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AVALIAÇÃO ESTRUTURAL DO COMPLEXO VIÁRIO DO QUARTO

CENTENÁRIO DE NATAL/RN A PARTIR DA UTILIZAÇÃO DO MÉTODO GDE


(GRAU DE DETERIORAÇÃO DO ELEMENTO)

Larissa Lino dos Santos¹


Mayara de Melo Costa²
Natanael Felipe de Oliveira³
Richarles Luiz Silva de Lima4

RESUMO

Este artigo relata um processo de verificação do grau de deterioração da estrutura do viaduto do 4º


centenário conduzido a partir da metodologia de Klein et al. (1991) e adaptada em alguns trabalhos de
mestrado realizados na Universidade de Brasília (UnB). Para aplicação do método GDE (Grau de
deterioração do elemento) é realizada uma divisão em famílias de elementos. Os fatores de ponderação
utilizados são divididos em três :Fator de Relevância estrutural, Fator de Ponderação do dano e Fator
de Intensidade do dano (Castro, 1994).
Palavras-chave: Grau de deterioração da estrutura; Método GDE; Fatores de ponderação;

INTRODUÇÃO

O método GDE/Unb foi desenvolvido para inspecionar onze OAES (Obras de Arte
Especiais) localizadas no Rio Grande do sul. A metodologia desenvolvida por Klein et al.
(1991) tem “o objetivo de implementar um processo de vistorias sistematizadas em pontes e
viadutos para manutenção periódica e priorização das intervenções necessárias” (CASTRO,
1994, p. 33. Com o objetivo de assegurar a confiabilidade da metodologia criada por Klein et
al. (1991), sobre a verificação do grau de deterioração de estruturas de concreto armado, esse
método passou por algumas alterações em suas fórmulas para que pudesse ser mais preciso
em seus resultados.
Por exemplo Castro (1994) propõe alterações no Método GDE original, adaptando-o
para edificações usuais com estrutura de concreto armado. Dentre as mudanças constam:
adição de possíveis famílias de elementos (juntas de dilatação, elementos de composição
arquitetônica, reservatório superior e inferior, alteração em alguns valores da escala de
ponderação para retratar melhor a realidade das estruturas convencionais de concreto armado,
classificação mais detalhada na determinação do grau de intensidade de cada tipo de dano,
exclusão dos elementos com GDE < 15 para cálculo do Grau de deterioração da família e
adaptação do fator de relevância dos elementos conforme critérios sugeridos por Fusco
(1976). Os engenheiros Benedito Arruda Ribeiro Lopes e Plinio Boldo, fizeram uso do
Método GDE adaptado por Castro (1994) em suas dissertações de mestrado realizaram
algumas modificações como o acréscimo de danos a alteração nos fatores de ponderação de
outros danos, tornando os valores mais harmônicos e também alteração na fórmula do cálculo
do grau de deterioração de um elemento (GDE) e no grau de deterioração da família. Dessa
forma, “obtém-se uma resposta de evolução do grau de deterioração do elemento de forma
menos abrupta” (LOPES, 1998, p.75).
O Complexo Viário do Quarto Centenário, cujo nome oficial é Complexo Viário
Senador Sousa, está localizado na cidade do Natal, no estado brasileiro do Rio Grande do
Norte., este complexo faz a ligação da BR-101 sul no perímetro urbano com a Avenida
Senador Salgado Filho e com a Avenida Prudente de Morais . Foi inaugurado oficialmente em
25 de fevereiro de 2000.

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para execução do método, é praticada a metodologia que fornece os passos a serem


seguidos em cada etapa até a conclusão do grau de deterioração da estrutura. Na figura a
seguir é apresentado um fluxograma para uma melhor compreensão da metodologia.

Figura 1 - Fluxograma para avaliação quantitativa da estrutura

Conforme o estudo da Castro (1994), a obra de arte estudada deve ser dividida em
“famílias” de elementos estruturais típicos. Para cada elemento pertencente à família com o
respectivo “fator de ponderação de dano”, e para a determinação da gravidade de uma
determinada manifestação patológica em seu elemento, é adotado um “fator de intensidade de
dano”, através do qual pode-se determinar a evolução da deterioração. Dessa forma, os fatores
de danos são comuns para a família de elementos, enquanto os fatores de intensidade vão
variar de acordo com a magnitude do dano em cada elemento da família. Posteriormente ao
levantamento de dados em campo, determina-se para cada elemento de uma família, um “grau
de deterioração” individual e na sequência o “grau de deterioração da família”. Depois da
determinação do grau de deterioração das diversas famílias que compõem a estrutura, adota-se
um “fator de relevância estrutural da família”, o qual estabelecido conforme a importância
relativa na finalidade e na segurança estrutural. E finalmente, se obtêm o “grau de
deterioração da estrutura.
Segundo Castro (1994), as estruturas inspecionadas devem ser subdivididas conforme
as características estruturais de seus elementos componentes em “famílias”. Para o trabalho
apresentado foi empregado a seguinte divisão: vigas, lajes, guarda-corpo, pista de rolamento,
juntas de dilatação e cortinas.
FATOR DE PONDERAÇÃO DE DANO
O fator de ponderação de dano (Fp) é utilizado para mensurar a importância de um
dano, no que se refere às condições de estética, finalidade e segurança dos elementos de uma

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família. Para a definição do fator é levado em consideração à família onde o elemento está
inserido e a consequência que o dano pode trazer.
FATOR DE INTENSIDADE DE DANO
O fator de intensidade de dano (Fi ) é responsável por determinar o nível de gravidade
e o desenvolvimento de uma manifestação de dano em um determinado elemento.
GRAU DE DETERIORAÇÃO DE UM ELEMENTO
O grau de deterioração de um elemento (Gde) estrutural isolado indica o grau de dano
máximo de um elemento, em atribuição das manifestações dos danos detectados na inspeção.
Propõe-se para o cálculo do grau de dano as expressões a seguir

GRAU DE DETERIORAÇÃO DE UMA FAMÍLIA DE ELEMENTOS


O grau de deterioração dos elementos é determinado em função dos valores do grau de dano
" Di " das "m" manifestações detectadas no elemento, a partir de uma das expressões
seguintes:

O grau de deterioração de uma família, Gdf, é definido como a média aritmética dos graus
de deterioração dos ‘n’ elementos com danos expressivos, de forma a evidenciar os elementos
em pior situação. Para "danos expressivos" estabeleceu-se o limite Gde ≥ 15, obtendo-se:

Foi realizada a visita e inspeção do viaduto quarto centenário no dia 29 de abril de 2022
pelo estudante de engenharia civil Natanael Felipe de Oliveira. Para a inspeção, seguiu-se um
método padronizado, sendo feito o registro fotográfico de todas as manifestações patológicas
encontradas no viaduto que se iniciou pela verificação dos pilares, vigas principais, vigas
transversinas e laje da estrutura.

Na figura 2 é mostrada a vista frontal do viaduto

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Fonte: Autoria própria, 2022

As figuras 3 e 4 apresentam a vista lateral do viaduto onde não foram identificadas patologias
graves. É possível notar apenas manchas causadas pela de umidade nas laterais externas do
guarda corpo.

Figura 3: Vista lateral do viaduto. Figura 4: Vista lateral do viaduto.

Fonte: Autoria própria.


Fonte: Autoria própria.

As figuras 5 e 6 apresentam a vista inferior da superestrutura do viaduto onde é possível


perceber algumas fissuras.

Figura 5: Vista da parte inferior do Figura 6: Patologia na parte inferior do


tabuleiro tabuleiro

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Fonte: Autoria própria. Fonte: Autoria própria.

Durante a inspeção foi possível observar fissuras em alguns dos pilares que compõe a
mesoestrutura do viaduto, como mostra a imagem 7. Além disso, outra patologia foi
encontrada nesses elementos. Como mostra nas figuras 8 e 9, á presença de corrosão,
segregação e desplacamento na base dos pilares.

Figura 7: Fissura em pilar. Figura 8: Patologia na base de um pilar

Fonte: Autoria própria. Fonte: Autoria própria.

Figura 9: Patologia na base de um pilar

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

Com base na visita para inspeção e nas imagens coletadas foi possível dar início ao
cálculo para identificação do Grau de Deterioração da Estrutura (GDE). Para o trabalho
apresentado foram utilizados os elementos que incorporam o cálculo do GDE conforme
previstos na Tabela 1.

Tabela 1 – Elementos que incorporam o cálculo do Grau de Deterioração da Estrutura


(GDE)
Divisão Elementos
Fator (Fr)
estrutural
Guarda corpo 1,00
Outros elementos
Pista de rolamento 2,00
Cortinas e juntas de dilatação 3,00
Superestrutura
Lajes 4,00
Mesoestrutura Vigas e pilares 5,00

Fonte: Medeiros, 2015 (Adaptada)

Conforme visto também na Tabela 1, a cada família de elementos foi atribuído um Fator de
Relevância (Fr), conforme divisão adaptada por Medeiros (2015). Além desse, outros fatores
a serem aplicados para uso nessa metodologia são: Fator de Ponderação (Fp) e Fator de
Intensidade de Dano (Fi), determinados através da Tabela 2 e 3.

Tabela 2 - Famílias de elementos estruturais e fatores de ponderação (Fp).

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Fonte: Euqueres, 2011 (Adaptada).

Tabela 3 - Classificação dos danos e fatores de intensidade (Fi)

Fonte: Medeiros, 2015 (Adaptada).

Com base nessas informações, e estabelecendo os danos/patologias presentes em cada


elemento foi possível definir as características de cada elemento e assim iniciar os cálculos do
grau de deterioração seguindo a seguinte sequência:

- Grau de dano de cada elemento (calculado para cada dano)

- Grau de deterioração do elemento

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- Grau de deterioração da família

- Grau de deterioração da estrutura

Tabela 4: Características dos elementos da estrutura

Elemento Dano Fi Fp

Guarda Corpo Manchas 2 3


Cortinas Manchas 2 3
Fissuras 1 2
Lajes
Manchas 2 3
Fissuras 1 2
Vigas
Manchas 2 3
Desagregação 4 3
Desplacamento 3 3
Pilares
Corrosão de armadura 4 5
Fissuras 1 3
Fonte: Autoria própria.

Aplicando os fatores nas respectivas fórmulas, o grau de dano e grau de deterioração obtidos
para cada elemento foi:

Grau de Grau de
Grau de
Elemento Dano deterioração deterioração
Dano
(elementos) (famílias)
Guarda 2,4
Manchas 2,4 2,4
Corpo
Cortinas Manchas 2,4 2,4 2,4

Fissuras 0,8
Lajes 2,4 2,4
Manchas 2,4
Fissuras 0,8
Vigas 2,4
Manchas 2,4
Desagregação 30
41,74
Desplacamento 12
Pilares Corrosão de 81,07
50
armadura
Fissuras 1,2

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Por fim, através de uma média ponderada, utilizando os Fatores de Relevância para cada
família, foi possível determinar o Grau de deterioração global da estrutura.

(2,4 𝑥 1) + (2,4 𝑥 3) + (2,4 𝑥 4) + (41,74 𝑥 5)


𝐺𝑑𝑓 =
2,4 + 2,4 + 2,4 + 41,74

𝐺𝑑𝑓 = 4,66

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o Grau de Deterioração calculado foi possível enquadrar a estrutura em: Baixo nível de
deterioração; conforme Tabela 5, elaborada por Euqueres (2011). De acordo com essa tabela o
estado da estrutura é aceitável, necessitando apenas de manutenção preventiva.

Tabela 5 - Nível de deterioração do elemento e as recomendações de ações em função do


valor de Gd

Fonte: Euqueres, 2011 (Adaptada).

REFERÊNCIAS

KLEIN, D., GASTAL, F., CAMPANOLO, J. L. & SILVA FILHO, L. C. Critérios adotados
na vistoria de obras de arte. Porto Alegre, Brasil, 1991.

CASTRO, E. K. Desenvolvimento de Metodologia para Manutenção de Estruturas de


Concreto Armado. Dissertação (Mestrado em Estruturas) – Universidade de Brasília, Brasília,
1994.

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LOPES, B. A. R. Sistema de Manutenção Predial para Grandes Estoques de Edifícios: Estudo
para inclusão do componente “Estrutura de Concreto”. Dissertação (Mestrado em Estruturas)
– Universidade de Brasília, Brasília, 1998.

BOLDO, P. Avaliação quantitativa de estruturas de concreto armado de edificações no âmbito


do exércio brasileiro. Dissertação (Mestrado em Estruturas e Construção Civil) –
Universidade de Brasília, Brasília, 2002.

MEDEIROS, Alisson Gadelha de. Análise de durabilidade da Ponte do rio do Carmo


utilizando ensaios não destrutivos, norma DNIT e a metodologia Dde/UnB. 2015. 149 f.
Dissertação (Pós-graduação) - Curso de Engenharia Civil, Ufrn, Natal, 2015. Disponível em: .
Acesso em: 25 mar. 2018.

EUQUERES, P. Metodologia de inspeção de pontes de concreto armado.Dissertação de


Mestrado, Escola de Engenharia Civil, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, GO, 2011.
168 p

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