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Carlos Henrique Britto de Assis Prado1, Lis Schwartz Miotto2, Luciane Pivetta2,
Marlei Leandro de Mendonça2
1
Professor Associado do Departamento de Botânica, Universidade Federal de
São Carlos, São Paulo, Brasil , 13565-905.
2
Alunas do curso de graduação, Ciências Biológicas, Universidade Federal de
São Carlos
seco os espaços vazios estão sem água e resta somente água firmemente
aderida em volta das partículas sólidas (Figura 1). Essa água adsorvida na
consegue absorver essa água (Figura 1). A água higroscópica só pode ser
solo (geralmente > 0,15 µm) a planta poderá retirar essa água com certa
facilidade. Para calcular a força com que um capilar do solo segura a água
Onde:
estão retendo água apresentam um diâmetro médio de 0,2 µm, então a água
está retida sob tensão de -1,45 MPa (fórmula I). Esse é um valor de referência
importante, pois valores de energia livre da água no solo menores que -1,5
Os poros na parede celular são bem mais finos que 0,2 µm. Esses poros
menor do que -1,5 MPa para a situação da água retida em capilares com
diâmetro de 0,2 µm no solo. Como a água vai do local de maior para o local de
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fica retida nas superfícies das partículas (areia, silte e argila) apresentando
uma energia livre de -300 MPa (Salisbury & Ross, 1992). Nem mesmo os mais
finos capilares da parede celular poderiam extrair essa água higroscópica. Por
água deve ser líquido e a água deve se localizar no protoplasto (volume celular
não suporta valor de energia livre da água menor que -5,0 MPa. Quando a
energia livre da água na parede celular será menor que -5,0 MPa (fórmula I) e
o protoplasto não será capaz de apresentar valor menor para ganhar água da
parede celular.
são canais de água que podem estar abertos quando fosforilados ou fechados
da raiz é dinâmica, pois a fase líquida do solo pode mudar rapidamente por
3).
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solo. A água geralmente sai do solo e passa para a parede celular devido à
Os poros da parede celular são bem mais finos que os poros do solo que
capilares muito finos e a raiz terá dificuldade em retirar água do solo. Note que
(Figura 3). Esse conjunto das paredes celulares serve como via de tráfego no
Figura 3 – Movimento radial da água (linhas azuis) desde o solo até o xilema
no cilindro central da raiz. (A) Transpiração reduzida, o transporte de água
ocorre mais intensamente na via apoplasmática (linha espessa) que na
simplasmática (linha fina). (B) Transpiração elevada sob condições de boa
disponibilidade de água. A condutividade hidráulica da raiz é aumentada pela
abertura dos poros aquosos (aquaporinas) nas biomembranas e a intensidade
do transporte de água pela via simplasmática pode ser semelhante ao da via
apoplasmática. Tecidos indicados na base da figura: Exoderme (Ex) com
banda de Caspary (Bc); Epiderme (Ep) com pêlos por onde entram mais
intensamente água e solutos; Córtex (Co) formado por células parenquimáticas
funcionalmente independente do parênquima que envolve o xilema;
Endoderme (Ed) com bandas de Caspary; Periciclo (Pe) camada de células
que originam as raízes secundárias; Parênquima que envolve o xilema (Px) e
secreta ativamente íons para o lúmen das células condutoras. Células
específicas em cada tecido: Células condutoras do xilema (Xi); Célula de
passagem com menor suberização nas paredes anticlinais (Cp); Células
condutoras do Floema (Fl). Estruturas celulares: Parede anticlinal radial (Ar),
Parede anticlinal transversal (At); Banda de Caspary (Bc). A partir de
indicações de Steudle & Peterson (1998) e Steudle (2005). Desenho: Ricardo Degani.
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plasmodesmata são entre 103-104 por célula, mais de 105 por milímetro
Figura
ura 5 – Estrutura de
um plasmodesma
conectando células
vizinhas
vizinhas. (A) – Vista
lateral de um corte
longitudinal. PL =
plasmalema. CC =
continuação do
citoplasma. PP = proteína
ancorada na plasmalema.
DE = desmotúbulo. PD =
proteína ancorada no
desmotúbulo. C
CP =
conexão protéica. RE =
retículo endoplasmático.
RC = região de
constrição. CA = cavidade
central. O tráfego de
substâncias entre células
vizinhas pode ocorrer
tanto via CC como via DE.
(B) – Corte transversal na
altura mediana do
plasmodesma. Um
U bastão
de proteína (BP) pode
preencher o desmotúbulo
(ainda incerto).
Modificado a partir de
Roberts & Oparka (2003)
e de Heldt (2004).
Dese
enho: Ricardo Degani.
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parênquima que envolve o xilema (Px, Figura 3) cria uma tensão de sucção
causada pela sucção da copa. Ao contrário das células dos dutos do xilema (Xi,
Figura 3) as células do parênquima xilemático são células vivas (Px, Figura 3).
Figura 3).
células do parênquima que envolve o xilema (Px, Figura 3). Não há uma
transferência por simples difusão de íons das células que envolvem o xilema
do xilema é pouco provável. Canais iônicos (B), carregadores (C) e bombas (D)
Degani.
Com uma menor energia livre no lúmen das células condutoras a água
água em direção à copa, mas com uma força relativamente menor que a
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saída da seiva bruta do caule sem copa pode ser visualizada na altura do corte
após cerca de 7 minutos por meio de uma gota que cresce sobre o corte
(Figura 7).
de íons para a região cortical da raiz pela via apoplasmática. Essa eficiência
estão mais secas, por exemplo, onde os capilares estão sendo esvaziados
Síntese
A competição por água ocorre entre raiz (uma matriz orgânica) e o solo (matriz
essencialmente inorgânica). Portanto, a água no solo pode não estar
prontamente disponível para a planta. Quando a raiz consegue retirar água do
solo esse evento é iniciado na parede celular da epiderme. A água da parede
pode seguir via apoplasto até os feixes condutores no cilindro central ou entrar
no simplasto por meio de aquaporinas na plasmalema. No apoplasto e no
simplasto a água caminha em direção aos dutos do xilema no cilindro central
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Referências
Carpita N, Sabularse D, Montezinos D, Delmer DP. (1979) Determination of
the pore size of cell walls of living plant cells. Science. 205: 1144–1147.
Steudle E, Peterson CA (1998) How does water get through roots? Journal
Experimental of Botany. 49:775-788.