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SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

COMISSÃO DE EDUCAÇÃO PARA RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS

Caros Professores

A Comissão de Educação para Relações Étnico- Raciais agradece o apoio e aceitação com que
todos abraçaram o trabalho sobre “Africanidades” compartilhado ao longo deste ano letivo,
conforme dispõe a Lei 11645/08 (antiga lei 10639/03) que trata da obrigatoriedade da inclusão
da história e cultura africana e dos povos indígenas no currículo escolar. O objetivo maior desta
ação pedagógica, além do cumprimento da Lei, é o resgate e valorização afirmativa da
influência do negro e do índio na formação da cultura e da sociedade brasileira.

Dando continuidade a esse trabalho, convidamos-lhes a aprofundar os nossos estudos para


melhor contribuirmos na formação dos cidadãos que hoje estão em nossas mãos.

Aproxima-se o “Dia da Consciência Negra”, momento oportuno para algumas reflexões: Como
surgiu essa data comemorativa? Qual a sua finalidade? O que ela objetiva e qual sua relevância
para o trabalho com nossos alunos e para a população?

Para tratarmos deste tema é fundamental a nossa compreensão, afinal somos formadores de
opiniões, mudar a visão que a nossa sociedade tem acerca da data requer estudo, revisão de
conceitos para assim de fato, podermos contribuir para a transformação da visão e
consequentemente das práticas. As propostas de reflexões preveem valorização e reflexão da
contribuição do negro na formação da sociedade nacional, nas áreas social, econômica e política
para além da sua força de trabalho.

Reconhecer que apesar das privações e condições sub-humanas a que foram submetidos, os
africanos conseguiram deixar marcas significativas na formação do povo brasileiro a partir dos
conhecimentos científicos que construíram antes da diáspora a que foram sujeitos, e apesar desta
condição conseguiram difundir, não só no Brasil mas no mundo, informações que ajudaram a
civilizar a humanidade.

Isso é resgatar a identidade e o orgulho de pertencimento a uma etnia que foi depreciada e
colocada como inferior até os dias atuais. O objetivo central é a reconstrução desta história do
ponto de vista da população negra com práticas afirmativas que ressaltem os seus saberes que
muito serviu para a tecnologia que temos hoje.

As origens do Dia da Consciência Negra estão relacionadas aos esforços dos movimentos
sociais para evidenciar as desigualdades históricas que afligem as populações negra e parda no
Brasil. O idealizador do Dia Nacional da Consciência Negra foi o poeta, professor e pesquisador
gaúcho Oliveira Silveira (1941 – 2009). Ele foi um dos fundadores do Grupo Palmares, que
reunia militantes e pesquisadores da cultura negra brasileira, em Porto Alegre. Escolheu o dia 20
de novembro, por ser o possível dia da morte de Zumbi dos Palmares, que ocorreu em 1695 e
era muito mais significativo e emblemático do que comemorar o dia 13 de maio. O Dia da
Abolição da Escravatura, quando o regime escravocrata estava falido e não havia mais como se
manter, transmitia a ideia de que os negros não ofereciam resistência à escravização. A data foi
estabelecida pelo Projeto de Lei número 10.639, no dia 9 de janeiro de 2003. O 13 de maio, não
deixou de ser uma data importante para o negro, porém a essência da comemoração foi
ressignificada para o “Dia Nacional da Luta contra o Racismo”. Em 2011, a presidente Dilma
Roussef sancionou a lei 12.519/2011, que criou a data, mas não obriga que seja feriado. Isso
significa que ser feriado ou não é uma decisão municipal.

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Quem foi Zumbi?

Zumbi dos Palmares nasceu no estado de Alagoas no ano de 1655. Foi o principal representante
da resistência negra à escravidão na época do Brasil Colonial. Foi líder do Quilombo dos
Palmares, comunidade livre formada por escravos fugitivos dos engenhos, índios e brancos
pobres expulsos das fazendas. O Quilombo dos Palmares estava localizado na região da Serra da
Barriga, que, atualmente, faz parte do município de União dos Palmares (Alagoas). Na época
em que Zumbi era líder, o Quilombo dos Palmares alcançou uma população de
aproximadamente trinta mil habitantes. Nos quilombos, os negros viviam livres, de acordo com
sua cultura, produzindo tudo o que precisavam para viver.

Embora tenha nascido livre, foi capturado quando tinha por volta de sete anos de idade.
Entregue ao padre jesuíta católico Antônio Melo, recebeu o batismo e ganhou o nome de
Francisco. Aprendeu a língua portuguesa, latim, álgebra e a religião católica, chegando a ajudar
o padre na celebração da missa. Porém, aos 15 anos de idade, fugiu de Porto Calvo para viver
no quilombo dos Palmares. Na comunidade, deixou de ser Francisco para ser chamado de
Zumbi (que significa “aquele que estava morto e reviveu”, no dialeto de tribo Imbagala de
Angola).

No ano de 1675, o quilombo foi atacado por soldados portugueses. Zumbi ajudou na defesa e
destacou-se como um grande guerreiro. Após uma batalha sangrenta, os soldados portugueses
foram obrigados a retirarem-se para a cidade de Recife. Três anos após, o governador da
província de Pernambuco aproximou-se do líder Ganga Zumba para tentar um acordo, Zumbi
colocou-se contra o acordo, pois não admitia a liberdade dos quilombolas, enquanto os negros
das fazendas continuassem aprisionados.

Em 1680, com 25 anos de idade, Zumbi tornou-se líder do quilombo dos Palmares, comandando
a resistência contra as topas do governo. Durante seu “governo” a comunidade cresceu e se
fortaleceu, obtendo várias vitórias contra os soldados portugueses. O líder Zumbi mostrou
grande habilidade no planejamento e organização do quilombo, além de coragem e
conhecimentos militares.

O bandeirante Domingos Jorge Velho organizou, no ano de 1694, um grande ataque ao


Quilombo dos Palmares. Após uma intensa batalha, Macaco, a sede do quilombo, foi totalmente
destruída. Ferido, Zumbi conseguiu fugir, porém foi traído por um antigo companheiro e
entregue às tropas do bandeirante. Aos 40 anos de idade, foi degolado em 20 de novembro de
1695.

Importância de Zumbi para a História do Brasil

Zumbi é considerado um dos grandes líderes de nossa história; lutou pela liberdade de culto,
religião e prática da cultura africana no Brasil Colonial. A partir da história de Zumbi
poderemos apresentar outros heróis negros e sua contribuição para a sociedade.

Importância da Data

A criação desta data foi importante, pois serve como um momento de conscientização e reflexão
sobre a influência da cultura e do povo africano na formação da cultura nacional. Os negros

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africanos colaboraram muito, durante nossa história, nos aspectos científicos, apolíticos, sociais,
gastronômicos e religiosos de nosso país.

Nessa oportunidade devemos comemorar nas escolas, nos espaços culturais e em outros locais,
as manifestações da cultura afro-brasileira.

Porém é importante ressaltar que o trabalho sobre a temática africana, não aconteça apenas nesta
data, mas sim que seja a oportunidade de trazer à tona todo o estudo pedagógico realizado ao
longo do ano letivo. Vale lembrar ainda, que o conhecimento da história africana não é
relevante apenas para a população negra, mas relevante para os alunos de qualquer origem
étnica, pois primamos por uma educação que garanta o acesso à informação para todos com
igual respeito à contribuição de todas as culturas, sejam elas indígenas, africanas, ou asiáticas,
sem privilegiar somente as raízes europeias. Afinal somos o país da diversidade e o nosso povo
se constituiu na mistura de muitos povos, portanto compete a nós educadores promover no
cotidiano da nossa sala de aula a reeducação das relações étnico-raciais baseadas no respeito às
diferenças!

Nossa Comissão vem procurando atenuar o grande abismo e a dissonância entre o discurso e as
práticas pedagógicas, diminuindo os desencontros dos conteúdos escolares quanto a questão do
negro.

Esta Comissão tem sugerido, reescrito e reelaborado ações e ideias para contribuir com práticas
pedagógicas afirmativas que corroborem para efetivação da transformação da escola num
espaço democrático de acesso ao saber com qualidade, livre de preconceitos e discriminações. É
na diversidade que consolidaremos a União. Portanto contamos com o apoio e dedicação de
todos para concretizar na prática o que dispõe a Lei 10639/03.

Texto adaptado de:

http://www.suapesquisa.com/historiadobrasil/zumbi_dos_palmares.htm acessado em 15/10/14

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EDUCAÇÃO INFANTIL (Creche e Pré-escola) - 4º BIMESTRE

ORIENTAÇÕES:
As atividades aqui propostas deverão ser desenvolvidas no momento indicado por este
informativo ou incluídas no planejamento onde o professor considerar oportuno.

OBJETIVOS
 Conhecer uma lenda africana.
 Identificar a árvore sagrada para o povo africano.
 Desenvolver a imaginação e criatividade.

ATIVIDADES

Para as escolas que aceitaram a proposta de confeccionar a boneca negra para visitar as
famílias ou as salas de aula:

 A boneca convidará os alunos/famílias a conhecerem a árvore sagrada do


continente africano e apresentará a lenda.

Para as turmas da Etapa I, será interessante trabalhar com a lenda, depois que
desenvolver a atividade da 2ª semana de novembro: Árvore generosa, Eixo Natureza e
Sociedade, proposta pela coleção Ciranda.

Para a Etapa II e Creche os professores poderão escolher o momento que considerar


mais oportuno. Informar que o baobá é um potente reservatório de água.

Para finalizar o trabalho, solicitar aos alunos que desenhem da melhor forma o baobá,
pois organizarão um mural que será exposto na semana da consciência negra, que
objetiva divulgar o que os negros tem de positivo e como contribuíram na formação da
sociedade brasileira.

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LENDA DO BAOBÁ

Original da África, o Baobá é uma das árvores mais antigas da terra. Conhecido nos
meios científicos com o nome de Adansonia Digitata, o baobá, quando adulto, é
considerada a árvore que tem o tronco mais grosso do mundo, chegando em alguns
casos, a medir 20 metros de diâmetro. São árvores seculares, testemunhas vivas da
história, que chegam até aos 6.000 anos de idade.

Esse colosso vegetal pode atingir trinta metros de altura e possui a capacidade de
armazenar, em seu caule gigante, até 120.000 litros de água. Por tal razão é denominada
"árvore garrafa". No Senegal, o baobá é sagrado, sendo utilizado como fonte de
inspiração para lendas, ritos e poesias. Segundo uma antiga lenda africana, se um morto
for sepultado dentro de um baobá, sua alma irá viver enquanto a planta existir. E o
baobá tem uma vida muito longa: vive entre um e seis mil anos.

Uma das principais curiosidades a respeito dessa árvore tão especial é que seu tronco é
oco. Muitas lendas africanas procuram explicar esse fenômeno, mas esta que vou
compartilhar com vocês é a melhor de todas, porque propõe comparar a árvore aos
nossos sentimentos. Em sala de aula, vale dramatizar a história, fazer vozes e sons
diferentes e principalmente, curtir muito essa maravilhosa lenda!

O CORAÇÃO DO BAOBÁ

No coração da África, havia uma extensa planície. E no centro dessa planície, erguia-se
uma alta e frondosa árvore. Era o baobá.

Um dia, embaixo do sol escaldante do meio-dia africano, corria pela planície um


coelhinho, que, exausto, suado, quando viu o baobá, correu a abrigar-se à sua sombra. E
ali, protegido pela árvore, ele se sentiu tão bem, tão reconfortado, que olhando para
cima não pôde deixar de dizer:

- Que sombra acolhedora e amiga você tem, baobá! Muito obrigado!


O baobá, que não costumava receber palavras de agradecimento, ficou tão reconhecido,
que fez balançar os seus galhos e tremular suas folhinhas, como numa dança de alegria.
O coelho, percebendo a reação da árvore, quis aproveitar-se um pouquinho da situação e

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disse assim: - É, realmente sua sombra é muito boa.... Mas e esses seus frutos que eu
estou vendo lá em cima? Não me parecem assim grande coisa...

O baobá, picado no seu amor próprio, caiu na armadilha. E soltou, lá de cima de seus
galhos, um belo e redondo fruto, que rolou pelo capim, perto do coelhinho. Este, mais
do que depressa, farejou o fruto e o devorou, pois ele era delicioso. Saciado, voltou para
a sombra da árvore, agradecendo:

- Bem, sua sombra é muito boa, seu fruto também é da melhor qualidade. Mas... e o seu
coração, baobá? Será ele doce como seu fruto ou duro e seco como sua casca?
O baobá, ouvindo aquilo, deixou-se invadir por uma emoção que há muito tempo não
sentia. Mostrar o seu coração? Ah... Como ele queria... Mas era tão difícil... Por outro
lado, o coelhinho havia se mostrado tão terno, tão amigo... E assim, hesitante, hesitando,
o baobá foi lentamente abrindo o seu tronco. Foi abrindo, abrindo, até formar uma
fenda, por onde o coelho pôde ver, extasiado, um tesouro de moedas, pedras e joias
preciosas, um tesouro magnífico, que o baobá ofereceu a seu amigo. Maravilhado, o
coelho pegou algumas joias e saiu agradecendo:

- Muito obrigado, bela árvore! Jamais vou te esquecer!

E chegando à sua casa, encontrou sua esposa, a coelha, a quem presenteou com as joias.
A coelha, mais do que depressa, enfeitou-se toda com anéis, colares e braceletes e saiu
para se exibir para suas amigas. A primeira que ela encontrou foi a hiena, que, assaltada
pela inveja, quis logo saber onde ela havia conseguido joias tão faiscantes. A coelha lhe
disse que nada sabia, mas que fosse falar com seu marido. A hiena não perdeu tempo:
foi ter com o coelho, que lhe contou o que havia acontecido.

No dia seguinte, exatamente ao meio-dia, corria a hiena pela planície e repetia passo a
passo tudo o que o coelho lhe havia contado. Foi deitar-se à sombra do baobá, elogiou-
lhe a sombra, pediu-lhe um fruto, elogiou-lhe o fruto e finalmente pediu para ver-lhe o
coração.
O baobá, a quem o coelhinho na véspera havia tornado mais confiante e mais generoso,
dessa vez nem hesitou. Foi abrindo o seu tronco, foi abrindo, bem devagarinho,
saboreando cada minutinho de entrega. Mas a hiena, impaciente, pulou com suas garras
no tronco do baobá, gritando:

- Abra logo esse coração, eu não aguento esperar! Ande! Eu quero todo esse tesouro
para mim, eu quero tudo, entendeu?

O baobá, apavorado, fechou imediatamente o seu tronco, deixando a hiena de fora a


uivar desesperada, sem conseguir pegar nenhuma joia. E por mais que ela arranhasse a
árvore, ela nada conseguiu.

A partir desse dia é que a hiena ganhou o costume de vasculhar as entranhas dos
animais mortos, pensando encontrar ali algum tesouro.
http://pontocomarte.blogspot.com.br/2011/02/lenda-do-baoba.html

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