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PALAVRAS-CHAVE: RESUMO
Vasculite retiniana; Uveíte; Protocolos Vasculites retinianas representam um verdadeiro desafio na prática oftalmológica. O diagnóstico
clínicos.
precoce e tratamento adequados são de extrema importância para obter bom prognóstico visual e evitar
complicações. O objetivo deste artigo é elaborar um protocolo para investigação de vasculites retinianas
para facilitar o diagnóstico e conduta.
KEYWORDS: ABSTRACT
Retinal vasculitis; Uveitis; Clinical Retinal vasculitis represents a real challenge in ophthalmic practice. Eartly diagnosis and treatment are
protocols.
important for good visual prognosis and to avoid complications. The aim of this article is to develop a
protocol for investigation of retinal vasculitis to facilitate diagnosis and management.
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.
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vasculites retinianas podem ser assintomáticas prin- bifurcações arteriais e neurorretinite) e três menores
cipalmente se de início precoce ou periféricas(7). Além (não perfusão capilar periférica, neovascularização
disso, podem ser a primeira manifestação de uma e exsudação macular)(8). Os pacientes apresentam
doença sistêmica. O diagnóstico precoce é chave para baixa acuidade visual em um ou ambos os olhos e
o sucesso do tratamento e prognóstico(7). vitreíte de intensidade variável. As arteríolas apre-
sentam aneurismas que se estendem das primeiras
bifurcações até média periferia; comumente encon-
trados no disco óptico. A exsudação lipídica é acen-
tuada e tipicamente encontrada na região peripapilar
podendo se estender até a mácula, cursando com es-
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trela macular(10).
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plasmose. Nos casos de pacientes imunossuprimidos – Virais: herpes simples, varicela zoster, citome-
com vasculite sistêmica que apresentam vasculite re- galovírus, HIV, HTLV, hepatites, vírus Epstein-
tiniana, a causa mais comum é a infecciosa em detri- -Barr, vírus da dengue
mento da doença de base(5). – Parasitárias: toxocaríase e toxoplasmose
A sífilis ocular pode-se manifestar de diversas – Endoftalmite fúngica
formas tendo por isso recebido a referência “grande • Doenças oclusivas
imitadora”. A principal forma é a panuveíte, poden- – Trombofilias
do também ser: ceratite, irite, neurite óptica, edema – Hemoglobinopatias
macular, vitreíte e retinite. Uma apresentação rara e • Síndrome mascarada
grave é a oclusão de artéria central(18). – Tumores: linfoma primário de SNC, linfoma
No caso das vasculites relacionadas à síndrome vítreo-retiniano, leucemia aguda, retinopatia
mascarada, lembrar-se de linfoma não Hodgkin do associada ao câncer (CAR)
sistema nervoso central, leucemia, melanoma, me- – Metástases
tástase intraocular de carcinomas, retinoblastoma e
embolização sistêmica de placas de colesterol(19,20).
Segue abaixo os principais diagnósticos de acordo MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
com a classificação etiológica(1): A vasculite pode-se apresentar assintomática em
um primeiro momento, especialmente quando as al-
Classificação etiológica terações vasculares se desenvolvem na periferia da
• Idiopática retina(5).
– Síndrome de IRVAN Os sintomas clínicos incluem: turvação visual in-
• Doenças oculares primárias dolor, alteração na percepção de cores, metamorfop-
– Doença de Eales sias, floaters (moscas volantes) e escotomas. Menos
– Retinocoroidopatia Birdshot comumente pode haver diminuição da visão de cores
– Uveíte intermediária e dor. Sinais e sintomas de envolvimento sistêmico
– Síndrome de Vogt-Koyanagi-Harada podem estar presentes merecendo destaque: úlceras
– Oftalmia Simpática orais, genitais e de pele, artrite, rash, doença neuroló-
– Vasculite retiniana multifocal aguda gica e evidência de doença embólica(1,5,7).
• Doenças sistêmicas O embainhamento vascular é a característica mais
– Doença de Behçet comum presente na biomicroscopia de fundo, além
– Sarcoidose de manchas algodonosas, vitreíte de intensidade va-
– Esclerose múltipla riável, snowballs, descolamento do vítreo, hemorra-
– Granulomatose de Wegener gias, edema macular, neovascularização e quadro de
uveíte anterior. É importante destacar que nem todos
– Lúpus eritematoso sistêmico
os casos de embainhamento vascular são causados
– Poliarterite nodosa
por vasculite e o embainhamento vascular congênito
– Poliangeite microscópica
é um exemplo. É de ocorrência comum e normalmente
– Doença de Crohn
presente dentro dos dois diâmetros de disco do nervo
– Espondilite anquilosante
óptico, associado mais a veia e pode estar presente com
– Doença de Buerger
persistência da vasculatura hialoidea. O haze vítreo
– Policondrite recidivante
traduz a quebra da barreira hematorretiniana, porém
– Síndrome antifosfolípide
inespecífica de processo inflamatório; já a celularidade
– Síndrome de Churg-Strauss vítrea é sinal de condição inflamatória(1).
– Polimiosite Inflamação coroideana sugere quadro de sarcoi-
– Artrite Reumatóide dose, retinocoroidopatia de Birdshot ou síndrome de
– Dermatomiosite histoplasmose ocular(1).
– Doença de Takayasu As alterações tardias secundárias à oclusão e re-
• Causas infecciosas modelamento incluem: telangectasias, microaneuris-
– Bacterianas: sífilis, tuberculose, doença de Lyme, mas, oclusão de ramo venoso ou veia central, neo-
doença de Whipple, brucelose, doença da arra- vascularização isquemia-induzida; podendo cursar
nhadura do gato, ricketssiose com sequelas, como hemorragia vítrea, descolamento
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