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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS

ESCOLA NORMAL SUPERIOR


CURSO DE PEDAGOGIA

Discentes: Alini Ramos


Ayla Nascimento

João Vitor Amorim

Luiza Roberta B.

Docente: Marly Mendes

Disciplina: História na Educação Infantil e Anos Iniciais

FICHAMENTOS:

● A escola dos Annales: o antigo regime da Historiografia e seus


críticos (Burke,1929 - 1989)
● Apologia da História ou Ofício do Historiador (Marc Bloch,
1997)

Manaus
2023
BURKE, Peter. A escola dos Annales (1929-1989): a Revolução Francesa da
historiografia. São Paulo: UNESP, 1997. p.17-23

Página Literal Parafraseado


"A forma dominante, porém, tem sido Esse modo de contar a história
narrativa dos acontecimentos políticos política começará a entrar em
e militares, apresentada como a conflito com os povos
história dos grandes feitos e de "a-históricos", ou seja, povos
grandes homens- chefes militares e que, por não terem domínio da
17 reis. Foi durante o iluminismo que escrita, acabaram tendo sua
ocorreu, pela primeira vez, uma participação na história sendo
contestação a esse tipo de narrativa retirada dos registros ou contada
histórica" de forma equivocada e, em
alguns casos, mentirosa. A
valorização excessiva das elites
em detrimento desses povos
"inferiores", é um exemplo de
alienação.

“Para interpretar as ações dos Não há forma de compreender o


revolucionários, contudo, é presente e sua luta pela
necessário conhecer alguma coisa revolução sem direcionar nosso
do antigo regime que desejam olhar ao passado, para que
17 derrubar.” possamos compreender as
causas que levaram à revolta.

"Sua ênfase nas fontes dos arquivos A fase da escola dos Annales
fez com que os historiadores que tem essa característica de
trabalham a história sociocultural sempre estar respaldada por boas
18 parecessem menos dilettanti" (p.18) fontes que priorizem os fatos de
forma verdadeira e não somente
seguindo ordens de fatos e feitos
isolados. Embasamento teórico
com um referencial comprovado
é ser melhor reconhecido
quando se trata de um
historiador.
"Burckhardt interpretava a história É comum que haja diferentes
como um campo em que interagiam formas de pensamento dentro
três forças - o Estado, a Religião e a das áreas de conhecimento,
Cultura -, enquanto Michelet defendia contudo, quando trata-se da
o que hoje poderíamos descrever história não contada de povos
19 como uma 'história da perspectiva das que fizeram, ou fazem, parte da
classes subalternos', em suas próprias sociedade, é importante
palavras 'a história daqueles que considerar tudo o que viveram e
sofreram, trabalharam, definharam e que pode contribuir para que sua
morreram sem ter a possibilidade de memória permaneça nas
descrever seus sofrimentos"' gerações e estudos futuros.
(Michelet, 1842, p.8)

“Da mesma maneira, Durkheim A valorização da história


despreza os acontecimentos política omite, e até muda, o que
particulares, nada mais do que de fato aconteceu nos anos que
'manifestações superficiais', a história se passaram, um exemplo disso
aparente mais do que a história real é a falsa história de que os
de uma determinada nação'" portugueses descobriram o
20 (Durkheim, 1896, p.v) Brasil quando, na realidade, já
haviam indígenas ocupando
essas terras. Esse fato histórico
foi omitido por tanto tempo que,
até os dias de hoje, muitos
pensam que foi realmente que as
coisas aconteceram, mas isso só
mostra o que Durkheim quer
dizer quando a história política
retrata manifestações
superficiais.

"De acordo com Robinson, 'história É aqui que começamos a


inclui qualquer traço ou vestígio das discutir sobre não ser um campo
coisas que o homem fez ou pensou, isolado que só deve registrar
desde o seu surgimento sobre a terra'. fatos escritos, mas também
Por método, 'a nova história deverá atentar-se a todas as marcas que
utilizar-se de todas as descobertas os povos deixaram como prova
21 sobre a humanidade, que estão sendo de sua existência, como por
feitas por antropólogos, economistas, exemplo, cerâmica, desenhos
psicólogos e sociólogos". rupestres e costumes culturais.
A história que busca contar a
realidade dos povos se entrelaça
não só com a história
propriamente dita, mas com
diversas áreas de conhecimento.
A história real de muitos povos é
"Portanto, é inexato pensar que os escondida atrás das conquistas e
historiadores profissionais desse feitos da elite dominadora, é
22 período estivessem exclusivamente necessário o envolvimento com esses
envolvidos com a narrativa dos povos que, por tanto tempo, tiveram
acontecimentos políticos." suas histórias descartadas, o estudo
das suas origens e costumes, é por
causa desses povos que nações
inteiras hoje possuem uma cultura tão
marcante

"O ideal de Berr, uma psicologia A história não trabalha só, tampouco
histórica construída através de uma os historiadores. Todas as áreas de
cooperação interdisciplinar…" conhecimento acabam se encontrando
ou colaborando entre si no decorrer da
história ou do seu estudo.
23

“Portanto, é inexato pensar que os Historiadores precisam trabalhar a


historiadores profissionais desse interdisciplinaridade em prol de
exercer com êxito sua profissão.
22 período estivessem exclusivamente
Não há como trabalhar a história,
envolvidos com a narrativa dos
seja ela em qualquer aspecto, sem
acontecimentos políticos.” utilizar do auxílio de outras áreas do
conhecimento.

RESUMO

A escola dos Annales representa uma importante abordagem da história, introduzindo uma
perspectiva mais ampla e interdisciplinar para a compreensão do passado. Seu trabalho,
focado na análise de longo prazo que incorpora elementos de sociologia, antropologia,
geografia e economia, trouxe uma nova riqueza para o estudo da história. Burke ao iniciar a
obra defende a necessidade de se conhecer o passado em prol do entendimento do que é
atual. É nesse ponto que se baseia o texto, mostrando como ao longo da história a história foi
sofrendo transformações para que pudesse ampliar seu entendimento do mundo. Um
exemplo é como o estudo do passado e análise das fontes tornou-se um hábito que dava
credibilidade ao historiador que o utilizasse, e fez inclusive com que historiadores que não
tinham tal prática parecessem "dilettanti" (amadores). Um dos principais pontos positivos da
Escola dos Annales é sua capacidade de ir além de eventos políticos e figuras proeminentes
da história para incluir uma ampla gama de aspectos sociais, culturais e econômicos como
Burke afirma no texto. Isso permite uma compreensão mais completa da dinâmica social e
das mudanças históricas ao longo do tempo. A partir da reflexão do texto, é notório as
valiosas contribuições à história, enriquecendo-a com sua abordagem interdisciplinar e
análise de longo prazo. No entanto, é importante reconhecer as críticas à história política e o
potencial de negligência de assuntos individuais, a complexidade das metodologias e a
necessidade de garantir a inclusão de diversas opiniões e perspectivas na pesquisa histórica.
BLOCH, Marc. Apologia da História ou O ofício do historiador. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001, p.41-60.

Página Literal Parafraseado

“Não deixa de ser menos verdade que, O autor afirma que, dada a
face à imensa e confusa realidade, o vasta e confusa realidade, o
historiador precisa recortar um
historiador é necessariamente levado
ponto específico ,para aplicar
a nela recortar o ponto de aplicação suas ferramentas e métodos de
particular de suas ferramentas; em análise. Isso implica em fazer
consequência, a nela fazer uma uma escolha que difere
17
escolha que, muito claramente, não é daquelas feitas por outros
a mesma que a do biólogo, por profissionais, como um biólogo,
exemplo; que será propriamente uma por exemplo. A escolha feita
escolha de historiador. Este é um pelo historiador é uma escolha
autêntico problema de ação. Ele nos própria da sua disciplina.
acompanhará ao longo de todo o
nosso estudo”

“Voltemos todavia aos estudos O autor aponta que conhecer as


cristãos uma coisa é para a inquieta origens e origens dos fenômenos
consciência que busca uma regra para religiosos contemporâneos é
se fixar sua atitude em relação à essencial para uma compreensão
religião católica tal como é definida adequada. No entanto, o autor
cotidianamente; outra coisa é para o aponta que o conhecimento da
historiador explicar o catolicismo do origem por si só não é suficiente
58 presente como um fato de observação para explicar esses fenômenos
Indispensável é claro a uma correta religiosos atuais. Assim, o autor
percepção dos fenômenos religiosos parece enfatizar que, embora o
atua nesse conhecimento de seus conhecimento das origens seja
primórdios não basta para importante para a compreensão
explicá-los” do catolicismo, a tarefa do
historiador vai além disso. Os
historiadores devem explorar e
analisar o catolicismo como um
fenômeno observável hoje e
buscar entender seus aspectos,
influências e desenvolvimentos
contemporâneos.
"Pois a história não é apenas uma Essa citação reafirma o que já
ciência em marcha. É também uma discutimos sobre a história não
ciência na infância: como todas ser estática ao tempo, mas ser
47 aquelas que tem por objeto o espírito uma ciência que passa por
humano, essa no campo do diversas mudanças a depender
conhecimento humano." do contexto em que está.

"A história é a ciência do passado" Discordamos da citação em


diversos pontos, mas
principalmente por entendermos
que a história não se prende ao
52 tempo, mas caminha com ele.
Para entendermos o nosso
presente, precisamos saber mais
do passado, assim como para
saber do futuro, é importante
viver e registrar a história do
presente.

“Mas a história não é a relojoaria ou a A história não é estática, ela é na


marcenaria. É um esforço para realidade constante e
46 conhecer melhor: por conseguinte, permanente, pois está sempre
uma coisa em movimento.” presente na história da
humanidade.

“Os físicos e os químicos são mais


esclarecidos, já que nenhum deles A história trabalha a
que eu saiba, jamais foi visto subjetividade, há um constante
52 polemizando sobre os direitos questionamento do que já foi
respectivos da física, da química, da estabelecido em prol de ampliar
química física ou -supondo que o o conhecimento.
termo exista- da física química.”

“[...] o objeto da história é, por O homem é o objeto de estudo


54 natureza, o homem. Digamos melhor: da estuda, assim sendo, dada
os homens.” que assim como há diferentes
realidades, também se abrange
“homens”, pelas suas diferenças.
“Em suma, nunca se explica Para compreender a plenitude
plenamente um fenômeno histórico de certos acontecimentos
fora do estudo de seu momento. Isso históricos, é necessário estar
é verdade para todas as etapas da fora daquele cenário, ou seja,
60 evolução. Tanto daquela em que apenas um estudo futuro pode
vivemos como das outras.” trazer uma total compreensão,
daí a importância do estudo do
passado, no presente, para o
futuro.”

RESUMO

Bloch ao falar sobre o trabalho de historiador aborda como a vocação é fruto do


divertimento no exercício do ofício e que, por ser fonte de satisfação para quem exerce,
há poesia na essência do estudo da ciência. Dessa forma, faz-se uma ligação com o fato
de que a história é algo em movimento, por ser interdisciplinar, necessitando sempre
conversar com diferentes campos do conhecimento, como a arte, a geografia, a
matemática, etc. Dado essa movimentação, Bloch afirma que a história não pode ser
estática, não apenas pela interdisciplinaridade, mas também por ter os homens como
objeto de estudo, em conjunto com suas diferentes realidades. Além disso, Bloch
explora a relação entre história e memória coletiva. Examina como os eventos históricos
são lembrados e reinterpretados ao longo do tempo e como a memória influencia a
construção do conhecimento histórico. O autor também se refere à responsabilidade do
historiador em termos de pesquisa e divulgação, defendendo histórias comprometidas
com a busca da verdade e o engajamento crítico com a sociedade. Um dos pontos
centrais de discussão no livro é a análise das fontes históricas. Bloch examina a
confiabilidade das fontes usadas pelos historiadores e os desafios em interpretá-las
corretamente. Ele enfatiza a necessidade de uma análise cuidadosa para evitar
preconceitos e interpretações tendenciosas. O livro, portanto, oferece um olhar
aprofundado sobre os desafios e responsabilidades do historiador, a importância da
análise crítica das fontes, a relação entre história e memória e a necessidade de métodos
rigorosos na pesquisa histórica.

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