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Nome: Kauan Silva de Medeiros N_33 1A

O guarani
Em uma fazenda no interior do Rio de Janeiro, moram D.
Antônio de Mariz e sua família, formada pela esposa D.
Lauriana, o filho D. Diogo e a filha Cecília. A casa abriga
ainda a mestiça Isabel (na verdade, filha bastarda de D.
Antônio), apaixonada pelo moço Álvaro, que, no entanto, só
tinha olhos para Cecília. O índio Peri, que salvou certa vez
Cecília de ser atingida por uma pedra, permaneceu no
lugar a pedido da moça, morando em uma cabana. Peri
passa a se dedicar inteiramente à satisfação de todas as
vontades de Cecília, a quem chama simplesmente de Ceci.

Acidentalmente, D. Diogo mata uma índia aimoré. Como


vingança, a família da moça tenta matar Ceci, mas Peri
intercepta a ação. A partir desse momento, a possibilidade
de ataque da tribo é cada vez maior. E este não é o único
perigo a rondar a casa de D. Antônio. Um dos empregados,
Loredano, está ali com o objetivo de se apoderar de uma
mina de prata que fica abaixo da casa. Pretendia incendiá-
la e ainda raptar Ceci. Quando ele e seus capangas
combinam seu plano de ataque, são ouvidos por Peri.

Contra si, o índio tem o ódio de D. Lauriana, que considera


sua presença ali uma ameaça a todos. Consegue convencer
o esposo a expulsá-lo, mas quando Peri relata a iminência
do ataque aimoré, como vingança pela morte da índia, D.
Lauriana permite que ele permaneça na casa.
O incêndio planejado por Loredano é evitado por Peri e a
traição é finalmente descoberta. D. Antônio ordena que os
traidores se entreguem, mas Loredano organiza um
levante. Os empregados fiéis a D. Antônio preparam-se
para proteger a casa. Ao mesmo tempo, acontece o ataque
indígena. Assim, a casa de Mariz sofre ameaças externas e
internas.

Álvaro aceita o amor de Isabel e passa a corresponder a


ele. Mas sua preocupação se volta principalmente para o
confronto com os inimigos. Enquanto isso, Peri concebe
um plano terrível para derrotar os aimorés: coloca veneno
na água que será consumida pelos bandidos que tentam
ocupar a casa; além disso, bebe do mesmo veneno. Em
seguida, avança sobre os aimorés e luta bravamente, para
mostrar que merece ser submetido ao ritual da
antropofagia, reservado apenas aos valentes. Quando
comessem sua carne tomada pelo veneno, morreriam.

Cecília descobre o plano e pede a Álvaro que o salve. O


moço chega no exato momento do sacrifício e liberta Peri,
afirmando que Cecília precisa dele vivo, para salvá-la. A
moça pede ao índio que viva e Peri obedece, preparando
para si um antídoto com ervas. Muitos dos traidores
morrem envenenados. Loredano é preso e submetido à
morte na fogueira.

Álvaro sai para apanhar mantimentos, mas acaba sendo


morto na empreitada. Seu corpo é entregue a Isabel que,
entrando com ele em um cômodo hermeticamente fechado,
espalha ervas aromáticas no local e morre abraçada ao
amado.

Como última tentativa para salvar a filha, D. Antônio


determina a Peri que fuja com ela. Assim que o índio
cumpre a tarefa, o proprietário explode a casa, matando os
inimigos que o atacam. Cecília se desespera assistindo à
cena.

Uma tempestade atinge Peri e Cecília na canoa que


ocupam. Em um verdadeiro dilúvio, Peri e Ceci somem no
horizonte.

CONTEXTO
Sobre o autor
José de Alencar desenvolveu, no conjunto de sua obra, um
projeto cultural. Assim, escreveu romances regionalistas,
urbanos, históricos e indianistas. Em todos eles, o tema
fundamental era o Brasil. Para o escritor, submeter as
particularidades nacionais (o que os românticos
chamavam de cor local, isto é, a terra, o índio, os costumes
etc) a um tratamento inspirado no modelo romântico era
um esforço necessário para colocar a cultura brasileira no
mesmo patamar da europeia. Suas obras mais conhecidas
foram: “O Guarani”, “Iracema”, “Senhora”, “Diva”, “Lucíola”
e “Til”. O autor é patrono da cadeira nº 23 da Academia
Brasileira de Letras, uma escolha de Machado de Assis.

Importância do Livro
A importância de O Guarani se relaciona à expressão do
nacionalismo romântico e à consolidação da figura do
herói tipicamente brasileiro, reunindo todas as qualidades
do cavaleiro medieval e apresentando a originalidade da
ligação com a terra selvagem brasileira. O obra apresenta
características indianistas, com a idealização do índio,
como acontece também em outros romances de Alencar.

Período histórico
Em O Guarani – assim como em Iracema – Alencar busca
adaptar o modelo literário que o inspira à realidade
nacional. Esse era um dos fundamentos mais importantes
do Romantismo como ele se manifestou entre nós.

ANÁLISE
O Guarani reúne os ingredientes românticos com os quais
o autor sabia lidar muito bem. A trama segue duas linhas:
a dimensão épica das aventuras e a dimensão lírica das
relações amorosas. No primeiro, ganha destaque a
construção da nacionalidade, a partir do mito da
integração entre colonizado e colonizador. Essa integração
é problematizada na história, já que existem os que são
permeáveis a ela, como Peri e Ceci, e os que a rejeitam
decisivamente, como os aimorés e D. Lauriana.

No plano lírico, há o jogo sentimental das personagens Peri


e Ceci, Álvaro e Isabel. Nessas relações, o amor mostra a
sua força ao superar todas as barreiras que se opõem à
sua realização. Alvos de paixões avassaladoras, Cecília e
Isabel se comportam de formas distintas, à pureza da
primeira se opõe o poder de sedução da segunda. De
qualquer maneira, sabe-se que o amor vencerá no final. E
sua vitória representa, acima de tudo, o êxito do bem em
sua disputa contra o mal.

O maniqueísmo está presente em todas as dimensões do


romance. As duas personagens que melhor o encarnam
são Peri e Loredano. O primeiro corresponde à típica
idealização romântica, concebida nos termos palatáveis
para o leitor da época. D. Antônio considera Peri um
“cavalheiro português no corpo de um selvagem”,
conferindo, dessa forma, um estatuto superior ao índio que
se comporta como amigo. De fato, Peri age como um
verdadeiro cavaleiro medieval, valorizando a fidalguia, a
honradez, a hierarquia e até mesmo a religião, que acaba
por abraçar para obter permissão de salvar a amada Ceci.
A esses traços, ele acrescenta outro, de fundamental
importância para o projeto nacionalista romântico: a
ligação com a terra.

Loredano, de sua parte, é o anti-Peri por excelência: nunca


age às claras e de forma aberta, mas sim nas sombras e
nos subterrâneos. Não demonstra nenhum apego pela
terra e muito menos pelos valores da fidalguia, que
subverte pela traição. Desse modo, alcança a condição de
vilão perfeito.

Embora o tempo e o espaço da ação sejam definidos com


exatidão pelo narrador (interior do Rio de Janeiro, início do
século XVII), há muito de transcendente nesses elementos.
O período focalizado é o início da colonização portuguesa
daquela região. Mas as relações sociais são definidas a
partir de concepções medievais: temos o senhor e seus
vassalos e protegidos. Quanto ao espaço, evidencia-se a
condição de castelo associada à casa de D. Antônio de
Mariz, o que remete a ação, mais uma vez, à visão
romântica da Idade Média que inspira comportamentos de
personagens e lances do enredo.

No estilo narrativo, o autor se utilizou de recursos


românticos, tais como: a técnica folhetinesca do gancho ao
final dos capítulos; descrições exuberantes; diálogos
dramáticos; e, por fim, a narração retrospectiva
(flashback), que permite resgatar fatos anteriores da vida
das personagens. Dos muitos recursos estilísticos do
narrador, destacam-se a exploração da comparação e da
metáfora, cuja articulação auxilia na construção de uma
alegoria da criação da raça brasileira, propósito que
fundamenta a obra.

Não se pode deixar de comentar o final do romance.


Embora um tanto enigmático, sugere a formação da raça
brasileira através da união das raças branca e indígena.
Peri e Ceci são conduzidos ao horizonte. Esse horizonte é o
país que se redescobre – tanto pelos colonizadores do
século XVII quanto pelos leitores do XIX

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