Recuperação Judicial
Tem a finalidade em que permite que as empresas em estado de crise possam se reerguer, evitar a falência e visa
uma reorganização econômica, administrativa e financeira da empresa.
Objetivos primários:
É a superação ou a prevenção das crises da empresa.
Objetivos Secundários:
Manutenção da fonte produtora (interesse de credores, fisco, comunidade e trabalhadores);
Manutenção dos empregos dos trabalhadores;
Prevenção dos interesses dos credores.
Princípios:
Função social da empresa- é fundamental que a empresa seja exercida em atenção aos demais interesses que a
circundam;
Preservação da empresa- envolve a separação entre a sorte da empresa e a sorte do seu titular, bem como da sorte
dos sócios e dirigentes da sociedade;
Quem pode pedir a recuperação judicial?
A lei não permite qualquer um entre com regime de recuperação judicial.
Quem for pedir, precisa seguir 4 requisitos:
1- exercer regularmente a atividade há mais de 2 anos; (requisitos: exercício da atividade, regularidade desse
exercício, permanência da atividade há pelo menos 2 anos)
2- não ter obtido concessão de recuperação judicial nos últimos 5 anos;
3- não ter sido condenado por crime falimentar nem ter administrador ou sócio controlador que tenha sido; (a ideia
é permitido o acesso a recuperação apenas para devedores de boa-fé, isto é, apenas sujeitos de idoneidade
presumida poderão requerer a recuperação judicial)
4- se for falido, ter responsabilidades da falência extintas por sentença transitada em julgado.
Foro competente:
Foro do principal estabelecimento daquela sociedade (a sociedade que tem o maior volume de negócios)
O pedido:
Feito por uma petição inicial expondo a situação de crise e os motivos que levaram até essa situação; necessário
anexar toda a documentação, se faltar alguma documentação, pode gerar indeferimento.
Decisão de Deferimento:
Depois da propositura da ação, o juiz irá analisar toda a documentação que instruiu a inicial. se tiver tudo ok, ele irá
dar a primeira decisão do processo que é o deferimento do processamento da recuperação judicial, permite que o
processo possa prosseguir.
O recurso para atacar a decisão de processamento é o agravo de instrumento.
Habilitação e Divergência:
Inicial de RJ (relação de credores) -> Defere o processamento (publicação de edital) -> 15 dias p/ habilitação e
divergência
Na habilitação, um terceiro pede para constar como credor no processo
Na divergência, esse terceiro vai pedir a retificação de alguma informação da relação de credores.
Plano de Recuperação Judicial:
Decisão de processamento ->a sociedade devedora terá 60 dias p/ apresentar o plano
Contado em dia corrido.
PROCESSAMENTO
1. Estando em termos a inicial e a doc apresentada pelo devedor, o juiz deverá deferir o processamento da RJ,
fazendo com que o devedor ingresse no proc.
-A rec ainda não foi concedida, mas a partir desse momento o devedor já está no processo e sofre todos os efeitos
decorrentes dessa condição.
-Não estando adequada a doc, é caso de emenda a inicial, sem a possibilidade de determinação simultânea do
proces.
Ausentes ou supridos os vícios, o juiz determinara o processamento da recuperação.
2. NATUREZA DO ATO JUDICIAL QUE DETERMINA O PROCESSAMENTO
-O processamento da RJ não é automático, isto é, não decorre do simples ajuizamento da ação.
Ele dependerá de uma analise do juiz, ainda que em sede de cognição sumaria, no sentido de verificar o
cumprimento dos requisitos formais do pedido de recuperação.
-Trata-se de decisão de caráter obj acerca do preenchimento dos requisitos legais, não cabendo ao juiz verificar a
viabilidade ou não da recuperação
-Despacho de mero expediente: uma vez que apenas determina o processamento do feito. Embora haja um
conteúdo decisório, tal ato judicial tem seus contornos definidos e limitados por lei.
-Decisão interlocutória: uma vez que decide questões que afetam diretamente o devedor e seus credores.
3. CONTEUDO E EFEITOS DA DECISÃO
-Seja como despacho de mero expediente, seja como decisão interlocutória, o ato judicial que defere o
processamento da recuperação tem como conteúdo fundamental o ingresso do devedor no processo para que
sejam possíveis a negociação e a conclusão do acordo de recuperação.
3.1 NOMEAÇÃO DO ADMINISTRADOR JUDICIAL
-Já na decisão que defere o processamento da RJ, o juiz devera nomear o administrador judicial, para atuar no
processo, não para substituir o devedor na gestão do seu patrimônio, mas basicamente para fiscalizá-lo.
No caso do afastamento do devedor, o administrador judicial assumira a gestão dos negócios, enquanto não for
nomeado o gestor pela assembleia de credores.
3.2 DISPENSA DE CERTIDÕES
-Elemento obrigatório da decisão que defere o processamento, a dispensa da apresentação de certidões negativas
de débitos tributários para que o devedor exerça suas atividades, facilitando assim o saneamento da atividade.
Possui duas exceções: contratação com o poder publico; recebimento de incentivos ou benéficos fiscais ou créditos.
3.3 SUSPENSÃO DE AÇÕES E EXECUÇÕES
-Visa dar algum folego para que ele possa concertrar seus esforços na negociação do plano de recuperação. A
medida visa beneficiar somente o próprio devedor; havendo outros réus nas ações ou execuções, os processos
continuarão em relação a estes.
PRAZO: 180 dias
Concluida a fase deliberada, concedendo-se a recuperação ou decretando-se a falência.
Caso a situação do devedor seja solucionada antes de 180 dias pela aprovação do plano de rec, cessa a suspensão
das ações e execuções.
EXCEÇÕES: a lei estabelece, define ações e execuções que não serão suspensas pelo deferimento do processamento
da recuperação judicial.
-Execuções fiscais: a ideia aqui é manter os créditos fiscais afastados dos efeitos da recuperação judicial, como
determina o art. 187 do CTN.
-Ações efeitos patrimoniais econômicos: tbm não são suspensas as ações dos credores titulares da posição do
proprietário fiduciário de bens moveis ou imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente vendedor
de imóvel, cujos respectivos contratos contenham clausulas de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em
incorporações imobiliárias, ou de proprietário em contrato de venda com reserva de domínio os credores de
adiantamentos de contratos de cambio.
Ações dos outros credores não sujeitos à recuperação: Também não serão suspensas aquelas ações sem efeitos
patrimoniais econômicos, como a nunciação de obra nova e a investigação de paternidade sem pedido
condenatório. Não possui reflexo patrimonial -> não precisam ser afetadas pelo processamento da recuperação.

3.4Contas mensais
A decisão que defere o processamento da recuperação também determinará que o devedor apresente em juízo
contas demonstrativas mensais, enquanto perdurar a recuperação judicial.
Desde o processamento até a extinção do processo de recuperação judicial, o Poder Judiciário irá fiscalizar a
atuação do devedor e tal fiscalização é feita especialmente à luz das contas mensais que serão apresentadas em
juízo.

3.5 Intimação do MP e fazendas públicas

A decisão que defere o processamento da recuperação judicial também deverá determinar a intimação do
Ministério Público e das fazendas públicas federais, estaduais e municipais, onde o devedor exerce suas atividades.

3.6 Suspensão da prescrição

Suspenderá o curso da prescrição em face do devedor (Lei no 11.101/2005 – art. 6º), não abrangendo a prescrição
para o exercício dos direitos pelo devedor.
No período de suspensão, os prazos param de correr, voltando a correr do ponto em que parou,
independentemente de determinação judicial.

3.7 Força atrativa do juízo recuperacional

A princípio, não há qualquer dispositivo que crie uma unidade para o juízo recuperacional, todavia, à luz dos
princípios e dos objetivos da recuperação judicial, a jurisprudência do STJ vem reconhecendo a competência do
juízo da recuperação judicial para qualquer medida que possa afetar o patrimônio das empresas recuperandas,
dada sua universalidade e indivisibilidade.

4. PUBLICIDADE
Deferido o processamento do pedido de recuperação judicial, deve ser dada ampla ciência de tal situação.