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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES


DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - JORNALISMO
Campus Universitário - Viçosa, MG - 36570-000- Telefone: (31) 3899- 2878 / 4502 - E-mail: dcm@ufv.br / labcom@ufv.br
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EDU 124 - FILOSOFIA DA COMUNICAÇÃO - Prof. ARTHUR MEUCCI

Gustavo Bossolane - 105730

ENSAIO - VERDADE E LINGUAGEM

Tanto verdade quanto linguagem são tópicos que são imprescindíveis para o
amadurecimento jornalístico, haja vista que são totalmente presentes não só no
exercício da profissão jornalística mas no ambiente informacional de maneira geral.
Por conta disso, e prezando pela formação de profissionais capacitados, é
extremamente importante que se estude e que se discuta os conceitos e definições
tanto do que é a verdade, quanto de como a linguagem interfere no cotidiano do
jornalista. Porém, em um assunto que não há consenso nem entre os próprios
intelectuais, a extensão do tema se estabelece. Assim, a discussão se torna cada
vez mais interessante, já que não há verdade nem no próprio conceito de verdade, e
não há linguagem que consiga exemplificar definitivamente o conceito de
linguagem. Por isso, iniciamos nosso debate com a pergunta de se realmente esses
conceitos são: verdade.
Como seres sociais pensantes, fizemos com que o conceito do que é certo
ou errado, e consequentemente o que é verdade, se estendesse desde os tempos
A.C. Na Grécia Clássica se estabelece como aquilo que é evidência, mas Aristóteles
diz que a verdade é uma adequação do nosso pensamento aplicado às coisas. Na
Idade Moderna começa-se a pensar que moldamos a realidade de acordo com
nossos pensamentos e as coisas se comportam da maneira que imaginamos. Na
modernidade, se divide ainda mais: Habermas diz que a verdade é um consenso
geral, e Nietzsche diz que não há verdade, e sim interpretações.
Nesse contexto, onde que as verdades se manifestam? Seja por objetos ou
evidências físicas, muitas das vezes a verdade é vista de maneira concreta, porém
comunicada através da linguagem, que por sua vez, não é pura. E é aí que entra o
grande cerne da questão. Uma vez vista, a verdade é comunicada, e assim
estabelecendo no discurso certa interpretação e particularidade do emissor. Após
isso, tal informação -já particularizada- é comunicada novamente, e novamente,
tomando contornos interpretativos que, de certa forma, alteram o curso daquilo que,
originalmente era verdade, e que agora é discurso alterado. É papel ético do
jornalista manifestar de maneira imparcial, porém sabemos que, em um mundo
globalizado e claro, com complexidade linguística da modernidade, é praticamente
impossível, dado tal processo explicado. Diante disso, o jornalismo factual vem
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
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cada vez mais sofrendo ataques. Uma manchete política, por exemplo, pode ser
interpretada de maneiras totalmente diferentes por adversários políticos. Uma foto
tirada de um ângulo pode ser reinterpretada de maneira ofensiva. Tudo está ligado à
maneira com que a informação é passada, de que modo é comunicada, da maneira
que o receptor a encara de acordo com seus parâmetros morais e cronológicos,
enfim, o dilema da linguagem.
Por fim, como os conceitos filosóficos nos ajudam a desvendar o dilema
apresentado? Pois é, meus caros leitores, tenho uma péssima notícia para vocês:
eles não se desvendarão. Se desde a época de Aristóteles o assunto de verdade é
passado de maneira incógnita e que difere pensamentos, não é hoje que
conseguiremos a resposta para o que, enfim, é a verdade. O que a Filosofia nos
ajuda é a entender os pormenores e ajuda a elaborar uma base intelectual para que
exerçamos nossa profissão de maneira ética e ao menos consciente de que a
linguagem que usamos altera a verdade que os outros veem etc. a Filosofia nos tira
da caverna e nos faz compreender que temos um ouro precioso em mãos que
precisa de muito cuidado a ser manuseado, ouro esse que é objeto de trabalho, e
que é ambíguo e interpretativo. Enfim, talvez isso explique porque jornalistas são
tão apaixonados por informação.
Mas tudo isso é debate, afinal cada um pode ler esse texto de um jeito. Ou
será que não? Bom, pelo menos pra mim, essa é a verdade.

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