Você está na página 1de 8

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

SOCIOLOGIA DO TRABALHO

ALUNO: LUCAS GOMES FIRMINO - 20220161329


PROF: MARIA DE FÁTIMA MARREIRO DE SOUSA
DATA DE ENTREGA: 26/05/2023

3° ESTÁGIO
TEXTO INDICADO: ‘’Ricardo Antunes. Trabalho e precarização numa ordem
neoliberal’’, Capítulo II, CLACSO - conselho latino-americano de ciências sociais.
Buenos Aires.

JOÃO PESSOA
2023
1 – As teorias neoliberais que dão lastro ao sistema capitalista atual, têm disseminado a
aplicação do chamado "trabalho flexível". Explicar o significado prático dessa
modalidade laboral.

O significado prático dessa modalidade laboral é que os trabalhadores são submetidos


a condições de trabalho cada vez mais precárias e inseguras. O trabalho flexível permite às
empresas adaptarem-se rapidamente às flutuações do mercado, ajustando a quantidade de mão
de obra necessária de acordo com a demanda.
Isso implica na contratação de trabalhadores temporários, terceirizados, autônomos e
em regime de contrato parcial. Os trabalhadores são frequentemente submetidos a jornadas de
trabalho irregulares, longas horas de trabalho, instabilidade no emprego, salários baixos e falta
de benefícios trabalhistas, como férias remuneradas, licença-maternidade, entre outros.
Essa modalidade laboral também coloca o ônus da flexibilidade nas mãos dos
trabalhadores, que precisam se adaptar constantemente às demandas do mercado e podem ser
dispensados a qualquer momento. Além disso, a competitividade acirrada entre os
trabalhadores para manterem seus empregos pode levar a um ambiente de precariedade e
instabilidade emocional.

2 – Com base no texto indicado para estudo, apresentar pelo menos 3


características da nova ordem capitalista neoliberal

Flexibilização do trabalho: é uma das principais características da ordem neoliberal.


Isso implica na adaptação das relações de trabalho às necessidades das empresas, permitindo a
contratação de trabalhadores temporários, terceirizados e em regime de contrato parcial. Essa
flexibilização resulta em insegurança no emprego, instabilidade e falta de garantias
trabalhistas.

Precarização do trabalho: é uma consequência direta da nova ordem neoliberal. Os


trabalhadores são submetidos a condições de trabalho cada vez mais precárias, com baixos
salários, longas jornadas de trabalho, falta de benefícios e direitos trabalhistas. A precarização
do trabalho visa reduzir os custos de produção e aumentar os lucros das empresas.

Desregulamentação: é uma característica fundamental da ordem neoliberal. Ela


envolve a diminuição das regulamentações e leis trabalhistas que protegem os direitos dos
trabalhadores. Isso permite uma maior flexibilidade para as empresas, mas coloca os
trabalhadores em uma posição de vulnerabilidade, sujeitos à exploração e à perda de direitos
adquiridos.

Individualização e Competição: A nova ordem neoliberal enfatiza a


individualização dos trabalhadores e a competição entre eles. Os trabalhadores são colocados
em uma competição acirrada por empregos, salários e oportunidades, o que gera um ambiente
de incerteza e insegurança. Essa competição também dificulta a organização coletiva e a luta
pelos direitos trabalhistas, favorecendo o enfraquecimento dos sindicatos e das formas de
resistência coletiva.

3 - Por que razão o autor do presente texto indicado, afirma que o neoliberalismo e a
reestruturação produtiva, da era da acumulação flexível, é dotado de forte caráter
destrutivo?

Segundo o autor, essas abordagens promovem a destruição de direitos e conquistas


trabalhistas, ao buscar a flexibilização e desregulamentação do mercado de trabalho, o que
resulta na perda de garantias e na precarização das condições de trabalho. Além disso, o
neoliberalismo incentiva o individualismo e a competição entre os trabalhadores, minando as
relações e solidariedades coletivas. Essa ênfase na flexibilidade e na concorrência leva à
fragmentação dos trabalhadores, enfraquecendo sua capacidade de organização sindical e
luta coletiva por direitos.
Outro aspecto destrutivo é a degradação ambiental causada pelo neoliberalismo, que
prioriza o lucro e o crescimento econômico acima da sustentabilidade ambiental. Essa busca
incessante por lucros resulta em práticas predatórias e exploração desenfreada dos recursos
naturais, com consequências devastadoras para o meio ambiente e as futuras gerações.

4 – O que é a chamada "crise estrutural do capitalismo"?

É caracterizada por uma série de contradições e dificuldades intrínsecas ao


funcionamento do modo de produção capitalista. A crise estrutural do capitalismo envolve
diversas dimensões, como a crise econômica, a crise social e a crise ambiental. No aspecto
econômico, o autor argumenta que o sistema capitalista enfrenta dificuldades em manter altas
taxas de lucro e crescimento contínuo, resultando em crises cíclicas e recessões.
No aspecto social, é manifestado com o aumento da desigualdade, do desemprego e
da precarização do trabalho. O autor destaca como a lógica neoliberal favorece a concentração
de riqueza nas mãos de poucos, enquanto exclui e marginaliza vastos setores da população.
Outro aspecto importante é a crise ambiental. O modelo de produção capitalista
baseado na busca incessante por crescimento econômico ilimitado entra em conflito com os
limites finitos dos recursos naturais e a degradação ambiental. O autor ressalta como as
práticas de exploração predatória dos recursos naturais resultam em danos irreversíveis ao
meio ambiente.

5 – O que é a "precarização do trabalho", tão presente na ordem capitalista desde o seu


nascedouro e, atualmente, muito intensificada?

A precarização do trabalho se refere às condições precárias, inseguras e desvalorizadas


enfrentadas pelos trabalhadores na ordem capitalista. Isso envolve instabilidade no emprego,
baixos salários, desvalorização do trabalho, jornadas extenuantes, intensificação do trabalho e
ausência de direitos e proteções.
Os trabalhadores são expostos a empregos temporários, contratos de curto prazo,
terceirização e outras formas de contratação flexível, resultando em incertezas em relação à
continuidade do emprego e falta de estabilidade financeira. Além disso, os salários muitas
vezes são baixos e inadequados, e as competências e habilidades dos trabalhadores são
desvalorizadas, resultando em remuneração inadequada.
Esse processo de precarização do trabalho é impulsionado pelas políticas neoliberais,
que buscam a flexibilização do mercado de trabalho, a redução de custos e a maximização dos
lucros empresariais. Isso resulta em uma maior vulnerabilidade e exploração dos
trabalhadores, além de ampliar as desigualdades sociais.

6 – Explicar a frase do autor que diz: "A lógica societal voltada, prioritariamente,
para a produção de mercadorias, destrói o meio ambiente, em escala globalizada".
Essa lógica de produção orientada pelo lucro e pela acumulação de capital acarreta
consequências negativas para o meio ambiente em escala globalizada. O processo de
produção capitalista muitas vezes negligencia a sustentabilidade e a preservação dos
recursos naturais. A busca incessante por lucros e o crescimento econômico sem limites
levam à exploração desenfreada dos recursos naturais, como desmatamento, poluição dos
rios e oceanos, emissão de gases de efeito estufa, entre outros.
Essa destruição afeta não apenas o meio ambiente em si, mas também a qualidade
de vida das pessoas, uma vez que a degradação ambiental está intrinsecamente ligada à
saúde humana, à disponibilidade de recursos naturais e à sustentabilidade do planeta.

7 – Com base no texto indicado, aponte repercussões econômicas sobre muitos


países, diante da intensificação da concorrência inter-capitalista.

Desindustrialização e reestruturação produtiva: A intensificação da concorrência


entre empresas e países leva à busca por formas mais eficientes de produção e redução de
custos. Isso resulta na desindustrialização de alguns países, à medida que setores inteiros da
economia são deslocados para países com mão de obra mais barata. A reestruturação
produtiva ocorre, com empresas buscando se adaptar às demandas do mercado globalizado.

Precarização do mercado: A competição entre empresas para reduzir custos leva à


precarização das condições de trabalho. A flexibilização das leis trabalhistas, a terceirização e
a contratação de trabalhadores temporários são algumas das estratégias adotadas para
aumentar a competitividade. Isso resulta em salários mais baixos, jornadas de trabalho
extenuantes, falta de estabilidade e benefícios sociais reduzidos.

Aumento das desigualdades sociais: A intensificação da concorrência inter-


capitalista pode aprofundar as desigualdades sociais. Enquanto algumas empresas e
indivíduos conseguem se beneficiar do processo de competição e acumulação de capital,
muitos outros são deixados para trás. Os países em desenvolvimento muitas vezes enfrentam
dificuldades para competir com os países industrializados, resultando em disparidades
econômicas e sociais.

Dependência econômica: A competição inter-capitalista pode levar a relações de


dependência econômica entre países. Os países menos desenvolvidos muitas vezes se tornam
fornecedores de matérias-primas e mão de obra barata para os países mais desenvolvidos. Isso
cria uma dinâmica desigual de poder e dificulta o desenvolvimento sustentável e autônomo
dessas nações.

8 – O que é o "Modelo de Bem-Estar Social" e porque vem sendo substituído pelo


novo modelo de regulação neoliberal privatizante?

O "Modelo de Bem-Estar Social" refere-se a um conjunto de políticas e


instituições estabelecidas no pós-Segunda Guerra Mundial em muitos países capitalistas
avançados. Esse modelo tinha como objetivo proporcionar uma proteção social
abrangente aos cidadãos, incluindo acesso a serviços de saúde, educação, previdência
social e segurança no trabalho.
No entanto, com o advento do neoliberalismo, esse modelo começou a ser
substituído por uma abordagem mais voltada para o mercado e a privatização. Essa
mudança se deu devido à crise no sistema capitalista, a ascensão da ideologia neoliberal,
pressões externas de organizações internacionais e interesses do capital. Essa
substituição resultou na precarização do trabalho, aumento das desigualdades sociais e
perda de direitos e conquistas sociais.

9 – Explicar a seguinte assertiva: ‘’Quanto mais aumentar a competitividade e a


concorrência inter-capitais e/ou inter-empresas, mais destroçam-se os direitos
sociais, os direitos trabalhistas’’.

Essa assertiva expressa a relação entre a intensificação da competitividade no


sistema capitalista neoliberal e o enfraquecimento dos direitos sociais e trabalhistas.
Segundo Antunes, a lógica neoliberal baseada na busca pelo lucro e na maximização da
competitividade leva as empresas a adotarem estratégias para reduzir custos e aumentar
a produtividade. Nesse contexto, os direitos sociais e trabalhistas muitas vezes são
colocados em segundo plano ou diretamente atacados.
A intensificação da competição entre empresas e capitais leva à busca por maior
flexibilidade nas relações de trabalho, como a contratação de mão de obra precarizada,
terceirização, redução de salários e benefícios, aumento da carga horária, entre outras
práticas. Isso ocorre porque as empresas buscam ganhar vantagem competitiva através
da redução de custos, o que muitas vezes é feito em detrimento dos direitos dos
trabalhadores.
Dessa forma, a competição acirrada entre as empresas e a busca pelo lucro cada
vez maior resultam na fragilização dos direitos sociais e trabalhistas. Os trabalhadores
são afetados negativamente, com a precarização do trabalho, o aumento da
informalidade, a perda de estabilidade e a deterioração das condições de trabalho.

10 – Explicar, através do texto estudado, o significado dos seguintes termos, tão


implementados, na prática, no mundo do trabalho.

a) Desregulamentação: refere-se à diminuição ou remoção das regulamentações e


proteções trabalhistas que estabelecem direitos e garantias aos trabalhadores.
Essa prática busca flexibilizar as relações de trabalho, permitindo maior
liberdade para as empresas em relação à contratação, demissão, jornada de
trabalho, salários e benefícios. A desregulamentação tem como objetivo principal
reduzir as restrições legais e normativas impostas às empresas, visando à suposta
eficiência e competitividade do mercado de trabalho. No entanto, esse processo
acarreta a perda de direitos e garantias dos trabalhadores, aumentando a
precariedade e a insegurança nas relações laborais.

b) Flexibilização: refere-se à adoção de formas de trabalho mais flexíveis, que se


manifestam em diferentes modalidades, como trabalho temporário, parcial,
terceirizado, em tempo parcial, entre outras. Essa prática visa atender à demanda
das empresas por maior flexibilidade em relação à gestão da força de trabalho. A
flexibilização implica em alterações nas condições de trabalho, horários, salários
e contratos, com o objetivo de se adaptar às flutuações do mercado e às
necessidades das empresas. No entanto, a flexibilização também acarreta a
precarização do trabalho, com a redução de salários, a falta de estabilidade e
segurança laboral, a perda de direitos e a fragilização dos vínculos empregatícios.
Essa tendência da flexibilização intensifica a exploração e a desigualdade no
mundo do trabalho.
11 – Com base no texto estudado, apresentar a opinião do autor sobre as causas da
grande crise no mundo do trabalho, a partir dos anos 1980, quando ocorreu o
suposto fim do bloco socialista.
De acordo com o autor Ricardo Antunes, a grande crise no mundo do trabalho
que ocorreu a partir dos anos 1980 não foi resultado apenas do fim do bloco socialista,
mas sim de uma série de fatores interligados. O autor argumenta que essa crise está
associada à adoção e disseminação do modelo neoliberal, que busca a
desregulamentação e flexibilização do mercado de trabalho.
Antunes aponta que a crise no mundo do trabalho é decorrente da reestruturação
produtiva imposta pelo neoliberalismo, que busca a intensificação da acumulação
capitalista através da exploração intensiva da força de trabalho. Nesse contexto, há uma
precarização crescente do trabalho, com a flexibilização das relações laborais, o aumento
do desemprego, a redução dos direitos trabalhistas e a crescente informalidade.
O autor também destaca que a crise no mundo do trabalho está relacionada à
reconfiguração do sistema produtivo, com a adoção de tecnologias avançadas e
automação, o que resulta na substituição de mão de obra por máquinas e na diminuição
da demanda por trabalhadores qualificados. Isso contribui para a exclusão e
marginalização de muitos trabalhadores, aprofundando as desigualdades sociais. A crise
no mundo do trabalho é agravada pela globalização econômica, que intensifica a
concorrência entre os países e coloca os trabalhadores em situação de competição
desigual. Os países são pressionados a adotar políticas de desregulamentação e
flexibilização para atrair investimentos e reduzir custos, o que resulta na precarização do
trabalho.

Você também pode gostar