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A formação do nutricionista

A problematização acerca das questões alimentares, englobando seus aspectos sociais


e ambientais, é um dos caminhos a serem explorados na formação de profissionais de
saúde, em especial nós, nutricionistas, que têm sido chamados a responder pelos riscos
atribuídos às marcantes mudanças alimentares ocorridas desde o início do século XX.

Devido a fatores históricos, a nutrição tem um foco muito voltado para a prática clinica
e educacional acerca da alimentação. Assim, a Ciência de Tecnologia de Alimentos se
apresenta como um campo a ser explorado na formação em nutrição, pois contribui
para a compreensão dos fatores envolvidos na produção de alimentos, tanto in natura
quanto industrializados, que serão prescritos para os pacientes/clientes.

Com isso, a discussão em educação nutricional é muito mais ampla, indo além das
recomendações associadas a questões de saúde, traçando seu paralelo com os rumos
que temos dado às questões sociais atreladas à ciência. Já podemos perceber a inter-
relação das áreas da Nutrição neste momento, em que o nutricionista, na sua prática
profissional, precisa interligar todos esses elos.

No exemplo abordado, a aproximação entre a educação nutricional e a produção de


alimentos pode ser realizada no âmbito da formação em nutrição, dando menor
prioridade a transmissão de conceitos e procurando contribuir para a capacidade de
participar dos processos decisórios a que os nutricionistas têm sido chamados. Assim, é
importante que a Instituição de Ensino Superiro (IES) desenvolva o aprendizado
construtivo/crítico desse futuro profissional.

Infelizmente, a realidade das IES é a segregação dessas áreas, em que a área de


conhecimento Nutrição tem sido associada a questões relacionadas à saúde, tanto
individual quanto coletiva, e à área de Alimentos têm sido atribuídas características
mais relacionadas ao desenvolvimento científico e tecnológico da produção de
alimentos. Apesar de as áreas possuírem certa diferenciação conceitual é importante

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que, durante a formação em nutrição, as discussões acerca da produção de alimentos
devam ser baseadas em conceitos relacionados à saúde, estabelecendo uma relação
entre os conhecimentos teóricos, mas que na vida prática estão intimamente
relacionados.

Assim, com a inter-relação entre as áreas de atuação, é extremamente viável aliar a


industrialização de alimentos com a educação nutricional, usando este alimento como
ferramenta para combate às doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). A realidade
que se tem hoje é a “criminalização” dos alimentos industrializados, em contrapartida
ao aumento deste tipo de alimento pela praticidade para o cotidiano.

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