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Processo de cuidar nas

neoplasias
Profa. Luana Nunes Caldini
Objetivos

• Conhecer o cenário de rastreamento, diagnóstico,


estadiamento e tratamento do câncer;

• Conhecer as bases do tratamento modificador da


doença e cuidados paliativos;

• Compreender as especificidades do tratamento


oncológico.

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Ciclo celular
o Interfase (G1, S, G2) Mitose (prófase, metáfase, anáfase e telófase);

o Pontos de checagem;

o G0;

o P53;

o Duração do ciclo celular de células normais: 24 a 48h

o Duração do ciclo celular de células tumorais: 72 a 120h


Características da célula cancerosa

• Perda do controle de proliferação;

• Perda da capacidade de diferenciação;

• Desdiferenciação

• Capacidade de metástase.
Células tumorais em regiões de baixa
concentração de oxigênio, tais células
tornam-se extremamente resistentes
radioterapia;

Células em hipóxia não são capazes


de se dividir porém se apresentam ciclo
celular prolongado e permanecem
indefinidamente em repouso
Crescimento tecidual
• Quanto menor o tumor, maior a sua fração proliferativa, portanto mais sensível será
quimioterapia e radioterapia;

• Quanto mais precoce for a aplicação de quimioterapia ou radioterapia após o tratamento


cirúrgico do tumor, mais eficazes elas serão, pois maior será o número de células em fase
proliferativa.

• Os tecidos normais que apresentam alta fração de crescimento são os que sofrem a ação
da quimio e radioterapia, neles concentrando-se os efeitos colaterais agudos desses
tratamentos (naúsea e vômitos, diarreia, leucopenia, alopecia etc.).
(INCA, 2008)
Processo de
cuidar nas
neoplasias
Rastreamento
Diagnóstico e Tratamento
o Falta de informação sobre os principais sinais e
sintomas de câncer;
o Lei nº 12.732
o Tempo para confirmação do diagnóstico e
realização dos exames de estadiamento;
o Acesso a exames de imagem e biópsias;
o Dificuldade de acesso a especialistas
o Impacto no prognóstico.

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Bioética, ética e assistência de
Enfermagem oncológica

Vida e morte Eutanásia • Defesa da vida


• Respeito à dignidade e
a autonomia;
Pesquisa em • Advogar pelo paciente.
seres humanos
Pacientes oncológicos e pesquisa clínica
• Teste de novos medicamentos

• acesso de muitos pacientes a técnicas ainda não disponíveis no Brasil em escala


assistencial

• Tempo de vida x qualidade de vida

• Ética em pesquisa

• não causar danos, ter respeito pelo paciente, prezar pelo bem-estar do paciente e
justiça

• Estudos alinhados com interesses nacionais


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Pacientes oncológicos e pesquisa clínica
• Consentimento livre e esclarecido

• TCLE com linguagem acessível à compreensão do participante da pesquisa

• Ciência de todos os procedimentos e possíveis riscos

• Não resolução do problema, toxicidades (leves ou graves)

• Garantia de direitos do paciente

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Cuidados Paliativos na oncologia

• Abordagem que visa à qualidade de vida, prevenindo e aliviando o sofrimento

humano;

• Multiprofissional;

• Paciente, familiares, cuidadores/acompanhantes;

• Evolução do modelo e definição de CP.


“Cuidados Paliativos consistem na assistência
promovida por uma equipe multidisciplinar, que
objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e
seus familiares, diante de uma doença que ameace a
vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, por
meio de identificação precoce, avaliação impecável e
tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais,
psicológicos e espirituais”

(WHO, 2002).

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“Verifica-se a necessidade de estabelecer uma comunicação clara e efetiva com
esses sujeitos, esforçando-se na desmistificação do câncer e dos cuidados
paliativos. Deve-se aprender a olhar para esses sujeitos de forma a ultrapassar seu
corpo adoecido, enxergando-os como pessoas reais, com seus desejos, sentidos,
protagonismos, e capacidade de ressignificar a sua própria existência e a sua forma
de se perceber e se posicionar perante o mundo, nesse momento tão singular no
qual continuam a construir sua itineração pela vida”

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Bases do tratamento modificador da
doença

Cirurgia Radioterapia Quimioterapia


Quimioterapia
• Poliquimioterapia – atuação nas diversas fases do ciclo celular;

• Classificação dos quimioterápicos antineoplásicos:

• Quanto à sua relação com o ciclo celular (ciclo-específicos e ciclo-inespecíficos);

• Quanto à estrutura química e função celular (Alquilantes, Antimetabólicos,


Topoisomerase-interativos, Antibióticos antitumorais
Quimioterapia
Quimioterapia
• Emprego de substancias químicas, isoladas ou em combinação, com o objetivo de
tratar as neoplasias malignas;

• agem diretamente na célula, atuando nas diversas fases do ciclo celular

• Doenças do sistema hematopoiético e para os tumores sólidos;

• Efeitos colaterais: ação do tratamento em células saudáveis;

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Quimioterapia
• Interfere nas condições físicas do paciente

• insônia, naúsea, fadiga, perda de apetite, alopecia

• Interferência na realização das atividades de vida diária

• diminuição da independência e autonomia

• Interferência nos relacionamentos interpessoais

• Autoconceito e enfrentamento

• Alterações emocionais

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Quimioterapia - Finalidades
• Curativa – objetiva a erradicação de evidências da neoplasia. Exemplos:
leucemias agudas e tumores germinativos;

• Paliativa – visa a melhorar a qualidade de vida do paciente, minimizando os


sintomas decorrentes da proliferação tumoral;

• Potencializadora – quando utilizada simultaneamente à radioterapia.


Quimioterapia – Escolha do tratamento
• O diagnóstico histológico e a localização da neoplasia.

• O estádio da doença, incluindo padrões prováveis de disseminação para localizações


regionais e a distância.

• Toxicidade potencial de uso.

• Duração da toxicidade presumida

• Condições clínicas do paciente


Quimioterapia – Vias de administração

Oral; Intravenosa;

Intravesical; Tópica
Quimioterapia – Oral
Vantagens Desvantagens

• Baixo custo • É contra indicada para pacientes com


• Ao ser administrado não requer quadro de êmese, disfagia, déficit
profissional especializado neurológico

• Indolor • A absorção é mais lenta e menos

• Procedimento não invasivo precisa

• Menos tóxico
Quimioterapia – Intravenosa
Vantagens Desvantagens

• Absorção mais rápida • A administração requer profissional


• Alcance de níveis séricos precisos especializado
• Procedimento invasivo, pode causar
dor
• Apresenta limitações de fragilidade
cutânea e vascular, neutropenia e
trombocitopenia
Quimioterapia – Intravesical

Vantagens Desvantagens

• Toxicidade sistêmica reduzida • Pode causar sintomas como dor,


urgência urinária, polaciúria, disúria,
dermatite e eritema da genitália
externa
Quimioterapia – Tópica
Vantagens Desvantagens

• Baixo custo e toxicidade • Via pouca utilizada por apresentar risco


• Procedimento não-invasivo e indolor de exposição coletiva

• Tem como fator limitante a estabilidade


da medicação quando manipulada

• Possibilidade de baixa adesão ao


tratamento
Efeitos colaterais dos antineoplásicos
Complicações do tratamento
quimioterápico antineoplásico

Síndrome da lise
Anafilaxia Flebite
tumoral aguda

Extravasamento
Radioterapia
o Uso terapêutico de radiações ionizantes;

o Tipos: Teleterapia, braquiterapia, intra operatória

o Administração de radiação a um volume-alvo;

o Precisão – proteção de tecidos normais


Finalidades da radioterapia

o CURATIVA:

É realizada com o intuito de tratar tumores radiossenssíveis. Pode ser classificada em:

o Curativa Adjuvante: Realiza-se a cirurgia e em seguida o tratamento radioterápico.

o Curativa Neo-Adjuvante: O cliente é submetido primeiramente a radioterapia para


diminuir o tamanho do tumor e melhorar as condições cirúrgicas a seguir.
Finalidades da radioterapia

o PALIATIVO:

o É um tratamento a curto ou longo prazo, que busca a remissão de

sintomas para diminuir o sangramento, aliviar a dor, obstruções e

compressão neurológica.
Princípios da radiobiologia
o Interação da radioterapia com a matéria

o Direta: Atinge diretamente os componentes celulares

o Indireta: Produção de radicais livres que interagem com a água intracelular

o Ciclo celular

o Radiossensibilidade é maior na fase de mitose e menor na G1


Princípios da radiobiologia
o Influência do oxigênio

o Hipóxia nas células centrais – morte celular periférica

o Repopulação

o Crescimento celular normal e tumoral

o Fracionamento de dose

o Continuidade do tratamento
4 R´s da radiobiologia

Fracionamento da dose

Reparo Redistribuição Repopulação Reoxigenação

• Do dano • Ciclo celular • Tecidual de • Das zonas de


subletal longo células hipóxia no
• Reparo de • Fases do ciclo normais centro do
células mais tumor
normais radiossensiveis
Tratamento combinado
1. Menor efeito do tratamento radioterapico em tumores de grande volume;

2. Avanços dos estudos para implementação do tratamento;

3. Radiossensibilizante;

4. Quimioterapia + Radioterapia.
Interações entre a radioterapia quimioterapia

Efeito aditivo Efeito supra-aditivo Efeito subaditivo

• Droga não é • Droga • Diminuição do


radiossenbilizante radiossensibilizante efeito da
• Efeito citotóxico • Efeito citotóxico radioterapia
resultante é a resultante é maior • Efeito citotóxico é
soma dos efeitos que a soma dos menor que a soma
indenpendente do efeitos de cada dos efeitos de cada
tratamento do agente agente
combinado separadamente separadamente
Iodoterapia
o Câncer de tireoide;
o Internação em quarto especial com isolamento radiológico, em média de 48 horas;
o sem a rotina de cuidados diretos, a não ser em situações estritamente necessárias e
emergenciais
o Preparo para o tratamento (interrupção da reposição hormonal): fraqueza nas pernas,
pensamento lento, dificuldade de compreensão, sonolência, agitação, constipação
intestinal, dentre outras sintomatologias, compatíveis com o hipotireoidismo.

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Cirurgia
• Finalidade curativa ou paliativa;

• Margem de segurança

• Linfadenectomia;

• Biópsia por congelação das bordas

• Planejamento cirúrgico
Cirurgia
• Estima-se que cerca de 80% realizam algum procedimento cirúrgico desde a
descoberta da doença

• Ressecabilidade (tumor) x Operabilidade (condição clínica do paciente)

• Cirurgias exploratórias (Laparotomias);

• Associação de tratamentos (quimioterapia, radioterapia, hormonioterapia)

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Cirurgia
o Estadiamento e diagnóstico

o Estadiamento clínico e patológico

o Estadiamento: Determinação do tamanho do tumor, presença ou não de linfonodos e


metástases, resultando no sistema de classificação TNM

o Diagnóstico: realização de biópsia cirúrgica (remoção de uma amostra do tumor)

o Manejo clínico: curativa, paliativa e reconstrução

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Cirurgia – principais especificidades
• Incisão cirúrgica ampla e adequada.

• Remoção tumoral com margem de segurança.

• Ressecção em bloco do tumor primário e das cadeias linfáticas, quando indicada.

• Troca de luvas, de campos operatórios e de instrumental cirúrgico, após o tempo


de ressecção tumoral.

• Marcação com clipes metálicos, sempre que necessário, para orientar o campo de
radioterapia pós-operatória.
2023 50
Medo,
Incerteza perante ao momento intraoperatório e ao
futuro,
Insatisfação com o próprio corpo após a cirurgia

2023 51
Cuidado de Enfermagem
nos principais efeitos
adversos
Orientação

Consulta de
Reabilitação Prevenção
Enfermagem

Tratamento
Radiodermite
o Lesões cutâneas provocadas por exposição excessiva à radiação

o Radiodermite aguda:

Eritema inicial, edema progressivo, hipercromia, descamação seca, úmida e


ulceração, dependendo da dose de radiação.

o Radiodermite crônica

Isquemia, alterações pigmentares, espessamento, telangiectasia, ulceração


e fibrose.
(INCA, 2006)
Critérios definidos pela Radiation Therapy
Oncology Group (RTOG)

Grau 1 Grau 2 Grau 3 Grau 4

• Eritema • Eritema • Eritema • Ulceração;


folicular intenso; rubro • Hemorragia;
moderado; • Edema escuro, • Necrose
• Epilação; moderado; brilhante e
• Descamação • Descamação doloroso;
seca úmida em • Descamação
• Hipercromia placas
Atuação da enfermagem na radiodermite

o Diagnóstico de Enfermagem: Integridade da pele prejudicada

✓ Avaliação da evolução da radiodermite a partir do RTOG

✓ Aplicar intervenções de acordo com a classificação RTOG

✓ Utilizar produtos que promovam a hidratação da pele, mantenham a


elasticidade, diminuam o prurido, o eritema e descamação;

✓ Avaliação da dor
Atuação da enfermagem na radiodermite

o Diagnóstico de Enfermagem: Integridade da pele prejudicada

o Orientar o paciente a:

✓ Evitar o uso de cosméticos, perfumes, cremes hidratantes e óleos na pele sem


prescrição medica

✓Evitar traumas ou atrito corporal

✓Evitar roupas apertadas


Atuação da enfermagem na radiodermite

✓ Aplicação de compressas frias de chá de camomila

✓ Utilização de pomadas a base de aloe e vera, conforme prescrição médica

✓Inspecionar a pele diariamente

Suspender a Radioterapia
quando necessário
Mucosite
o Inflamação de mucosa oral, que se manifesta através de eritema, ulceração, hemorragia,
edema e dor;
o Pacientes submetidos à radiação em campos cérvico-faciais (câncer de cabeça e pescoço) e
quimioterapias;
o Os fatores de risco: Local do campo de radiação; preexistência de doença dentária, higiene
oral precária, baixa produção de saliva, função imune comprometida e focos de infecção local
o Tratamento combinado (RXT e QT) aumentam a incidência da mucosite oral em 100% dos
casos

(INCA, 2006)
Evolução clínica da mucosite

o Varia de acordo com a resposta individual do paciente e com a dose de


radiação ou tipo de quimioterapia.

• Eritema e esbranquiçamento da mucosa, fase esta em que o paciente refere


sensação de queimação.

• Lesões ulcerativas e de pseudomembranas, etapa em que o paciente refere dor


localizada, odinofagia e disfagia.
Atuação da enfermagem na Mucosite

o Primeira consulta – avaliar cavidade oral


✓ Preexistência de doença dentária;

✓ Higiene oral precária;

✓ Baixa produção de saliva;

✓ Função imune comprometida;

✓ Focos de infecção local;


Atuação da enfermagem na Mucosite

o Consultas subsequentes
o Quando identificada registrar o grau de mucosite e acompanhar evolução do
quadro;
o Avaliação da dor;
ESCALA ESCALA 0 ESCALA 1 ESCALA 2 ESCALA 3 ESCALA 4

Toxicidade oral Mucosa Normal Sensibilidade e Eritema e ulcera Ulceras O paciente não
eritema (ingestão de (ingestão consegue se
alimentos de alimentos alimentar
sólidos) líquidos)

Fonte: Organização Mundial da Saúde (1988)


Atuação da enfermagem na Mucosite

o Diagnóstico de Enfermagem: Mucosa oral prejudicada

✓ Proporcionar alívio ideal da dor, com analgesia prescrita;

✓ Orientar sobre técnicas não invasivas de alívio da dor, como uso da crioterapia;

✓Consultar médico ou enfermeiro especializado sobre soluções orais para alívio


da dor;

✓ Observar perda de peso.

(Araujo et al, 2015)


Xerostomia
o Exposição das glândulas salivares pelo feixe de radiação resulta em alterações na
qualidade e composição da saliva;

o Saliva de consistência torna-se espessa e viscosa, devido à falência total da porção


serosa da glândula salivar, mais sensível à radiação;

o Essas mudanças impedem o funcionamento oral e as atividades diárias são


severamente restritas;

o Inicio nos15 primeiros dias de aplicação de radiação.


Atuação da enfermagem na xerostomia

o Orientações para

✓ Manter a umidade bucal;

✓ Prevenção de infecções;

✓ Ingestão abundante de água.

✓Uso de saliva artificial antes das refeições e antes de dormir.

✓Uso de gomas de mascar e balas de hortelã sem açúcar.


Fadiga
o Sintoma subjetivo e multifatorial;

o Ocasionada pela doença de base ou em decorrência do tratamento;

o Importante aumento durante a radioterapia;

o Platô entre a quarta e quinta semanas de radioterapia até a segunda semana


após o término do tratamento.
Atuação da enfermagem na fadiga

o Avaliação global do paciente;

o Manter a capacidade funcional do paciente;

o Minimizar perdas de energias desnecessárias;

o Realização de procedimentos quando necessários (Oxigenoterapia, transfusão


sanguínea, administração de antibióticos, etc)
Grata pela atenção
@profa_luana.caldini
luana.caldini@uece.br

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