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EXAME CLÍNICO DOS OLHOS – INTRODUÇÃO

ANAMNESE

As principais sintomas das afecções oculares são:

 Sensação de corpo estranho;


 Queimação ou ardência;
 Dor ocular;
 Cefaleia;
 Prurido;
 Lacrimejamento;
 Sensação de olho seco;
 Xantopsia;
 Hemeralopia;
 Alucinações visuais;
 Diminuição ou perda da visão;
 Diplopia;
 Fotofobia;
 Nistagmo;
 Escotomas;

SENSAÇÃ O DE CORPO ESTRANHO

É desagradável, quase sempre acompanhada de dor, cujas causas são: corpo


estranho na córnea, na conjuntiva bulbar ou na conjuntiva palpebral, ciĺ ios
virados para dentro, roçando a córnea, inflamação corneana superfi‐ cial,
abrasão corneana e conjuntivite.

QUEIMAÇÃ O OU ARDÊNCIA

É uma sensação de desconforto que, quando ocorre, faz o paciente lavar os


olhos para aliviar o sintoma. É causada por erro refratário não corrigido, conjunti‐
vite, queratite, sono insuficiente, exposição à fumaça, poeira, produtos quim
́ icos
e sin
́ drome de Sjögren.

PRURIDO

Quando o prurido é muito acentuado, quase sempre é sinal de alergia, mas


também pode ser causado por vić io de refração não corrigido.

SENSAÇÃ O DE OLHO SECO

O paciente diz que é como se o olho não tivesse lágrimas e que isto piora com
́ drome de Sjögren, na conjuntivite crônica, na exposição
o vento. Ocorre na sin
da conjuntiva por mau posicionamento da pálpebra e quando há dificuldade para
fechar a pálpebra corretamente (paralisia facial).

LACRIMEJAMENTO

Também conhecido como epif́ ora, ocorre por excesso de secreção de lágrimas
ou por defeito no mecanismo de drenagem.
́ ulo aferente é dado pelo ramo oftálmico do nervo trigêmeo, enquanto a
O estim
resposta eferente (secretora) é dada pelo nervo facial.
As principais causas são: inflamação da conjuntiva ou córnea, obstrução da via
lacrimal excretora, aumento da secreção por emoções, hipertireoidismo, dor
ocular, corpo estranho na córnea e glaucoma congênito.

DOR OCULAR

Quando ocorre em afecção do globo ocular, é do tipo visceral, ou seja, o paciente


não consegue localizá‐la muito bem. Porém, quando sua origem é na pálpebra,
ele é capaz de apontar com o dedo o local exato da dor.
Pode ser determinada por inflamação da pálpebra, dacrioadenite, celulite
orbitária, abscesso, periostite, conjuntivite aguda, esclerite, episclerite, corpo
estranho corneano, uveit́ e anterior (irite e iridociclite) e sinusite.

FOTOFOBIA.
É comumente, devida a inflamação corneana, afacia (ausência de cristalino), iri‐
te e albinismo ocular. Algumas substâncias podem aumentar a sensibilidade à
luz, como a cloroquina e a acetazolamida.

CEFALEIA

A cefaleia de origem ocular geralmente é localizada na região frontal e se


manifesta no fim do dia, principalmente após trabalhos nos quais a visão de perto
é muito solicitada, salientando‐se os vić ios de refração não corrigidos.
Pode aparecer também nos processos inflamatórios dos olhos e anexos e no
glaucoma crônico simples.
HEMERALOPIA E NICTALOPIA

Os sintomas resultantes da adaptação visual deficiente são conhecidos por


hemeralopia e nictalopia.
A hemeralopia ou “cegueira diurna” caracteriza‐se por uma função deficiente
dos cones.
A nictalopia ou “cegueira noturna” é muito mais comum e relaciona‐se com
uma deficiente função dos bastonetes.
É o sintoma tip
́ ico da retinopatia pigmentar, embora não seja raro encontrar
doentes com retinopatia pigmentar sem nictalopia, mesmo na idade adulta.
Pode surgir, também, em uma forma não progressiva, em um conjunto de
entidades clin
́ icas conhecidas coletivamente como cegueira noturna estacionária
congênita.
Também pode ser causada por miopia maligna, habitualmente associada a de‐
generações retinianas, e por glaucoma em fase tardia. A nictalopia em
consequência da falta de vitamina A costuma estar associada ao etilismo e à
sin
́ drome de má absorção.

XANTOPSIA, IANTOPSIA E CLOROPSIA

 Mecanismo pouco conhecido.

Ocorre em intoxicações medicamentosas (fenacetina, digital, salicilato sódico,


ácido pić rico) e, às vezes, como sintoma de icterić ia muito intensa.

A iantopsia (visão violeta) e a cloropsia (visão verde) são muito menos


frequentes e também sintomas de intoxicações medicamentosas (digitálicos,
barbitúricos).

ALUCINAÇÕ ES VISUAIS

É importante definir se a sensação visual reproduz um objeto ou se limita à


sensação de luz ou cores.
Na maioria das vezes, deve‐se a afecções orgânicas (geralmente doença do lobo
occipital). Em algumas ocasiões, tem origem psiquiátrica ou por intoxicação
exógena (cocain
́ a, ópio, mes‐ calina, ácido lisérgico, etilismo).

DIPLOPIA
Quando o paciente sofre um desvio ocular, o olho desviado não mantém mais a
fixação no objeto de interesse na fóvea (área da retina responsável pela visão
central).
É importante conhecer o momento do aparecimento da diplopia, se constante
ou intermitente, se ocorre em certas posições do olhar ou a determinadas
distâncias, e se os dois objetos vistos são horizontais ou verticais.
Em pacientes com esotropia (estrabismo convergente), a imagem é nasal à
fóvea e é interpretada como vindo do lado temporal. Já naqueles com exotropia
(estrabismo divergente), a imagem é temporal à fóvea e é interpretada como
vindo do lado nasal. Desse modo, o objeto de interesse é visto em dois lugares.
O paciente pode descrever o fato como visão embaçada que desaparece
quando apenas um dos olhos está aberto.
A diplopia pode ser monocular ou binocular.

 Causas da monocular são cristalino subluxado (p. ex., lente ectópica na


sin
́ drome de Marfan), catarata nuclear (o cristalino tem dois pontos
focais), coloboma da iŕ is, descolamento da retina.

 Causas de diplopia binocular são paralisia de um ou mais músculos


extraoculares, restrição mecânica e centralização imprópria dos óculos.
Seu estudo deve ser sempre completado com a tela de Hess.

ESCOTOMA.

É uma área de cegueira parcial ou completa, dentro de um campo visual normal


ou relativamente normal.
Nesse ponto, a visão diminui apreciavelmente em relação à parte que o circunda.
Um escotoma fisiológico é o ponto cego situado a 15° para fora do ponto de
fixação, que corresponde à entrada do nervo óptico.
Os escotomas podem ser unilaterais ou bilaterais e devem ser investigados
quanto à posiçao
̃ , forma, tamanho, intensidade, uniformidade, inic
́ io e
evoluçao
̃ .

Central (quando corresponde ao


ponto de fixação), periférico
POSIÇÃ O (situado distante do ponto de
fixaçao
̃ ) e paracentral (situado
próximo ao ponto de fixação).
Pode ser circular (traduz uma lesão
focal na retina e na coroide), oval
(indica uma lesão do feixe
papilomacular, sendo caracteriś tico
da neurite retrobulbar), arciforme
(caracteriś tico do glaucoma crônico
FORMA simples), cuneiforme (ocorre nas
afecções coroidianas justapapilares,
ou, ainda, na atrofia óptica), anular (o
central indica lesão macular, o
paracentral corresponde ao glaucoma
crônico simples e o periférico, à
degeneração pigmentar da retina),
pericecal (em todas as alterações
que rodeiam e incluem a papila –
glaucoma crônico simples, edema de
papila, neurite óptica) e
hemianóptico (lesão quiasmática)
Tem pouca importância, embora
possa mostrar a gravidade da lesão.
TAMANHO
Varia da cegueira absoluta a um
min
́ imo detectável de perda da
acuidade visual. É uniforme quando
responde da mesma maneira, em
INTENSIDADE toda a sua área, a estim
́ ulos da
mesma intensidade. Escotomas de
alta intensidade e uniformidade sao
̃
relativamente raros e facilmente
demonstrados até por métodos
rudimentares de perimetria.
O inić io de um escotoma em uma
ambliopia pelo tabaco é gradual e de
O INÍCIO E A EVOLUÇÃ O evolução muito lenta, enquanto o cen‐
tral, na esclerose múltipla, aparece
em horas.

NISTAGMO E OUTROS MOVIMENTOS OCULARES

Nistagmo sao
̃ movimentos repetitivos rit́ micos dos olhos.

Ele pode ser caracterizado por sua frequência (rápido ou lento), pela amplitude
(amplo ou estreito), pela direção (horizontal, vertical, rotacional) e pelo tipo de
movimento (pendular, jerk).

No pendular, o movimento do olho em cada direção é igual. No jerk, há um


componente lento em uma direção e um rápido em outra. É provocado por
impulsos motores irregulares para os músculos extraoculares.
Pode ser causado por distúrbios oculares (estrabismos, catarata, coriorretinite)
ou por disfunções neurológicas.

Cabe ressaltar que o nistagmo geralmente é acompanhado de grande redução


da acuidade visual.

A dismetria ocular é uma série de movimentos conjugados pendulares, de


amplitude decrescente, que ocorrem durante a mudança de fixação. Os olhos
executam um movimento exagerado, ultrapassando o objeto de fixação.
Pode haver hipermetria ou hipometria.

Flutter é um tipo de movimento ocular conjugado, involuntário, em salvas


intercaladas por perio
́ dos de imobilidade.
A opsoclônus constitui uma manifestação clin
́ ica bem caracteriś tica, observada
nas encefalites que atingem o tronco cerebral e são acompanhadas de
mioclonias.
O bobbing ocular é uma alteração oculomotora rara. Trata‐se de movimentos
conjugados verticais de vaivém.

EXAME FÍSICO

O exame do aparelho visual é feito pela inspeção e palpação.

A ausculta só raramente tem utilidade.

GLOBO OCULAR E CAVIDADE ORBITÁRIA.


Na INSPEÇÃ O do globo ocular, deve‐se observar, em primeiro lugar, a
separação entre as duas cavidades orbitárias. Um grande afastamento recebe o
nome de hipertelorismo, que ocorre em diversas anomalias genéticas.

Em relação ao tamanho do globo ocular, pode‐se observar microftalmia, que


́ drome da rubéola congênita.
aparece na sin

Na palpaçao
̃ da órbita, investiga‐se principalmente o rebordo ósseo,
procurando‐se solução de continuidade, fraturas e espessamento. O
espessamento é comum na periostite sifilit́ ica.

CREPITAÇÃ O: Indica passagem de ar de algum seio da face para o tecido


subcutâneo.

EXOFTALMIA: A exoftalmia, ou seja, a protrusão do globo ocular, deve ser


avaliada com o exoftalmômetro ou, na sua falta, com uma régua milimetrada,
apoiando‐se a parte inicial da régua no rebordo orbitário lateral, medindo‐se até
o ápice da córnea (em vista lateral).

A distância normal entre o ápice da córnea e a margem orbitária lateral é, em


geral, menor que 20 mm, sendo uma diferença de 2 mm entre os dois olhos
considerada suspeita.
Consiste, pois, no deslocamento
anterior do globo ocular, decorrente do
aumento do volume orbitário,
secundário a hipertireoidismo,
neoplasia, anormalidade vascular ou
processo inflamatório

Na exoftalmia acentuada aparece um


crescente de esclerótica, visiv́ el em
cima e embaixo, entre o limbo e as
pálpebras.

Uma avaliação exata da protrusão do


globo só é possiv́ el por intermédio do exoftalmômetro de Hertel. Em condições
normais, a saliência do globo ocular vai de 12 a 15 mm. Uma assimetria de mais
de 2 mm entre os dois olhos sugere exoftal‐ mia unilateral. Quando é grave, os
valores podem ultrapassar 25 mm.

APARELHO LACRIMAL A inspeção pode detectar aumento de volume da


glândula lacrimal, que se situa na parte externa da pálpebra superior, cujas
causas principais são as afecções inflamatórias (dacrioadenites) e as
neoplasias.
Para reconhecer pequenos aumentos de volume, é necessário levantar a pálpe‐
bra do paciente, com a solicitação de que ele olhe para baixo e para dentro. Pela
palpação, avaliam‐se a consistência, a profundidade e a sensibilidade das
glândulas lacrimais.

O lacrimejamento em excesso, denominado epif́ ora, pode ser causado por


excessiva formação de lágrimas ou por obstrução das vias de excreção.
A exploração dos canalić ulos, do saco lacrimal e do conduto nasolacrimal deve
ser feita por inspeção, palpação (compressão do saco lacrimal) e por meios
especiais, tais como sondagem, lavagem e radiografia contrastada.

A inspeção permite observar tumefação e vermelhidão, alterações comuns na


dacriocistite aguda. Nas dacriocistites crônicas, as distensões seguidas do
saco lacrimal levam à formação de mucocele e, às vezes, de fiś tulas cutâneas
por debaixo do ligamento palpebral interno. Na palpação do saco lacrimal, deve‐
se verificar se há refluxo de
secreção mucopurulenta.
Quando isso ocorre, significa
que o conduto nasolacrimal
está obstruid
́ o. A sondagem
das vias lacrimais tem valor
diagnóstico e terapêutico em
recém‐nascidos, mas deve ser
feita sob aneste‐ sia geral e
com material apropriado.

A lavagem consiste em dilatar


o ponto lacrimal com um
dilatador apropriado. Uma
pequena cânula acoplada a
uma seringa é introduzida no canalić ulo lacrimal, e, através da mesma, injeta‐
se soro fisiológico, observando‐se se há refluxo e perguntando ao paciente
se este percebeu o gosto de soro.
Em crianças, deve‐se observar se houve deglutição. No glaucoma congênito, um
dos sinais é a epif́ ora, que ocorre em consequência da superprodução de
lágrimas por estimulação do nervo trigêmeo.
PÁLPEBRAS. As pálpebras são uma estrutura de proteção do globo ocular
contra traumatismos e excesso de luz.
Pela inspeção, investigam‐se a cor, a textura, a posição e os movimentos das
pálpebras, além de eventual edema.
Na região periocular, procura‐se observar se os ciĺ ios estão virados para dentro
(triquia
́ se), se houve queda (madarose) ou se tornaram‐se brancos (poliose).

No local de implantação dos ciĺ ios, deve‐se investigar hiperemia, escamas e


úlceras, alterações comuns nas blefarites.

 A posição das pálpebras altera o tamanho das fissuras palpebrais, as


quais devem ser simétricas.
 A margem palpebral deve recobrir a córnea na parte superior e inferior,
sem que haja nenhuma exposição da esclerótica.
 A borda da pálpebra deve estar em aposição ao globo, e não invertida
(entrópio) ou evertida (ectrópio).

Quando a pálpebra inferior não consegue cobrir o globo ocular, surge o que se
denomina lagoftalmia, a qual aparece na paralisia facial, na exoftalmia e nas
retrações cicatriciais.

Na exploração da motilidade palpebral, é necessário ter em mente os três


músculos que dela participam. O orbicular, formado de fibras estriadas e
inervado pelo facial, faz a oclusão da pálpebra. O elevador da pálpebra
superior, de fibras estriadas, é inervado pelo nervo oculomotor. Por último, o
músculo tarsal de Müller, constituid
́ o de fibras lisas e inervado pelo simpático,
participa da elevação palpebral.
A BLEFAROPTOSE ADQUIRIDA faz parte da sin
́ drome de paralisia do nervo
oculomotor.

A paralisia do músculo de Müller, que é acompanhada de blefaroptose parcial,


faz parte da sin
́ drome de paralisia do simpático cervical (sin
́ drome de Claude
Bernard‐Horner), constituid
́ a por enoftalmia, miose e transtornos vasomotores.
A condição oposta, ou seja, a contração espasmódica do músculo de Müller, faz
parte da sin
́ drome de irritação sim‐ pática cervical de Claude Bernard, associada
a certo grau de exoftalmia, midria
́ se e aumento da fenda palpebral.
A blefaroptose pode fazer parte da miastenia gravis; nesses casos,
caracteristicamente, ela vai piorando no transcurso do dia, mas melhora com
injeção de prostigmina.

CONJUNTIVA E ESCLERA. A conjuntiva é uma membrana mucosa,


transparente e fina, que reveste a esclerótica até o limbo e a superfić ie posterior
da pálpebra.
Por debaixo da conjuntiva, é possiv́ el, às vezes, entrever alguns vasos tortuosos
– os vasos episclerais.

Excetuando‐se estes vasos e eventuais depósitos de pigmentos, a esclerótica


normal tem cor branco‐porcelana, que pode modificar‐se por depósitos de
pigmentos, como acontece na icterić ia e na melanose ocular, nas quais ocorre
depósito de bilirrubina e melanina, respectivamente

Em cada lado do limbo, principalmente do lado nasal, uma pequena área


elevada de cor amarelada (pinguécula) pode ser vista, não se devendo
confundi‐la com neoplasia, pois se trata apenas de uma degeneração do tecido
elástico.

Existem duas formas de congestão da conjuntiva bulbar: a superficial e a


profunda.

Na congestao
̃ superficial: apenas a camada de vasos superficiais é envolvida,
os quais se tornam tortuosos e de cor vermelho‐tijolo, mais evidente no fundo do
saco (fórnix) do que próximo ao limbo. A congestão superficial é encontrada nos
processos inflamatórios restritos à conjuntiva.

A congestao
̃ profunda indica comprometimento da córnea ou de estruturas
mais profundas do olho. Aparece nas queratites, nas irites, no glaucoma agudo
e se há corpo estranho, traduzindo a participação dos vasos que nutrem a iŕ is e
o corpo ciliar. Manifesta‐se como congestão de cor violácea do limbo e é
conhecida como injeção ciliar.

A conjuntiva palpebral, na sua parte anterior, está firmemente aderida ao tarso.


Na parte posterior, apresenta grande quantidade de folić ulos (tecido linfoide).

EXAME: Para exame da conjuntiva palpebral superior, é necessário fazer sua


eversão, a qual possibilita evidenciar reação inflamatória, corpo estranho ou
tumoração.

A PÁLPEBRA SUPERIOR pode ser facilmente evertida, solicitando‐se ao


paciente que olhe para baixo enquanto o examinador segura seus ciĺ ios com
uma das mãos, puxando para fora e para baixo ao mesmo tempo em que exerce
pressão com um cotonete 1 cm acima da borda palpebral. Isso equivale a fazer
pressão acima da placa tarsal. Se houver dor, pode‐se usar anestesia tópica.
Para que a pálpebra volte à posição normal, basta que o paciente olhe para
cima.

A CONJUNTIVA PALPEBRAL INFERIOR é facilmente visualizada com uma


simples tração para baixo da pálpebra inferior em cima do osso maxilar, pedindo‐
se ao paciente que olhe para cima. O exame da conjuntiva palpebral inferior
fornece valiosa informação nas anemias, nas quais a cor normal, rosa‐vivo,
transforma‐se em rosa‐pálido ou fica quase branca.

CÓRNEA

A superfić ie corneana normal é tão regular que forma excelente área de reflexão,
de modo que pequenas alterações são facilmente observadas com uma boa
iluminação.
1. O examinador deve avaliar, seu tamanho. O normal é 10,6 mm (parte
vertical) por 11,7 mm (parte horizontal).

Megalocórnea sugere glaucoma congênito, já a microcórnea faz pensar em


rubéola.
Com boa iluminação e ajuda de uma lupa, pode‐se constatar opacificaçao
̃
corneana (leucoma), irregularidades epiteliais provocadas por corpo estranho
e neovascularizaçao
̃ (pannus corneano).

Esta última é muito comum no tracoma. Às vezes, torna‐se difić il examinar a
córnea devido à fotofobia ou blefaroespasmo. Nessas condições, convém
instilar duas gotas de coliŕ io anestésico para obter a cooperaçao
̃ do paciente.

Para o exame detalhado da córnea, da câmara anterior, da iŕ is e do cristalino,


necessita‐se da lâmpada de fenda; é um exame da alçada do oftalmologista.

Ao observar a câmara anterior, com uma boa iluminação, de preferência com a


lâmpada citada, o examinador deve notar a profundidade, a turvaçao
̃ do humor
aquoso (irite), o sangue (hifema) e o acúmulo de exsudato celular (hipópio).
É importante determinar a sensibilidade corneana, o que é feito mantendo‐se a
pálpebra aberta e encostando a ponta de um algodão na parte apical da córnea,
sempre comparativamente, tendo o cuidado de não tocar nos ciĺ ios.

Lesões intracranianas que comprometem o nervo trigêmeo frequentemente


diminuem a sensibilidade.
Afecções da córnea, como queratite herpética, podem conduzir à perda de
sensibilidade, havendo possibilidade de evoluir para uma úlcera corneana
neuroparalit́ ica.

PUPILA.
Avaliar:

A cor, os desvios e os orific


́ ios da iŕ is e da pupila devem ser analisados
conjuntamente, podendo ocorrer alterações congênitas, traumáticas ou
cirúrgicas.

A aderência da iŕ is com o cristalino, habitualmente por processo inflamatório,


caracteriza a sinéquia posterior, quando está entre a iŕ is e a córnea, recebe o
nome de sinéquia anterior.

As pupilas normais são redondas, localizadas centralmente e, na maioria das


pessoas, de igual tamanho.

No entanto, pupilas de tamanhos diferentes (anisocoria) são observadas em


cerca de 25% da população normal.

O diâmetro da pupila normal varia de 3 a 5 mm em um ambiente iluminado.


Quando está menor que 3 mm caracteriza miose, e quando é maior que 7
mm, está em midria
́ se, a qual pode ocorrer em contusões oculares e em
algumas doen‐ ças cerebrais.
Se o paciente estiver usando certas substâncias, como a pilocarpina e a heroin
́ a,
a pupila pode se apresentar miótica.

TESTE DO REFLEXO PUPILAR

1. Deve‐se iluminar uniformemente a face do paciente, fazendo incidir um


feixe luminoso sobre um dos olhos.
2. A pupila normal contrai‐se vigorosa e rapidamente, mantendo‐se nesse
estado, caracterizando o reflexo fotomotor direto.
3. A pupila do outro olho deve contrair‐se simultaneamente e com a mesma
intensidade, ou seja, por meio do reflexo fotomotor indireto ou
consensual.
4. O outro reflexo a ser investigado é o reflexo para perto. Para isso, um
objeto deve ser aproximado do olho até ficar a uma distância de
aproximadamente 10 cm. Nesse momento, ocorre então a miose bilateral,
bem como a convergência dos olhos e a acomodação.

CRISTALINO.

O cristalino é uma pequena lente transparente situada entre a iŕ is, à frente, e o
vit́ reo, atrás, presa ao corpo ciliar por um conjunto de fibrilas – a zônula.

́ se, o exame é realizado com lâmpada de fenda.


Com a pupila em midria

Porém, na falta desta, uma boa iluminação permite perceber as alterações mais
grosseiras. Em relação à posição do cristalino, pode‐se encontrá‐lo deslocado
(luxado), o que ocorre, às vezes, na síndrome de Marfan e nos
traumatismos oculares
Com o oftalmoscópio, pode‐se caracterizar a perda de transparência do cristalino
(catarata) pelo desaparecimento do clarão pupilar.

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