Você está na página 1de 3

Universidade de Pernambuco - UPE

Curso: Licenciatura em História.


Disciplina: Fundamentos psicológicos da educação
Professor(a): Tiago Brentam
Acadêmico(a): Cosma Rayanne de Sobral Lima

Terceira avaliação processual

0001

Da utilidade e desvantagem da história para a vida


TÍTULO:

AUTORES: Friedrich Nietzsche

“Mas deixemos o homem supra-histórico com seu nojo e sua


sabedoria: hoje preferimos, por uma vez, alegrar-nos de
coração com nossa falta de sabedoria e fazer para nós um bom
dia, como se fossemos os ativos e em progresso, como os
adoradores do processo.” (Nietzsche, 199, p. 273)

“A cultura histórica, pelo contrário, só é algo salutar e que


promete futuro em decorrência de um poderoso e novo fluxo de
vida, por exemplo, de uma civilização vindo a ser, portanto
somente quando é dominada e conduzida por uma força
superior e não é ela mesma que domina e conduz.”
(Nietzsche, 199, p. 275)”

“Ele aprende com isso que a grandeza, que existiu uma vez, foi,
em todo caso, possível uma vez e, por isso, pode ser que seja
possível mais uma vez [...]” (Nietzsche, 199, p. 276)”

“[...] se um homem contemporâneo tivesse de retornar, por


magia, àquele mundo, provavelmente acharia os gregos muito
"incultos", com o que então o segredo tão meticulosamente
oculto da cultura moderna seria descoberto, para a zombaria
pública: pois, de nós mesmos, nós modernos não temos nada;
é somente por nos enchermos e abarrotarmos com tempos,
costumes, artes, filosofias e religiões alheios que nos tornamos
algo digno de atenção, ou seja, enciclopédias ambulantes, e
como tais, talvez, um heleno antigo extraviado em nosso tempo
nos dirigisse a palavra.” (Nietzsche, 199, p. 278)”

“[...] é precisamente aquela espécie de história que está agora


universalmente em apreço, aquela que toma os grandes
impulsos de massas como o mais importante e o principal na
história e considera todos os grandes homens apenas como a
expressão mais nítida, por assim dizer como as bolhas que se
tornam visíveis sobre a torrente das águas. [...]” (Nietzsche,
199, p. 287)”

● Nessa primeira citação, é possível fazer uma analogia aos homens


modernos e o seu complexo de superioridade ao se depararem com
estudos de povos históricos, como os próprios neandertais da pré-
história. Por possuírem uma tecnologia distinta da presente no
cotidiano dos antepassados, a sociedade modernizada os encara como
"menos elovuidos", esquecendo todas as subjetividades desses povos
e o seu modo de viver inteligentíssimo, como o fato de viverem em
variadas condições climáticas, devido ao nomadismo, e,
posteriormente, o desenvolvimento da agricultura. É graças a essa
soberba do ser humano atual, que não nos colocamos em modo de
evolução e melhoria, pois nos achamos o topo da cadeia alimentar e
das sociedades que já habitaram o planeta terra.

● Essa segunda citação me deixou um pouco confusa quanto ao que


interpretei. Por um lado, é possível entender que a cultura histórica é
benéfica quando possui influências externas, como um movimento
cultural. De outro lado, em "uma civilização vindo a ser, portanto
somente quando é dominada e conduzida por uma força superior e não
é ela mesma que domina e conduz", entendi que, para uma sociedade
vir a ser civilizada culturalmente, é preciso de uma influência externa
que domine aquele local, como os europeus e seus pensamentos de
aculturação para com os indígenas.

● Um dos erros mais crassos da sociedade em geral, é o anacronismo


voltado para momentos históricos. O fato de tentarmos, de alguma
forma, analisar o passado com conceitos e pensamentos do mundo
atual é algo que nos leva para pensamentos como esse da terceira
citação. Não é possível reviver o passado de forma total, pensar dessa
forma é negligenciar as individualidades do tempo e as alteridades das
sociedades.

● Ao ler esse quarto trecho, me veio a frase de Croce "Toda história é


história contemporânea". Desse modo, um ser atual ao voltar no
"tempo" das civilizações antigas, estaria voltando para o suprassumo
das sociedades existentes hoje em dia. A estranheza seria, de fato,
algo recorrente para alguém superficial que não conhece o seu
passado. Como dito na citação "nós modernos não temos nada", só
demonstra como alguns pontos importantes das civilizações hoje, como
a matemática, filosofia, química, arquitetura, os conceitos de
democracia, cidades estados, etc, foram coisas criadas por nossos
antepassados que são de extrema importância no mundo moderno.

● Por fim, esse último trecho me chamou atenção exatamente pela crítica
aos apreciadores das histórias dos grandes eventos que ignoram as
minorias e parcelas menores da história. Não que seja errado gostar
dos grandes eventos e dos grandes homens da história, mas é
contraditório quando não se entende, por exemplo, a importância das
mulheres nas revoluções industriais e nas guerras. O estudo de
eventos deve sim ser apreciado, mas levando em consideração as
parcelas da população que não tinham voz e que tiveram tanta
importância quanto os que possuem destaque.

Referência NIETZSCHE, Friedrich. Da utilidade e desvantagem da história


Formatada para a vida. Obras incompletas. 32 ed. São Paulo: Nova Cultural,
(ABNT): 1999. p. 271-287.

Você também pode gostar