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Professor Cherlio Scandian

Rodrigo de Oliveira Pezzin

Mecânica da fratura
Sumário

2.8.1 – Revisão do modelo de Irwin


2.8.2 – Modelo de Dugdale-Barenblatt “modelo da faixa de escoamento”
2.8.3 – Comparação das correções (modelos) da zona plástica
2.8.4 – Formato da zona plástica
2.8.1 Modelo de Irwin (relembrando)

No modelo de Irwin, temos a formação de uma


pequena zona plástica na ponta da trinca.
Isso é feito considerando que, para um estado
plano de tensão, o escoamento ocorre quando a
tensão 𝜎𝑦𝑦 atingir a de escoamento uniaxial 𝜎𝑌𝑆 .
Dessa consideração vem uma primeira
aproximação do tamanho da zona plástica:
2
1 𝐾𝐼
𝑟𝑦 =
2𝜋 𝜎𝑌𝑆
2.8.1 Modelo de Irwin (relembrando)

A região hachurada representa forças que


estariam presentes em um material elástico, mas
não em um material elastoplástico, pois a tensão
não pode ultrapassar 𝜎𝑌𝑆 .
Dessa forma, a zona plástica tem que aumentar
de tamanho para acomodar essas forças.
A partir de um balanço de forças, chega-se em
uma segunda aproximação do tamanho da zona
plástica.
2
1 𝐾𝐼
𝑟𝑝 =
𝜋 𝜎𝑌𝑆
2.8.1 Modelo de Irwin (relembrando)

O comprimento efetivo da trinca foi definido


como sendo:
𝑎𝑒𝑓𝑓 = 𝑎 + 𝑟𝑦
O fator intensidade de tensão efetivo é obtido
substituindo 𝑎𝑒𝑓𝑓 na expressão da geometria de
interesse:
𝐾𝑒𝑓𝑓 = 𝑌(𝑎𝑒𝑓𝑓 )𝜎 𝜋𝑎𝑒𝑓𝑓
2.8.2 Modelo de Dugdale-Barenblatt

Esse modelo assume uma longa e delgada zona plástica na ponta de uma
trinca passante em uma placa infinita, em um material que não endurece por
deformação, que está em um estado plano de tensão.
Ele é modelado assumindo-se uma trinca de comprimento 2𝑎 + 2𝜌, onde 𝜌 é o
comprimento da zona plástica, com uma tensão de fechamento igual a 𝜎𝑌𝑆
para as duas pontas da trinca.
2.8.2 Modelo de Dugdale-Barenblatt

Esse modelo aproxima o comportamento elastoplástico impondo duas


soluções elásticas:
• A de uma trinca passante com uma tensão remota;
• A de uma trinca passante com uma tensão de fechamento na ponta.
O modelo é uma aplicação do princípio da superposição.
2.8.2 Modelo de Dugdale-Barenblatt

Como as tensões são finitas na zona de escoamento, não pode haver uma
singularidade de tensão na ponta da trinca.
2.8.2 Modelo de Dugdale-Barenblatt

Iguais a zero
2.8.2 Modelo de Dugdale-Barenblatt

O comprimento, 𝜌, da zona plástica tem que ser escolhido de tal forma que os
fatores intensidade de tensão da tensão remota e da tensão de fechamento se
anulem mutuamente.
2.8.2 Modelo de Dugdale-Barenblatt
Os fatores intensidade de tensão para as duas pontas da trinca serão:
𝑃 𝑎+𝑥
𝐾𝐼(+𝑎) =
𝜋𝑎 𝑎 − 𝑥
𝑃 𝑎−𝑥
𝐾𝐼(−𝑎) =
𝜋𝑎 𝑎 + 𝑥
Onde 𝑃 é a força normal aplicada à trinca a uma distância 𝑥 da linha de centro
da trinca. Se a placa tem espessura unitária, 𝑃 = −𝜎𝑌𝑆 𝑑𝑥
2.8.2 Modelo de Dugdale-Barenblatt

A intensidade de tensão total em cada ponta da trinca devido à tensão de


fechamento vai ser obtida substituindo-se 𝑎 por 𝑎 + 𝜌 nas equações acima e
somando-se as contribuições das duas pontas da trinca.
𝑎+𝜌
𝜎𝑌𝑆 𝑎+𝜌+𝑥 𝑎+𝜌−𝑥
𝐾𝑓𝑒𝑐ℎ𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = න + 𝑑𝑥
𝜋(𝑎 + 𝜌) 𝑎+𝜌−𝑥 𝑎+𝜌+𝑥
𝑎
Resolvendo a integral:
𝑎+𝜌 −1
𝑎
𝐾𝑓𝑒𝑐ℎ𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = −2𝜎𝑌𝑆 cos
𝜋 𝑎+𝜌
2.8.2 Modelo de Dugdale-Barenblatt

Como a intensidade de tensão proveniente da tensão remota, 𝐾𝜎 =


𝜎 𝜋 𝑎 + 𝜌 , tem que se equilibrar com 𝐾𝑓𝑒𝑐ℎ𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 , se igualarmos as duas
equações, resultamos em:
𝑎 𝜋𝜎
= cos
𝑎+𝜌 2𝜎𝑌𝑆
Fazendo uma expansão em série de Taylor e negligenciando todos os termos
após o segundo, podemos encontrar que, para 𝜎 ≪ 𝜎𝑌𝑆 , o tamanho da zona
plástica é:
2 2 2
𝜋 𝜎 𝑎 𝜋 𝐾𝐼
𝜌= 2 = 8 𝜎
8𝜎𝑌𝑆 𝑌𝑆
2.8.2 Modelo de Dugdale-Barenblatt

2
𝜋 𝐾𝐼
𝜌=
8 𝜎𝑌𝑆
2
1 𝐾𝐼
𝑟𝑝 =
𝜋 𝜎𝑌𝑆

Podemos notar a semelhança das equações de predição do tamanho da zona


plástica dos modelos de Irwin e de Dugdale-Barenblatt.
2.8.2 Modelo de Dugdale-Barenblatt

Uma forma de estimar a intensidade de tensão efetiva no modelo de Dugdale-


Barenblatt, é substituir 𝑎𝑒𝑓𝑓 por 𝑎 + 𝜌:

𝜋𝜎
𝐾𝑒𝑓𝑓 = 𝜋𝑎 sec
2𝜎𝑌𝑆
2.8.3 Comparação entre os modelos
A MFLE implica em uma relação linear de 𝐾 e a
tensão.

Os dois modelos desviam da MFLE a partir de


tenções da ordem de 50% da tensão de
escoamento.

Os dois modelos são praticamente iguais até 85%


da tensão de escoamento, a partir da qual
começam a desviar um do doutro.

O modelo de Dugdale-Barenblatt prevê um 𝐾𝑒𝑓𝑓


infinito na tensão de escoamento.
2.8.4 Formato da zona plástica

É possível estimar a extensão da plasticidade para qualquer ângulo aplicando-


se um critério de escoamento para as equações das tabelas 2.1 e 2.3.
2.8.4 Formato da zona plástica

Equação de von Mises:


1 2 2
1
𝜎𝑒 = 𝜎1 − 𝜎2 + 𝜎1 − 𝜎3 + 𝜎2 − 𝜎3 2 2
2
Onde 𝜎𝑒 é a tensão efetiva e 𝜎1 , 𝜎2 e 𝜎3 são as três tensões normais principais.

De acordo com o critério de von Mises, o escoamento ocorre quando 𝜎𝑒 = 𝜎𝑌𝑆 .


2.8.4 Formato da zona plástica

Para um estado plano de tensão ou um estado plano de deformação, as


tensões principais poder ser obtidas de um círculo de Mohr:
1
𝜎𝑥𝑥 + 𝜎𝑦𝑦 𝜎𝑥𝑥 − 𝜎𝑦𝑦 2 2
𝜎1 , 𝜎2 = ± 2
𝜏𝑥𝑦
2 2

Para tensão plana 𝜎3 = 0.

Para deformação plana 𝜎3 = 𝜈 𝜎1 + 𝜎2 .


2.8.4 Formato da zona plástica
Substituindo o campo de tensão para o modo I de carregamento na equação
das tensões principais acima, temos:
𝐾𝐼 𝜃 𝜃
𝜎1 = cos 1 + sen
2𝜋𝑟 2 2
𝐾𝐼 𝜃 𝜃
𝜎2 = cos 1 − sen
2𝜋𝑟 2 2
𝜎3 = 0 (𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑝𝑙𝑎𝑛𝑎)
2𝜈𝐾𝐼 𝜃
𝜎3 = cos (𝑑𝑒𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎çã𝑜 𝑝𝑙𝑎𝑛𝑎)
2𝜋𝑟 2
2.8.4 Formato da zona plástica

Substituindo essas equações na de von Mises, fazendo 𝜎𝑒 = 𝜎𝑌𝑆 e resolvendo


para 𝑟, obtemos estimativas do raio da zina plástica para o Modo I como uma
função de 𝜃.

1 𝐾𝐼 2 3 2
𝑟𝑦 𝜃 = 1 + cos 𝜃 + sen 𝜃 Para tensão plana.
4𝜋 𝜎𝑌𝑆 2

1 𝐾𝐼 2 2 3 2
𝑟𝑦 𝜃 = 1 − 2𝜈 + 1 + cos 𝜃 + sen 𝜃 Para deformação
4𝜋 𝜎𝑌𝑆 2
plana.
2.8.4 Formato da zona plástica

Obtemos o gráfico ao lado se plotarmos as duas


equações com a ponta da trinca na origem.

A figura dá uma definição aproximada do limite


entre o comportamento plástico e elástico.
2.8.4 Formato da zona plástica

Existe uma diferença significante de tamanho entre


a zona plástica para tensão plana e para
deformação plana.

Na condição de deformação plana o escoamento é


suprimido, resultando em uma menor zona plástica
para um dado valor de 𝐾𝐼 .
2.8.4 Formato da zona plástica

Realizando os mesmos tratamentos matemáticos para os Modos II e III, pode-


se plotar os gráficos abaixo.
Conclusões

O modelo de Dugdale-Barenblatt se utiliza o principio da superposição para


aproximar o comportamento elastoplástico através de duas soluções elásticas:
• A de uma trinca passante com uma tensão remota;
• A de uma trinca passante com uma tensão de fechamento na ponta.
Conclusões

Os modelos de Irwin e de Dugdale-Barenblatt são praticamente iguais para


tensões abaixo de 85% da tensão de escoamento e se aproximam da MFLE
para tensões abaixo de 45% da tensão de escoamento.
Um estado de deformação plana restringe o escoamento e gera uma zona
plástica menor que um estado de tensão plana.
Referências

ANDERSON, T. L. Fracture Mechanics: Fundamentals and applications. 4º


Edition. Boca Raton, FL. CRC Press. 2017.

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