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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) FEDERAL

DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL

DE NOVO HAMBURGO/RS

COM TRAMITAÇÃO DE URGÊNCIA

AUTOR É MAIOR DE 60 ANOS E PORTADOR DE CARDIOPATIA GRAVE!

NOME, QUALIFICAÇÃO, com endereço residencial; vem respeitosamente a presença


de Vossa Excelência por intermédia de sua procuradora abaixo subscrita, propor
AÇÃO DECLARATÓRIA DE ISENÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA CUMULADA
COM PEDIDO DE RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO
EM PARCELAS VENCIDAS E VINCENDAS CORRIGIDAS MONETARIAMENTE Com
Pedido de Liminar “Inaudita Altera Pars”

CONTRA

1) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, na pessoa de seu


representante legal, situado na Rua Bento Gonçalves, nº 1891, Centro, em Novo
Hamburgo/RS; 2) UNIÃO - FAZENDA NACIONAL, na pessoa de seu representante
legal, com sede na Av. Pedro Adams Filho, nº 5757 Centro, em Novo Hamburgo – RS,
CEP: 93310-560; o que faz com fulcro no artigo 6º, XIV da Lei Federal n.º 7.713/88,
pelos fundamentos fáticos e jurídicos que a seguir passará a expender:

1. DOS FATOS

O Autor buscou junto ao INSS através da via administrativa a isenção do imposto de


renda, com base no artigo 6º, inciso XIV, da Lei Federal nº 7.713/88, eis que é
portador de cardiopatia grave (conforme Processo Administrativo Nº
42/145.042.699-6). Contudo, o pedido de isenção foi negado pelo Chefe de Benefício
do INSS, aos 31 dias do mês de maio de 2013. Assim, o autor interpôs Recurso
Administrativo à Junta de Recursos da Previdência Social que manteve a decisão de
indeferimento.

Ocorre que o primeiro indeferimento deu-se pelo parecer da perícia médica do INSS
“Não enquadramento no Anexo III do Decreto 3.048/99”.

Dito isso, veja-se o que diz o ANEXO III, do DECRETO 3048/99:

ANEXO III

RELAÇÃO DAS SITUAÇÕES QUEDÃO DIREITO AO AUXÍLIO-ACIDENTE

QUADRO Nº 1

Aparelho visual

Situações:

a) acuidade visual, após correção, igual ou inferior a 0,2 no olho acidentado;

b) acuidade visual, após correção, igual ou inferior a 0,5 em ambos os olhos, quando
ambos tiverem sido acidentados;

c) acuidade visual, após correção, igual ou inferior a 0,5 no olho acidentado, quando a
do outro olho for igual a 0,5 ou menos, após correção;

d) lesão da musculatura extrínseca do olho, acarretando paresia ou paralisia;

e) lesão bilateral das vias lacrimais, com ou sem fístulas, ou unilateral com fístula.
NOTA 1 - A acuidade visual restante é avaliada pela escala de Wecker, em décimos, e
após a correção por lentes.

NOTA 2 - A nubécula e o leucoma são analisados em função da redução da acuidade ou


do prejuízo estético que acarretam, de acordo com os quadros respectivos.

QUADRO Nº 2

Aparelho auditivo

TRAUMA ACÚSTICO

a) perda da audição no ouvido acidentado;

b) redução da audição em grau médio ou superior em ambos os ouvidos, quando os dois


tiverem sido acidentados;

c) redução da audição, em grau médio ou superior, no ouvido acidentado, quando a


audição do outro estiver também reduzida em grau médio ou superior.

NOTA 1 - A capacidade auditiva em cada ouvido é avaliada mediante audiometria


apenas aérea, nas freqüências de 500, 1.000, 2.000 e 3.000 Hertz.

NOTA 2 - A redução da audição, em cada ouvido, é avaliada pela média aritmética dos
valores, em decibéis, encontrados nas freqüências de 500, 1.000, 2.000 e 3.000 Hertz,
segundo adaptação da classsificação de Davis & Silvermann, 1970. Audição normal -
até vinte e cinco decibéis. Redução em grau mínimo - vinte e seis a quarenta decibéis;
Redução em grau médio - quarenta e um a setenta decibéis; Redução em grau máximo -
setenta e um a noventa decibéis; Perda de audição - mais de noventa decibéis.

QUADRO Nº 3

Aparelho da fonação

Situação:

Perturbação da palavra em grau médio ou máximo, desde que comprovada por métodos
clínicos objetivos.

QUADRO Nº 4

Prejuízo estético

Situações:

Prejuízo estético, em grau médio ou máximo, quando atingidos crânios, e/ou face, e/ou
pescoço ou perda de dentes quando há também deformação da arcada dentária que
impede o uso de prótese.
NOTA 1 - Só é considerada como prejuízo estético a lesão que determina apreciável
modificação estética do segmento corpóreo atingido, acarretando aspecto desagradável,
tendo-se em conta sexo, idade e profissão do acidentado.

NOTA 2 - A perda anatômica de membro, a redução de movimentos articulares ou a


alteração da capacidade funcional de membro não são considerados como prejuízo
estético, podendo, porém, ser enquadradas, se for o caso, nos quadros respectivos.

QUADRO Nº 5

Perdas de segmentos de membros

Situações:

a) perda de segmento ao nível ou acima do carpo;

b) perda de segmento do primeiro quirodáctilo, desde que atingida a falange distal;

b) perda de segmento do primeiro quirodáctilo, desde que atingida a falange proximal;


(Redação dada pelo Decreto nº 4.032, de 2001)

c) perda de segmentos de dois quirodáctilos, desde que atingida a falange distal em pelo
menos um deles;

c) perda de segmentos de dois quirodáctilos, desde que atingida a falange proximal em


pelo menos um deles; (Redação dada pelo Decreto nº 4.032, de 2001)

d) perda de segmento do segundo quirodáctilo, desde que atingida a falange distal;

d) perda de segmento do segundo quirodáctilo, desde que atingida a falange proximal;


(Redação dada pelo Decreto nº 4.032, de 2001)

e) perda de segmento de três ou mais falanges, de três ou mais quirodáctilos;

f) perda de segmento ao nível ou acima do tarso;

g) perda de segmento do primeiro pododáctilo, desde que atingida a falange distal;

g) perda de segmento do primeiro pododáctilo, desde que atingida a falange proximal;


(Redação dada pelo Decreto nº 4.032, de 2001)

h) perda de segmento de dois pododáctilos, desde que atingida a falange distal em


ambos;

h) perda de segmento de dois pododáctilos, desde que atingida a falange proximal em


ambos; (Redação dada pelo Decreto nº 4.032, de 2001)

i) perda de segmento de três ou mais falanges, de três ou mais pododáctilos.


NOTA: Para efeito de enquadramento, a perda parcial de parte óssea de um segmento
equivale à perda do segmento. A perda parcial de partes moles sem perda de parte óssea
do segmento não é considerada para efeito de enquadramento.

QUADRO Nº 6

Alterações articulares

Situações:

a) redução em grau médio ou superior dos movimentos da mandíbula;

b) redução em grau máximo dos movimentos do segmento cervical da coluna vertebral;

c) redução em grau máximo dos movimentos do segmento lombo-sacro da coluna


vertebral;

d) redução em grau médio ou superior dos movimentos das articulações do ombro ou do


cotovelo;

e) redução em grau médio ou superior dos movimentos de pronação e/ou de supinação


do antebraço;

f) redução em grau máximo dos movimentos do primeiro e/ou do segundo quirodáctilo,


desde que atingidas as articulações metacarpo-falangeana e falange-falangeana;

g) redução em grau médio ou superior dos movimentos das articulações coxo-femural


e/ou joelho, e/ou tíbio-társica.

NOTA 1 - Os graus de redução de movimentos articulares referidos neste quadro são


avaliados de acordo com os seguintes critérios: Grau máximo: redução acima de dois
terços da amplitude normal do movimento da articulação; Grau médio: redução de mais
de um terço e até dois terços da amplitude normal do movimento da articulação; Grau
mínimo: redução de até um terço da amplitude normal do movimento da articulação.

NOTA 2 - A redução de movimentos do cotovelo, de pronação e supinação do


antebraço, punho, joelho e tíbio-társica, secundária a uma fratura de osso longo do
membro, consolidada em posição viciosa e com desvio de eixo, também é enquadrada
dentro dos limites estabelecidos.

QUADRO Nº 7

Encurtamento de membro inferior

Situação:

Encurtamento de mais de 4 cm (quatro centímetros).

NOTA: A preexistência de lesão de bacia deve ser considerada quando da avaliação do


encurtamento.
QUADRO Nº 8

Redução da força e/ou da capacidade funcional dos membros

Situações:

a) redução da força e/ou da capacidade funcional da mão, do punho, do antebraço ou de


todo o membro superior em grau sofrível ou inferior da classificação de desempenho
muscular;

b) redução da força e/ou da capacidade funcional do primeiro quirodáctilo em grau


sofrível ou inferior;

c) redução da força e/ou da capacidade funcional do pé, da perna ou de todo o membro


inferior em grau sofrível ou inferior.

NOTA 1 - Esta classificação se aplica a situações decorrentes de comprometimento


muscular ou neurológico. Não se aplica a alterações decorrentes de lesões articulares ou
de perdas anatômicas constantes dos quadros próprios.

NOTA 2 - Na avaliação de redução da força ou da capacidade funcional é utilizada a


classificação da carta de desempenho muscular da The National Foundation for Infantile
Paralysis, adotada pelas Sociedades Internacionais de Ortopedia e Traumatologia, e a
seguir transcrita:

Desempenho muscular

Grau 5 - Normal - cem por cento - Amplitude completa de movimento contra a


gravidade e contra grande resistência.

Grau 4 - Bom - setenta e cinco por cento - Amplitude completa de movimento contra a
gravidade e contra alguma resistência.

Grau 3 - Sofrível - cinqüenta por cento - Amplitude completa de movimento contra a


gravidade sem opor resistência.

Grau 2 - Pobre - vinte e cinco por cento - Amplitude completa de movimento quando
eliminada a gravidade.

Grau 1 - Traços - dez por cento - Evidência de leve contração. Nenhum movimento
articular.

Grau 0 (zero) - zero por cento - Nenhuma evidência de contração.

Grau E ou EG - zero por cento - Espasmo ou espasmo grave.

Grau C ou CG - Contratura ou contratura grave.


NOTA - O enquadramento dos casos de grau sofrível ou inferior abrange, na prática, os
casos de redução em que há impossibilidade de movimento contra alguma força de
resistência além da força de gravidade.

QUADRO Nº 9

Outros aparelhos e sistemas

Situações:

a) segmentectomia pulmonar que acarrete redução em grau médio ou superior da


capacidade funcional respiratória; devidamente correlacionada à sua atividade
laborativa.

b) perda do segmento do aparelho digestivo cuja localização ou extensão traz


repercussões sobre a nutrição e o estado geral.

DOENÇAS PROFISSIONAIS E AS DO TRABALHO

As doenças profissionais e as do trabalho, que após consolidações das lesões resultem


seqüelas permanentes com redução da capacidade de trabalho, deverão ser enquadradas
conforme o art. 104 deste Regulamento.

Excelência!

Depreende-se, que o pedido do autor foi equivocadamente indeferido pela perícia


médica com base no ANEXO III, do DECRETO 3048/99, eis que o referido anexotrata
única e tão somente da relação das situações que dão direito ao AUXÍLIO-
ACIDENTE. Ou seja, não tem absolutamente nenhuma relação com o pedido do autor
(ISENÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA) que é especificamente regulado pela Lei
7.713/1988.

Ora, pois, o pedido do autor refere-se unicamente a isenção de imposto de renda não
tendo absolutamente nenhuma relação com o auxílio-acidente que é regulado pelo
DECRETO 3048/99 em seu ANEXO III.

Já o segundo indeferimento em grau de recurso administrativo, ocorreu em razão do


parecer médico recursal firmado em 23.01.2014 que considerou a avaliação médico
presencial realizada, no sentido de que a doença do autor (cardiopatia grave) não se
enquadra na legislação vigente, e, portanto, o mesmo não faz jus a isenção de Imposto
de Renda requerida sob o ponto de vista médico.

Ora, Excelência tal entendimento é um ABSURDO! O autor é portador de


CARDIOPATIA GRAVE, como bem se comprova por todas as avaliações
cardiológicas anexas. Assim, percebe-se claramente, tanto pelas avaliações do médico
cardiologista Doutor MARCELO AMARAL PIVA de 21.03.2013 e 08.08.2014 como
pelos resultados dos exames também acostados pelo autor, que o mesmo é portador de
Cardiopatia Isquêmica Grave e Fibrilação Atrial Crônica, fato esse que resultou no
diagnóstico do paciente de Cardiopatia Grave, conforme dispõe a Portaria Normativa
Nº 1.174/MD/2006 – que trata das Doenças Especificadas em Lei, dentre as quais a
Cardiopatia Grave.

Dessa forma, para bem corroborar com o pedido de isenção do autor o mesmo acosta
aos autos os Laudo Médicos emitidos em 21.03.2013 e 08.08.2014, pelo Médico
Cardiologista Doutor MARCELO AMARAL PIVA/CRM 22.697 com CID 10: I25, I
48, comprovando que o recorrente é sim portador de CARDIOPATIA ISQUÊMICA
GRAVE E DE Fribilação Atrial Crônica, ratificando assim os atestados médicos
emitidos em 26.05.11 e 13.09.2011 pelo médico cardiologista Renato Rodrigues
Machado. Veja-se que os laudos médicos e a conclusão dos exames todos apontam
para um único diagnóstico, isto é para CARDIOPATIA GRAVE!

Cumpre registrar ainda que, o diagnóstico do paciente ora recorrente foi de Cardiopatia
Isquêmica Grave e de Fribilação Atrial Crônica, justamente em virtude do resultado
dos exames complementares, que atestaram dentre outras a existência de Isquemia
Miocárdica Grave em território da ADA.

Logo, restou indubitavelmente configurada a Cardiopatia Isquêmica do requerente e,


por conseqüência disso, o seu enquadramento na Cardiopatia Grave prevista no
Ordenamento Jurídico Pátrio (Lei nº 7.713/88, art. 6º, inciso XIV e Decreto nº
3.000/99, art. 39, inciso XXXIII).

Por fim, é de mister registrar que em 2011 o autor foi submetido a uma cirurgia de
coração com implantação de stents farmacológicos, pois estava com 99% de
obstrução nas artérias coronárias e por isso sofreu um AVC.

2. DO DIREITO

I. DA LEGISLAÇÃO COMPETENTE QUE REGULA A MATÉRIA

É de mister esclarecer que, o pedido de isenção do imposto de renda postulado pelo


requerente é regulado pela Lei 7.713/1988 e NÃO pelo Decreto 3048/99, anexo III
mencionado no parecer da Perícia Médica Previdenciária e que fundamentou o
indeferimento do pedido do requerente. Deveras, o requerente faz sim jus a isenção do
imposto de renda, como bem se verifica pela legislação vigente que regula a matéria,
“in verbis”:

Lei 7.713/1988 alterada pelo art. 1º da Lei 11.052/2004

“Art. 6º - Ficam isentos do imposto de renda os seguintes rendimentos percebidos por


pessoas físicas:

“XIV – os proventos de aposentadoriaou reforma motivada por acidente em serviço e


os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação
mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia
irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose
anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de
Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência
adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença
tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma”;(Grifou-se).
DECRETO Nº 3.000, DE 26 DE MARÇO DE 1999(Regulamenta a tributação,
fiscalização, arrecadação e administração doImposto sobre a Rendae Proventos de
Qualquer Natureza).

Art. 39. Não entrarão no cômputo do rendimento bruto:

XXXIII - os proventos de aposentadoriaou reforma, desde que motivadas por acidente


em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa,
alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase,
paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson,
espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avançados de doença de
Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome de imunodeficiência
adquirida, e fibrose cística (mucoviscidose), com base em conclusão da medicina
especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria
oureforma (Lei nº 7.713, de 1988, art. 6º, inciso XIV, Lei nº 8.541, de 1992, art. 47, e
Lei nº 9.250, de 1995, art. 30, § 2º); (Grifou-se).

Instrução Normativa SRF nº 15/2001 – Isenção de Imposto de Renda:

“Art. 5º - Estão isentos ou não sujeitos ao imposto de renda os seguintes rendimentos:

“XII – os proventos de aposentadoriaou reforma motivada por acidente em serviço e


os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação
mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia
irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose
anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de
Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência
adquirida (AIDS) e fibrose cística (mucoviscidose)”; (Grifou-se).

Portaria Normativa Nº 1174/MD/2006 – Doenças Especificadas em Lei.

“Seção 2 – Cardiopatia Grave

4.6. O quadro clínico, bem como os recursos complementares, com os sinais e sintomas
que permitem estabelecer o diagnóstico de cardiopatia grave estão relacionados para
as seguintes cardiopatias:

“a) cardiopatia isquêmica;

“b) cardiopatia hipertensiva;

“c) miocardiopatia;

“d) arritmia cardíaca;

“e) cor pulmonale crônico;

“f) cardiopatia congênita; e

“g) valvopatia.
Assim, pode-se dizer pela redação dos artigos 5º, inciso XII da Instrução Normativa
SRF nº 15/2001 e 6º, inciso XIV alterado pelo artigo 1º da Lei 11.052/2004, acima
mencionados, que o recorrente faz jus a isenção do imposto de renda, haja vista ser
portador de cardiopatia grave, e, portanto, está sim, devidamente enquadrado no
que dispõe a legislação competente acerca do assunto, ao contrário do parecer médico
recursal emitido pelo perito do INSS.

Excelência!

A pergunta é: Como é possível a perícia médica no primeiro indeferimento ter emitido


um parecer contrário ao pedido de isenção de imposto de renda do requerente, com base
no ANEXO III, DO DECRETO 3048/99 que trata ÚNICA E TÃO SOMENTE sobre o
AUXÍLIO-ACIDENTE, sendo que o Auxílio-Acidente não tem qualquer relação
com o pedido do requerente que se refere exclusivamente a ISENÇÃO DO IMPOSTO
DE RENDA e, sobretudo, o referido decreto que embasou o indeferimento do
pedido do recorrente NÃO REGULA A MATÉRIA em questão?!

Logo, como pode o referido decreto vir a embasar o indeferimento do pedido de isenção
do imposto de renda?! Tendo em vista que, a legislação em vigor que regula a matéria é
a Lei 7.713/1988 alterada pelo art. 1º da Lei 11.052/2004 e Decreto 3.000/99, acima
transcritos e na qual o autor se enquadra perfeitamente!

E, portanto, é essa a LEGISLAÇÃO que deve ser observada e adotada pela Autarquia
Federal, na qual o autor se enquadra perfeitamente aos requisitos dos referidos
dispositivos legais. Ao contrário do que foi alegado no segundo indeferimento, pelo
parecer médico recursal. O que se comprova pela documentação acostada aos autos
e, sobretudo pela Perícia Médica presencial do INSS realizada em 2012!

Até porque, tanto a Lei nº 7.713/88 como o Decreto nº 3.000/99 em nenhum momento
condicionam ou impõem o reconhecimento de isenção do imposto de renda por
cardiopatia grave ao enquadramento no anexo III, do Decreto 3048/99, que trata
especificamente do Auxílio-Acidente.

Ao contrário, oartigo 6º, XIV, da Lei 7.713/88 deixa claro que “ficam isentos do
imposto de renda os proventos de aposentadoria percebidos por pessoa física,
portadores de cardiopatia grave, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da
aposentadoria (...)". (Grifou-se).

Bem como o artigo 39, inciso XXXIII do Decreto 3000/99 garante a isenção do
imposto de renda para “os proventos de aposentadoriaou reforma, desde que
motivadas por acidente em serviço e os percebidos pelosportadores de
moléstiaprofissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia
maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia
grave”...(...).

Ou seja, todos os diplomas legais citados e que dispõem sobre o assunto, não fazem
qualquer referência ou relação ao Auxílio-Acidente regulado pelo Anexo III do Decreto
3048/99 e que embasou o primeiro indeferimento em 2013 do pedido de Isenção do
requerente.
Bem como o segundo indeferimento em 2014 “que foi por falta de enquadramento na
legislação pertinente, conforme parecer médico recursal”. Também é manifestamente
tendencioso e contraditório. Uma vez que o próprio médico oficial previdenciário, em
Janeiro de 2012 reconheceuque o requerente é sim portador de Cardiopatia
Isquêmica Crônica do Coração (Cardiopatia Grave) – CID 10: 125, mediante
Laudo Pericial emitido pelo próprio Perito Oficial do INSS, o Médico Previdenciário
Doutor Carlos Chaves. Que também constatou que o requerente é portador de
moléstia que o isenta do imposto de renda, e, portanto se enquadra na legislação
vigente que regula o assunto, veja-se:

LAUDO PERICIAL / PERITO MÉDICO PREVIDENCIÁRIO DOUTOR


CARLOS CHAVES – CREMERS: 11079 – MATRÍCULA: 6927885

“Após a análise da documentação apresentada e perícia médica presencial, ficou


constatado que o requerente é portador de moléstia ou condição que o isenta de
Imposto de Renda conforme a legislação vigente...” (Grifou-se).

Dessa forma, todos os indeferimentos de 2013 e 2014 relativos ao pedido de isenção


do imposto de renda do autor, além de incoerentes e contraditórios, são também uma
violação frontal ao Ordenamento Jurídico Pátrio. Cabendo, portanto, o ajuizamento da
presente ação!

Pela procedência da ação!

II. DO DIREITO A ISENÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA

O artigo 151 da Lei 8.213/91 que dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência
Social, apresenta uma lista de doenças consideradas graves, a saber:

· tuberculose ativa;

· hanseníase;

· alienação mental;

· neoplasia maligna (câncer);

· cegueira;

· paralisia irreversível e incapacitante;

· cardiopatia grave;

· doença de Parkinson;

· espondiloartrose anquilosante;

· nefropatia grave;

· estado avançado da doença de Paget (osteíte deformante);


· síndrome da deficiência imunológica adquirida - AIDS;

· contaminação por radiação, com base em conclusão da medicina especializada; e

· hepatopatia grave.

São, portanto, isentos do Imposto de Renda os rendimentos sejam relativos a


aposentadoria, pensão ou reforma (outros rendimentos não são isentos), incluindo a
complementação recebida de entidade privada e a pensão alimentícia, os portadores das
seguintes doenças:

· AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida);

· Alienação mental;

· Cardiopatia grave;

· Cegueira;

· Contaminação por radiação;

· Doença de Paget em estados avançados (Osteíte deformante);

· Doença de Parkinson;

· Esclerose múltipla;

· Espondiloartrose anquilosante;

· Fibrose cística (Mucoviscidose);

· Hanseníase;

· Nefropatia grave;

Hepatopatia grave (observação: nos casos de hepatopatia grave somente serão isentos os
rendimentos auferidos a partir de 01/01/2005);

· Neoplasia maligna;

· Paralisia irreversível e incapacitante;

· Tuberculose ativa.

Com efeito, os exames e avaliações cardiológicas juntados ao processo são suficientes


ao ensejo da isenção pretendida e a amparar o direito líquido e certo do autor, para
admitir e deferir a concessão da ISENÇÃO do Imposto de Renda ora postulada!

Além do que, em Janeiro de 2012 o Laudo Pericial emitido pelo Perito Oficial do
INSS, o Médico Previdenciário Doutor Carlos Chaves, reconheceuque o requerente é
portador de Cardiopatia Isquêmica Crônica do Coração (Cardiopatia Grave) –
CID 10: 125. E, ainda, constatou que o requerente é portador de moléstia que o
isenta do imposto de renda, bem como se enquadra na legislação vigente que regula
o assunto, veja-se:

LAUDO PERICIAL / PERITO MÉDICO PREVIDENCIÁRIO DOUTOR


CARLOS CHAVES – CREMERS: 11079 – MATRÍCULA: 6927885

“Após a análise da documentação apresentada e perícia médica presencial, ficou


constatado que o requerente é portador de moléstia ou condição que o isenta de
Imposto de Renda conforme a legislação vigente...” (Grifou-se).

O que comprova veementemente que o parecer médico recursal emitido em 2014 é


tendencioso na medida em que não reconhece a doença do autor (CARDIOPATIA
GRAVE) e tampouco o enquadra na legislação pertinente.

Deste modo, merece a ação ser julgada totalmente procedente! E, neste sentido vale
apena transcrever a decisao do Tribunal de Justiça do RS, conforme ementa abaixo:

TJRS - Apelação Cível AC 70048296917 RS (TJRS)

Data de Publicação: 25/09/2012

“Ementa: APELAÇÃO CIVEL. DIREITO PÚBLICO NÃO ESPECIFICADO.


ISENÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE EM VIRTUDE DE
CARDIOPATIA ISQUÊMICA GRAVE. Conforme o previsto nos artigo 6º, inciso
XIV, da Lei nº 7.713 /88 e 39, incisos XXXI e XXXIII e §§ 4º a 6º, do Decreto nº 3.000
/99, fazem jusà isenção de contribuição de imposto de renda os proventos de
aposentadoria dos portadores de cardiopatia grave. Está provado que a autora é
portadora da cardiopatia grave depois do AVC, em 21/07/2010, conforme...”(Grifou-
se).

Por fim, requer desde já, seja declarado o direito do autor a ISENÇÃO do desconto
do imposto de renda retido na fonte.

Pela procedência do pleito!

3. DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA

“inaudita altera pars”

Diante da gravidade da doença do autor (diagnóstico de CARDIOPATIA GRAVE),


conforme antes já relatado na exposição dos fatos, não resta outra alternativa ao autor,
senão requerer a antecipação da tutela “inaudita altera pars” preconizada na lei, sob
pena de vir a FALECER antes do término da ação.

Desse modo, tendo em vista que já foi explicitado na síntese fática que o autor é
portador de Cardiopatia Grave, em 2011 sofreu um AVC e foi submetido a uma
cirurgia de coração para implantação de stents farmacológicos, salta aos olhos o
“periculum in mora” e o “fummus boni iuris” contido em seu direito, haja vista que o
mesmo corre risco iminente de morte!

Ora, pois, o “fummus boni iuris” nada mais é que a aparência do bom direito. É a
plausibilidade do direito invocado e, havendo esta aparência, como no caso dos autos, é
mais do que suficiente para a concessão da tutela antecipada “inaudita altera pars”. Até
porque, o juízo que se faz é sumário e não exauriente. Assim, a plausibilidade do direito
invocado, está consubstanciada no diagnóstico médico do paciente, através dos laudos e
exames médicos. Tais documentos comprovam, de forma inequívoca, que autor
necessita de tratamento com os medicamentos prescritos. Da mesma forma, o
“periculum in mora” é a simples possibilidade de dano, objetivamente considerado que,
contudo, deve ser grave e de difícil reparação. Isto é, o “periculum in mora” nada mais
é do que a urgência. No presente caso ele é notório e decorre do fato de o autor ter
apresentado diagnóstico de CARDIOPATIA GRAVE e em decorrência da gravidade
desta doença, há iminência da morte do autor enquanto aguarda a decisão
definitiva da lide!

Excelência!

A doença do autor é muito grave, assim, a urgência resta clarividente, sob o risco de o
mesmo vir a óbito antes do término da ação!

Com efeito, estão presentes todos os fundamentos para a concessão da antecipação da


tutela pretendida, a farta documentação especialmente os laudos e as indicações médicas
do tratamento acostadas aos autos, não deixam margens à duvidas que, no caso vertente
estão presentes tanto o “fummus boni iuris” como o “periculum in mora”, e, portanto,
deve sim ser concedida a antecipação de tutela “inaudita altera pars” ora postulada!

Outrossim, o Código de Processo Civil, também, autoriza o Juiz a conceder a


antecipação de tutela “inaudita altera pars” “existindo prova inequívoca”, in verbis:
Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

“Art. 273 - O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente,


os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova
inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e:

“I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou “II - fique


caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do
réu. “§ 1º - Na decisão que antecipar a tutela, o juiz indicará, de modo claro e preciso,
as razões do seu convencimento. “§ 2º - Não se concederá a antecipação da tutela
quando houver perigo de irreversibilidade do provimento antecipado. “§ 3º A
efetivação da tutela antecipada observará, no que couber e conforme sua natureza, as
normas previstas nos arts. 588, 461, §§ 4º e 5º, e 461-A.“§ 3º com redação dada pela
Lei nº 10.444, de 7 de maio de 2002.

Bem explica o artigo 461 do Código de Processo Civil, que o juiz concederá a tutela
específica da obrigação nas ações que tenham por objeto o cumprimento de obrigação
de fazer, consoante texto a seguir: "Art. 461. Na ação que tenha por objeto o
cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica
da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o
resultado prático equivalente ao adimplemento."(Grifou-se).

De conformidade com o § 3º do artigo 461, poderá o juiz conceder a tutela


liminarmente, direito plenamente atribuível ao caso em tela, ante a robustez da
documentação acostada e veracidade dos fatos, presentes ainda a verossimilhança das
alegações e o periculum in mora:

Poderá ainda a obrigação se converter em perdas e danos e sem prejuízo da multa, pela
prerrogativa ditada pelos §§ 1º e 2º do mesmo artigo e 287, veja-se: § 1º A obrigação
somente se converterá em perdas e danos se o autor o requerer ou se impossível a
tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente." (Grifou-se). "§
2º A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa (art. 287)."
(Grifou-se).

Dessa forma, o autor requer desde já LIMINARMENTE seja imediatamente suspenso


o desconto do imposto de renda retido na fonte nos seus proventos de aposentadoria.
Haja vista a real urgência e emergência existente “in casu”, tendo em vista o
diagnóstico de CARDIOPATIA GRAVE do autor, para que seja concedido o pedido de
ANTECIPAÇÃO DE TUTELA “inaudita altera pars”;

Por fim, requer que no mérito a liminar seja reconhecida definitivamente por sentença,
para bem declarar o direito do autor a ISENÇÃO do desconto do imposto de renda
retido na fonte.

Pela procedência do pedido!

4 – DA TRAMITAÇÃO DE URGÊNCIA

É de salientar que o autor é MAIOR DE 60 ANOS, ganhando, por isso, o direito à


tramitação de urgência, o que desde já, se requer, em acato ao que dispõe o Estatuto
do Idoso, a seguir transcrito:

Título V

Do Acesso à Justiça

Capítulo I

Disposições Gerais

“Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e na


execução dos atos e diligências judiciais em que figure como parte ou interveniente
pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer instância.

§ 1º O interessado na obtenção da prioridade a que alude este artigo, fazendo prova de


sua idade, requererá o benefício à autoridade judiciária competente para decidir o
feito, que determinará as providências a serem cumpridas, anotando-se essa
circunstância em local visível nos autos do processo.
§ 2º A prioridade não cessará com a morte do beneficiado, estendendo-se em favor do
cônjuge supérstite, companheiro ou companheira, com união estável, maior de 60
(sessenta) anos.

Pelo provimento do pedido!

5. DA REPETIÇÃO DO INDÉBITO

O autor faz jus à repetição do indébito com a devida correção monetária, eis que desde
Abril de 2013 até a presente data foram recolhidos indevidamente o imposto de renda de
seus proventos, conforme planilha de cálculo anexa. Haja vista que, a Lei nº 7.713/88
instituiu a isenção, ao portador de doença grave, do imposto de renda retido na fonte
sobre as parcelas recebidas a título de aposentadoria.

A mens legis da isenção é justamente para não sacrificar o contribuinte que padece
de moléstia grave e que gasta demasiadamente com o tratamento, sendo exatamente
este o caso do autor que sofre de cardiopatia grave e gasta grande parte do seu salário
com exames, remédios, consultas médicas, cirurgia.

Assim, restando demonstrado que o autor é portador de cardiopatia grave o que se


comprova com os laudos e exames médicos ora inclusos, e que, portanto, faz sim jus à
isenção prevista no inciso XIV do artigo 6º da Lei nº 7.713/1988. Logo, os valores
retidos na fonte a título de imposto de renda incidentes sobre o seu benefício de
aposentadoria são indevidos e devem ser restituídos.

Cabendo, portanto, a repetição do indébito com a devida correção monetária calculada


pela SELIC, nos termos do artigo 39, § 4º, da Lei 9.250/95.

É imperioso atentar para a finalidade social da norma que previu a isenção do imposto
de renda, destinada a possibilitar ao enfermo o custeio das despesas com o tratamento
da patologia, consistentes na aquisição de remédios, consultas médicas e realização
periódica de exames, providências que demandam, com absoluta urgência, maiores
recursos financeiros do que os exigidos da pessoa sadia na mesma faixa etária.

E, nesse sentido, a jurisprudência do TRF4:

“TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. LEI 7713, DE 1988. ARTIGO 6º, XIV.


CARDIOPATIA GRAVE. ARTIGO 30 DA LEI 9250. LAUDO PERICIAL. A
legislação isenta de Imposto de Renda os proventos de aposentadoria ou reforma,
para os portadores de moléstias graves, dentre elas a cardiopatia grave.É firme a
jurisprudência do STJ (REsp 673.741/PB, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJ
9.5.2005 e REsp 677.603/PB, Rel. Min. Luiz Fux, DJ 25.4.2005) no sentido de que o
magistrado é livre para apreciar a prova dos autos. A regra prevista no artigo 30 da
Lei nº 9250 resta atendida se a prova produzida em juízo é suficiente para atestar a
doença que dá ensejo ao benefício”. (AC nº 007478-88.2011.404.7000, Relatora p/
Acórdão Maria de Fátima Freitas Labarrère, DJ 8/06/2012). (Grifou-se).

Por fim, cabe lembrar que o prazo para postular a restituição do indébito é de cinco
anos, a contar da data do pagamento antecipado do tributo, na forma do art. 150, § 1º e
168, inciso I, ambos do CTN, c/c art. 3º da LC n.º 118/05. Assim, tendo em vista a data
do ajuizamento da ação e o período postulado pelo autor (Abril de 2013 até a data de
suspensão do desconto do imposto de renda), não há o que se falar em prescrição.

Cabendo, portanto, a condenação das requeridas ao pagamento da restituição do


indébito em parcelas vencidas e vincendas com a devida correção monetária a ser
calculada pela SELIC, nos termos do artigo 39, § 4º, da Lei 9.250/95, o que desde já,
se requer.

Pela procedência do pedido!

6. DAS DESPESAS DO AUTOR COM O TRATAMENTO

E DO PEDIDO DE ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA

Os documentos acostados aos autos comprovam que o autor tem uma doença grave e
em razão disso tem uma ENORME despesa mensal com o tratamento para
CARDIOPATIA GRAVE, só com medicação o autor gasta por mês a quantia de R$
398,12 (Trezentos e Noventa e Oito Reais e Doze Centavos), sendo que além dos
remédios, também tem os gastos com consultas médicas e exames de rotina a que é
submetido periodicamente. Além disso, o autor também arca com o pagamento de
pensão alimentícia para sua ex-esposa e para seu filho no percentual de 30% (trinta
por cento) sobre os seus rendimentos brutos, que corresponde ao montante de R$
1.944,52 (Hum Mil Novecentos e Quarenta e Quatro Reais e Cinqüenta e Dois
Centavos).

Excelência!

A Lei nº 7.713/88 instituiu a isenção, ao portador de doença grave, do imposto de renda


retido na fonte sobre as parcelas recebidas a título de aposentadoria.

Ora, pois, a mens legis da isenção é justamente para não sacrificar o contribuinte que
padece de moléstia grave e que gasta demasiadamente com o tratamento, sendo
exatamente este o caso do autor que sofre de cardiopatia grave e gasta grande parte do
seu salário com exames, remédios, consultas médicas. Em 2011 o autor gastou R$
19.748,61 em umacirurgia de coração com implantação de stents farmacológicos,
pois estava com 99% de obstrução nas artérias coronárias e por isso sofreu um
AVC.

E, ainda, de forma arbitrária e ilegal, vem sofrendo mensalmente o desconto do imposto


de renda, que atualmente corresponde a monta de R$ 2.087,94 (DOIS MIL E
OITENTA E SETE REAIS E NOVENTA E QUATRO CENTAVOS) por mês.
Esse dinheiro que é indevidamente descontado a título de imposto de renda retido na
fonte, está fazendo muita falta no orçamento do autor que muitas vezes para suprir suas
necessidades e de sua família, precisa recorrer a empréstimos bancários e cartão de
crédito. Assim sendo, requer desde já, que lhe seja concedido o benefício da assistência
judiciária gratuita.

7. DO DANO MORAL
A conduta das requeridas no caso em tela infringe todas as regras básicas e princípios de
direito, que regem não somente a Legislação Federal, mas todo o Ordenamento Jurídico
Pátrio, demonstrando claramente, seu desrespeito e descaso para com os portadores de
moléstia e/ou doença grave “in casu” o autor e as normas legais que os protegem.

Determina a Lei 7.713/1988 alterada pelo art. 1º da Lei 11.052/2004 “Art. 6º - Ficam
isentos do imposto de renda os seguintes rendimentos percebidos por pessoas
físicas:“XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em
serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa,
alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase,
paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson,
espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados
da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da
imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo
que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma”...

Sendo, portanto, direito básico do autor a isenção do imposto de renda. Assim, pelo
evidente dano moral que estão provocando as requeridas, é de se impor a devida e
necessária condenação, data venia, com arbitramento de indenização ao autor, que vem
sofrendo injustamente abalo emocional com os abusos e desmandos da requerida,
tendo que se submeter a diversas pericias médicas a dor, a humilhação e o sofrimento
de ter o seu direito negado injustamente!

Como bem define Clayton Reis, em seu livro Avaliação do Dano Moral, cuida-se de
uma "lesão que atinge valores físicos e espirituais, a honra, nossa ideologias, a paz
íntima, a vida nos seus múltiplos aspectos, a personalidade da pessoa, enfim, aquela
que afeta de forma profunda não os bens patrimoniais, mas que causa fissuras no
âmago do ser, perturbando-lhe a paz de que todos nós necessitamos para nos
conduzir de forma equilibrada nos tortuosos caminhos da existência." (1998, ed.
Forense). (Grifou-se).

A obrigatoriedade de reparar o dano moral está consagrada na Constituição Federal


insculpido nos incisos V e X do artigo 5º, que dispõe:

A todo cidadão é “assegurado o direito de resposta, proporcionalmente ao agravo,


além de indenização por danomaterial, moral ou à imagem"“são invioláveis a
intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação."

Percebe-se, indubitavelmente, que a própria lei já prevê a possibilidade de reparação de


danos morais decorrentes do sofrimento, da dor, do constrangimento, do desconforto em
que se encontra o autor, causados pela conduta abusiva das Requeridas.

"Na verdade, prevalece o entendimento de que o dano moral dispensa prova em


concreto, tratando-se de presunção absoluta, não sendo, outrossim, necessária a
prova do dano patrimonial" (Carlos Alberto Bittar, Reparação Civil por Danos Morais,
ed. RT, 1993, pág. 204).

Com relação a aferição do “quantum” indenizatório, Clayton Reis assevera, em suas


conclusões, que deve ser levado em conta o grau de compreensão das pessoas sobre os
seus direitos e obrigações, pois "quanto maior, maior será a sua responsabilidade no
cometimento de atos ilícitos e, por dedução lógica, maior será o grau de apenamento
quando ele romper com o equilíbrio necessário na condução de sua vida social"...(ob.
Citada).

Ressalve-se que a importância de uma sentença condenatória cujo “quantum” seja


elevado traz benefícios não só ao caso concreto, mas a toda sociedade, na medida em
que coibir as requeridas de reincidirem na conduta lesiva em casos semelhantes,
atuando assim o dano moral no caráter punitivo-pedagógico que lhe deve ser
conferido.

A consagrada autora Maria Helena Diniz, em sua obra Curso de Direito Civil
Brasileiro, 7º vol., ao tratar do dano moral, ressalva que a reparação tem sua dupla
função: a) penal "constituindo uma sanção imposta ao ofensor, visando a diminuição
de seu patrimônio, pela indenização paga ao ofendido, visto que o bem jurídico da
pessoa (integridade física, moral e intelectual) não poderá ser violado
impunemente"; b) satisfatória ou compensatória "como o dano moral constitui um
menoscabo a interesses jurídicos extra- patrimoniais, provocando sentimentos que
não têm preço, a reparação pecuniária visa proporcionar ao prejudicado uma
satisfação que atenue a ofensa causada”.(9ªed., Saraiva). (Grifou-se).

Nesse sentido, o insigne Ministro Oscar Corrêa, em acórdão do Supremo Tribunal


Federal (RTJ 108/287), ao falar sobre o assunto, bem salientou que " não se trata de
pecúnia "doloris" , ou "pretium doloris", que se não pode avaliar e pagar; mas
satisfação de ordem moral, que não ressarce prejuízo e danos e abalos e tribulações
irreversíveis, mas representa a consagração e o reconhecimento pelo direito, do valor
da importância desse bem, que é a consideração moral, que se deve proteger tanto
quanto, senão mais do que os bens materiais e interesses que a lei protege".

Disso resulta que a toda injusta ofensa à moral deve existir a devida reparação!

O que por si só, já enseja a condenação das requeridas ao pagamento de uma


indenização, de cunho compensatório e punitivo, pelos danos morais causados ao
Autor, tudo conforme fundamentado, em valor pecuniário justo e condizente com o caso
apresentado em tela, em montante a ser fixado por esse D. Juízo, pelos seus próprios
critérios analíticos e jurídicos, o que desde já se requer.

Pela procedência do pedido!

8. DO REQUERIMENTOPor todo o exposto, Requer a Vossa Excelência com a


MÁXIMA URGÊNCIA:

a) LIMINARMENTE sejam as requeridas compelidas a suspenderem imediatamente


o desconto do imposto de renda retido na fonte nos proventos de aposentadoria do autor,
sob pena da aplicação de multa diária. Haja vista a real urgência e emergência existente
“in casu”, tendo em vista o diagnóstico de CARDIOPATIA GRAVE do autor, para que
seja concedido o pedido de ANTECIPAÇÃO DE TUTELA “inaudita altera pars”;

b) NO MÉRITO que a liminar seja reconhecida definitivamente por sentença, para


declarar o direito do autor a ISENÇÃO do desconto do imposto de renda retido na
fonte, por ser ele portador de cardiopatia grave. Bem como condene as requeridas à
restituição do indébito dos valores descontados indevidamente a título de imposto de
renda retido na fonte (consoante planilha de cálculo ora acostada) relativo ao período
de Abril de 2013 até a efetiva data de suspensão do desconto em parcelas vencidas
e vincendas, com a devida correção monetária a ser calculada pela SELIC, nos
termos do artigo 39, § 4º, da Lei 9.250/95;

c) A cominação de multa diária “astreinte”para o caso de descumprimento da decisão


liminar, no valor de R$ 1.000,00 (mil reais);

d) A citação das requeridas para audiência de conciliação; bem como para, querendo,
no prazo legal apresentem sua contestação sob pena de revelia e confissão ficta;

e) A tramitação de urgência, face o autor ser MAIOR DE 60 ANOS E PORTADOR


DE DOENÇA GRAVE;

f) Seja a ação JULGADA TOTALMENTE PROCEDENTE para, tornar definitiva a


antecipação de tutela deferida, e declarar a obrigação das Requeridas em NÃO MAIS
DESCONTARO IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE DOS PROVENTOS
DE APOSENTADORIA DO DEMANDANTE;Bem como sejam as requeridas
condenadas a restituirem ao autor os valores descontados indevidamente a título de
imposto de renda retido na fonte, desde Abril de 2013 em parcelas vencidas e
vincendas com a devida correção monetária a ser calculada pela SELIC, nos termos
do artigo 39, § 4º, da Lei 9.250/95;

g) A condenação das requeridas ao pagamento de uma indenização, de cunho


compensatório e punitivo, pelos DANOS MORAIS causados ao Autor, tudo conforme
fundamentado, em valor pecuniário justo e condizente com o caso apresentado em tela,
em montante a ser fixado por esse D. Juízo, pelos seus próprios critérios analíticos e
jurídicos; h) O autor protesta pela produção de todas as provas admissíveis em direito,
juntada de novos documentos, perícias de todo o gênero. Bem como pelo depoimento
pessoal dos representantes legais das requeridas, sob pena de confissão ficta. E, ainda,
oitiva testemunhal, laudos e perícias médicas que se fizerem necessárias, para todos os
efeitos de direito;

i) A concessão do benefício da justiça gratuita ao autor, tendo em vista que o mesmo


não dispõe de condições financeiras para arcar com às custas processuais, sem que isso
resulte em prejuízo próprio e de sua família;

j) E, finalmente, a condenação das Requeridas, ao pagamento de custas processuais e


de honorários advocatícios no importe de 20% (vinte por cento) sobre o valor bruto da
causa, corrigidos monetariamente até o final da demanda.

Dá à causa o valor de R$ 43.440,00.

Nestes Termos,

Pede Deferimento.

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