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Resenha: A mídia e a

modernidade
Sofia Guerra Gonzalez Cursino dos Santos - 170022269
Introdução à Comunicação - 2/2022
Professora Luciane Agnez

Resumo (1500 a 2000 caracteres)

O primeiro capítulo do livro “A Mídia e a Modernidade”, escrito por John B.


Thompson, trata do conceito de comunicação e da noção de contexto social. O
autor busca fazer um breve panorama a respeito do que se pode entender pela
palavra “comunicação”, trazendo uma análise histórica do sujeito e esquemas
analíticos para a observação dos fenômenos de comunicação em meio à sociedade.

Ele busca, em um primeiro momento, traçar a relação fundamental entre poder e


comunicação: ele explicita que, dentre diferentes formas de poder existentes em
uma sociedade, podemos elencar o o poder simbólico como uma delas. O poder
simbólico é uma maneira de enxergar a comunicação como um recurso para
indivíduos ou instituições atingirem seus interesses próprios nos contextos sociais
em que estão inseridos (ou seja, exercer poder). A capacidade de criar ou defender
crenças em um mundo imerso em significados significa ser capaz de orientar as
pessoas a exercerem ações que defendam seus próprios interesses.

Na segunda metade do texto o autor estimula a correlação existente entre


comunicação de massa e a vida cotidiana. Ele ressalta a deformação da tradicional
noção do espaço-tempo em nossas consciências como um fator essencial para se
entender o cotidiano atual. Mais do que nunca temos a compreensão fundamental
de que o mundo acontece para muito além da nossa percepção imediata, e
entendemos a simultaneidade como um elemento inerente à realidade.

Análise estendida
Em um primeiro momento do texto o autor ressalta o caráter “cultural” da mídia – ou
seja, a preocupação tanto com a forma simbólica em si quanto com o contexto em
que esta se encontra. O autor, dessa maneira, traz o entendimento que para uma
eficiente analise social dos fenômenos de comunicação é necessário explorar as
diversas facetas em que esse se encontra.
Um importante ponto do texto é a relação traçada pelo autor entre poder e
comunicação. Para iniciar essa analise ele começa esclarecendo o que é poder,
definindo como “[…] a capacidade de agir para alcançar os próprios objetivos ou
interesses, a capacidade de intervir no curso dos acontecimentos e em duas
consequências. No exercício do poder, os indivíduos empregas os recursos que lhe
estão disponíveis”. Ele associa então a ideia de poder com a ideia de “recurso”, e a
subsequente capacidade do individuo de possui-los e maneja-los em seu contexto
social em prol de seus interesses próprios. O autor ainda aponta instituições
pré-dominantes no exercício de cada espécie de poder: a instituições
paradigmáticas. Observando tais fatores, ele traz uma visão esquematizada do
conceito de poder para fins analíticos, separando este em quatro esferas
coexistentes na sociedade: o poder econômico, político, coercitivo e simbólico.
O poder econômico diz respeito à influência de um individuo ou instituição sobre os
recursos materiais e financeiros disponíveis em seu contexto social. O poder político
deriva da capacidade de coordenar indivíduos e regulamentar suas interações. O
poder político pode ser entendido como algo fundamentado nos outros dois últimos
tipos de poder citados: o poder coercitivo e o simbólico. O coercitivo está
diretamente correlacionado à força física e o medo que está pode causar sobre os
indivíduos de uma sociedade. O poder simbólico está ligado à capacidade de criar e
prolongar crenças que deem legitimidade e sustentação a uma instituição
específica.
O autor aponta como instituição paradigmática do poder simbólico os meios de
informação e comunicação. A partir desse ponto podemos começar a tratar de uma
relação traçada pelo autor entre política e poder: quando ele concede aos meios de
informação e comunicação o papel de recurso para a conquista de um dos quatro
tipos de poder propostos, ele deixa claro a importância e o peso que a ação
comunicativa exerce em um contexto social.
A partir do entendimento que formas simbólicas geram significados e estimulam
comportamentos e ações de forma generalizada na sociedade, torna-se fácil
observar a relação entre poder e comunicação. Se uma instituição (as culturais, no
caso do poder simbólico) tem a capacidade de incitar pensamento e provocar
emoções em uma população através de símbolos e narrativas, tal instituição passa
a ter uma grande parcela de poder sobre aquela parcela social que afeta. Se você
influencia a mente de um indivíduo, consegue utilizar a consciência alheia para
atingir seus objetivos – e, como já definido, a capacidade de alguém para atingir
seus objetivos e interesses próprios pode se resumir à ideia de poder.
Tratando da ideia de “comunicação de massa”, o autor começa a abordagem com
alguns esclarecimentos a respeito do conceito. A popularização do termo acabou
concedendo a este uma ideia equivocada no imaginário popular a respeito de tal
fenômeno. Em um primeiro momento ele traz duas problemáticas acerca da palavra
“massa”. A primeira diz respeito à tendência de atribuirmos esse conceito,
invariavelmente, à uma ideia de quantidade grande de pessoas. Ele ressalta que a
ideia de “massa” não deve estar ligada à uma multidão de pessoas, e sim a uma
pluralidade de modelos mentais atingidos simultaneamente jamais vista antes. A
segunda problemática com a palavra é a ideia associada de que “massas” são
multidões culturalmente passivas. Tal ideia pode estar relacionada com a
unilateralidade predominante (embora não totalmente vigente) dos meios de
comunicação atual – preceito que semeia também a problemática apontada pelo
autor a respeito da palavra comunicação. As massas, apesar de não conseguirem
construir uma discussão bilateral com os meios de comunicação, não são
necessariamente agentes passivos: elas podem receber as mensagens com
pensamento crítico e reproduzirem em seus cotidianos respostas não explicitas ou
verbais.
O autor também traz a ideia de como a comunicação de massa “expandiu” os
horizontes espaço-temporais de nossas consciências. Antes de ser possível tornar
“portátil” uma informação (que se deu a partir do desenvolvimento de meios técnicos
cada vez mais modernos), a nossa consciência era limitada às experiências que
coincidiam com o espaço e momento que nosso corpo físico ocupava. Com o
desenvolvimento da escrita e então incessante evolução das tecnologias de
comunicação, cada vez mais temos uma noção menos individual de tempo e de
espaço. Essa noção ampliada do espaço-tempo é um dos pilares do mundo
globalizado em que nos encontramos.

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