusão (2014)

O uso de estrangeirismos no Brasil

NOTA 4: Tem ganhado relevância, as discussões da sociedade brasileira, o discurso sobre


a promoção e a preservação da língua portuguesa. Grande parte dessas discussões
aconteceu após o deputado federal Aldo Rebelo propor o Projeto de Lei nº 1.676/99
(REBELO, 1999), por meio do qual propõe restrições ao uso de estrangeirismos,
principalmente os de língua inglesa.

Nesse projeto, ele afirma que a imposição de uma língua é uma das maneiras de se
dominar um povo, mesmo que isso ocorra de maneira lenta, e tenta mostrar que a língua
portuguesa está sendo descaracterizada por causa da presença de palavras como
"holding", "recall", "franchise", "coffee-break", "self-service". Rebelo acredita que os
anglicismos são uma prática abusiva e enganosa, pois muitas vezes os encontramos em
propagandas que dizem "on sale", as quais podem iludir o consumidor que não possui
conhecimento sobre línguas estrangeiras. A intenção confessa do projeto é promover,
defender e proteger a língua portuguesa sem barrar sua evolução, pois se assume que a lei
não se aplica "a palavras e expressões em língua estrangeira consagradas pelo uso,
registradas no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (REBELO, 1999). Além disso,
o deputado afirma que, "na inexistência de palavra ou expressão equivalente em língua
portuguesa, admitir-se-á o aportuguesamento da palavra ou expressão em língua
estrangeira ou o neologismo próprio que venha a ser criado" (REBELO, 1999).

Esse Projeto de Lei gerou polêmicas na sociedade letrada brasileira. Na mídia de


referência, já se encontravam críticas ao uso do inglês nas diversas esferas de
atividade-comercial, económica, de informação etc. A iniciativa do deputado abriu um
espaço maior ainda de discussão da questão, em especial por parte daqueles que
consideravam a luta contra os estrangeirismos uma atitude muito complexa para ser
resolvida por meio de um decreto. Os linguistas estão entre aqueles que encabeçaram um
movimento contra a iniciativa em pauta: houve uma série de debates nas universidades e
na mídia, houve documentos de desprezo à atitude, publicações em livros e revistas, entre
outros. [...]

Ocidentalização versus multiculturalismo

NOTA 5: A ocidentalização ocorre também no âmbito dos valores sociais e políticos, como a
pretensão das grandes potências ocidentais de instituir a democracia em países
considerados não democráticos. A exemplo de alguns regimes democráticos islâmicos.
Essa pretensão também está vinculada a interesses econômicos (no caso dos países do
Oriente Médio, o interesse pelo petróleo), como será visto no capítulo 11. Nesse contexto,
por um lado, têm sido gerados, na história recente e contemporânea, diversos conflitos
armados em países islâmicos do Oriente Médio e do norte da África, a exemplo da
intervenção militar da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) na Líbia, em 2011
Essa organização militar apoiou os grupos rebeldes do país que lutavam para derrubar a
ditador Muamar Khadafi, que estava no poder havia 41 anos.

Por outro lado, ocorrem manifestações e confrontos promovidos por fundamentalistas


islâmicos contra os representantes da civilização ocidental. A maior dessas agressões, até
o ano de 2015, foram os atentados executados por terroristas do grupo fundamentalista
islamico Al-Qaeda contra os Estados Unidos, em 2001, que resultaram em novas
intervenções militares desse país e seus aliados no Oriente Médio: a invasão do
Afeganistão, em 2001. e do Iraque, em 2003.

NOTA 6: Jornais e meios de comunicação ocidentais, contudo, não poupam criticas e


provocações à cultura islamica, Em 2012, foi divulgado na internet um trecho do filme
intitulado Innocence of the Muslins (A inocência dos muçulmanos), que, segundo os
muçulmanos, ofende o seu fundador e os segui dores do islamismo. Na ocasião, ocorreram
protestos e manifestações diversas contra o Ocidente em reação a esse fato.

Após um histórico de publicações polêmicas realizadas pelo jornal francés Charlie Hebdo,
sua sede em Paris fol invadida, em janeiro de 2015, por homens armados que mataram 12
pessoas sob a alegação de vingança contra a publicação de imagens consideradas
ofensivas ao profeta Maomé, fundador da religião muçulmana. A ação foi atribuída a um dos
grupos da Al-Qaeda sediada no Iêmen, país do Oriente Médio.

As manifestações de integrantes da cultura islâmica contra os Estados Unidos são


causadas, em grande parte, pelas diversas intervenções políticas, militares e econômicas
em países de cultura árabe islâmica, sobretudo no Oriente Médio. A essas razões
histórico-políticas somam-se as diferenças culturais, demonstrando que alguns grupos de
ambas as civilizações enfatizam mais as suas divergências do que os seus aspectos
comuns.

NOTA 7: Contrariamente à intolerância, ao preconceito e a outras formas de violência


movidas pelas diferenças culturais, vem ganhando força, no contexto da globalização, a
corrente de pensamento denominada multiculturalismo. De acordo com essa concepção,
deve-se valorizar a diversidade de formas de vida na sociedade contemporânea,
preservando os valores próprios de cada expressão cultural, sem com isso condená-la ao
isolamento. Essa corrente de pensamento vem se refletindo em expressões artísticas, como
músicas, artes plásticas e esculturas, a exemplo do Monumento ao multiculturalismo, do
artista italiano Francesco Perilli (1949).
O multiculturalismo opõe-se à homogeneização e defende o direito de expressão das
minorias que se caracterizam como formas de resistência a essa padronização. Assim, a
pluralidade cultural se destaca também como um patrimônio da humanidade, uma força
renovadora e integradora das relações entre grupos sociais, entre nações e entre
Estados-nações. Nesse sentido, são os princípios da cooperação e da solidariedade que
devem regular as relações internacionais, substituindo a com petição e a dominação,
princípios atualmente predominantes.

No mundo contemporâneo, é nas metrópoles que se revela a expressão mais forte do


multiculturalismo. As grandes cidades, como Nova York, Londres, Paris, Toronto, Tóquio,
Cidade do México, São Pau- lo e Rio de Janeiro, entre outras, são as principais áreas de
atração dos imigrantes internacionais e de pessoas que viajam por motivos profissionais ou
como turistas, promovendo o contato entre diferentes culturas do mundo.

As transformações culturais no contexto da globalização refletem -se também no território e


no lugar, conferindo-lhes novos significados.

NOTAS:

1- Homogeneização: como o acesso a internet influencia a globalização


2- Língua Inglesa: como a nota 1 contribui para a língua inglesa
3- Subserviência cultural: falar sobre ideologia
4- Preservação da língua portuguesa:Projeto de Lei nº 1.676/99 e opinião de linguistas
5- Ocidentalização: significado, apoio e crítica
6- Islamismo: ataques e protestos
7- Multiculturalismo: significado e expressões

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