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TRANSCRIÇÃO MINI AULA 02

MEMÓRIAS PÓS-
TUMAS DE BRÁS
CUBAS
MACHADO DE ASSIS
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Introdução e comentários

Fala, pessoal, tudo bem?

Sejam bem-vindos à segunda miniaula sobre Memórias Póstumas aqui no


Clubão do Raul 2022!

Em nossa primeira miniaula, expliquei os nove capítulos iniciais de Memórias


Póstumas, que têm o intuito de nos apresentar a personalidade de Brás Cubas.

Porém, percebi que há um segundo problema em nossa leitura de Memórias


Póstumas, e decidi falar sobre isso nessa segunda miniaula.

Esse problema é fruto justamente de nosso contato com clássicos da literatura:


a linguagem.

Você deve ter percebido, leitor, que ler Machado de Assis não é nada parecido
com ler algum autor moderno como, digamos, Paulo Coelho — sem desmerecer
este escritor, claro.

Quando você abre O Alquimista e se depara com seu texto, percebe que é tudo
muito simples. O vocabulário é extremamente reduzido, não há nenhum tipo de
dificuldade de compreensão imediata.

Você não precisa ler uma frase d’O Alquimista duas vezes — às vezes três — para
que consiga entendê-la. Tudo flui muito suave e naturalmente.

Mas quando abre Machado de Assis, você percebe que as coisas não são bem
assim.

Ali existe uma linguagem muito diferente, e para muitas pessoas surge a
incômoda percepção de que tal linguagem é superior ao vocabulário comum.

A linguagem que encontramos nas obras de Machado de Assis está, de algum


modo, num patamar acima da linguagem corrente, ou “moderna” — este último
termo está errado e vou explicá-lo melhor depois.

Porém, sem mais delongas, vamos à aula!

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Ínicio da aula

De fato a linguagem de Machado de Assis é superior.

“Nossa, Raul, que absurdo! Que retrógrado! Que reacionário! Que racista! Está
dizendo que Machado de Assis é melhor que outros escritores? Que a linguagem
de Machado de Assis é mais rica do que a das pessoas de hoje em dia? Está
dizendo que existem linguagens superiores à outras?”

Hoje em dia, essas e muitas mais problematizações podem surgir como respos-
ta a uma afirmação tão simples. Mas não vamos enveredar por esse caminho; eu
quero que você apenas confie em mim, leitor.

Se você está no Clube, espero que possa confiar um pouco no que digo, por isso
afirmo novamente: a linguagem de Machado de Assis é superior a 95% de tudo
o que você vai encontrar por aí, em qualquer mídia. O que não quer dizer que
Machado não tenha alguns problemas. Entretanto, voltaremos a esses tópicos
mais a frente. Antes, quero te dar um conselho.

Um conselho essencial

O primeiro conselho que quero te dar, leitor, é o seguinte: se você ficou perdido
durante a leitura, e não consegue desfazer aquela selva de vocabulário enquanto
lê Memórias Póstumas, o único pensamento que não quero que você tenha é
que o que leu poderia ter sido dito de modo mais simples.

Você pode pensar que o autor está meramente sendo prolixo, ou usando pala-
vras difíceis para parecer bonito diante dos outros. Esse é justamente o tipo de
pensamento que não quero passando por sua cabeça.

É normal que haja dificuldades e você sinta-se perdido. É natural que, muitas
vezes, você não entenda quase nada do livro caso seja um leitor iniciante; mas
você não é um alienígena, e muito menos especialmente burro por conta disso.

Você só não está acostumado. É normal. O que não é normal é você se julgar
superior ao Machado. Que você ache que sua linguagem, a nossa linguagem de
hoje em dia, é superior à do Machado.

NÃO É. Por enquanto confie em mim, leitor, que no final da aula eu lhe mostrarei
isso com mais clareza.
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Problemas com Machado

Mantendo tudo isso em mente, quero dizer que, de fato, Machado tem alguns
probleminhas. Machado de Assis foi nosso maior escritor, um gênio assombro-
so. Porém tinha algumas manias que podem atrapalhar um pouco a leitura de
suas obras.

Vejamos um pouco mais sobre elas a seguir.

Digressões

A primeira dessas manias, que já foi exaustivamente apontada por críticos, é seu
hábito de inserir muitas digressões no meio de seus livros. E o que são digres-
sões? Lembra-se do capítulo sobre o nariz? Pois bem, aí está.

Digressões são desvios da conversa. O sujeito está contando a história quando


surge alguma ideia que lhe pareça boa, engraçada ou sutil, ou alguma frase
especialmente bacana lhe passe pela cabeça.

Então o escritor corta a história, abre um capítulo novo — muitas vezes não mais
do que um parágrafo — e faz uma digressão.

Com isso o autor desenvolve uma ideia ou expande uma imagem. Pega algo da
narrativa e o separa, tornando-o algo próprio. Só que, no caso de Machado, às
vezes ele exagera um pouco nesse processo.

Mas por que Machado exagera?

Em primeiro lugar, Machado tinha inventividade e criatividade quase inesgotá-


veis. Logo, é compreensível que de vez em quando cedesse à tentação de enfiar
uma digressão em sua narrativa só porque, oras, teve uma ideia que lhe pareceu
muito boa.

Uma frase gostosa de ouvir, uma ideia grandiosa, algo muito original… São todos
motivos, pois Machado era extremamente original.

Se você, leitor, sentiu dificuldade ou ficou nervoso com isso, saiba que não está
sozinho: muitos críticos concordam com você, gente que sabe do que está falan-
do quando se trata de leitura.

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Referências

O segundo tópico na qual Machado tende a exagerar um tiquinho são as


referências.

Me refiro aqui a referências míticas; referências a outros autores ou livros, a


eventos históricos específicos; a figuras históricas e toda e qualquer outra
referência cultural.

Esse hábito pode ser, de vez em quando, um pouquinho exagerado nas obras de
Machado, chegando a nos fazer indagar se seria necessário enfiar uma
referência tão específica em um cantinho qualquer da narrativa, como ele
muitas vezes faz.

Imagina só, leitor, ficar caçando as referências de Machado numa época em


que não havia Google, Wikipédia e nem o Mestle?

É óbvio que muitos leitores passavam por cima de uma porrada de detalhes sem
conseguir absorvê-los.

No fim, é ótimo que haja referências culturais nos livros de Machado, pois isso os
enriquece, mas a crítica também é quase unânime em dizer que Machado
exagerava um pouco nesse ponto.

Arcaísmos

Embora este seja um defeito muito mais brando que os dois anteriores, ele ainda
existe: os arcaísmos.

Arcaísmo é uma palavra muito antiga, já caída em desuso.

Machado aprendeu a escrever com os mestres portugueses, e de vez em


quando não resistia a puxar um arcaísmo — uma palavrinha antiquíssima — lá
dos clássicos portugueses para enfiá-la em suas obras.

Isso, repito, é um defeito muito menos corriqueiro de Machado, mas pode


transformar-se numa dificuldade na hora de lê-lo.

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Vou dar alguns exemplos desses arcaísmos em frases:

“Assim andou por alongados climas…”

Alongado aqui significa distante ou afastado.

“Diadema de pérolas feitiças…”

Pérolas feitiças são pérolas falsas, falsificadas.

“Era um lindo garção, lindo e audaz…”

Garção quer dizer o mesmo que rapaz. Um rapaz bonito, vistoso.

Se você sente dificuldades com digressões, referências e palavras que sejam


realmente diferenciadas, saiba que você não é uma pessoa especialmente
burra; está apenas sofrendo um pouquinho com falhas que Machado tinha como
escritor.

Portanto, leitor, nem tudo são trevas em suas dificuldades, pois nem todas as
dificuldades partem de você. Em alguns momentos elas vêm do próprio autor.

Por isso eu quis mostrar esses pequenos defeitos de estilo da escrita de


Machado de Assis para que você não fique aí sentindo-se mal por não entender
direito Memórias Póstumas.

Agora, sabendo de todas estas coisas, quero que voltemos ao início de nossa
aula, em que eu disse que a linguagem de Machado era superior.

A linguagem de Machado

Por que a linguagem de Machado de Assis é superior?

Uma das definições sobre literatura que eu mais gosto é a de que ela “é uma
forma memorável de dizer as coisas”. Se você ler, por exemplo, o capítulo em
que Brás Cubas apresenta Marcela, uma prostituta que basicamente o engana
para que ganhe dele um monte de dinheiro e jóias, vai perceber que a trama não
tem nada de muito fantástica.

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É algo banal, corriqueiro. Não há nada de especialmente elevado ou grandioso


nos acontecimentos. Mas existe uma diferença: a forma com que Machado
conta aquela história. Machado o faz de forma memorável. E o que quer dizer
memorável?

Aquilo que fica na memória. E isso é muito relevante. Mas por quê?

Eugen Rosenstock-Huessy

Eugen Rosenstock-Huessy foi um filósofo da linguagem — sim, isso existe.

Trocando em miúdos, Eugen estudava filosoficamente o fenômeno da


linguagem. Eugen queria saber o que diabos era a linguagem. Para que ela
servia? Qual era sua natureza? De onde tinha surgido?

Eugen escreveu um livro intitulado A Origem da Linguagem, onde apresenta


uma teoria para explicar como a linguagem se desenvolveu.

No livro, Eugen diz que existem basicamente três estágios da linguagem.

O primeiro foi chamado por ele de estágio pré-formal: essa linguagem vem
antes da forma. É a linguagem dos bichos e alguns dialetos rudimentares do
homem.

Urros, gritos, gemidos e barulhos diversos, que não são articulados, se


enquadram aqui, já que aos sons articulados nós atribuímos sentido. Só quando
combinamos esses sons em milhões de combinações diferentes, temos uma
língua como o português, por exemplo.

Rosenstock alega que a linguagem não se desenvolveu naturalmente ao


longo do tempo.

Segundo ele, havia a linguagem pré-formal, e então houve um salto, seja divino
ou não, mas inexplicável, e caímos de bandeja na linguagem formal: a
linguagem propriamente humana.

É também conhecida como linguagem nominal, que dá nome às coisas. Essa


linguagem está mais de acordo com a realidade.

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E isso nos leva ao terceiro estágio, o da linguagem informal: uma degeneração


da linguagem formal.

É, por exemplo, a linguagem das crianças. Se uma criança diz “papai” ou


“mamãe”, isso quer dizer alguma coisa? Quer. É uma linguagem articulada? Sim.

Mas é uma linguagem plenamente articulada e significativa? A criança sabe


realmente o que está dizendo?

Não, ela não sabe, pois trata-se de uma imitação.

É uma linguagem degenerada.

Porque a linguagem formal parte de um ser humano que sabe muito bem tudo o
que está implicado nas palavras “pai” e “mãe”.

Seu pai é quem lhe deu sua vida. Sua mãe é quem lhe deu sua vida. Se não fosse
a consumação de um ato de amor entre ambos você simplesmente não existiria.

Isso é uma linguagem formal.

Um outro exemplo que Eugen dá é o seguinte: você sai na rua e diz “que dia
bonito”. Essa é uma linguagem informal.

Mas por quê?

Porque a linguagem formal é a linguagem do salmista, que olha para os céus e


diz: “Os céus resplandecem a glória de Deus.”

A linguagem do salmista se aproxima mais da grandeza real do céu.

Linguagem formal e informal

E não importa que você não seja religioso, leitor: o céu tem uma grandeza.

Se você olha para o céu e não sente nada, significa que está com a sensibilidade
amortecida. E que saber? Quase todos olham para o céu e não sentem nada.

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Quer dizer que quase todos nós estamos com a sensibilidade apagada; estamos
pensando em coisas menores, pois não conseguimos olhar para o céu e
enxergar ali um espetáculo.

A linguagem formal está sempre mais próxima das coisas como elas
realmente são, entende, leitor?

Já a linguagem cotidiana — do IG, da TV, das nossas conversas diárias etc. — é


informal, porque não está próxima da grandeza, da estranheza, do terror, da
maravilha que é a vida humana.

Morte, saudade, amor, afeto, loucura…

Sair de casa e ver, acima de sua cabeça, uma interminável cortina azul estendida
por algum deus, e meramente dizer: “Nossa, que dia bonito.”

Consegue perceber que as duas coisas não se encaixam, leitor? A linguagem


não está no mesmo nível da experiência.

Percebe que a frustração de não conseguir dizer algumas coisas é a mesma


frustração de não conseguir igualar sua linguagem à sua experiência?

Por que as pessoas ficam frustradas, por exemplo, quando tentam escrever um
texto em homenagem a alguém que amam, por ocasião de uma morte ou de um
casamento, e não sai nada?

Elas sentem, em seu íntimo, que o que está dentro delas é muito grande, muito
maravilhoso, muito elevado, e não conseguem transportar essa grandeza para
as palavras. Então, empobrecem sua experiência.

Pois bem: a linguagem cotidiana empobrece TODAS as experiências humanas.


Essa é a linguagem informal.

Quando você vai, digamos, a uma missa, um rito religioso bem celebrado, em
que há a leitura de um livro sagrado com uma linguagem solene e grave, o que
está acontecendo?

O rito religioso é uma tentativa de te tirar desse nível mais baixo, colocando-o
de novo em contato com um nível mais alto.

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Quando você vai a um tribunal em que há julgamentos que vão definir a vida de
alguém — às vezes para sempre — e ouve a linguagem formal dos juízes e
advogados, sente que essa forma de falar é apropriada, pois algo grave e solene
está acontecendo.

Ninguém chega num tribunal de bermuda florida e havaianas, assim como não
se chega num funeral de shortinho e miniblusa. Nessas ocasiões usamos preto
e ficamos em silêncio pois sabemos que algo grandioso está acontecendo.

Só que a vida não é esquisita, estranha ou grandiosa só nesses momentos,


leitor.

Diariamente a vida é assim.

Todos os dias você está tomando decisões que vão mudar sua vida. A todo
momento você está lidando com a pessoa com a qual escolheu passar o resto
da vida. Diariamente está tentando educar seus filhos para que se tornem
pessoas boas.

Esses são dramas e experiências extremamente significativos.

Só que a linguagem cotidiana banaliza isso, cada vez mais. E qual é o remédio
para essa situação?

O remédio para isso é alguém que diga as coisas de forma memorável.

São os poetas e os escritores.

Logo, é normal que você sinta estranheza diante de Machado de Assis não só
porque ele tem o vocabulário mais rico que o seu ou por causa de algum dos
defeitos que citei.

É natural que você sinta essa estranheza porque não está acostumado com
uma linguagem que tenta se elevar ao nível das experiências humanas.

No final das contas, leitor, você não está acostumado com a linguagem humana
de verdade,e sim habituado à linguagem informal, uma degeneração da formal.

Degeneração significa perda. Se eu digo que uma linguagem está degenerada,


significa que ela perdeu o ajuste de tom entre si e a realidade que designa.

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Se quero falar de amor, saudade, morte, religião, filosofia, ciúme… Tudo isso é
sério e relevante, leitor. E você perde tudo isso com a linguagem informal.

Quando você dá de cara com um grande escritor, em especial Machado, que


tem um estilo marcante, é como se ele te despertasse para essas coisas.

Uma analogia

Certa vez vi um vídeo sobre um daltônico.

Hoje em dia existe uma tecnologia embutida em um óculos, que devolve no


daltônico a experiência de enxergar as cores como uma pessoa normal, visto
que o daltônico enxerga pouquíssimas cores.

E a parte engraçada, veja bem, é que o daltônico não é cego. Ele enxerga as
coisas.

Só que ele não as enxerga como realmente são.

O daltônico vê as coisas desbotadas, deturpadas, diminuídas, pois as cores


vibrantes fazem parte das coisas.

A família desse daltônico, depois de muito esforço, consegue comprar os óculos


para ele e fazem-lhe uma surpresa em seu aniversário.

Assim que põe os óculos, o homem os tira, assustado, e olha para todos em volta
de si, perplexo. Ele coloca os óculos novamente, olha, tira de novo,
assustadíssimo, e… começa a chorar desesperadamente.

O homem coloca os óculos mais uma vez e chora, e chora, e chora. Seus
familiares — e eu também — choraram junto daquele homem.

Antes de colocar os óculos, a visão do homem não conseguia transmitir-lhe a


riqueza da realidade. É exatamente assim com a linguagem.

A maioria das pessoas são daltônicas em relação à linguagem. Elas têm dois ou
três recursos de comunicação. Não conhecem sinônimos. Nunca viram alguém
dizer algo de modo memorável, para que a grandeza da linguagem ao menos se
aproxime da magnitude da experiência.

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Memorável

Quando você chega, por exemplo, ao capítulo do delírio, em que existe a


maravilhosa passagem onde Brás Cubas descreve a fútil tentativa do homem
ser feliz, nos seguintes termos:

“Então o homem, flagelado e rebelde, corria diante da fatalidade das coisas,


atrás de uma figura nebulosa e esquiva, feita de retalhos, um retalho de
impalpável, outro de improvável, outro de invisível, cosidos todos a ponto
precário, com a agulha da imaginação; e essa figura — nada menos que a
quimera da felicidade — ou lhe fugia perpetuamente, ou deixava-se apanhar
pela fralda, e o homem a cingia ao peito, e então ela ria, como um escárnio, e
sumia-se, como uma ilusão.”

A imagem aqui é a seguinte: um homem, rebelde, machucado, persegue uma


figura nebulosa — a felicidade. Essa figura é feita de pedaços de impalpável,
improvável e invisível, que nossa imaginação costura juntos, pois na realidade
essas coisas estão separadas.

E essa “camisa” costurada corre de nós, ou deixa-se apanhar só para que a


coloquemos no peito, a sintamos por algum tempinho, e depois ela suma, rindo
da nossa cara. Essa é uma forma memorável de dizer uma coisa na qual não
pensamos muito.

Conclusão

O nosso mundo “prático” e “real” é o mundo das contas a pagar, do filho


chorando porque quer comer; dos deveres com a faculdade; da chatice do chefe;
do carro que você quer comprar para impressionar o vizinho.

Mas existe uma coisa chamada felicidade, que é um conceito grande e difícil de
definir. Felicidade é algo em que não pensamos diretamente.

Até que vem um gênio como Machado de Assis e escreve isso de forma
memorável.

E você, leitor, nunca mais vai se esquecer de que, acima de tudo o que é prático,
existe algo chamado felicidade; existe uma busca da felicidade; e isso, de algum
modo, está acima do mundo aqui embaixo.

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Esse é apenas um exemplo, dentre tantos outros na obra de Machado.

Mas eu quis, com ele, te mostrar na prática, porque você pode sentir dificuldades
com Machado de Assis.

O choque pode vir, obviamente, de alguma falha sua, pois a maioria de nós não
tem familiaridade com a própria língua; temos pouca cultura e vocabulário
reduzido.

Ou também pode ser pelas falhas do próprio Machado de Assis.

Mas pode ser, também, porque você não está acostumado com a linguagem
formal.

Encerramento da aula

Peço, leitor, que você leve em consideração os pontos sobre os quais falei na aula
de hoje, e com isso consiga ganhar mais ânimo para continuar a leitura, não só
de Machado de Assis, mas de todos os livros do Clube.

Eu garanto que Machado será um dos autores mais difíceis, com vocabulário
mais rico e com as frases mais complexas, então se você passar por ele, é muito
difícil que não supere, tranquilamente, todos os outros, inclusive Dostoiévski.

Espero que esta miniaula tenha sido útil!

Nos vemos na próxima aula de nosso Clubão 2022!

Um abração do Mestle!

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