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Universidade Federal de São Carlos

CCET

Disciplina: Análise qualitativa e quantitativa

Determinação de íons cálcio e magnésio (Volumetria de

complexação)

Augusto Molinari Sacchi (800991)

Esther Mara Angelini (802119)

Isabella Boveloni (800903)

São Carlos, janeiro de 2023


Introdução

Em se tratando de complexometria, técnica usada na prática em questão, a


mesma visa a formação de um complexo de coloração, na reação entre o
analito e o titulante usado, para indicar o ponto final da titulação (LUIS SILVA DA
SILVA , 2008). Esse tipo de titulação é extremamente útil para a identificação de
íons metálicos, coincidindo com o objetivo da prática proposta.

Os reagentes usados também possuem uma fundamentação, o EDTA é o


agente complexante mais utilizado em análises quantitativas devido ao elevado
número de grupos complexantes, embora seu formato ligante Y 4- é encontrado
somente com o pH maior que 10, mas podendo ser controlada por uma solução
tampão conveniente (LUIS SILVA DA SILVA , 2008).

Sob outro viés, a água que será manipulada, a qual apresenta cátions livres,
cientificamente chamada de água dura, possui em maior abundância, dois
cátions principais, sendo eles Ca2+ e Mg2+.

Apesar de comumente levar consigo uma ideia negativa, é muito importante


para a reposição dos elementos mencionados anteriormente, no organismo
humano. Contudo, possui características desfavoráveis, as quais podem
danificar objetos/estruturas de uso diário.

O uso em excesso no corpo humano, pode ocasionar ressecamento da pele,


devido ao processo de osmose, já que uma maior quantidade de sais estará
presente no organismo. Além de entupimento de tubulações no qual
apresentam fluxo de água, devido a precipitação dos sais, causando também a
corrosão acelerada de componentes elétricos (OS RISCOS..., 2017).

Portanto, para indicar a presença de Ca² +, será feita uma titulação. Logo, terá
como solução a ser titulada a homogeneização entre a água dura, uma solução
tampão NH3/NH4Cl e uma ponta de espátula do indicador Eriocromo T, e a
solução de EDTA (ácido etilenodiamino tetra-acético) presente na bureta com
concentração conhecida, como titulante.

Desse modo, a discussão e o método processual serão apresentados a seguir.

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Objetivos

Nesta prática, tiveram duas principais categorias de objetivos, o objetivo de


ensino e o objetivo da experiência. O objetivo de ensino, envolveu aprender a
manusear os equipamentos, como bureta, pipeta volumétrica e o pipetador de
borracha, pipeta automática e outros materiais de laboratório, e aprender a
trabalhar com uma maior precisão. Já o objetivo da experiência, foi a
identificação de cátions Ca 2+ e Mg2+ presentes na água em uma solução
tampão com um alto teor de minerais, denominada como água dura, pois,
quanto maior a concentração de minerais na água, maior a sua dureza. Logo, o
principal objetivo era, a partir da técnica de titulação e/ou volumetria de
complexação, visualizar, pela mudança da cor (de rosa para azul), o ponto final
da solução que estava sendo titulada com o indicador Eriocromo T.

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Materiais e métodos

- Pipeta volumétrica (50 mL);

- Pipeta automática;

- Erlenmeyer (125 mL);

- Bureta (50 mL);

- Suporte para bureta;

- Espátula;

- Béquer (25 mL);

- Solução de EDTA (0,00485 mol/L);

- Água proveniente de um poço de MG;

- Indicador Eriocromo T;

- Solução tampão de pH 10.

Procedimento experimental

A proposta do experimento foi a identificação do cátion Ca 2+ a partir do


processo de volumetria de complexação. Iniciou-se a prática com a preparação
da amostra a ser titulada, pipetou-se 50 mL de uma água coletada de um poço
de Poços de Caldas-MG, dentro de um Erlenmeyer de 125 mL. Juntamente à
água do poço pipetada, foi adicionado exatamente 1 mL de uma solução
tampão já preparada com o auxílio de uma pipeta automática, disponibilizada
na capela do laboratório e uma ponta de espátula do indicador Eriocromo T. A
solução foi devidamente homogeneizada.

A próxima etapa foi preparar o aparato para a titulação. Higienizamos e


ambientamos uma bureta de 25 mL com a solução de EDTA (0,00485 mol/L).
Logo em seguida, completamos a vidraria com a máxima capacidade da
mesma com a solução já mencionada para observar a quantidade de volume
utilizado para a complexação do cálcio e a posterior liberação do indicador livre
que possui a coloração azul. Retirou-se todas as bolhas da bureta, para que
não houvesse interferência na observação do volume empregado.

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Posicionou-se o Erlenmeyer abaixo da bureta e iniciou-se o processo da
titulação. Com cuidado e aos poucos, a válvula localizada na extremidade da
bureta foi acionada com o intuito de escoar o titulante na solução presente no
Erlenmeyer e constatar a mudança de coloração da solução.

Nesse sentido, ao ponto dos 13,2 mL a solução mudou sua coloração, de um


tom rosáceo-claro (Figura 1) para um tom azulado (Figura 2). Para uma maior
assertividade na prática, todos os alunos fizeram o mesmo experimento e
obteve-se 10 resultados diferentes para comparação, exposto na tabela de
parâmetros iniciais.

Figura 1: Coloração inicial, anterio a titulação.

Figura 2: Coloração final, ponto final da titulação.

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Discussão do experimento

Após a contextualização e apresentação do experimento, pode-se partir para a


parte experimental. O experimento 1, teve como objetivo a determinação de
íons cálcio e magnésio, através da titulação com EDTA.

Os primeiros exemplos de titulações de complexação metal-ligante foram as


determinações de “Liebig’s”, na década de 1850, utilizando cianeto e cloreto e
Ag+ e Hg2+ como titulantes. As aplicações analíticas práticas demoraram a se
desenvolver pela formação de inúmeras séries de complexos. A titulação de
Liebig foi o primeiro e bem sucedido processo de complexometria, devido a
formação de apenas um complexo estável de Ag(CN) 2-, facilmente identificável
e com apenas um ponto final (HARVEY, 2016).

Em 1945, Schwarzenbach introduziu os ácidos amino carboxílicos como


ligantes denteados e dentro dessa classificação, o que mais se destacou foi o
EDTA, um forte complexo 1:1 com muitos íons metálicos. A disponibilidade de
um ligante que proporciona um único e claro ponto final, tornou a titulação de
complexometria um método analítico prático e viável (HARVEY, 2016).

É importante também, compreender que a dureza da água é um parâmetro


aplicado a água de abastecimento, tratando-se de sua potabilidade, que
expressa a concentração de cátions bivalentes presentes na água. Em geral,
os principais são Ca2+ e Mg2+ (RODRIGO SIMÕES, 2019).

Neste experimento utilizou-se como titulante o EDTA, que se trata de um


agente orgânico que forma complexos estáveis com diversos íons metálicos
(MARIA MATOS, 2012). Já o titulado se trata de 50 mL de água dura com adição
de 1mL de tampão com pH=10.

Ademais, o indicador utilizado foi o Eriocromo T (Figura 3), que quando em


contato com o cálcio e magnésio, ele se complexa formando um tom
arroxeado.

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Figura 3: Estrutura química do indicador Eriocromo T.

O EDTA desloca o cálcio e o magnésio, gerando um complexo incolor, quando


o indicador estiver livre, ele terá a cor azul, com a virada da coloração, tem-se
que o titulante reagiu com todos os íons de Ca 2+ e Mg2+ da solução. (MARIA
MATOS, 2012). Acerca disso, monta-se uma equação para exemplificar a
funcionalidade do indicador e a representação gráfica da mesma (Figura 4).
Desta forma, com intuito de comparação e exemplificação, as Figuras 5 e 6
apresentam a titulação do grupo de número 2 da turma.

Im + M → Im – M
(estrutura genérica da equação)
M= Ca2+ e Mg+2
Im – M + EDTA → EDTA – M + Im
(violeta) (Incolor) (azul)

Figura 4: representação gráfica do funcionamento do indicador Eriocromo T.

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Figura 5: Solução antes da titulação. Figura 6: Solução após a titulação.

Contudo, pode-se determinar a concentração de Cálcio e Magnésio na amostra


desconhecida, a partir do volume gasto de EDTA, visto que estão em uma
proporção estequiométrica 1:1 com os íons metálicos. A partir desta
explicação, obteve-se um volume de 13,20 mL de EDTA utilizado para titular 50
mL de água dura em pH=10.

Teste Q:
Após calcular o teste de rejeição Q, chegou-se na conclusão que apenas o
volume de 15,80 mL seria descartado da gama de valores de volumes, por não
estar inserido no valor tabelado disponibilizado. Nesse sentindo, as
ferramentas de análise de dados como a estatística descritiva e o histograma
foram usados, no intuito de organizar e melhorar a visualização da distribuição
de dados. Logo, há uma comparação dos valores iniciais para os utilizados
para os cálculos efetivos:

Parâmetros iniciais
V (mL) [Ca2+] mg/L
12,5 48,5
12,6 48,9
12,6 48,9
12,6 48,9
12,9 50,1
13,0 50,4
13,2 51,2
13,3 51,6
13,5 52,4

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Parâmetros utilizados após os
testes de rejeição
V (mL) [Ca2+] mg/L
12,5 48,5
12,6 48,9
15,8 61,3 12,6 48,9
12,6 48,9
12,9 50,1
Teste G: 13,0 50,4
13,2 51,2
Para o teste de Grubbs, o valor rejeitado foi o
13,3 51,6
de volume 15,80 mL. Para 13,5 52,4 constatação
eficaz do teste G, os cálculos se prolongaram até que nenhum dos volumes
estivesse fora do padrão e/ou disponibilizado, por isso o único valor que se
excedeu aos outros valores obtidos, foi o mencionado acima. A partir dessa
análise, os parâmetros foram trabalhados sem o valor rejeitado.

 Estatística descritiva (sem o valor rejeitado):

[Ca2+] mg/L  
Média 51,52
Erro padrão 1,29
Mediana 50,44
Modo 48,89
Desvio padrão 3,88
Variância da
amostra 15,08
Curtose 6,40
Assimetria 2,41
Intervalo 12,42
Mínimo 48,89
Máximo 61,30
463,6
Soma 6
Contagem 9,00

 Histograma:

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Histograma
3.5 120.0%
3 100.0%
2.5
80.0%

Freqüência
2 Freqüência
60.0%
1.5 % cumulativo
40.0%
1
0.5 20.0%

0 0.0%
48,9 Mais50,6
Bloco

Conclusão
Em suma, a prática desenvolvida cumpriu com os objetivos esperados e bons
resultados foram apresentados. É importante frisar a importância do
conhecimento de alguns conceitos técnicos e teóricos para o andamento do
experimento. Como por exemplo, o manuseio dos equipamentos presentes na
técnica principal, a volumetria de complexação. Foi fundamental o correto
manejo da bureta para que não houvesse interferência na resolução dos dados
estatísticos e posteriormente, o histograma. Outro fator imprescindível para a
realização do experimento foi o preparo da solução padronizada e o papel de
cada reagente e/ou material na prática toda.

Desse modo, fica evidente a relevância dos testes de rejeição para a


constatação eficaz e certeira da gama de valores obtidos de todos os grupos
vigentes. Com isso, a ferramenta da planilha eletrônica, ou o Excel, foi um
excelente instrumento de trabalho que reduziu o tempo da interpretação de
dados e cálculos mais complexos, em pelo menos metade. Com o recurso, a
visualização foi imediata e obteve-se maior compreensão dos possíveis erros
durante a prática e valores excedentes ao esperado.

Referências bibliográficas:

10
HARVEY, David. Analytical Chemistry. 2.1. ed. [S. l.]: McGraw-Hill
Companies, 2008. 1122 p. ISBN 0–07–237547–7.

MATOS, Maria Auxiliadora Costa. Titulometria de complexação: Química


analítica IV. 2012. PDF. Disponível em:
https://www2.ufjf.br/nupis//files/2012/03/aula-7-Qu%c3%admica-Anal
%c3%adtica-IV-curso-Farm%c3%a1cia-2012.2.pdf. Acesso em: 24 jan. 2023.

TITULAÇÃO com EDTA. Intérprete: Professor Rodrigo Simões. Gravação de


Química tarja preta. [S. l.]: Youtube, 2019. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=FdlXKyl885c. Acesso em: 24 jan. 2023.

RUSSELL, John B.; Química Geral vol.1, São Paulo: Pearson Education do
Brasil, Makron Books, 1994. Disponível em:
http://www.ufpa.br/quimicanalitica/triticomplexacao.htm. Acesso em: 23 jan.
2023.

OS RISCOS da água dura. Laboratório Cavalieri, [s. l.], 15 jun. 2017.


Disponível em: https://laboratoriocavalieri.com.br/2017/05/16/os-riscos-da-
agua-dura/. Acesso em: 1 fev. 2023.

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