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Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJ8ED
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ
Promotoria de Justiça da comarca de Paraíso do Norte
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Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJ8ED
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ
Promotoria de Justiça da comarca de Paraíso do Norte
I. Objetivo da ação.
diretrizes traçadas pela direção do SUS, submetendo-se a controle ainda maior do poder
público e às diretrizes por ele traçadas.
III. a) Dos fatos que justificaram o ajuizamento da ação civil pública autuada sob o n.°
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx.
rescisão formalizada do ajuste, sob pena de imposição de multa de R$ 20.000,00 (vinte mil
reais) por usuário em que constatada recusa de atendimento (doc. 11).
contrato com o município havia se encerrado” (sic). Informaram, ademais, que ------ sequer
foi examinado por um médico, sendo que após retornaram para sua residência, somente sendo
atendido no dia seguinte na UBS do município (docs. 13 e 14).
Já em seus artigos 7º, incisos I, II e XII, e art. 43, o citado diploma prevê
expressamente os princípios da universalidade do acesso à saúde, a integralidade de
assistência, resolutividade dos serviços, a continuidade de sua prestação e a gratuidade das
ações e serviços:
Art. 43. A gratuidade das ações e serviços de saúde fica preservada nos
serviços públicos e privados contratados, ressalvando-se as cláusulas ou
convênios estabelecidos com as entidades privadas.
(…);
II – Manter atendimento 24 horas por dia para atendimentos de
urgência e emergência, conforme pactuação com o Gestor Estadual;
(...)
VII – Fornecer gratuitamente aos usuários do SUS, os serviços e todos
os medicamentos que necessitem ser utilizados em ambiente hospitalar,
e;
(...)
XV – Garantir acesso da população a serviços de saúde, atendendo os
pacientes com dignidade e respeito, de modo universal e igualitário,
mantendo sempre a qualidade da prestação de serviços.
Torna ainda mais gravosa a conduta ilícita dos requeridos se considerar que
a interrupção ilegal se deu na pior crise sanitária da história, isto é, no meio da maior
pandemia já vista. Na época da ilegal interrupção dos serviços, o número de mortes alcançou
recordes. Morria-se mais de Covid-19 do que por qualquer outra doença no mundo. Leitos
UTIs e de Enfermarias de hospitais públicos e particulares estavam lotados. No final do mês
de março de 2021, o Estado do Paraná contava com 844 (oitocentos e quarenta e quatro)
pessoas na fila de espera por leito de UTIs2. Portanto, não se observa pior momento em que
os requeridos poderiam escolher para descontinuar o atendimento aos usuários do SUS de
Paraíso do Norte e da região.
“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo”.
Foi também o Código do Consumidor, em seu art. 110, que adaptou a Lei
da Ação Civil Pública ao novo texto constitucional, acrescentando-lhe o inciso IV ao art. 1º,
ampliando sua tutela a qualquer interesse difuso ou coletivo.
Ainda, Felipe Teixeira Neto examina que é possível definir o dano moral
coletivo como aquele decorrente da lesão a um interesse de natureza transindividual titulado
por um grupo indeterminado de pessoas ligadas por meras circunstâncias de fato que, sem
apresentar consequências de ordem econômica, tenha gravidade suficiente a comprometer, de
qualquer forma, o fim justificador da proteção jurídica conferida ao bem difuso indivisível
correspondente, no caso, a promoção da dignidade de pessoa humana4.
3 BITTAR FILHO, Carlos Alberto. Do dano moral coletivo no atual contexto jurídico brasileiro. Revista de
Direito do Consumidor, São Paulo, n. 12, p. 44-62, out./dez. 1994
4 NETO, Felipe Teixeira. Dano moral coletivo. A Configuração e a Reparação do Dano Extrapatrimonial por
Lesão aos Interesses Difusos. Curitiba: Jiruá, 2014. p. 251
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valores primordiais de uma coletividade, sendo que tal dano ocorre quando a conduta
agride, de modo totalmente injusto e intolerável, o ordenamento jurídico e os valores éticos
fundamentais da sociedade em si considerada, a provocar repulsa e indignação na
consciência coletiva”. Cita-se a ementa do julgado:
Além disso, nesse contexto, pode-se afirmar que o dano moral coletivo é
aferível in re ipsa, isto é, quando a sua configuração decorre de mera constatação da prática
da conduta ilícita que, de forma injusta e intolerável, viola direitos de cunho extrapatrimonial
da coletividade, comprometendo a utilidade que a Constituição Federal e a lei, por meio da
sua proteção, visam garantir.
5 SILVA, Geilton Costa Cardoso da. A reparação dos danos morais sofridos em tempos de coronavírus. ConJur,
12 de
maio de 2020.
6 https://www.cnnbrasil.com.br/saude/mortes-por-covid-19-no-brasil-tem-alta-de-23-5-em-abril/
https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2021/04/24/abril-se-torna-o-mes-mais-letal-da-pandemia-no
brasil.ghtml
https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2021/04/abril-foi-o-mes-mais-letal-da-pandemia-de-covid-no-
brasil-com-mais-de-82-mil-mortes.shtml
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7 https://globoplay.globo.com/v/9486950/
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no caso presumido), como acima referido, busca-se a garantia da satisfação futura dos danos
morais coletivos.
VII. Do pedido
INFOJUD, a fim de se identificar outros bens que possam estar sujeitos à indisponibilidade (a
exemplo dos registrados em nome de cônjuge do Requerido pessoa física);
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Promotor de Justiça