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GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL

Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal


Coordenação Regional de Ensino de Ceilândia
Gerência Regional de Educação Básica de Ceilândia

Prezad@s coordenadores e coordenadoras,

Vivemos em uma sociedade diversa, ávida por fim de discriminações e preconceitos


que desqualificam essa diversidade. Nesse sentido é papel da comunidade escolar combater
esses males que reprimem grupos historicamente marginalizados. Dentre esses grupos a
população negra ainda continua sofrendo, por conta do racismo institucional presente em
nossa sociedade.

Em 9 de janeiro de 2003, o então presidente Luis Inácio Lula da Silva, sancionou a Lei
10.639 que estabelece a inclusão no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da
temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, colocando como conteúdo obrigatório o estudo
da história da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o
negro na formação da sociedade nacional, bem como a contribuição do povo negro nas áreas
social econômica e política pertinente à história do Brasil.

A Lei n. 10.639/2003 pode ser considerada um ponto de chegada de uma luta histórica
da população negra para se ver retratada com o mesmo valor dos outros povos que para aqui
vieram, e um ponto de partida para uma mudança social. Na política educacional, a
implementação da Lei significa ruptura profunda com um tipo de postura pedagógica que não
reconhece as diferenças resultantes do nosso processo de formação nacional. Para além do
impacto positivo junto à população negra, essa Lei deve ser encarada como desafio
fundamental do conjunto das políticas que visam a melhoria da qualidade da educação
brasileira para tod@s.

Um levantamento, feito neste ano, pela coordenadora intermediária Adelina da pasta


de Direitos Humanos e Diversidade da CREC, constatou que das 90 escolas públicas de
Ceilândia somente 16 fazem acontecer a Lei 10.639/2003 durante todo o ano letivo e um
número reduzido de escolas levantam a temática etnocorracial negra somente em datas
comemorativas e pensam equivocadamente que a Lei é contemplada nesses momentos.

Diante desta problemática estamos enviando para todas as escolas de Ceilândia


orientações e ações para a educação das relações etnicorracias. São sugestões para todos os
níveis de ensino e todas as disciplinas. É papel da escola como espaço privilegiado de inclusão,
reconhecer e combater às relações preconceituosas e discriminatórias, além de afirmar o
caráter multirracial e pluriétnico da sociedade brasileira.

Adelina e Marcos, Direitos Humanos e Diversidade.


Sugestões de atividades (educação infantil):

- Calendário - construção de um calendário da diversidade etnicorracial que faça


referência a datas comemorativas dos vários grupos que formam o Brasil (indígenas,
branc@s, negr@s e migrantes) assim a criança fará uma rotina escolar pautada no
estudo de líderes que ajudaram a formar o Brasil.

- Expressão oral e literatura - expressão oral cuidadosa e literatura criteriosa para não
reforçarem preconceitos como “boi da cara preta”, “escravo de Jó” e poemas como
“As borboletas” de Vinícius de Morais. Fazer uso de poemas e expressões que
destaquem a beleza da diversidade em todas as instâncias; - estudos de palavras de
origem africana que são comuns no nosso idioma, confeccionando um dicionário
contendo esses termos. Por meio delas, pode-se fazer uma reflexão acerca da
participação africana na formação cultural brasileira, alcançando a contribuição
artística, política e intelectual negra.

- Brincadeiras diversas - Há um grande número de brincadeiras de origem africana,


europeia e indígena que os pais de noss@s alun@s conheciam, faz-se necessário um
resgate dessas brincadeiras para o desenvolvimento cognitivo e social das crianças.

- Músicas - Fazer uso de canções populares não preconceituosas e violentas como as


ensinadas nas tradições populares. Há canções populares regionais que trazem uma
infinidade de exemplos que destacam a cultura negra, indígenas dentre outras. Para
acompanhar as músicas pode-se desenvolver com material sucata tambores e outros
instrumentos de percussão, enfeitando-os com desenhos geométricos (usados em
alguns países africanos) e pintá-los com as cores da unidade africana (preto, amarelo,
vermelho e verde).

- Contos - É quase corriqueiro que toda criança tenha conhecimento de contos de


origens européias (Branca de Neve, Chapeuzinho Vermelho, João e Maria...). Cabe a
escola fazer um trabalho mais abrangente no que se diz respeito o contar histórias. O
uso de diversos contos no cotidiano escolar abre o horizonte de nossas crianças para
um mundo formado não só por um grupo étnico, mas para a diversidade em que
vivemos. Assim crianças não branc@s criariam também no seu imaginário, heróis e
heroínas negr@s e indígenas em quem possam se espelhar. Para isso há um bom
acervo de livros infantis que destacam a diversidade etnicorracial.

- Corpo Humano – No trabalho com o corpo é preciso dar destaque para as diferenças
físicas entre as pessoas e as razões da cor da pele, textura de cabelo, formato do nariz
e boca. O trabalho com o corpo pode remeter a elementos da cultura de diversos
povos, como roupas, alimentação, penteados, hábitos de higiene etc.

- Decorando e informando – De maneira geral instituições de Educação Infantil


existem muitos e diversos tipos de decorações como móbiles, fotos ou desenhos nas
portas das instalações sanitárias, cartazes que trazem orientações a respeito de
higiene corporal e bucal, murais temáticos, figuras ou desenhos que identificam
turmas. Necessário se faz contemplar essas decorações com a diversidade existente
entre crianças e adultos como rostos de indígenas, branc@s, negr@s, asiátic@s. Essas
representações funcionam como estímulo para a criança pequena que ao olhar e
observar a diversidade à sua volta, construirá essas referências futuramente.

- Brincadeiras de origem africanas e afrobrasilieras: pular corda, pular elástico, pique-


pega (brincadeira desenvolvida por crianças negras no período da escravidão com o
nome “capitão do mato”, o objetivo era fugir do pegador – capitão do mato – para
quando crescerem estarem preparados para tal façanha), tin dô lê lê (cantiga de roda).

Indicação de vídeos, filmes, músicas e literatura

Vídeos, filmes:

Poderão ser usados de variadas formas: ilustrando um tema que está sendo
estudado para despertar emoção e/ou sensibilizar, criando motivação para algum
assunto; abrindo possibilidades de novas interpretações sobre um mesmo tema e
analisando situações. Inúmeras possibilidades de trabalho poderão ser criadas por
professores/as e alun@s, segundo seus interesses e contextos.

Kiriku e Kiriku II 1998. 71 min. Michael Ocelaot (Visão de uma aldeia africana –
Inspirado em contos africanos).

Vista minha pele. 2003. 50 min. Joelzito Araújo. Ceert (Discriminação racial na vida
cotidiana de adolescentes).

Músicas:

África – Palavra Cantada.


Alma da Capoeira – Namastê
Canto das três raças – Clara Nunes.
Guia Olodum – Olodum.
Ile aye – Gilberto Gil.
Mama África – Chico César.
Pérola Negra – Daniela Mercury.
Respeitem meus cabelos brancos – Chico César.
Sorriso Negro – Dona Ivone Lara.
300 anos de Zumbi – Bom gosto.
3.3. Literatura Infantil.

Obs: todos os livros poderão ser lidos e/ou trabalhados por qualquer nível ou série,
dependendo do trabalho a ser desenvolvido.

A menina e o tambor – Sônia Junqueira.


Amigo do rei – Ruth Rocha.
A botija de ouro – Joel Rufino.
Ana e Ana – Célia Godoy.
As tranças de Bintou – Sylviane Diouf.
Berimbau mandou te chamar – Mariana Massarani.
Bruna e a galinha d’angola – Gercilda de Almeida.
Cadarços desamarrados – Madu Costa.
Do outro lado tem segredos – Ana Maria Machado.
Estórias quilombolas – coleção caminho das pedras vol. III.
Gosto de África, estórias de lá e daqui – Joel Rufino.
Koumba e o tambor diambê – Madu Costa.
Luana a menina que viu o Brasil neném – Aroldo Macedo.
Meninas negras – Madu Costa.
Meus contos africanos – Nelson Mandela.
Minha princesa africana – Márcio Vassallo.
O amuleto perdido e outras lendas africanas – Magdalene Sacranie.
O cabelo de Lelê – Valéria Belem.
O Congo vem aí – Sérgio Capperelli.
Os chifres da hiena e outras história da África Ocidental – Mamadou Diallo.
Que cor é minha cor – Martha Rodrigues.
Um passeio pela África – Alberto da Costa e Silva.
Um safári na Tanzânia – Laurie Krebs, Júlia Lairns.
Sugestões de atividades (Ensino Fundamental, Ensino Médio, EJA)

As sugestões que se seguem poderão ser utilizadas nos dois níveis do Ensino
Fundamental (séries iniciais e séries finais), Ensino Médio e Educação de Jovens e
Adultos desde que sejam enriquecidas, ampliadas e adaptadas à complexidade que
caracteriza casa nível.

1. Atividades

1.1. Abordagem da questão racial como conteúdo multidisciplinar durante o ano


letivo

Tema: Identidade (autoconhecimento, relações sociais individuais e diversidades).

Objetivos: Perceber, valorizar semelhanças e diferenças, respeitar as diversidades.

Subtema: @ outr@, eu, a família d@ outr@, minha família, o lugar onde moro, o lugar
onde @ outr@ mora.

Diálogo com a questão racial:

- identidade racial em relação à origem étnica da família d@ alun@.

-termo afrobrasileiro buscando a ancestralidade africana da família.

- identificar tradições familiares e semelhantes àquelas que se relacionam às tradições


africanas reinventadas no Brasil, valorizando-as.

Subtema: semelhanças (organização familiar, lazer, cultura, religiosidade, hábitos


alimentação, papéis sociais familiares, gênero, cuidados com a saúde).

Diálogo com a questão racial:

- auto-estima d@s alun@s afirmando a positividade das diferenças individuais e de


grupos a partir da valorização da história familiar d@s alun@s, das pessoas de sua
escola, comunidade e suas diferenças culturais.

- As famílias pelo mundo através dos tempos e espaços.

- relações e cuidados com o corpo em diferentes famílias e culturas.

- resgate de jogos e brincadeiras em tempos e espaços diferenciados.

- formas de comunicação de diferentes culturas ao longo do tempo.

- confecção de painéis com fotos d@s alun@s da turma com títulos como: “do diverso
nasce o belo”, somos todos diferente, cada um é cada um”, respeito as diferenças na
igualdade de direitos”.
- confecção de álbuns familiares com fotos ou desenhos, livros de família, exposição de
fotos, entrevistas com as pessoas mais velhas, sessão de narração de histórias com os
familiares d@s alun@s (momento griot).

- feira de cultura da turma com as contribuições culturais que cada família poderá
apresentar (exposição de objetos de suas casas, narração de “causos” e de histórias).

- pesquisa sócio-antropológica com as turmas para destacar a diversidade presente em


cada turma. A pesquisa contará com questionário com indagações como: estado de
origem dos pais e dos alunos, cor, renda familiar, casa própria ou alugada, números de
cômodos da casa onde mora, número de pessoas que moram na casa, religião, gosto
musical, comida predileta etc.

- construção de gráficos e estimativas relativas às diferenças e semelhanças


encontradas nas famílias e na comunidade, com o resultado da pesquisa sócio-
antropológica.

2. Reconhecimento e valorização das contribuições do povo negro

2.1. Língua Portuguesa

- estudos de palavras de origem africana que são comuns no nosso idioma,


confeccionando um dicionário contendo esses termos. Por meio delas, pode-se fazer
uma reflexão acerca da participação africana na formação cultural brasileira,
alcançando a contribuição artística, política e intelectual negra.

- trabalho com diferentes gêneros textuais que destaquem a temática racial, levando
para sala de aula reflexões a respeito do tema com uso de artigos, textos informativos,
poemas (músicas como rap, reggae, samba etc apresentam letras que denunciam o
racismo no Brasil), folders, convites, anúncios publicitários etc.

- leitura de contos africanos e biografia de líderes negros que lutaram e lutam contra o
preconceito racial.

- uso cotidiano do “pensamento do dia” com provérbios africanos, indígenas,


europeus, chineses, japoneses e judeus interpretando-os, fazendo reflexões sobre os
mesmos.

- uso de charges (ver Mauricio Pestana) para analisar criticamente fatos de


discriminação e racismos, com os quais @s alun@s poderão fazer analogia com sua
realidade.

- promover reflexões sobre a imagem da população negra representada nas novelas


das redes de televisão; incentivar debates acerca da legislação atual sobre racismo e as
ações afirmativas da atualidade; usar como estratégia de debates o júri simulado a
partir de esquetes, expressando situações de racismo, representadas pel@s alun@s.

2.2. Matemática

- gráficos e tabelas que destaquem a diversidade etnicorracial presente na escola e em


sala de aula;

- a geometria presente nos símbolos da cultura Adinkra e de outras culturas africanas;

- bandeiras africanas simétricas e não simétricas;

- mostrar na história da matemática o conhecimento dos egípcios (1650 a.C.) do valor


da constante geométrica PI antes de Arquimedes (250 d.C.) e o conhecimento das
propriedades do triângulo retângulo antes de Pitágoras (séc. 6 a.C.);

- estudo de senso demográfico para auxiliar na compreensão da porcentagem;

- reprodução de artes africanas fazendo uso de escala;

- estudo de tabelas e gráficos que demonstram as diferenças sociais relacionadas as


diferenças etnicorraciais, levantando discussões sobre o racismo e seus males.

- comparar a média de rendimento mensal de uma família branco (R$ 1.538,00) com
uma família negra (R$ 834,00), questionando o motivo dessa diferença.

- pesquisar a quantidade de indígenas existente no Brasil antes da colonização,


pesquisar a quantidade de africanos e migrantes que entraram no período da
escravidão e logo após a escravidão.

- fazer estimativa de quantidade de indígenas, brancos, negros e asiáticos existentes


hoje no Brasil.

- pesquisar a quantidade de indígenas, brancos, negros e asiáticos existentes hoje no


Brasil.

2.3. Artes

- estudo sobre a arte africana;

-reprodução de símbolos da arte yorubá;

- confecção de estamparia em tecidos (ou papel) usando moldes vazados;


- fomentar a formação de grupos de teatro com a proposta de interpretar/encenar
textos que reflitam a questão racial, seguidos de discussão sobre o assunto retratado;

- fazer o levantamento e análise de obras de artistas negr@s ou que trabalham com a


temática étnico-racial, estudando suas obras e suas biografias;

- criar um folder sobre artistas negr@s e suas obras;

- pesquisar alguns dos instrumentos musicais de origem africana, planejar e selecionar


matérias alternativos para confecção deles. Fazer exposição dos instrumentos
confeccionados com explicação e história de cada instrumento;

- promover o trabalho de pesquisa histórica sobre festas e danças regionais, sobretudo


aquelas ligadas à cultura negra. Apresentar estas pesquisas para a comunidade;

- trabalhar com mitos africanos, montando representações teatrais e peças com


fantoches criados pel@s alun@s;

- fazer levantamentos e ouvir, interpretar e debater acerca de músicas que tratem de


maneira positiva a pessoa negra, seja criança, adolescente, jovem ou adulta, seja
feminina ou masculina;

- pesquisar a influência da arte africana no cubismo;

- estudo e confecção de máscaras africanas;

2.4. História

- contar mitos africanos, dando outra visão à criação de mundo, para que @s alun@s
possam valorizar @ outr@ em nós;

- trabalhar a história da África antes da colonização e invasão europeia, destacando os


reinos, as civilizações, os estados políticos e as cidades yorubá;

- promover debates sobre o continente africano como berço da humanidade, portanto


espaço de desenvolvimento tecnológico, civilizatório e intelectual;

- levantar reflexões sobre a África vilipendiada pelo continente europeu e países de


outros continentes;

- questionar as diásporas africanas;

- quebrar paradigmas sobre a escravidão africana e europeia;

- revisitar conceitos, desconstruir preconceitos, construir novos conceitos sobre o


continente africano;
- pesquisar a descolonização e os novos estados políticos africanos;

- pesquisa sobre os quilombos como espaço de resistência; através de mapas descobrir


quais os quilombos mais próximos do DF;

- pesquisar a realidade da população negra no Brasil no período pós-abolição e na


atualidade;

- pesquisa sobre líderes que lutaram e lutam contra a escravidão e a opressão;

- fazer com que @s alun@s percebam-se como sujeitos históricos capazes de


transformaram seu espaço e seu tempo.

2.5. Geografia

- quadro ambiental do passado e pré-história, destacando temas fundamentais do


passado geológico e geográfico da África, como a deriva dos continentes, nos períodos
das glaciações di Quaternário de desertificação do Saara e os registros de vida humana
primitiva no continente;

- O meio ambiente atual e o espaço africano anterior aos “grandes descobrimentos”,


abordando os temas fundamentais para a compreensão da base geográfica recente
(clima, solo, morfologia e terreno, cobertura vegetal, etc.) e os eventos históricos (as
grandes migrações dos povos bantos, por exemplo, e os principais reinos, impérios e a
atividade comercial com outros povos);

- a diáspora africana: o tráfico negreiro e a colonização do território – tratar nesse


tópico as novas formas de relação entre os seres humanos e entre estes e a natureza;
o nascimento e desenvolvimento do capitalismo no mundo; os mecanismos que
impulsionaram o tráfico e o comércio de povos africanos em várias direções do
planeta; a América e a diáspora africana, o Brasil e os quatros séculos de sistema
escravista;

- o imperialismo, o processo de descolonização e a formação de novos Estados


políticos;

- as estruturas espaciais da África contemporânea e os conflitos das fronteiras


históricas e as europeias – nesta parte é importante que o professor trabalhe as
temáticas da atualidade, como por exemplo, a distribuição da população, dos recursos
minerais (dos 48 minerais considerados estratégicos hoje no mundo, 38 estão na
África), das línguas e religiões, a divisão política recente e as mudanças nos nomes dos
países, as atividades da agricultura, o processo de urbanização, etc. O(a) educador(a)
pode provocar uma discussão sobre a exclusão do continente africano da globalização.
Foi o centro do sistema global ao longo de quatro ou cinco séculos e agora não mais
interessa;

- construção de maquetes destacando o espaço geográfico africano e construções de


maquetes destacando os quilombos no Brasil.

2.6. Língua Estrangeira (Inglês)

- o uso de canções que destacam a temática etnicorracial negra em inglês torna-se um


instrumento de combate a injustiças raciais exemplos: Bob Marley, Billie Holiday, Loius
Armstrong, B.B. King, John Lee Hooker, Willie Dixon, Ray Charles, James Brown,
Salomon burk, Aretha Franklin, etc.

2.7. Ciências

- pesquisas aprofundadas sobre o desenvolvimento científico apontam o continente


africano como primeiro em algumas descobertas: 3000 a.c - o medico negro Imhotep é
o verdadeiro pai da medicina: ele viveu 25 séculos antes de Hipócrates e já aplicava no
Egito conhecimentos de fisiologia, anatomia e drogas curativas em seus pacientes;
2000 a.C. - o povo haya (da região da atual Tanzânia) produzia aço a 400 graus Celsius -
temperatura superior a dos fornos europeus do século 19. Uma faca datada de 900
a.C., feita no Egito, é o objeto de ferro mais antigo; 1879 - o médico Inglês R. W. Felkin
aprendeu com os banyoro técnicas da cesariana. O procedimento já envolvia assepsia,
anestesia e cauterização do corte, que era vertical; O povo Dogon, do Império do Mali,
no século 12, registrou em monumentos as luas de Júpiter, os anéis de Saturno e a
estrutura espiral da Via-láctea, observações feitas a partir do século 17, na Europa. Ao
ter contato com essa informações jovens negr@s passam a ter orgulho de sua origem
levantando sua autoestima.

- no campo da biologia o olhar do(a) educador(a) pode recair sobre os estudos de


epiderme, gene, constituição capilar, questões específicas da saúde da população
afrodescendente, tais como pressão arterial elevada e os males que causa, além da
anemia falciforme. Parte das doenças que acometem a população negra de nosso país
decorre de problemas sociais, entre eles o racial, ou seja, são decorrentes de
discriminação racial, de racismo institucional. Pesquisar as origens dessas doenças e a
maneira de evitá-las é construir conhecimentos significativos.
2.8. Educação Física

- o corpo é o suporte de história, de relações com o entorno, é portador de sinais do


cotidiano, é uma boca que fala e uma mão que escreve gestos e expressões. É
importante discutir o corpo tratado pela educação física, a biologia, química, física.
Como cuidar desse corpo? Como dizer ao mundo por meio do corpo? Seja nas relações
familiares, seja no grupo de amigos, seja no ambiente do mundo do trabalho. Entender
o corpo como suporte de linguagem e saberes pode ajudar a desfazer equívocos, tais
como o que diz que a população negra é mais habilidosa para as atividades esportivas.
Desenvolver pesquisas sobre atividades físicas trazidas pelos africanos, entre outras
culturas, e (re)construídas no Brasil, originando expressões tais como a capoeira, pode
ser o início de uma boa sequência de atividade significativas envolvendo as áreas do
conhecimento.

3. Indicação de vídeos, filmes, músicas e literatura

3.1. Vídeos, filmes

Poderão ser usados de variadas formas: ilustrando um tema que está sendo
estudado para despertar emoção e/ou sensibilizar, criando motivação para algum
assunto; abrindo possibilidades de novas interpretações sobre um mesmo tema e
analisando situações. Inúmeras possibilidades de trabalho poderão ser criadas por
professores/as e alun@s, segundo seus interesses e contextos.

Besouro. 2009. 95 min. João Daniel Tikhomiroff (Mesmo com o fim da escravidão
ainda em 1920 os negros continuavam sendo tratados como escravizados. Besouro um
jovem capoeirista luta contra a opressão e provoca a irá de fazendeiros locais).

Cobaias. 1997. 118 min. Alfre Wodard (Teorias científicas de superioridade racial).

Duro aprendizado. 1994. 128 min. John Singleton (Alunos novatos em rota de colisão
com a diversidade, identidade e sexualidade numa escola contemporânea).

Invictus. 2009. 134 min. Clint Eastwood. (nos traz a inspiradora história de como
Nelson Mandela uniu forças com o capitão da equipe de rúgbi da África do Sul,
Francois Pienaar, para ajudar a unir a nação. Recém-eleito, o presidente Mandela sabe
que seu país permanece dividido racial e economicamente após o fim do apartheid.
Acreditando ser capaz de unificar a população por meio da linguagem universal do
esporte, Mandela apóia o desacreditado time da África do Sul na Copa Mundial de
Rúgbi de 1995, que faz uma incrível campanha até as finais).

Kiriku. 1998. 71 min. Michael Ocelaot (Visão de uma aldeia africana – Inspirado em
contos africanos).
Mandela – A luta pela liberdade. 2007. 130 min. Bille August (James Gregory é um
típico branco sul-africano, que enxerga os negros como seres inferiores, assim como a
maioria da população branca que vivia na África do Sul sob o apartheid dos anos 60.
Crescido no interior, ele fala bem o dialeto Xhosa. Exatamente por isso, não é um
carcereiro comum: atua, na verdade, como espião do governo com a missão de
repassar informações do grupo de Nelson Mandela para o serviço de inteligência. Mas
a convivência com Mandela cria um forte laço de amizade entre eles e o transforma
em um defensor dos direitos negros na África do Sul).

O contador de Histórias. 2000. 50 min. Roberto Carlos Ramos. Ed. Leitura (sugerimos
para trabalho “A oportunidade”).

Quando o crioulo dança. 1988. 35 min. Dilma Loes (Entrevistas e ficção mostram
situações vividas pelo negro no cotidiano).

Sarafina, o som da liberdade. 1992. 98 min. Darrell James Roodt. (na África do Sul,
professora ensina seus alunos negros a lutarem por seus direitos. Para uma aluna em
especial, essas lições serão um rito de iniciação na vida adulta na forma de tomada de
consciência da realidade que a cerca).

Tudo aos Domingos. 1998. 105 min. George Tilman (Tradições africanas na vida das
pessoas).

Um grito de liberdade. 1987. 157 min. Richard Attenborough (Visão do Apartheid na


África do Sul. Luta contra o racismo).

Um sonho possível. 2010. 120 min. John Lee Hancock. (Michael Oher era um jovem
negro, filho de uma mãe viciada e não tinha onde morar. Com boa vocação para os
esportes, um dia ele foi avistado pela família de Leigh Anne Tuohy, andando em
direção ao estádio da escola para poder dormir longe da chuva. Ao ser convidado para
passar uma noite na casa dos milionários, Michael não tinha ideia que aquele dia iria
mudar para sempre a sua vida, tornando-se mais tarde um astro do futebol
americano).

Uma Onda no ar. 2002. 92 min. Helvécio Ratton (conta a história de Jorge, o
idealizador de uma rádio na favela, e a luta, resistência cultural e política contra o
racismo e a exclusão social em que a população da favela encontra uma importante
arma: a comunicação).

Vista minha pele. 2003. 50 min. Joelzito Araújo. Ceert (Discriminação racial na vida
cotidiana de adolescentes).
3.2. Músicas:

África – Palavra Cantada.


Alma da Capoeira – Namastê.
Alma Negra – Namastê.
Canta Brasil – Alcyr Pires Vermelho.
Canto das três raças – Clara Nunes.
Carta a mãe África – GOG.
Guia Olodum – Olodum.
Haiti – Caetano Veloso e Gilberto Gil.
Lavagem Cerebral – Gabriel, o Pensador.
Identidade – Jorge Aragão.
Ile aye – Gilberto Gil.
Kizomba, Festa da Raça – Luiz Carlos da Vila.
Lágrimas do sul – Milton Nascimento.
Mão da limpeza – Gilberto Gil.
Mama África – Chico César.
Navio Negreiro – Manastê.
Negro é lindo – Cidade Negra.
Negro Rei – Cidade Negra.
Olodumaré – Antônio Nóbrega.
Pérola Negra – Daniela Mercury.
Respeitem meus cabelos brancos – Chico César.
Retrato em Claro e Escuro – Racionais MC’s.
Sorriso Negro – Dona Ivone Lara.
Tributo a Martin Luther King – Elza Soares.
Zumbi – Gilberto Gil.
300 anos de Zumbi – Bom gosto.

3.3. Literatura Infanto-juvenil – Fundamental I e II.

Obs: todos os livros poderão ser lidos e/ou trabalhados por qualquer nível ou série,
dependendo do trabalho a ser desenvolvido.

A menina e o tambor – Sônia Junqueira.


A lenda da pemba – Márcia Regina da Silva.
Amigo do rei – Ruth Rocha.
A botija de ouro – Joel Rufino.
Ana e Ana – Célia Godoy.
As tranças de Bintou – Sylviane Diouf.
Berimbau mandou te chamar – Mariana Massarani.
Bruna e a galinha d’angola – Gercilda de Almeida.
Cadarços desamarrados – Madu Costa.
Chico Rei – Renata Lima.
Contos da lua e da beleza perdida – Denise Nascimento.
Do outro lado tem segredos – Ana Maria Machado.
Estórias quilombolas – coleção caminho das pedras vol. III.
Gosto de África, estórias de lá e daqui – Joel Rufino.
História da Preta – Heloisa Pires Lima.
História do tio Jimbo – Nei Lopes.
João Cândido, herói do brasileiro – Maurício Pestana.
Koumba e o tambor diambê – Madu Costa.
Luana a menina que viu o Brasil neném – Aroldo Macedo.
Luiz Gama, a luta de cada um – Myriam Fraga.
Meninas negras – Madu Costa.
Meus contos africanos – Nelson Mandela.
Minha princesa africana – Márcio Vassallo.
O amuleto perdido e outras lendas africanas – Magdalene Sacranie.
O cabelo de Lelê – Valéria Belem.
O Congo vem aí – Sérgio Capperelli.
Os chifres da hiena e outras história da África Ocidental – Mamadou Diallo.
Palmares – Luiz Galdino.
Palmares. A luta pela liberdade – Eduardo Vetillo.
Que cor é minha cor – Martha Rodrigues.
Um passeio pela África – Alberto da Costa e Silva.
Um safári na Tanzânia – Laurie Krebs, Júlia Lairns.
Valentina – Márcio Vassallo.
Zumbi dos Palmares – Renato Lima.
Zumbi o último herói de Palmares – Carla Caruso.

Bibliografia

GOMES, Nilma Lino & GONÇALVES e SILVA, Petronilha Beatriz. O desafio da


diversidade. In: GOMES, Nilma Lino & GONÇALVES e SILVA, Petronilha Beatriz (Orgs).
Experiências étnico-culturais para a formação de professores. Belo Horizonte:
Autêntica, 2002. P. 13-33.
GONÇALVES, Luiz Oliveira & SILVA, Petronilha Beatriz Gonçalvez. O jogo das diferenças:
o multiculturalismo e seus contexto. Belo Horizonte; Autêntica, 3ª. Ed, 2001.
MUNANGA, Kabengele. Uma abordagem conceitual das noções de raça, racismo,
identidade e etnia. In: BRANDÃO, André Augusto P. (Org.) Niterói: UFF. Cadernos
PENESB, 2004, p. 15-35.
SANTANA, Antonio Olímpio. História e conceitos básicos sobre racismo e seus
derivados. In: MUNANGA, Kabengele (org.). superando o racismo no Brasil. Brasília:
Ministério da Educação / Secretaria de Educação Fundamental, 2004, p. 39-67.
SILVA, Petronilha Beatriz Gonçalves. Aprender a conduzir a própria vida: dimensões do
educar-se entre afrodescendente e africanos. In: BARBOSA, Lúcia Maria de Assunção;
SILVA, Petronilha Beatriz Gonçalves & SILVÉRIO, Valter Roberto (Orgs.). De preto a
afrodescendente: trajetos de pesquisa sobre relações étnico-raciais no Brasil. Brasília,
UNESCO/ São Carlos, EdUFSCar, 2003, p. 181-197.

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