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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CAMPUS

VOLTA REDONDA INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DEPARTAMENTO DE QUÍMICA

DETERMINAÇÃO DE CÁLCIO E MAGNÉSIO


(AULA PRÁTICA Nº 9)

PROFA. DENISE DE CASTRO BERTAGNOLLI

Alexandra Oliveira

Thaynara Castro

VOLTA REDONDA
2023
1. Objetivos

Determinar o teor de Ca2+ presentes no leite e na água, assim como o teor de CaCO 3 na
água, avaliando sua dureza.

2. Resultados e discussões

As titulações por substituição são usadas quando os íons de metais não reagem ou reagem
insatisfatoriamente com um indicador metálico, ou quando os íons de metais formam complexos
com o EDTA que são mais estáveis do que os complexos de outros metais como o cálcio e
magnésio (VOGEL, 2017). Nesta prática, utilizou-se água da torneira, e uma amostra de leite
integral da marca Italac, realizando-se a determinação de íons cálcio e magnésio nessas amostras.
A quantidade do íon magnésio liberada é equivalente à quantidade de cátion presente e pode
ser titulada com solução padrão de EDTA e um indicador de íons de metal adequado (VOGEL,
2017). O indicador utilizado foi o eriocromo T, também conhecido como negro de solocromo, um
indicador complexométrico que, quando complexado, assume a cor vinho, já quando esta livre, o
metal com o qual estava complexado se complexa com o EDTA assumindo a cor azulada no ponto
final e roxa, no ponto de equivalência.
Na titulação direta dos íons cálcio, o indicador negro de solocromo dá um ponto final difícil
de reconhecer, mas se o magnésio estiver presente, ele é deslocado do complexo com EDTA pelo
cálcio, o que resulta em um ponto final mais nítido (VOGEL, 2017).

2.1. Determinação de cálcio e magnésio na amostra de água da torneira

Inicialmente, com o auxílio de uma pipeta volumétrica, pipetou-se 100,00 mL da amostra de


água e transferiu-a para um erlenmeyer de 125,00 mL. Neste, adicionou-se 5,00 mL de solução
tampão pH 10 a fim de elevar o pH e mantê-lo constante, a fim de proporcionar a reação de
complexação com o cálcio de ocorrer, e adicionou-se uma ponta de espátula do indicador eriocromo
T, observando a coloração vinho na amostra.
Após preparar tal amostra em triplicata, realizou-se as titulações bem lentamente, uma vez
que o volume de EDTA 0,05 mol.L-1 a ser utilizado seria muito baixo, observando o ponto final da
reação em menos de 1,00 mL com a coloração azul. A coloração se explica pela complexação dos
íons Ca2+ com o EDTA titulado, que irá disputar esses íons com o indicador, que inicialmente forma
uma solução de coloração roxa.

Com os dados obtidos experimentalmente, pode-se calcular o teor de Ca2+ e CaCO3 presentes na
amostra de água.

Ca2+ + Y4- ↔ CaY2-

● Cálculos:

Dados:

V1 = 0,41 ml de EDTA 0,05M

MMEDTA = 292,2438 g.mol-1

MMCaCO3 = 100,0369g

MMCa2+ = 40,075g

Fator EDTA = 0,05.1,042 = 0,0521 mol.L-1

● Teor teórico de Ca2+ na amostra (%Ca2+T):

0,0521 mols — 1000 ml de EDTA


x — 0,41

x = 2, 136.10-5 mols

Ponto final – n(Ca2+) = n(EDTA) = 2, 13610-5 mols

40,078g — 1 mol Ca2+


y — 2, 136.10-5
mols

y = 0,85.10-3 g de Ca2+

Teor de Ca2+ = 8,5mg.L-1

● Teor teórico de CaCO3 na amostra (%CaCO3 T):


100,0369g — 40,078g
mCaCO3 — 0,85.10-3

mCaCO3 = 2,1218.10-3g

mCaCO3 = 2,121.10-3g—-– 2,121mg/100ml


Teor de CaCO3 = 21,21mg.L-1

Tabela 1: resultados gerais obtidos para a amostra de água.

Titulação 1 Titulação Titulação Média Desvio


2 3 padrão
Volume (mL) 0,41 0,35 0,38 - -

Teor Ca2+ (mg.L-1) 8,5 7,3 7,9 7,9 0,6

Teor CaCO3 (mg.L- 21,21 18,22 19,71 19,7 1,22


1
) 1
Fonte: autores, 2023.

A água dura é causada pelo excesso de cálcio e magnésio. Muitas vezes outros elementos
como ferro, zinco, estrôncio ou alumínio também estão presentes. O processo de reversão da água
dura é chamado abrandamento (FUSATI, 2020) e, embora a Portaria 2.914 do Ministério da Saúde
sobre Potabilidade da Água admita um valor altíssimo de dureza (até 500 mg.L -1 de CaCO3), valores
acima de 50 mg.L-1 já podem causar uma série de inconvenientes, como incrustação e corrosão
(VILHENA, 2017).
A concentração de íons maior que 100 miligramas por litro já identifica uma água dura. No
entanto, os valores apresentados podem ser bem maiores dependendo da região de retirada do
líquido (TRATAMENTO). Para se realizar a remoção da dureza da água, existem algumas técnicas
que podem ser utilizadas, no entanto, o abrandamento é a técnica mais conhecida.
O abrandamento pode acontecer de duas formas: precipitação química e troca iônica. A
primeira, adiciona cal e bicarbonato de sódio na água, onde a cal eleva o pH da água e gera
alcalinidade para a reação ocorrer e retirar os sais (TRATAMENTO), já a segunda é o processo
onde os íons de cálcio e magnésio são substituídos por íons solúveis de sódio e não são prejudiciais
à saúde (ABRANDAMENTO). E, sabe-se que, para o abastecimento industrial, a dureza na água
pode causar problemas nos sistemas de água quente como caldeiras e trocadores de calor, pois com
o aumento da temperatura os carbonatos precipitam-se e incrustam na tubulação, que necessita de
maior manutenção (STRACI, 2012).
Como o Ministério da Saúde admite até 500 mg.L -1 de CaCO3 e obteve-se 19,71mg.L-1 de
teor de CaCO3, a amostra de água analisada está dentro dos padrões permitidos de dureza.
2.2. Determinação de cálcio e magnésio na amostra de leite

Inicialmente, com o auxílio de uma pipeta volumétrica, pipetou-se 5,00 mL da amostra de


leite e transferiu-a para um erlenmeyer de 125,00 mL. Após foi adicionado 20,0 mL de água
destilada. Neste, adicionou-se 5,00 mL de solução tampão pH 10 a fim de elevar o pH e mantê-lo
constante, e adicionou-se uma ponta de espátula do indicador eriocromo T, observando a coloração
vinho na amostra. Após preparar tal amostra em triplicata, realizou-se as titulações bem lentamente,
uma vez que o volume de EDTA 0,1 mol.L-1 a ser utilizado seria muito baixo, observando o ponto
final da reação em menos de 2,00 mL com a coloração azul.

● cálculo de teor de Ca2+ na amostra.

V1=1,61mL

0,1287 mols —---1000mL de EDTA


x —--- 1,61
x=2,07.10-4mols

Ponto final – n(Ca2+) = n(EDTA) = 2,07.10-4mols

40,078 g —-- 1 mol Ca2+

y —---2,07.10-4mols
y= 8,3.10-3g de Ca2+

● Teor de CaCO3
8,3 mg —---5 mL
z ------- 200mL

Z=332 mg\ 200mL


8,3 em 5 mL
Teor de CaCO3 = 1666,0 mg.L-1
Tabela 2: resultados gerais obtidos para a amostra de leite.

Titulação Titulação Titulação Média Desvio


1 2 3 padrão
Volume (mL) 1,61 1,49 1,54 - -

Teor Ca2+ (mg.L-1) 1666,0 1540,0 1580,0 1595,3 52,56

Teor Ca2+ (mg/200 332,0 308,0 316,0 318,0 10,0


mL)
Erro absoluto - - - -

Erro relativo - - - -

No rótulo do leite indica-se 210 mg/200 mL de Ca 2+ no leite, e o valor encontrado foi de


318,6 mg/200 mL, Observa-se que existe uma diferença entre o valor indicado no rótulo e o obtido
experimentalmente.
Tal diferença existente pode ser devido a adição incorreta de reagentes, a adição incorreta de
volume de EDTA durante a titulação, adicionando-se mais do que o necessário passando-se do
ponto final, ou seja, deixando um excesso de EDTA. Também pode ser devido a erro de paralaxe,
devido aos inúmeros meniscos averiguados ou até mesmo a classe das vidrarias podem ter
interferido no resultado, tanto de molaridade final quanto no teor de Ca2+ na amostra.

Conclui-se, portanto, que após a finalização da prática e da realização dos cálculos


registrados neste documento, o leite utilizado em laboratório possui um teor experimental de Ca 2+
equivalente a 318,6 mg/200 mL. Entretanto, sabe-se que o encontrado em laboratório difere do
indicado no rótulo, que indica 210 mg/200 mL de Ca2+, contudo, como pode-se observar, o valor do
teor experimental está acima do valor mínimo permitido pelo Ministério da Saúde, ou seja, não
apresentando irregularidades.
REFERÊNCIAS

TRATAMENTO de água remoção de dureza. VID’AGUA, [s.d.]. Disponível em:


[https://www.vidagua.com.br/tratamento-agua-remocao-dureza#:~:text=O%20abrandamento%2C
% 20para%20o%20tratamento,ocorrer%20e%20retirar%20os%20sais]. Acesso em:12 junho de
2023.

FUSATI, filtro de água. Dureza da água. Tratamento e correção da água pura. 2020.
Acesso em:
[https://www.fusati.com.br/agua-dura-tratamento-e-correcao-da-dureza-da-agua/#:~:text=A%20%C
3%A1gua%20dura%20%C3%A9%20causada,%C3%A1gua%20dura%20%C3%A9%20chamado%
20abrandamento]. Acesso em: 12 junho de 2023.

VILHENA, José Luiz. Dureza da água: o que é e como ela influencia na qualidade.
Grupo hídrica, 12 junho de 2017. Disponível em:
[https://grupohidrica.com.br/dureza-da-agua/#:~:text=Em%20rela%C3%A7%C3%A3o%20ao%20t
eor%20de,inconvenientes%2C%20como%20incrusta%C3%A7%C3%A3o%20e%20corros%C3%A
3o]. Acesso em: 12 junho de 2023.

STRACI, Larissa. Água dura e seus riscos. Ag solve, Indaiatuba, 08 de agosto de 2012. Notícias.
Disponível em:
[https://www.agsolve.com.br/noticias/6523/agua-dura-e-seus-riscos#:~:text=%E2%80%9CPara%20
o%20abastecimento%20industrial%2C%20a,que%20necessita%20de%20maior%20manuten%C3%
A7%C3%A3o]. Acesso em: 12 junho de 2023.

ABRANDAMENTO por troca iônica. BIOSIS saneamento ambiental, [s.d.]. Disponível em:
[https://biosis.eco.br/abrandamento-por-troca-ionica/#:~:text=ABRANDAMENTO
%20%C3%A9% 20o%20processo%20qu%C3%ADmico,por%20%C3%ADons%20sol
%C3%BAveis%20de%20s% C3%B3dio]. Acesso em: 12 junho de 2023.

BRASIL. Decreto n.º 5, de 28 de setembro de 2017. Consolidação das normas sobre as ações e os
serviços de saúde do Sistema Único de Saúde. Ministério da saúde, gabinete do ministro. Brasília,
DF, 12 junho de 2023.

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