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Projeto Pela Primeira Infância

Temas do Desenvolvimento Infantil

Crianças
com síndromes
genéticas e
malformativas
Organizadores Sumário
Mônica C. Miranda
Carolina Toledo Piza
André Luiz de Sousa

4 As condições genéticas
Ana Luiza Pilla Luce
Cláudia Berlim de Mello
Tatiana Góes Freitas
Pompeia Villachan-Lyra
e mal formativas
Carolina Nikaedo
Orlando F. A. Bueno

Colaboradores
Daniele Pereira de Souza
Emanuelle Chaves
11 A deficiência
intelectual
José Moacir de Lacerda Jr.
Juliana C. N. Ferreira
Maria Cristina A. C. R. Oliveira
Nelma Assis
Silvia Maciel

Os transtornos
Projeto Gráfico
Priscilla Ballarin
26 do autista (TEA)

Diagramação
Flávio Della Torre

Ilustrações

38
Eliza Freire
A inclusão
Agradecimentos
Um especial agradecimento à Direção, à Coordenação e aos Professores das Escolas: Centro de
Educação Infantil - CEI Arrastão, EMEI do Lar Sírio, EMEI São Paulo e CEI Nova Santana, que se
prontificaram a receber a equipe de pesquisadores, auxiliando na primeira fase deste projeto,
em que foi possível levantar as necessidades formativas do professor da educação infantil.
As condições
genéticas e malformativas
definições e exemplos

Esperamos que a leitura do nosso trabalho mas das suas formas de apresentação na
continue instigando o seu interesse pelo sa- primeira infância.
ber! Vamos conversar agora sobre as condi-
ções que fazem com que a criança, ainda no
útero, tenha partes do seu corpo ou órgãos
As doenças metabóli-
malformados ou com mau funcionamento. cas hereditárias (DMH)
Os quadros deste tipo, que são percebidos
logo ao nascimento, costumam estar ligados As doenças metabólicas hereditárias são cau- funções que são essenciais para a síntese, a de-
a trans-
a causas genéticas ou a fatores ambientais sadas por Erros Inatos do Metabolismo (EIM). gradação, o armazenamento ou o transporte de * Hereditariedade significa
ticas dos
como, por exemplo, o uso de remédios ou O termo metabolismo significa o conjunto de determinada substância. Como consequência, missão de informações gené
dizemos
pais para os filhos. Quando
substâncias químicas durante a gestação. transformações que as substâncias que che- há o acúmulo ou a falta desta substância no or-
gam ao organismo sofrem para possibilitar a doença
ganismo, provocando, assim, sintomas dos mais que um indivíduo tem um
Nesta apostila falaremos sobre os tipos de um funcionamento adequado. É o processo necessa-
atraso no desenvolvimento causados pelo
variados, dependendo da função afetada e da
hereditária , não quer dizer,
que determina quais são as substâncias nutri- ou a mãe
riamente, que ele tem o pai
substância em desequilíbrio.
que chamamos, na Apostila 2, de “fatores de cionais e quais são as substancias tóxicas. Já que o seu
risco estabelecidos”. As condições clínicas o termo inato diz respeito ao que nasce com com a mesma doença, mas
O metabolismo é um processo extremamen- tiram um
definidas podem ser 1. de origem genética, o indivíduo. te complexo e são inúmeras as possibilidades
pai e/ou a sua mãe transmi
ça fami-
como as doenças metabólicas hereditárias, 2. de erros no seu sistema. Os tipos de doenças gene para tal doença (heran
no óvulo
as doenças endocrinológicas e 3. as síndro- Quando uma pessoa apresenta um Erro Inato do (mais de 500) decorrentes dos EIM são de- liar), e que este gene estava
e deu ori-
mes genéticas e malformativas. Metabolismo, significa que ela nasceu com um nominadas de Doenças Metabólicas Heredi- e/ou no espermatozoide qu
defeito no seu sistema metabólico. No seu orga- tárias* (DMH). Cada doença afeta órgãos e gem ao filho.
Começaremos esclarecendo cada uma des- nismo, falta a atividade de uma enzima específi- sistemas determinados e, em alguns casos, os
tas condições, trazendo exemplos de algu- ca ou há um defeito no transporte de proteínas, sintomas são permanentes e progressivos.

{ 4 | Crianças com síndromes genéticas e malformativas | 2016 Crianças com síndromes genéticas e malformativas | 2016 | 5 }
Quando devemos
suspeitar de DMH? Fenilcetonúria (PKU)
A Fenilcetonúria é um distúrbio do metabo- estes sintomas podem ser prevenidos se a
lismo causado pela deficiência da enzima res- doença for diagnosticada precocemente (até
ponsável por metabolizar um aminoácido uti- 15 dias de vida), e imediatamente iniciada
definida,
Os sinais e os sintomas que, sem outra causa lizado pelo organismo. Ela recebe a sigla PKU uma dieta rigorosa, com baixa dosagem de
podem levar a suspeitar de uma DMH são: por causa do seu nome correspondente em fenilalanina. O diagnóstico precoce é realiza-
inglês (“phenylketonuria”). do pelo “Teste do Pezinho”, exame de sangue
colhido na triagem neonatal do berçário.
A proteína dos alimentos é degradada em
partes menores, chamadas de O tratamento deste distúrbio consiste na ma-
bilidade;
• O tônus muscular diminuído (hipotonia) e irrita aminoácidos, para que o organismo possa nutenção de uma dieta, durante toda a vida,
utilizá-la. Pessoas com a PKU têm dificuldade com uma alimentação restrita em proteínas,
para degradar o aminoácido fenilalanina, que com teores baixos de fenilalanina, mas com
no suor ou na pele,
• A presença de algum odor peculiar na urina, é encontrado em quase todos os alimentos, a quantidade suficiente para evitar a síndro-
ou peixe;
como, por exemplo, o cheiro de caramelo, de mofo com exceção da gordura pura e do açúcar. me carencial. A dieta também deve conter
uma suplementação alimentar de tirosina e
s adquiridas anteriormente As consequências desse distúrbio podem ser: de aminoácidos essenciais. Quando o trata-
• A perda das habilidades motoras e cognitiva atraso no desenvolvimento neuropsicomotor mento é seguido adequadamente, a criança
(involução do neurodesenvolvimento); (ADNPM), deficiência intelectual, erupções apresenta um bom desenvolvimento neurop-
da pele (eczema de difícil tratamento), dis- sicomotor, mas também não apresentará os
nte entra em um estado
• A alternância do estado de consciência (de repe
túrbios de comportamento e urina com odor outros sintomas: deficiência intelectual, erup-
imentos corporais,
de sonolência, de redução da percepção e dos mov incomum (cheiro de “urina de rato”). Todos ções cutâneas, distúrbios comportamentais.
e de confusão mental);

família ou consanguinidade
• Histórico de alguma doença semelhante na As doenças
(quando os pais são parentes próximos);
endocrinológicas Us a- se o te rm o
qualquer condição cl
co ngênito para descrever
ínica associada a um
de exames laboratoriais durante a gestação,
• Características que são percebidas por meio evento que ocorreu
metabólica (excesso ctável ao nascimento
.
(sangue e urina), como a hipoglicemia, a acidose qu e, em ge ra l, é de te
ticos (desidratação, As doenças endocrinológicas dizem respeito
de acidez no sangue) e os distúrbios hidroeletrolí um traço congênito
às condições clínicas associadas a um mau O agente causador de
distúrbios do sódio e do potássio). ção cromossômica,
funcionamento das glândulas endócrinas, pode ser uma altera
a (alteração espon-
como a tireoide, o pâncreas ou a suprarrenal. uma mutação genétic
na constituição do
Na infância são mais comuns as doenças en- tânea e permanente
de ou não ser her-
docrinológicas congênitas. DNA do feto, que po
terior) ou um fator
dada da geração an
s ambientais) que
não-genético (causa
Uma importante doença endócrina na infân-
Uma Doença Metabólica Hereditária muito comum é a Fenilcetonúria, por isso é importante
cia é o hipotireoidismo congênito. Na página ão do feto.
que os educadores e os cuidadores infantis conheçam esta patologia, devido à sua grande taxa interferiu na formaç
seguinte as características deste quadro.
de incidência no Brasil. A seguir fazemos a descrição desta doença.

{ 6 | Crianças com síndromes genéticas e malformativas | 2016 Crianças com síndromes genéticas e malformativas | 2016 | 7 }
O hipetiroidismo As síndromes
congênito genéticas e malformativas
O Hipotireoidismo Congênito ocorre quan- mente (com um diagnóstico imediato até 15 O conceito de síndrome diz respeito a um mesma causa relacionada. Em outras pala-
do a glândula tireoide do recém-nascido não dias após o nascimento, seguido de tratamen- conjunto de sinais e de sintomas que ocor- vras, trata-se de um padrão de anomalias ou
é capaz de produzir quantidades adequadas to com um comprimido diário de hormônio rem, sistematicamente juntos, em uma doen- de variantes com uma causa comum, o qual
de hormônios tireoidianos (o T3 e o T4), o que tireoidiano), a doença pode levar a uma im- ça ou condição clínica. Do grego (syn), signi- se torna reconhecido por ocorrer repetida-
resulta em uma redução generalizada (lenti- portante e irreversível deficiência intelectual. fica “junto” e (dromos), “funcionamento”. As mente nos seres humanos. As anomalias ou
ficação) dos processos metabólicos, além de O método usado para a detecção precoce do síndromes genéticas ou malformativas são variantes são características anatômicas ou
eventualmente prejudicar o crescimento físico Hipotireoidismo Congênito é o “Teste do Pezi- um conjunto de anomalias, das quais pelo fisiológicas*, consideradas substancialmente
e o desenvolvimento do cérebro da criança. nho”, como mencionado anteriormente quan- menos uma é morfológica (logo, relacionada diferentes do comum por serem pouco fre-
Por este motivo, se não for tratada precoce- do falamos da fenilcetonúria. a uma mudança da forma típica), com uma quentes na população de referência.

Os tipos de anomalias que pode


m caracterizar uma síndrome sã
o:
As principais formas de apresentação desta • A malformação, que é uma anoma
lia •
doença no recém-nascido são: morfológica congênita, não progre
ssiva,
A displasia, que é uma anomalia
de um único órgão ou parte do cor morfológica (pré-natal ou após nas
po, cimento)
que decorre da alteração no pro decorrente da alteração dinâmica
grama de ou
progressiva da constituição celu
• O choro rouco; desenvolvimento primário; lar, da
organização tecidual ou função
de um
órgão ou de um tipo de tecido esp
• A deformação, que é uma forma ecífico.
ou posição
• A constipação intestinal (“intestino preso”); alterada de uma parte do corpo,
devido • A sequência, que é uma ou são ma
à força mecânica extrema que dist is
orce/ anomalias morfológicas secund
deforma uma estrutura normal. árias que
decorrem de uma única causa inic
• A sonolência (hipoatividade); esta uma malformação, uma disr
ial (seja
• A disrupção, que é uma anomalia upção,
uma displasia ou deformação). Em
morfológica congênita, não progre função
ssiva, desta anomalia primária, ocorre,
• A dificuldade para mamar; devido ao colapso de uma estrut em efeito
ura “cascata”, uma série de eventos
do corpo que tinha um potencial sucessivos.
de
desenvolvimento normal;
• Os problemas relacionados à alimentação;
Da mesma forma que a o provérbio “uma an- dade, principalmente mais
dorinha só não faz verão” significa que um de três, então sim, pode haver a possibilidade
• A hérnia umbilical; indivíduo isolado não é capaz de realizar um de também existirem problemas orgânicos
grande feito, as anomalias isoladas (um dedo maiores, os quais podem comprometer a vida
a mais ou braços muito curtos) não neces- da pessoa (problemas no coração, nos rins,
• O atraso importante na maturação óssea. sariamente significam um problema maior. neurológicos, etc.). É o que acontece na maio-
Quando são encontradas em maior quanti- ria das síndromes genéticas conhecidas.

* Fisiológico: relativo ao funcionamento do organismo.

{ 8 | Crianças com síndromes genéticas e malformativas | 2016 Crianças com síndromes genéticas e malformativas | 2016 | 9 }
As síndromes, pelas suas origens nem sem- identificável por meio dos exames laborato- cimento desde a vida intrauterina, distúrbios
pre passíveis de serem identificadas geneti- riais de que dispomos. Um exemplo de uma de comportamento (irritabilidade, agitação,
camente (por meio de exames específicos) e síndrome malformativa muito frequente é a hiperatividade) e alterações no sistema ner-
por, nem sempre, terem sido causadas por Síndrome Alcoólica Fetal (SAF) causada pela voso central, que podem ocasionar atraso
um gene específico, podem ser divididas em exposição do feto ao álcool durante a gesta- no desenvolvimento motor e cognitivo (má
dois grupos: as genéticas e as malformati- ção. Ela é recorrente nos filhos das mães que coordenação motora, deficiência intelectual,
vas. Dizemos que uma síndrome é genética ingeriram álcool na gravidez (e o álcool tem déficits de memória e atenção e dificuldades
quando podemos identificar, com clareza, potencial teratogênico*), mas ainda não há de aprendizagem em geral).
a sua origem nos genes. E que é malforma- clareza a respeito dos genes envolvidos que
nasio
tiva quando não há esta clareza, quando o conduzem aos sinais e aos sintomas relacio- rebaixado
cabeça
que vemos é apenas uma série de anoma- nados, por isto ela não é considerada uma pequena
lias ocorrendo juntas, mas sem uma origem síndrome genética, mas malformativa.

prega
epicânticas pequena
abertura nos olhos

Em medicina, quando se nariz curto


fala em sinais, se quer dizer facies
Importante! “o que se pode ver”, e em
plana lábio superior fino

sintomas “o que se sente”. fontes das imagens:


philtro livoniamidwife.com/2015/10/24/whats-a-safe-amount-of-alcohol-during-pregnancy/
marielhidalgo.blogspot.com.br/2012/05/sindrome-fetal-alcoolica.html
indefinido
microcefalia

A seguir apresentamos um quadro elucidativo da SAF, para entendermos


melhor esta que é uma síndrome malformativa tão comum na primeira infância: Agora apresentaremos as definições e caracterizações de três outras
síndromes genéticas comuns na primeira infância: a Síndrome de Down,
a Síndrome de Williams e a Síndrome do X-Frágil.

A Síndrome gestacional da exposição (considera- se o


primeiro trimestre como o mais sensível), a
Alcoólica Fetal (SAF) A Síndrome cromossomo (totalizando 23 pares) em cada
quantidade e o teor alcóolico de bebida inge-
célula, mas as pessoas com SD têm um trio

A SAF caracteriza-se por um conjunto de


rida pela gestante e o metabolismo materno.
de Down (SD) no lugar do par 21.

anomalias causadas no feto ainda em desen- A Organização Mundial de Saúde recomenda


A Síndrome de Down (ou trissomia do cro- Os cromossomos são estruturas formadas por
volvimento, em decorrência da exposição ao a total abstenção alcoólica durante a gestação.
mossomo 21) é causada por um erro na sequências do DNA que guardam os nossos
álcool durante a vida intrauterina. O grau de
formação de uma das células reprodutoras genes. Estes carregam todas as informações
comprometimento da criança pode ser grave, Os principais sinais e sintomas desta síndro- (óvulo ou espermatozoide) ou, então, por que nos fazem ser como somos, definindo, por
moderado ou leve, dependendo do nível de me são: características faciais peculiares (ca- uma alteração genética devido a um erro na exemplo, a cor dos nossos olhos, o tipo e a cor
prejuízo provocado que, por sua vez, depen- beça e olhos pequenos, lábio superior fino, divisão celular durante o desenvolvimento dos nossos cabelos, a nossa altura, formato do
de de diversos fatores, tais como: o período filtro nasolabial apagado), deficiência no cres- embrionário. As pessoas com SD possuem nosso nariz, etc. Diversos problemas podem
uma cópia a mais do cromossomo número ser causados quando uma pessoa nasce com
* Teratógeno: agente capaz de causar um defeito congênito no feto se entrar em contato com ele durante a gestação. 21. O adequado seria ter um par de cada cromossomos a mais ou a menos.

{ 10 | Crianças com síndromes genéticas e malformativas | 2016 Crianças com síndromes genéticas e malformativas | 2016 | 11 }
Os principais sinais físicos e sintomas O crescimento físico é, muitas vezes, mais Quando os olhos são claros, podem Atraso no crescimento observado
causados pela trissomia do 21, são: lento do que o usual. A maioria das crianças apresentar um padrão estrelado ou desde o nascimento;
com a SD nunca atinge a altura média da rendilhado na sua íris;
Elevado nível de cálcio no sangue;
idade adulta.
O tônus muscular diminuído (hipotonia); Alterações dentárias;
Baixo peso de nascimento e ganho lento
A fenda palpebral inclinada para cima As crianças também podem ter atraso no Hipersensibilidade auditiva (algumas de peso nos primeiros anos de vida;
(aparência de “olhos puxados”), com uma desenvolvimento intelectual (especialmen- pessoas com a SW apresentam ouvido
Estatura na idade adulta um pouco
prega de pele no canto interno dos olhos; te na área da linguagem) e dificuldades de absoluto);
abaixo da média;
aprendizagem. Problemas musculoesqueléticos
A língua protrusa (para fora da boca); Problemas alimentares durante a infância:
(hipotonia e articulações muito móveis);
Uma prega única na palma das mãos ; ineficácia na sucção/deglutição, vômitos
Além disto, as pessoas com Síndrome de
Personalidade amigável (não têm medo de frequentes, cólicas e constipação
O nariz pequeno; Down podem apresentar diferentes proble-
estranhos, são extremamente sociáveis e intestinal (“intestino preso”);
mas de saúde associados à síndrome, como,
As orelhas pequenas; comunicativos, têm boas habilidades de
por exemplo, malformações no coração ou Alterações renais.
linguagem);
A boca pequena; gastrointestinais, problemas ortopédicos, de-
Sendo uma síndrome com características físi-
ficiência visual ou auditiva e problemas de ti- Atraso no desenvolvimento
As mãos e os dedos pequenos. cas e faciais que não chamam muito a atenção,
reoide (hipotireoidismo). neuropsicomotor;
diversos indivíduos ficam sem diagnóstico ou
Dificuldades de aprendizagem e são diagnosticados tardiamente, o que é ruim
déficit de atenção; devido aos problemas de saúde causados pela
Deficiência intelectual. síndrome, os quais podem ser progressivos se
não tratados precocemente.
Em relação aos problemas de saúde,
podem ocorrer: O diagnóstico clínico pode ser confirmado
por um exame de sangue ou de DNA. Veja
Problemas no coração e nos vasos
algumas imagens dos aspectos faciais carac-
sanguíneos;
terísticos da SW.

Eli:

s-syndrom1/
referência e fonte no
word.

www.mun-h-center.se/sv/Mun-H-Center/MHC-Basen/Diagnoser/William
A Síndrome
de Willians (SW)
A Síndrome de Williams é causada O nariz “arrebitado” (pequeno e com
pela falta de um pedaço de um dos a ponta virada para cima);
cromossomos do par número 7.
A boca grande com lábios grossos;
As principais características desta
fonte das imagens:

síndrome são: O queixo pequeno;


Inchaço ao redor dos olhos;

{ 12 | Crianças com síndromes genéticas e malformativas | 2016 Crianças com síndromes genéticas e malformativas | 2016 | 13 }
A Síndrome
do X-Frágil
A Síndrome do Cromossomo X Frágil, ou Além da deficiência intelectual, as pessoas
FraX, é causada pela mutação de um gene com a Síndrome do X-Frágil, podem
localizado no cromossomo X (cromossomo apresentar também:
que, junto com o cromossomo Y, é respon-
Atraso no desenvolvimento
sável pela determinação do sexo das pes-
neuropsicomotor;
soas). Este gene está localizado na extremi-
dade do cromossomo X e é denominado de Alterações comportamentais Eli:
como a timidez por;
FMR1 (do inglês Fragile X Mental Retardation
vou pedir alguma referência para
1 gene). A Síndrome do X-Frágil é conheci-
da como a causa hereditária mais comum de
Comportamento hiperativo ou com o cliente, mas coloquei autism no
características autistas (evitando o
deficiência intelectual. 123rf e acho que dá para pegar uma
contato tátil ou contato visual, e as
estereotipias como o hábito de agitar imagem para cá.
Os meninos com a FraX podem apresentar
ou morder as mãos);
os seguintes sinais característicos:
Transtornos de linguagem como a ecolalia

A deficiência
Face alongada; (repetição de frases e conteúdos ouvidos) e
a fala vacilante e perseverante (repetitiva).
Orelhas grandes e de abano;

intelectual (DI)
Queixo proeminente; As meninas com FraX não apresentam
Macrorquidia (testículos aumentados), características físicas que sinalizem aspec-
principalmente quando adultos. tos da síndrome. Nelas podemos observar:

Deficiência intelectual leve;


Como pudemos observar em todos os qua- são todas as síndromes e doenças inatas que
Dificuldades de aprendizagem;
dros elucidativos das síndromes e das con- trazem este sintoma!
Déficit de atenção com hiperatividade; dições genéticas ou malformativas listados
Antigamente denominada “retardo mental”,
anteriormente, há um sintoma (característica)
Transtornos psiquiátricos. a deficiência intelectual, atualmente, recebe
em comum entre eles. Escolhemos, proposi-
este nome por várias razões. Em primeiro lu-
tadamente, as síndromes e as doenças que
gar, porque se reconheceu que o termo “in-
possuem este sintoma especifico, para mos-
telectual” é mais apropriado para se referir a
Imagem: en.wikipedia.org/wiki/Fragile_X_syndrome#/media/File:Fragx-2.jpg

trar o quanto ele pode ser comum, e introdu-


essa deficiência, visto que ela acomete espe-
zir aqui, em um capítulo à parte, toda a com-
cificamente o funcionamento do intelecto e
ome/

plexidade que ele envolve.


não o da mente como um todo. Outra razão
gile-x-syndr

Eli: Estamos falando da Deficiência Intelectual


é para evitar confusão com o termo “doen-
referência e fonte no (DI), um quadro que é de grande relevância
ça mental”, o qual diz respeito às alterações
/fra

psiquiátricas (doenças que afetam a mente de


word. para o conhecimento dos educadores e dos
ds.com/misc

forma a alterar o humor, a percepção da rea-


cuidadores infantis, pelo grau de comprome-
lidade, o julgamento, etc.).
timento que ele pode trazer para as relações
ww.stepwar

interpessoais, a aprendizagem e a funcionali- Já o termo “deficiência” foi preferido em de-


dade da criança. Mas, vale ressaltar, que não trimento da terminologia “retardo”, por se
Imagem: w

{ 14 | Crianças com síndromes genéticas e malformativas | 2016 Crianças com síndromes genéticas e malformativas | 2016 | 15 }
tratar de uma condição de necessidade es- faixa etária inferior àquela em que está. Tra- Resumindo, os três principais critérios para cognitivo, como é o caso da deficiência inte-
pecial equiparável a qualquer outra, como a ta-se de um comprometimento amplamente se receber um diagnóstico de deficiência in- lectual. Vale ressaltar que as habilidades inte-
deficiência visual, a auditiva, a física, etc. As- relacionado com os processos de pensamento. telectual são: ter limitações significativas no lectuais de uma pessoa não são estáticas, elas
sim como estas, a deficiência intelectual (DI) Para que seja caracterizada como “Deficiência funcionamento intelectual e no comporta- se desenvolvem na medida em que são esti-
também se encaixa na concepção de “ausên- Intelectual”, os comprometimentos devem se mento adaptativo, e começar a apresentar muladas, respeitando-se as potencialidades
cia ou disfunção de uma estrutura psíquica, iniciar antes dos 18 anos de idade. estas limitações antes dos 18 anos de idade. individuais de cada ser humano. Assim, o re-
orgânica ou anatômica” (significado da palavra sultado de um teste de QI é apenas uma esti-
“deficiência”). As possíveis causas para um diagnóstico de A forma mais comum e aceitável para se men- mativa do nível atual de funcionamento, não é
Deficiência Intelectual são a exposição a algum surar o funcionamento intelectual de um su- algo fixo e imutável, podendo sofrer variações
dos fatores de risco (“biológicos”, “ambientais” jeito é pela aplicação de um teste de QI. Já a conforme os fatores ambientais, ou qualquer
Definição ou “estabelecidos”), portanto, a fatores gené-
ticos, a distúrbios na gestação, a problemas no
forma comum de se avaliar o desenvolvimen-
to dos seus comportamentos adaptativos é
fator que influencie as funções cognitivas ao
longo da vida do indivíduo. Outra coisa a se
parto ou na vida após o nascimento ou, tam- comparando o seu desempenho com o da
A Deficiência Intelectual é caracterizada por li- levar em consideração é o tipo do teste utiliza-
bém, a fatores desconhecidos, já que muitas maioria das pessoas da sua faixa etária.
mitações significativas no funcionamento inte- do para fazer a avaliação do QI, pois diferentes
vezes não se chega a estabelecer claramente a
lectual (raciocínio, aprendizagem, resolução de testes se atêm a avaliar diferentes habilidades
origem da deficiência.
problemas) e no comportamento adaptativo cognitivas.
(habilidades conceituais, sociais e práticas). Na Para que o comprometimento no funciona- A inteligência e o QI
vida prática, isto significa ter dificuldade para Em relação à inteligência, existem, atualmen-
mento intelectual seja considerado uma DI,
aprender, entender e realizar atividades sim- O Quociente Intelectual (QI) é um conceito te, alguns modelos acerca da sua conceitua-
esta deve apresentar limitações em duas ou
ples para a maioria das pessoas, muitas vezes que se popularizou com o surgimento dos ção mas, de forma geral, estes postulam que
mais das seguintes áreas do comportamen-
demonstrando uma conduta própria de uma to adaptativo: primeiros testes de inteligência, sendo ainda ela pode ser definida como a capacidade inte-
bastante utilizado como representação da in- lectual geral que abrange o raciocínio, o pla-
teligência de uma pessoa. Importante situar nejamento, a solução de problemas, o pen-

Social Prática que as pontuações desses testes, e a classi- sar de modo abstrato, o compreender ideias
Conceitual ficação das pessoas a partir destes números,
foi modificada ao longo do tempo. Os índices
complexas e a aprendizagem. São os fatores
que, por exemplo, nos levam a nos relacio-
ria:
Atividades da vida diá
Interpessoal; que definiam “deficiência intelectual” foram nar com o nosso meio de forma eficiente, a
e expressiva Alimentação;
Linguagem receptiva revisados e os números que definem o limiar aprender rápido e a aprender com a expe-
reensão e Responsabilidade;
(capacidade de comp Transferência/mobilida
de;
de QI para DI também mudaram, colocando riência. Em outras palavras, trata-se da capa-
expressão verbal); Asseio;
Autoestima; ou retirando pessoas dessa classificação. cidade que implica na participação de várias
Leitura e escrita; Vestimentas. funções cognitivas, como a memória, a aten-
ade de ser
Credulidade (probabilid Os psicólogos cognitivistas e os neuropsicólo-
do); ção, a linguagem e o pensamento.
enganado ou manipula is
Conceito de dinheiro; Atividades instrumenta gos postulam que os testes de inteligência, na
Ingenuidade; da vida diária: verdade, refletem diferentes funções cogniti- Como bem elucidou Roberto Colom, um dos
Autodireção. vas como a memória, a atenção e a linguagem
Preparação das maiores estudiosos atuais deste tema, a in-
Seguir as regras;
refeições/alimentos; e, devido à multiplicidade ou à restrição das teligência reflete a capacidade ampla e pro-
Obedecer às leis; funções cognitivas avaliadas em determina- funda, é a integradora da mente e vai além
Manutenção da casa;
das baterias de inteligência (são diversos os da acumulação de conhecimento acadêmico.
Evitar a vitimização. Transporte; tipos de baterias existentes), o QI não é útil Assim, entender como opera a nossa inteli-
Uso do telefone; para descrever o desempenho cognitivo geral, gência requer, necessariamente, entender o
portanto, não é representativo da capacidade nosso funcionamento neuropsicológico, por-
Manejo do dinheiro;
;
cognitiva de uma pessoa na sua totalidade. Po- tanto, a atividade conjunta das diversas uni-
Uso dos medicamentos
rém, permite identificar/presumir déficits es- dades cerebrais e a relação entre as funções
ais;
Habilidades ocupacion pecíficos ou atraso global no desenvolvimento cognitivas e o comportamento.
Manutenção de
entornos seguros.

{ 16 | Crianças com síndromes genéticas e malformativas | 2016 Crianças com síndromes genéticas e malformativas | 2016 | 17 }
Os transtornos do
espectro autista (TEA)
Eli:
pensei em usar alguma imagem que tivesse a ver com o
neural e não uma criança, mas fique a vontade
algo como essas que encontrei no 123rf
21492093
30463362
33308996 (algo assim, mas usar TEA) pode ser uma ideia

A nova nomenclatura
O autismo é um transtorno do neurodesen- (DSM-5) determinou o uso do termo “Trans-
volvimento muito frequente, o qual pode es-
tar relacionado a várias condições genéticas.
tornos do Espectro Autista” (TEA). As subca-
tegorias como o Autismo Atípico, a Síndrome
mentais característicos do diagnóstico, como
os problemas específicos da linguagem e da
Definição
Durante muito tempo, diferentes nomencla- de Asperger ou o Transtorno Desintegrativo cognição social, essas pessoas são designadas
Os Transtornos do Espectro Autista são alte-
turas foram usadas para o seu diagnóstico, da Infância, foram desconsideradas. Passou- como tendo TEA. As avaliações dão prioridade
rações de causa neurodesenvolvimental, ca-
conforme os manuais oficiais de classificação -se a adotar na classificação diferentes níveis à intensidade dos sintomas, se leve, moderada
ou grave. Afinal, em cada pessoa com o TEA racterizadas por uma tríade de deficiências:
das doenças. de gravidade (leve, moderado ou grave).
os comportamentos autísticos evoluem de (1) prejuízo grave no desenvolvimento das
Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD) Esta mudança na classificação dos TEA sim- maneira particular, uma vez que são influen- interações sociais, (2) no desenvolvimento da
era a nomenclatura adotada na Classificação plificou muito o processo do diagnóstico, que ciados por variáveis ambientais, como a histó- comunicação e (3) importante limitação na va-
Internacional de Doenças - 10ª edição (CID- agora é feito de maneira a levar em conta as ria de vida, o contexto social e as estimulações riabilidade do comportamento. O diagnóstico
10), e Transtorno Invasivo do Desenvolvimen- características de cada indivíduo, em vez de se do ambiente. Portanto, é preciso considerar a é feito com a avaliação do desenvolvimento da
to (TID) no Manual Diagnóstico e Estatístico tentar encaixar aqueles que apresentam deter- singularidade de cada caso, aqui podemos in- criança nestas 3 áreas.
de Transtornos Mentais (DSM-IV-TR). minados sintomas numa mesma classificação. clusive considerar crianças imitando compor-
Agora, em vez de separar os indivíduos em tamentos autísticos, e ainda aqueles casos em As formas de apresentação destas deficiên-
Em maio de 2013, a 5ª edição do Manual Diag- subcategorias pela sintomatologia apresenta- que há privação importante de estimulação (e cias, nas suas áreas respectivas, podemos ver
nóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da, quando se identificam aspectos comporta- não alterações neurodesenvolvimentais). nos quadros à seguir:

{ 18 | Crianças com síndromes genéticas e malformativas | 2016 Crianças com síndromes genéticas e malformativas | 2016 | 19 }
Área da interação social Área do comportamento
Os prejuízos nesta área podem se caracterizar por comportamentos que variam do isolamento crô- As alterações frequentes de comportamento, como movimentos repetitivos sem função aparente
nico (crianças que passam a maior parte do tempo sozinhas, balbuciando, realizando movimentos (como o balanceio das mãos), preocupações com a rotina ou interesses restritos, podem variar
repetitivos sem nenhuma função aparente) até às dificuldades de aproximação social, interação e desde a ausência completa até a uma grande intensidade das manifestações. Comportamentos
formação de vínculos. Algumas das dificuldades relacionadas são: relacionados:

pouco ou nenhum contato visual durante as interações sociais;

comportamentos motores repetitivos com a função da autoestimulação


dificuldade em interpretar e entender as intenções dos outros;
sensorial (pular, balançar, fazer movimentos com os dedos e/ou mãos, fazer
falta da reciprocidade sócioemocional (expressar emoções ao outro careta, bater palmas, etc.)
e ser afetado pelas emoções expressas pelo outro);
preferência por rotinas fixas (rejeição às mudanças, rigidez no seguimento
ausência de procura espontânea pelo compartilhamento do prazer de algumas regras);
(compartilhar momentos e as situações com os outros);
interesses restritos a coisas específicas e muito exagerados, que comprome-
falha no desenvolvimento das interações com crianças da mesma. tem as interações sociais (só falar, só brincar e só desenhar coisas relacionadas
a um determinado assunto, por exemplo);

preocupação com partes de objetos (observar fixamente a roda de


um carrinho girando).

Área da comunicação
Os prejuízos nesta área podem variar do mutismo total e do não atendimento aos chamados, até a
um excelente desenvolvimento da linguagem falada, com o uso de palavras, por vezes rebuscadas Como já foi citado anteriormente, as formas quanto a outros aspectos ligados à neurofisio-
demais para a idade, acompanhada, no entanto, por nenhuma habilidade para entender expressões de apresentação dos TEA variam muito de logia, por exemplo, que procuram justificar o
emocionais, gestos, símbolos e metáforas (sentidos figurados). Comportamentos relacionados: criança para criança, tanto na quantidade dado de haver entre 30% e 50% mais meninos
como na intensidade das características apre- que meninas com TEA.
sentadas (mais exagerada ou mais sutil).
O tratamento dos TEA é baseado nas inter-
ausência ou atraso na aquisição da linguagem falada;
É o conjunto destas características e o seu venções terapêuticas, cognitivas e compor-
grau de comprometimento na qualidade de tamentais e, em algumas situações, no uso
falha para manter a conversação (manter uma conversa mais prolongada);
vida da criança que define a gravidade (se leve, de medicações para amenizar os sintomas,
moderada ou grave). Dependendo do nível de podendo haver uma melhora considerável
discurso repetitivo, incluindo ecolalia (repetição constante, para si mesmo,
gravidade apresentado, os sintomas dos TEA na manifestação dos comportamentos ca-
de frases e conteúdos ouvidos de diálogos, desenhos animados, filmes, etc.);
podem ser percebidos antes dos 3 anos de ida- racterísticos. Uma intervenção precoce e in-
de ou, nos casos das formas de apresentação tensiva pode trazer diferenças extraordiná-
dificuldade em interpretar expressões faciais (percepção de emoções) e verbais;
mais leves, mais tardiamente. Existem pesqui- rias para a qualidade de vida e para o futuro
ausência de brincadeiras sociais, já que estas estão quase que totalmente sas apontando tanto para aspectos genéticos, da criança.
baseadas na comunicação (como esconde-esconde, pega-pega, etc.).

{ 20 | Crianças com síndromes genéticas e malformativas | 2016 Crianças com síndromes genéticas e malformativas | 2016 | 21 }
Os sinais de alerta

rrisos gostosos
Não faz aqueles so
res.
Aos 6 meses ou expressões aleg
Eli:
re sp on de às te ntativas de interação aqui pensei em algo como a mao de um adulto e de uma
Não ,
ou tr os , qu ando estes sorriem
fe ita pe lo s
ns; não busca a
criança.
fazem caretas ou so
Aos 9 meses interaçã o em iti nd o so ns , sorrisos ou caretas. ou um grupo de crianças.

expressa “como um
Não balbucia ou se
”; nã o re sp on de ao seu nome quando
bebê stos
gu e com o olhar os ge
Aos 12 meses ch am ad o; nã o se
que os outros lhe fa
zem.

não
Não fala palavras e
Aos 18 meses
A inclusão
.
expressa o que quer

duas palavras que


Não fala frases com
itação ou repetição Nos últimos 20 anos muito se tem falado (com ou sem alguma “deficiência”) no coti-
não sejam apenas im
Aos 24 meses (Ex.: “Colo, mamãe
”). sobre a inclusão da pessoa com deficiência
nos diversos setores da sociedade, como no
diano escolar.

trabalho, na escola e no lazer. Apesar de No Brasil, a Política Nacional de Educação


ser um movimento relativamente recente Especial, na Perspectiva da Educação Inclu-
como está organizado hoje, ele tem origens siva, garante que as crianças com deficiências
Em alguns casos é possível observar prová- É importante ressaltar também que, mes- muito antigas, evoluindo ano após ano, dia e necessidades educativas especiais estejam
veis indicadores do TEA no bebê. Abaixo está mo apresentando dificuldades no campo da após dia. Atualmente, a chamada “educação matriculadas no ensino regular, desde a edu-
uma lista destes, detectáveis na primeiríssi- comunicação e interação social, a criança inclusiva” é um direito da criança, garantido cação infantil até à educação superior (seja
ma infância, elaborados pela ONG brasileira com TEA tem uma série de competências pela Constituição Federal e reforçado pela em instituições públicas ou particulares), com
“Autismo e Realidade” (A&R). Atentar que e potencialidades de desenvolvimento e Convenção sobre os Direitos das Pessoas garantia de oportunidades para promoção do
muitos desses sinais são comuns também pode aprender e se relacionar com as pes- com Deficiência. desenvolvimento e aprendizagem do sujeito,
a bebês com deficiência auditiva ou visual, soas com quem convive, mas de uma forma na interação com seus pares.
por exemplo. Além disso, faz-se importante peculiar. Assim, é importante o profissional A escola se constitui como um ambiente de
lembrar que a presença isolada desses sinais que convive com a criança com TEA buscar enorme importância no processo de desen-
E o que seria
Educação Inclusiva?
não significa a presença do quadro clínico. compreender a sua forma de funcionamen- volvimento infantil e a apropriação dos valo-
Tais sinais de alerta têm a função de atentar to, os seus temas de maior interesse e bus- res e regras culturais. Além disso, as trocas
para o desenvolvimento da criança, intervir car interagir com a criança considerando e que as crianças realizam com seus pares e
precocemente para favorecer o seu desen- respeitando a sua maneira de ser, bem como profissionais são fundamentais para o seu Em primeiro lugar, é importante mostrar, mui-
volvimento e, se for o caso, encaminhar para os seus interesses. A verdadeira inclusão da desenvolvimento. Assim, o importante não to sucintamente, o que foi e o que é, e dizer,
a avaliação de um especialista para só então criança no contexto escolar vai depender é apenas ter acesso ao ensino formal, mas também, o que não é inclusão. Para isto o es-
ser realizado o diagnóstico. destes e de outros cuidados. sim garantir a verdadeira inclusão da criança quema a seguir pode ajudar:

{ 22 | Crianças com síndromes genéticas e malformativas | 2016 Crianças com síndromes genéticas e malformativas | 2016 | 23 }
Exclusão
ções,
Por muito tempo foi assim e, em muitas situa Assim, é muito importante não confundir pedagógicas que viabilizem a aprendizagem
defic iênci a,
ainda é. As pessoas com algum tipo de “educação inclusiva” com “educação espe- e o desenvolvimento da criança em todas as
o por
ou que se diferenciam de um determinado grup cial”. No Brasil, como mencionado anterior- dimensões, considerando os aspectos cog-
ficam de fora deste grup o.
características próprias,
outro , mas não são mente, inicialmente a educação era acessí- nitivos, sociais e afetivos. Necessariamen-
Cada um sabe da existência do
o de vel às crianças com deficiência por meio de te, demanda uma transformação do modelo
oferecidas condições nem opor tunidades ao grup
fora para entrar no círculo. escolas ou salas especializadas, exclusivas educacional vigente até então, favorecen-
para essas crianças e fora do ensino regular. do, também, a transformação da sociedade
O argumento para tal segregação era que como um todo, que também deve incluir tais
as necessidades das crianças com deficiên- sujeitos na vida cotidiana.
Segregação cia não poderiam ser supridas nas escolas
Assim, se a criança não aprende do modo
regulares. No entanto, ao fazer isso essas
Em uma outra forma de não inclusão, as pessoas se
agrupam crianças eram privadas do rico convívio com que nós ensinamos, nós precisamos ensinar
es às
com outras que apresentam características semelhant seus pares, privando-os também de ter con- de um modo que ela aprenda. Trata-se, en-
O grand e círcul o, o das
suas, ficando cada um no seu círculo. tato com essa forma de diversidade, o que tão, de uma mudança de atitude, inclusive
íficas que,
pessoas aparentemente sem características espec também favorece o desenvolvimento de pedagógica, na qual todos ganham. Para isso
amento
muitas vezes, se dizem “normais”, permite o agrup crianças com desenvolvimento típico, como é necessária uma mudança de atitude, de
dos pequenos grupos, mas continua não permitindo
que
o.
Eli defende o próprio Vygotsky. forma que a pessoa com deficiência possa
estes entre m no grand e círcul
referências para cada participar do processo de ensino-aprendiza-
item no word. A educação inclusiva deve favorecer a com- gem por meio da interação com seus pares,
Integração preensão e aceitação do sujeito em suas
particularidades, construindo estratégias
permitindo-lhe acesso a um mundo ao qual
ela estava impedida de pertencer.
Pode-se dizer que foi uma primeira tentativa de se aproximar
desses grupos de pessoas “diferentes”. Eles passam a pertencer
ao grande círculo, mas continuam agrupados com os seus
iguais. Continuam não sendo oferecidas a eles condições de
relacionamento pleno. Apesar de mais próximos da população
geral, continuam se divertindo, trabalhando e estudando com
os seus pares. Por muito tempo esse foi o modelo que ficou em
vigor na escola, a chamada “educação especial”. Nesse modelo,
as crianças estavam ou em escolas “especiais” ou dentro da “Viver na diversidade não se baseia, como pensam
escola regular, mas em salas separadas. Não havia a proposta
de integração dessas crianças ao cotidiano escolar mais amplo.
alguns, na adoção de medidas excepcionais para
Foi uma evolução, considerando os modelos vigentes até o as pessoas com necessidades específicas, mas na
momento, mas todos envolvidos no processo queriam mais.
adoção de um modelo de sociedade que facilite a
vida de todas as pessoas em sua diversidade. Se isso
não é entendido adequada e corretamente, corre-se
o risco de confundir ‘adaptação à diversidade’
Inclusão (que supera a deficiência) com ‘adaptação à
Aqui se chega ao que, hoje, se acredita pleno
. Todos desigualdade’ (que ressalta a deficiência).”
contexto
podem e devem colaborar, não havendo neste
quem valha menos ou mais . Todo s pode m e devem
para o bem- estar de Fábio Adiron
contribuir para a evolução e
ou turmas
todos. Não se estuda em escolas especiais
e não
separadas, não se trabalha em oficinas abrigadas
há lazer que não possa ser comp artilh ado.

{ 24 | Crianças com síndromes genéticas e malformativas | 2016 Crianças com síndromes genéticas e malformativas | 2016 | 25 }
Referências bibliográficas Sobre nós
ADIRON, F. Pela educação para todos. LICHT, F.B; SILVEIRA,N. (orgs). Celebrando Este material é resultado do projeto “Desenvolvimento de um Programa de Forma-
a Diversidade. São Paulo, 2010. ção em Desenvolvimento Cognitivo para Profissionais da Educação Infantil: o mode-
lo de Resposta à Intervenção”, iniciado em 2013, com financiamento da Fundação
JONES, K.L.M.D. Smith’s Recognizable Patterns of Human Malformation – 5th Edi- de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), da Fundação Maria Cecília
tion. São Paulo: Editora Manole. 1998. Souto Vidigal (FMCSV) e da Associação Fundo de Incentivo à Pesquisa, e desenvol-
MELLO, C. B., MIRANDA, M. C.; MUSZKAT, M. (orgs). Neuropsicologia do desen- vido na Universidade Federal de São Paulo, sob responsabilidade dos pesquisadores
volvimento: conceitos e abordagens. São Paulo: Memnon Edições Cientificas, 2006. Prof. Dra. Mônica C. Miranda, Prof. Dr. Orlando F. A. Bueno e equipe.
MIOTTO, E. C.; LUCIA, M. C.; SCAFF, M. (orgs). Neuropsicologia Clínica. São Paulo:
Em 2015, a equipe do Instituto ABCD – sob coordenação de Carolina ToledoPiza
Roca, 2012. (MSc.) – e do NINAPI (Núcleo de Investigação em Neuropsicologia, Afetividade,
Manejo comportamental de crianças com Transtornos de Espectro do Autismo em Aprendizagem e Primeira Infância, da Universidade Federal Rural de Pernambuco)
condição de inclusão escolar: guia de orientação a professores [livro eletrônico]. – sob coordenação da Prof. Dra. Pompéia Villachan-Lyra e participação das pesqui-
Vários colaboradores. São Paulo: Memnon, 2014. sadoras Ana Cleide Jucá (MSc.), Emmanuelle Chaves (Dra.) e Sílvia Maciel (Dra.), com
o apoio da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (FACEPE) –
integraram o projeto, visando aprimorar seu conteúdo e ampliar as perspectivas de
atuação para outros Estados do país.

Links úteis O projeto, agora denominado Projeto Pela Primeira Infância, é um conjunto de ações
de pesquisa e de formação de profissionais da Educação Infantil. Ele foi criado tendo
por base o fato, já apontado por diversas pesquisas, de que as principais demandas
Orientações aos professores e às escolas sobre Inclusão Escolar e os Transtornos do formativas dos profissionais da educação infantil se referem à sua necessidade de
Espectro do Autismo uma compreensão, mais adequada e abrangente, das teorias e das bases do desen-
volvimento cognitivo, socioafetivo e comportamental da criança.
• http://autismoerealidade.org/wp-content/uploads/manuais/cartilha-ziraldo-autismo-uma-
-realidade.pdf
Além disso, também é consenso na comunidade científica, o reconhecimento da im-
• http://autismoerealidade.org/wp-content/uploads/manuais/Cartilha-AR-Out-2013.pdf portância de uma intervenção adequada na primeira infância (inclusive no ambiente
• http://autismoerealidade.org/wp-content/uploads/manuais/Manual_para_as_Escolas.pdf escolar) para um desenvolvimento infantil pleno e saudável.
• http://autismoerealidade.org/wp-content/uploads/manuais/sobre-o-kit-de-ferramentas-
-da-autism-speaks-para-a-comunidade-escolar.pdf Assim, faz parte do Projeto Pela Primeira Infância, um ciclo de debates teóricos in-
titulado: “Formação continuada em Desenvolvimento Infantil, com base nas neuro-
• http://memnon.com.br/proesp2/assets/proesp2.pdf ciências, para profissionais da Educação Infantil” – constituído por 10 encontros,
nos quais há a disponibilização de material apostilado. Após a participação em todo
o ciclo de debates, são desenvolvidas discussões práticas para a implementação de
Orientações sobre o Incluir Brincando
estratégias de estimulação do desenvolvimento da criança na primeira infância.
• ht tp://midia.cmais.com.br/asset s/file/original/ac143cf466819d5d8fe0 0db-
24db62750a4825894.pdf Nós acreditamos que um programa desta natureza deve incluir material estruturado
e formação continuada, com intenso diálogo com aqueles envolvidos com a criança
(famílias, comunidades, profissionais da educação e da saúde).
Acervo de material sobre Inclusão para Educadores
• http://www.blogeducacao.org.br/2014/04/material-sobre-inclusao-para-educadores/
Apoio:

Realização:

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