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EQUILÍBRIO DE PRECIPITAÇÃO

(PRÁTICAS 10 e 11)

Profª: Denise Bertagnolli

Alunas:
Graziella da Silva Soares
Samanta Maria Silva Freitas

Volta Redonda - RJ
2022
1 OBJETIVO
Determinar o teor de cloretos e cloreto de sódio na amostra de soro
fisiológico através do método Mohr e na amostra de sal de cozinha através do
método Volhard.

2 RESULTADOS E DISCUSSÃO

2.1 ANÁLISE DA AMOSTRA DE SORO FISIOLÓGICO PELO MÉTODO MOHR

Inicialmente, foram pipetados 1,0 mL da amostra de soro fisiológico Nexter


com o auxílio de uma pipeta volumétrica e em seguida, transferiu-se para um
erlenmeyer de 125 mL onde foi acrescentado 20 mL de água destilado ao mesmo e
10 gotas de solução de K2CrO4 0,25%, onde foi observada a coloração amarela. Em
seguida, titulou-se com solução de AgNO3 e foi observada a coloração alaranjada.
Os procedimentos descritos acima foram realizados em triplicata e os
volumes de AgNO3 gastos nas titulações foram representados na Tabela 1:

Tabela 1- Volumes gastos de AgNO3 nas respectivas titulações.

Titulação Volume de AgNO3 gasto (mL)

1 2,70

2 1,51

3 3,07

No meio reacional, fez-se presentes duas reações, sendo elas a reação dos
íons Ag+ com os íons Cl-, Reação 1, e a reação dos íons Ag+ com os íons CrO42-,
Reação 2 . Ressalta-se que os dois ânions formam precipitados ao reagirem com o
íon Ag+, no entanto, ao analisar a solubilidade por meio dos Kps (VASCONCELOS,
2019) das Reações 1 e 2, constatou-se que a espécie AgCl é menos solúvel, e
portanto, precipitou primeiro que o Ag2CrO4.

Ag+(aq) + Cl-(aq) → AgCl(s) (Reação 1)

Kps= 1,56x10-10
2Ag+(aq) + CrO42-(aq) → Ag2CrO4(s) (Reação 2)

Kps= 1,3x10-12

No ponto de equivalência, decorreu a Reação 1.


Os íons Ag+ que se encontravam em excesso no meio reacional reagiram com
os íons CrO42- levando a formação do composto Ag2CrO4 ,como mostrado na Reação
2. A formação desse composto indicou o ponto final da reação, visto que a
formação do Ag2CrO4 gerou uma coloração laranja amarronzada na solução,
representando o final da titulação.

Cálculos:

Real concentração AgNO3

C= M x f (Equação 1)

Onde:

M = molaridade

f = fator de correção

C = 0,05 x 0,9700

C = 0,0485 mol L-1

Valores teóricos:

NaCl = 0,9 % (m/v)

Cl- :

58,44g NaCl ———— 35,50 g Cl-

0,900 g NaCl ———————— %gCl-

%Cl- : 0,550%
Para a 1ª titulação: 2,70 mL

0,0485 mol ———— 1000 mL


x —————— 2,70 mL

x = 1,3095 x 10-4 mols de AgNO3 titulados

Pela proporção 1:1, como mostrado na reação 5, nAg+ = nCl- = nNaCl, logo:

Para a %Cl- :

35,50 g ——— 1 mol


x ———— 1,3095 x 10-4 mols
x = 0,0046 g de Cloreto 0,0046

0,0046 g——— 1 mL
% Cl- ——————— 100 mL
% Cl- = 0,460%

Para a %NaCl :
58,44 g ——— 1 mol
x ———— 1,3095 x 10-4 mols
x = 0,0076g

0,0076 g——— 1 mL
% NaCl ———————— 100 mL
%NaCl = 0,760 %

Para a 2ª titulação: 1,51 mL


0,0485 mol ——— 1000 mL
x ————— 1,51 mL
x = 7,3235 x 10-5 mols de AgNO3 titulados.
Pela proporção 1:1, como mostrado na reação 5, nAg+ = nCl- = nNaCl, logo:

Para %Cl- :
1 mol ——————35,50 g
7,3235 x 10-5 mols —— x
x = 0,0026 g de Cl-

0,0026 g de Cl- ———— 1 mL


%Cl- —————— 100 mL
%Cl- = 0,260%

Para %NaCl:

1 mol ———— 58,44 g


7,3235 x 10-5 mols ——— x
x = 0,0043 g de NaCl

0,0043 g ——— 1 mL
%NaCl —————— 100 mL
%NaCl = 0,430 %

Para a 3ª titulação: 3,07 mL


0,0485 ———— 1000 mL
x —————— 3,07 mL
x = 1,4890 x 10-4 mols de AgNO3 titulados.

nAg+ = nCl- = nNaCl


1 mol ———— 35,50 g
1,4890 x 10-4 mols —— x
x = 0,0053 g de Cl-

0,0053 g———— 1 mL
%Cl- ——————— 100 mL
%Cl- = 0,530%

Para %NaCl:
1 mol ———— 58,44 g
1,48895 x 10-4 mols —— x
x = 0,0087 g de NaCl 0,0087

0,0087g ———— 1 mL
%NaCl ——————— 100 mL
%NaCl = 0,870%

Cálculo das médias e desvios padrão das porcentagens:

%Cl- :
média: 0,420%
s: ± 0,14

% NaCl :
média: 0,690%
s: ± 0,23

Erro absoluto do Cl-:


Ea = valor experimental - valor teórico
Ea = 0,420 - 0,550
Ea = - 0,130
Erro absoluto do NaCl:

Ea = 0,690 - 0,900
Ea = - 0,210

Erro relativo do Cl-:

Er = ( valor experimental - valor teórico) / valor teórico)) x 100


Er = ( - 0,130 / 0,550 ) x 100
Er = - 23,6 %

Erro relativo do NaCl:

Er = ( valor experimental - valor teórico) / valor teórico)) x 100

Er = (-0,210/0,900) x 100
Er = - 23,3 %

2.2 ANÁLISE DA AMOSTRA DE SAL DE COZINHA PELO MÉTODO VOLHARD

Inicialmente, foi necessário pesar cerca de 0,1 gramas de sal de cozinha


Cisne em 3 erlenmeyers. Em triplicata, foram pesados,respectivamente, 0,0145
gramas, 0,0096 gramas e 0,0098 gramas do sal e em seguida, ambos foram
solubilizados com 20 mL de água destilada. Posteriormente, foi adicionado 1 mL de
HNO3 1:1.
Transferiu-se, em seguida, com o auxílio de uma pipeta volumétrica, 20,0 mL
de solução padrão de AgNO3 e adicionou-se 1,0 mL do indicador sulfato de ferro
amoniacal. Sequencialmente, titulou-se com solução de KSCN.
Os volumes de KSCN gastos nas titulações foram representados na Tabela
2:

Tabela 2- Volumes gastos de KSCN nas respectivas titulações

Titulação Volume de KSCN gasto (mL)

1 12,37

2 15,51

3 15,47

As reações envolvidas no método foram as seguintes:

Ag+(aq) + Cl-(aq) → AgCl(s) (Reação 3)


Ag+(aq) + SCN-(aq) → AgSCN(s) (Reação 4)

Fe3+(aq) + SCN-(aq) ⇋ FeSCN2+(aq) (Reação 5)

AgCl(aq) + SCN-(aq) → Cl-(aq) + AgSCN(s) (Reação 6)

Cálculos:

Real concentração de AgNO3 já fora calculada, logo calculou-se a real concentração


de KSCN, utilizando a Equação 1:

C = 0,05 x 1,0006

C = 0,05003 mol L-1

Foi necessário, então, o cálculo do número de mols de AgNO3 e do número de mols


de KSCN que reagiu com o excesso de AgNO3 de cada titulação:

Para a 1ª titulação :

n=MxV (Equação 2)

Onde:

n = número de mols

M = molaridade

V = volume em litros

Número de mols do Nitrato de prata:

nAgNO3: 0,0485 x 20 x 10-3

nAgNO3: 9,7000 x 10-4 mols


Número de mols de KSCN, que reagiram em excesso de nitrato de prata, utilizando
a Equação 2:

nKSCN: 0,05003 x 12,37 x 10-3

nKSCN: 6,1887 x 10-4 mols

Como a proporção é 1:1, de acordo com a Reação 4, logo nKSCN = nAgNO3(exc) = 6,1887
x 10-4 mols.

A fim de encontrar o número de mols que reagiram na precipitação de AgCl:

nAgCl = nAgNO3 - nAgNO3(exc) (Equação 3)

nAgCl = 9,7000 x 10-4 - 6,1887 x 10-4

nAgCl = 3,5113 x 10-4 mols.

Cálculo da massa de Cl- na amostra:

mCl- = nAgCl x MMCl (Equação 4)

mCl- = 3,5113 x 10-4 x 35,5

mCl- = 0,0125 g

%Cl-:

%Cl-: (0,0125/ x 0,0145) x 100

%Cl-: 86,2%

%NaCl :

Cl ————— NaCl

35,5 g mol -1 ———— 58,44g mol-1


86,2% ———— x

x= 142 % NaCl

Para a 2ª titulação :

n=MxV (Equação 2)

Onde:

n = número de mols

M = molaridade

V = volume em litros

Número de mols do Nitrato de prata:

nAgNO3: 0,0485 x 20 x 10-3

nAgNO3: 9,7000 x 10-4 mols

Número de mols de KSCN, que reagiram em excesso de nitrato de prata, utilizando


a Equação 2:

nKSCN: 0,05003 x 15,51 x 10-3

nKSCN: 7,7597 x 10-4 mols

Como a proporção é 1:1, de acordo com a Reação 4, logo nKSCN = nAgNO3(exc) = 7,7597
x 10-4 mols.

A fim de encontrar o número de mols que reagiram na precipitação de AgCl:

nAgCl = nAgNO3 - nAgNO3(exc) (Equação 3)

nAgCl = 9,7000 x 10-4 - 7,7597 x 10-4

nAgCl = 1,9403 x 10-4 mols.


Cálculo da massa de Cl- na amostra:

mCl- = nAgCl x MMCl (Equação 4)

mCl- = 1,9403 x 10-4 x 35,5

mCl- = 0,0069 g

%Cl-:

%Cl-: (0,0069/ 0,0096) x 100

%Cl-: 71,9%

%NaCl :

Cl ————— NaCl

35,50 g mol -1 ———— 58,44g mol-1

71,9 % ———— x

x= 118 % NaCl

Para a 3ª titulação :

n=MxV (Equação 2)

Onde:

n = número de mols

M = molaridade

V = volume em litros

Número de mols do Nitrato de prata:

nAgNO3: 0,0485 x 20 x 10-3


nAgNO3: 9,7000 x 10-4 mols

Número de mols de KSCN, que reagiram em excesso de nitrato de prata, utilizando


a Equação 2:

nKSCN: 0,05003 x 15,47 x 10-3

nKSCN: 7,7396 x 10-4 mols

Como a proporção é 1:1, de acordo com a Reação 4, logo nKSCN = nAgNO3(exc) = 7,7396
x 10-4 mols.

A fim de encontrar o número de mols que reagiram na precipitação de AgCl:

nAgCl = nAgNO3 - nAgNO3(exc) (Equação 3)

nAgCl = 9,7000 x 10-4 - 7,7396 x 10-4

nAgCl = 1,9604 x 10-4 mols.

Cálculo da massa de Cl- na amostra:

mCl- = nAgCl x MMCl (Equação 4)

mCl- = 1,9604 x 10-4 x 35,5

mCl- = 0,0070 g

%Cl-:

%Cl-: (0,0070/ 0,0098) x 100

%Cl-: 71,4%

%NaCl :

Cl ————— NaCl
35,50 g mol -1 ———— 58,44g mol-1

71,4 % ———— x

x= 118 % NaCl

Calculou-se então a média e os desvios padrão das porcentagens:


%Cl-: 76,5 % ± 8,40
%NaCl: 126 % ± 13,8

Realizou-se o cálculo da %Cl- e %NaCl teórica:


%Cl- :
58,44g de NaCl ———— 100%
35,50 g de Cl- —————x
x = 60,7%

%NaCl:
58,44g de NaCl ——— 22,99g de Na
x ————————— 0,390 g de Na
x = 0,9900 g de NaCl

1 g NaCl ———— 100%


0,9900 g NaCl ———— x
x = 99,0% de NaCl

Para o teor de Na+ na amostra, fez-se os cálculos:


390 mg de Na+

23,00 g ———— 1 mol


390 x 10-3 g ——— x mol
x= 1,6957 x 10-2 mols de Na em 1g de sal.
1 mol de NaCl ———— 58,44
1,6957 x 10-2 —————x
x= 9,9094 x 10-1 g de NaCl em 1g de sal.

%NaCl ——— 100g


9,9094 x 10-1 — 1g
x = 99,0 %

Sendo o restante provindo do ferrocianeto de sódio, que está presente na


composição como está descrito o rótulo do sal.

35,50 g ———— 1 mol de Cl-


x ——— 1,6957 x 10-2 g
x = 4,7766 x 10-4 g de Cl- em 1g de sal

%Cl- ———— 100g


0,6020———— 1g
%Cl- : 60,2 %

Erro absoluto de Cl-:


Ea = 76,5% - 60,7%
Ea = 15,8
Erro absoluto de NaCl:
Ea = 125,9% - 99,0%
Ea = 26,9
Erro relativo de Cl-:

Er = ( 15,8) / 60,7)) x 100


Er = 26,0 %
Erro relativo de NaCl:

Er = ( 26,9) / 99,0 )) x 100


Er = 27,2 %

3 CONCLUSÃO
Em relação ao experimento referente a amostra de soro fisiológico pelo
método Mohr, conforme o rótulo do produto, o soro fisiológico da marca Nexter
continha um teor de 0,9% (m/v) de NaCl, o qual está de acordo com os dados
apresentados pela ANVISA (BRASIL, 2008), no qual relata que as soluções
comerciais de soro fisiológico devem conter uma concentração máxima de NaCl de
0,9% (m/v). Dessa forma, através dos valores encontrados para o teor de NaCl e Cl-,
a solução analisada estaria dentro do padrão para ser comercializada.
Concluiu-se, portanto, que a diferença de valor determinada pode estar
relacionada à prática experimental, como erros de paralaxe na determinação do
volume de titulante, pois, conforme Harris (2012), a leitura na bureta é uma ação que
pode estar vinculada com a ocorrência de erro. Técnicas incorretas durante a etapa
de titulação, como a não solubilização correta do analito também podem influenciar
no erro. Ademais, outras práticas como a não lavagem correta das vidrarias pode ter
contribuído para uma contaminação na amostra, influenciando diretamente no erro
encontrado.
Já em relação ao experimento referente a amostra de sal de cozinha pelo
método Volhard, com relação a porcentagem de cloreto de sódio presente no sal, a
legislação (ANVISA, 2003) determina como parâmetro para sal refinado o limite de
99,19% e para o sal comum 95,99%. Neste sentido, a amostra de sal analisada se
trata de um sal refinado e de acordo com o valor encontrado, não se encontra de
acordo com os parâmetros prescritos pela legislação.
Em relação à porcentagem de erro, obteve-se +26,0% e +27,2%
respectivamente ao Cl- e NaCl. Segundo Skoog, et al (2014), devido ao alto valor de
erro encontrado, pode-se considerar que o comportamento químico ou físico não
ideal de reagentes e de reações nos quais uma análise está baseada, muitas vezes,
introduz erros de método sistemáticos. Essas fontes de não idealidade incluem a
lentidão de algumas reações, a incompletude de outras, a instabilidade de algumas
espécies, a falta de especificidade da maioria dos reagentes e a possível ocorrência
de reações paralelas que interferem no processo de medida.
Dessa forma, uma possível explicação para o valor do alto do erro em relação
ao Cl- pode se dar ao fato de a prata ter reagido em altas concentrações com o
cloreto, e com isso o valor de prata em excesso foi menor na solução para reagir
com SCN-, o que resultou, consequentemente, no alto valor de erro em relação ao
NaCl.

REFERÊNCIAS

ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Regulamento Técnico sobre


Rotulagem Nutricional de Alimentos Embalados. Resolução da Diretoria Colegiada
– RDC n° 360, de 23 de dezembro de 2003.

BRASIL. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Consulta Pública n°


41, de 12 de agosto de 2008. Disponível em:
<https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/bulas-e-rotulos/especificos/
arquivos/6428json-file-1>. Acesso em 20/11/2022

HARRIS, D. C. Análise Química Quantitativa. 8ª edição. Rio de Janeiro: LTC,


2012.

SKOOG, D. A.; WEST, D. M.; HOLLER, F. J.; CROUCH, S. R. Fundamentos de


Química Analítica. Tradução Marco Tadeu Grassi. Revisão Técnica Célio Pasquini.
São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2006.

VASCONCELOS, N. M. S. Fundamentos de Química Analítica Quantitativa. 2ª


edição. Fortaleza: EdUECE, 2019.

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