Você está na página 1de 5

DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM E PLANEJAMENTO DA ASSISTÊNCIA DE UMA

PACIENTE HOSPITALIZADA COM INSUFICIÊNCIA VENOSA CRÔNICA E


ERISIPELA: ESTUDO DE CASO

NORLOK, Débora Fernanda.1


SILVA, Fernando Teixeira.2
RIBEIRO, Andrea Monastier Costa.3

RESUMO

Trata-se de um estudo de caso, cujo objetivo foi relatar a experiência de acadêmicos de Enfermagem frente a
identificação dos diagnósticos de enfermagem e elaboração dos cuidados de uma paciente com insuficiência venosa
crônica e erisipela. Para coleta de dados foi realizada uma consulta de Enfermagem realizada em um Hospital da rede
privada de Cascavel-PR, no dia 25 de setembro de 2019. Após a mesma foram identificados os diagnósticos possíveis
de enfermagem através do NANDA (North American Nursing Diagnosis Association), foi também definido planos para
melhorias no cuidado desta paciente, sendo traçado as intervenções de enfermagem, foi utilizado o NIC (Intervenções
de Enfermagem). Concluiu-se que a insuficiência venosa crônica é um grave problema de saúde pública, pouco
conhecida, na qual é um fator de risco para erisipela, incumbindo à equipe de enfermagem prestar assistência
humanizada de qualidade.

PALAVRAS-CHAVE: Insuficiência venosa crônica, Erisipela, Diagnóstico de Enfermagem, Assistência de


Enfermagem.

1. INTRODUÇÃO
A insuficiência venosa crônica (IVC) e a erisipela são doenças em que 80% dos casos,
ocorrem nos membros inferiores, as pernas. Entre os fatores de risco da IVC podemos destacar o
aumento da idade, o sexo feminino, a obesidade e o histórico familiar. Com o agravamento da
doença, tem-se complicação da erisipela, condição em que as pessoas com problemas circulatórios
nos membros inferiores e obesos diabéticos são as maiores vítimas, embora pessoas de todas as
idades estejam sujeitas a ela. A prevalência de insuficiência venosa crônica na população aumenta
com a idade. Na Europa, em adultos entre 30 e 70 anos de idade, 5 a 15% apresentam essa doença,
sendo que 1% apresenta úlcera varicosa. Já a erisipela, acomete predominantemente, os membros
inferiores de pacientes da terceira idade, cuja circulação venosa está debilitada. Porém, pode atingir
pessoas de qualquer idade e outras regiões da pele. Em suma, ela está relacionada a um fator
chamado “porta de entrada”, da úlcera venosa crônica, por meio desta porta de entrada, bactérias
penetram na pele, atingindo as camadas cutâneas inferiores e se espalhando facilmente com muita
velocidade. A principal bactéria envolvida é o Estreptococo beta-hemolítico do grupo A, porém,

1
Acadêmica do 4º período de Enfermagem – Centro Universitário Assis Guargacz. E-mail: debynorlok@hotmail.com
2
Acadêmico do 4º período de Enfermagem – Centro Universitário Assis Guargacz. E-mail:
fernandoteixeira1975@hotmail.com
3
Docente do Curso de Enfermagem – Centro Universitário Assis Gurgacz. Mestre em Enfermagem - UFPR E-mail:
andrea_monastier@hotmail.com

Anais do 17º Encontro Científico Cultural Interinstitucional – 2019


ISSN 1980-7406
outras bactérias também podem estar envolvidas. Pessoas com baixa condição imunológica, obesas
e com má circulação são as mais suscetíveis. (AYRES, 2006)
O presente trabalho tem como objetivo relatar um estudo de caso sobre uma paciente
submetida a insuficiência venosa crônica, que por consequência desta, evoluiu para erisipela, bem
como os diagnósticos e intervenções de enfermagem.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A insuficiência venosa crônica (IVC) define-se por uma condição em que as válvulas não
funcionam corretamente, fazendo com que o sangue fique acumulado e exerça uma pressão nas
paredes das veias. Esse aumento da pressão e o baixo fluxo sanguíneo causam retenção de líquido
nos MMII, sendo assim, um dos principais sintomas é o aparecimento das veias elevadas e dilatadas
(varizes), assim como a dor, o cansaço, o peso nas pernas, sensação de queimaduras ou
formigamento, cãibras, prurido, vermelhidão local, edema. Se o edema for grave e persistente,
forma-se um tecido cicatricial que retém líquido nos tecidos. Por consequência, a panturrilha
aumenta de tamanho de modo permanente e endurece. Nesses casos, há maior probabilidade de que
se desenvolvam úlceras e de que estas cicatrizem menos facilmente. A IVC pode ser diagnosticada
com base em sua aparência e seus sintomas. (SATGER B, 2008)
Pacientes submetidos à insuficiência venosa crônica tem uma predisposição maior para
adquirir erisipela, definida como uma doença infecciosa aguda caracterizada por uma inflamação da
camada superficial da pele. Ela provoca feridas vermelhas, inflamadas e doloridas e se desenvolve
principalmente nas pernas, rosto ou braços. A erisipela é causada por uma bactéria, geralmente os
estreptococos, que entra em contato com a pele por meio de algum ferimento (furúnculo, frieira,
micose ou até picada de mosquito), dissemina-se pelos vasos linfáticos, atinge o tecido subcutâneo e
gorduroso, abrindo espaço para a infecção. Os sintomas da erisipela geralmente aparecem de forma
repentina e podem durar até oito dias. Na região afetada, inicialmente, a pele fica com um leve
edema, quente, vermelha e brilhosa. Com o tempo, passa para um edema local maior, deixando a
região dolorida e, em alguns casos, surgem na pele bolhas ou feridas, sinal da necrose dos tecidos.
(SATGER B, 2008)

3. METODOLOGIA

Anais do 17º Encontro Científico Cultural Interinstitucional – 2019


ISSN 1980-7406
Este estudo de caso foi realizado em uma unidade Hospitalar da rede privada, no município de
Cascavel/PR, no dia 25 de setembro de 2019, por acadêmicos de enfermagem sob supervisão da
professora de estágio. O instrumento de coleta foi o prontuário da paciente C.B. e o relato da
mesma, a qual era acompanhada diariamente, sendo realizado a consulta de enfermagem.

4. ANÁLISES E DISCUSSÕES

Após a realização da consulta de enfermagem da paciente C.B. Idade: 50 anos, Sexo:


Feminino, Cor: Parda, Profissão: aposentada. Doença Pregressa: Insuficiência venosa crônica.
Doença atual: erisipela, decorrente da IVC. - 7º DIH para tratamento clínico de erisipela, foram
identificados no Histórico de Enfermagem os dados objetivos e subjetivos sendo esses: S:
HDA/QP: Admitida inicialmente para tratamento cirúrgico de hérnia incisional. Apresentou febre, a
princípio sem uma causa definida, passados alguns dias, apresentou erisipela em MIE. Relata
ausência de algia. HPP: Relata que há 9 anos teve insuficiência venosa crônica em MIE, há 5 anos
foi submetida a cirurgia bariátrica, e há 2 anos realizou colecistectomia. Nega alergias. Realiza
tratamento para hipotireoidismo. Medicamentos utilizados no domicílio: levotiroxina 150mcg
1cp/dia, Barivit 1cp/dia, Citoneurim 1cp/semana. O: Ao exame físico apresenta-se acordada,
orientada, calma, lúcida, comunicativa, hidratada, normocorada. Dados Antrométricos: Peso: 104kg
Altura: 1,64cm. Tipo Mofológico: Nomolíneo. SSVV: PA: 120/80 mmHg FC: 71 bpm SPO²:
96 % Temperatura: 36,5º Padrão Nutricional: nutrido. Oxigenação: AA. Sistema Muscoesqueletico:
movimentos totais em MMSS e parcial com dificuldade em MMII devido à lesão em MIE. Sistema
Neurossensorial: pupilas isocoricas fotorreagentes. Crânio: normocefálico, ausência cicatrizes.
Couro cabeludo: sem anormalidades e sem infestações de parasitas. Face: simétrica. Olhos: limpos.
Ouvidos: simétricos, audição preservada. Nariz: Sem sujidades. Boca: Higiene preservada. Pescoço:
gânglios palpáveis normais, ausência de desvio na traqueia. Unhas: Preservadas, sem sujidades.
Tórax: plano, simétrico, A/C: bulhas cardíacas rítmicas normofonéticas. A/P: MV+ sem RA.
Abdômen: Plano, A/A RHA+ hipoativo, som maciço e timpânico à percussão, ausência de VSM.
Aparelho geniturinário: Micção presente, com aspecto normal, evacuação presente. MMSS: AVP
em MSD com cateter flexível nº 20, com soroterapia em curso em BI 20 ml/h, sem sinais
flogísticos. MMII: presença de edema +++/+4 > 2s e hiperemia em MIE. Após a avaliação dos
dados foram identificados os diagnósticos de enfermagem bem como elaborados um planejamento
de cuidados sendo esses: A: Mobilidade física prejudicada, em decorrência da dor crônica, do

Anais do 17º Encontro Científico Cultural Interinstitucional – 2019


ISSN 1980-7406
edema nos MMII e da força muscular diminuída; manutenção do lar prejudicada, devido à
dificuldade de locomoção; risco de trauma vascular, devido a insuficiência venosa crônica;
deambulação prejudicada devido à erisipela; integridade da pele prejudicada, devido a lesão no
MIE; risco para dor crônica relacionado a insuficiência venosa crônica; risco para infecção
relacionada à erisipela; conforto alterado relacionado à erisipela; risco para débito cardíaco
diminuído, devido à IVC; nutrição desequilibrada, pois o excesso de peso e a obesidade estão
associadas ao retardado da cicatrização de feridas decorrente do comprometimento da circulação
sanguínea, que reduzem a perfusão de oxigênio e nutrientes dos tecido (BULECHEK, G. M, 2010).
P: Avaliar evolução da cicatrização da ferida; instruir sobre cuidados com a pele; instruir sobre os
cuidados com a ferida; monitorar a condição da pele; monitorar a cor, temperatura, umidade e
aparência da pele; monitorar o edema e umidade em bordas; monitorar os sinais e sintomas de
infecção da ferida; orientar quanto ao risco de infecção; orientar sobre a importância da elevação
das pernas; encorajar ingestão conforme necessidades nutricionais e preferências alimentares;
estabelecer uma meta para o controle de peso; avaliar a capacidade do paciente para realizar as
atividades da vida diária; planejar com o paciente os períodos de repouso/atividade; avaliar a
necessidade de dispositivos auxiliares para deambulação; motivar o paciente para o autocuidado em
domicílio; orientar acerca do uso de medicamentos; orientar dúvidas frente ao tratamento prescrito;
proporcionar um ambiente tranquilo; usar abordagem calma e segura; verificar se o paciente
compreendeu as orientações ofertadas. (CARPENTIER PH, 2008)

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Portanto, ao ser traçados os diagnósticos e, na sequência, intervenções de enfermagem frente


a paciente com insuficiência venosa crônica e erisipela, concluímos que o profissional da
enfermagem precisa utilizar um pensamento reflexivo e uma análise crítica elaborada de forma
científica para realizar um cuidado eficaz e humanizado, com resultado positivo ao tratamento do
paciente. Desta maneira, observamos que a sistematização da enfermagem tem um benefício
enorme ao paciente, pois é centrado no indivíduo com um objetivo único. Sendo assim, concluímos
que este estudo de caso favoreceu os acadêmicos de enfermagem, no que se refere a formação do
profissional, pois a elaboração do diagnóstico e intervenções da enfermagem requerem um
pensamento científico, ou seja, estimula as ações voltadas na sistematização de enfermagem.

Anais do 17º Encontro Científico Cultural Interinstitucional – 2019


ISSN 1980-7406
REFERÊNCIAS

BULECHEK, G. M.; BUTCHER, H. K.; DOCHTERMAN, J. M.; NIC CLASSIFICAÇÃODAS


INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM 5 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

NORTH AMERICAN NURSING ASSOCIATION – NANDA. Diagnósticos de Enfermagem da


NANDA: definições e classificações, 2009 – 2011. 1ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.

RONNEN M, SUSTER S, SCHEWACH-MILLET M., et al. Erysipelas: Changing faces Int J.


Dermatol, 1985; 24: 169-72

BERNARDES CHA; AUGUSTO JCA; LOPES LTC; CARDOSO KT; SANTOS JR; SANTOS
LM. Experiência clínica na avaliação de 284 casos de erisipela. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/abd/v77n5/v77n5a11.pdf. <Acesso em 31/09/2019>.

MINISTÉRIO DA SAÚDE, ERISIPELA, 2012. Disponível em


http://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/248_erisipela.html. <Acesso em 31/09/2019>.

AYRES, JRCM. Cuidado e humanização das práticas de saúde. In: Deslandes SF, organizador.
Humanização dos cuidados em saúde: conceitos, dilemas e práticas. Rio de Janeiro: Editora
Fiocruz; 2006. p. 49-83.

CARPENTIER PH, SATGER B. Ensaio randomizado de balneoterapia associado à educação


do paciente em pacientes com insuficiência venosa crônica avançada. P. 163-70. Pub 2008.

Anais do 17º Encontro Científico Cultural Interinstitucional – 2019


ISSN 1980-7406

Você também pode gostar