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Escola Estadual Salvelino Fernandes Madeira

Qual a diferença entre poesia e poema?


Quando falamos do poema, estamos tratando da obra, do próprio texto; e, quando falamos em poesia,
tratamos da arte, da habilidade de tornar algo poético.
Uma pintura, uma cena de um filme também podem ser poéticas. Poemas são textos que gostam de
espaço a sua volta. Bastante espaço.
É fácil identificar um poema pela sua forma. Ao contrário da prosa, as linhas de um poema, que são
chamados de versos, não correm até o final da página. Às vezes, os versos de um poema formam grupos,
separados por uma linha em branco.
Cada grupo de versos recebe o nome de estrofe.
Algumas estrofes são bem regulares, outras são mais bagunçadas, com números diferentes de versos.
Quanto à forma...
Os poemas podem ser bem variados. O poema de várias estrofes e poemas de apenas uma estrofe.
Além da forma, o som também é muito importante nos poemas. Poetas adoram brincar com a sonoridade.
Um dos recursos mais usados são as rimas, produzidas por palavras que têm o mesmo som ou um som muito
parecido. Poemas podem ser rimados ou ter “versos livres” (versos brancos), ou seja, sem rimas. Todo
poema possui seu ritmo. Alguns ritmos são mais regulares, outros, não. Podemos perceber esse ritmo com
mais clareza quando lemos os poemas em voz alta. Pense no ritmo como uma batida criada a partir dos sons
mais fortes das palavras do poema.
Resumindo: um poema é um texto formado por versos, que se reúnem em estrofes e que são
marcados por recursos sonoros e rítmicos.
Além da forma, o que mais há de diferente na poesia? – você poderia perguntar. A linguagem poética,
nós responderíamos.
A linguagem poética é diferente da linguagem que usamos em textos informativos, como jornais, ou
textos expositivos, que precisam ser objetivos, diretos e claros. Por isso não lemos um poema como outros
textos quaisquer que façam parte de nosso cotidiano.
Os poetas exploram o sentido das palavras ao máximo, revelando significados escondidos. As palavras
podem ter todos aqueles sentidos do dicionário e mais outros tantos (denotação e conotação). Na poesia, as
palavras aparecem como se fossem novas, adquirindo sentidos diferentes daqueles a que estamos
acostumados.
Eu poético – Os poetas escrevem seus poemas para expressar suas ideias, suas visões de mundo, suas
reflexões, suas emoções. Algumas vezes há um “eu” que fala no poema e se dirige a um “você”. Isso
acontece muito em poemas de amor e esse “eu” que fala no poema pode ser feminino (quando é uma
mulher) ou masculino (quando é um homem). A esse “eu” que aparece no poema, e que não é
necessariamente a voz do próprio poeta, chamamos “eu poético” ou “eu lírico”.

Escola Estadual Salvelino Fernandes Madeira

Infância
Carlos Drummond de Andrade
Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.
Minha mãe ficava sentada cosendo.
Meu irmão pequeno dormia.
Eu sozinho menino entre mangueiras
lia a história de Robinson Crusoé,
comprida história que não acaba mais.

No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu


a ninar nos longes da senzala - e nunca se esqueceu
chamava para o café.
Café preto que nem a preta velha
café gostoso
café bom.

Minha mãe ficava sentada cosendo


olhando para mim:
- Psiu... Não acorde o menino.
Para o berço onde pousou um mosquito.
E dava um suspiro... que fundo!

Lá longe meu pai campeava


no mato sem fim da fazenda.

E eu não sabia que minha história


era mais bonita que a de Robinson Crusoé.

1- Explique o uso do travessão na frase: “─ Psiu... Não acorde o menino”.


2. O poema “Infância” pode ser considerado um poema narrativo. Marque a alternativa que justifica essa
afirmação.
(   ) No poema, os sentimentos do narrador são expressos de maneira poética.
( ) No poema, é narrada uma história escrita em versos.

3. Assim como as narrativas em prosa, nesse tipo de poema, há uma história narrada pelo eu lírico: há
presença de personagens, são apresentadas algumas situações, que acontecem em um determinado espaço e
tempo.

a) Em toda narrativa, seja em versos ou em prosa, há um ou mais personagens. Quem é o personagem
principal do poema lido?
b) Em que pessoa os fatos são narrados: 1ª- ou 3ª- pessoa? O que o uso dessa pessoa evidencia com relação a
quem se referem os fatos?
c) Quem são os demais personagens do poema?
d) O ambiente geralmente é apresentado no início da narrativa. Onde acontece a história do poema
“Infância”? Justifique sua resposta com um trecho do poema.

4. O poema “Infância” é organizado em versos e estrofes.


a) Quantas estrofes há no poema?
b) Elas apresentam a mesma quantidade de versos? Explique sua resposta.
c) Nesse poema, é possível identificar rima? Em caso afirmativo, em que estrofe(s) ela(s) aparece(m)?

5. No poema lido, a lembrança do passado é sugerida por meio de sentidos como a visão, o paladar e a
audição. Em qual(ais) estrofe(s) isso fica evidente?
(   ) Na primeira estrofe.
(   ) Na segunda e na terceira estrofes.
(   ) Na quarta e na quinta estrofes.
( ) Apenas na segunda estrofe.

6. Que fatos cotidianos o eu lírico narra nesse poema? Justifique sua resposta.
7. Em alguns versos, o eu lírico demonstra alguns sentimentos específicos em relação a determinados fatos
vividos. Relacione os sentimentos a seguir aos versos em que eles são expressos.
a) Satisfação
b) Solidão ( ) “Lá longe meu pai campeava / no mato sem fim da fazenda.”
c) Tranquilidade ( ) “Eu sozinho menino entre mangueiras / lia a história de Robinson Crusoé.”
d) Ausência ( ) “E eu não sabia que minha história / era mais bonita que a de Robinson Crusoé.”
( ) “E dava um suspiro... que fundo!”
8. No final do poema, o eu lírico faz uma comparação entre a sua história e a de Robinson Crusoé. Você
conhece a história desse personagem? Leia algumas informações a seguir.

Cansado da vida pacata de sua cidade, na Inglaterra, o jovem Robinson Crusoé decide se tornar marinheiro
para experimentar grandes aventuras em alto mar. Ao sair de viagem com destino à África, ele não imagina
que ali estava começando a maior das aventuras que um marinheiro poderia viver. Durante a viagem, uma
terrível tempestade faz seu navio naufragar, e ele, o único sobrevivente do desastre, consegue se salvar
nadando até uma ilha deserta. Sozinho naquele lugar, Crusoé é obrigado a encontrar alternativas e recursos
para se manter vivo. E assim foi por 27 anos, dois meses e dezenove dias, até ser, enfim, resgatado.

Com base nessas informações, o que o eu lírico quer dizer quando compara a sua história com a de Robinson
Crusoé?
Ele compara a sua vida de menino que vivia sozinho “Eu sozinho menino [...]”, isolado, no campo, longe do
contato com outras pessoas, com a história de Robinson Crusoé, que, em razão de um naufrágio, fica
afastado da civilização, ou seja, solitário, isolado do contato humano. Além disso, ele conclui que, mesmo
que Robinson Crusoé tenha vivido muitas aventuras, sua própria história é mais bela que a do personagem
cuja história ele lia.
9. Ao lermos o poema, identificamos dois olhares do eu lírico sobre a sua história: a do menino que vive a
infância e a do adulto que a relembra.

a) Que olhar descreve fatos de uma vida aparentemente monótona, com uma sensação de solidão, de falta de
carinho?
b) Que olhar visualiza os fatos, valorizando a simplicidade e beleza cotidiana?
10. No final do poema, o eu lírico afirma que a sua história é mais bela que a do personagem Robinson
Crusoé. Por que ele a considera dessa maneira? Marque a explicação correta.
(  ) O eu lírico considera sua vida mais bonita que a do personagem Crusoé porque é uma história que foi
vivida em uma fazenda e não em uma ilha deserta, sozinho e isolado da civilização.
( ) O eu lírico considera sua vida mais bonita do que a do personagem Crusoé porque é uma história vivida
e sentida, diferentemente da história ficcional do personagem Robinson Crusoé.

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