Com o surgimento da indústria farmacêutica após a Segunda Guerra Mundial, a
corrida pela descoberta de moléculas com potencial terapêutico aumentou consideravelmente. Junto a isso, os órgãos regulatórios passaram a exigir que esses medicamentos passassem então por diversas etapas de testes para garantir que os mesmos fossem seguros para uso da população, o que levou a um aumento no custo investido para aprovação desses possíveis novos medicamentos. Não é uma novidade no Brasil o fato de a população realizar tratamentos com diversos fármacos através da automedicação. Essa prática poderia ser fatal se o perfil de segurança desses fármacos não fosse previamente estabelecido, definindo assim quais medicamentos têm um perfil de segurança maior, permitindo que sejam de venda livre; ou definindo quais têm o perfil de segurança menor, restringindo estes à liberação somente com prescrição médica. O fato é que, se não fosse exigido pelos órgãos regulatórios a comprovação do perfil de segurança e toxicidade do medicamento antes de ser aprovado e lançado no mercado, o risco que a população estaria correndo ao ter acesso livre a determinados medicamentos seria preocupante. Para que um medicamento seja aprovado no mercado, ele precisa primeiramente passar pelos estudos pré-clínicos, onde a molécula sintetizada que possui potencial para tratamento de determinada doença, vai passar pelos testes de laboratório, podendo estes serem feitos utilizando células, meios de cultura, dentre outras formas. Se os efeitos se mostrarem satisfatórios, poderão iniciar os testes em animais, que podem levar anos. Nessa fase pré-clínica são feitos testes de toxicidade para garantir a segurança da molécula. Assim, consegue-se testar a dose letal, dose tóxica, dose efetiva e estabelecer o perfil de segurança dessa molécula, para então, se considerado seguro, esse medicamento pode passar para a fase de testes em humanos. Deve-se levar em conta que até essa etapa, o investimento desde o desenvolvimento da molécula até a realização dos testes é altíssimo. Finalmente, quando os testes entram para a etapa clínica, com o auxílio de pessoas voluntárias, após preenchimento do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, iniciam-se os testes em humanos para comprovação de eficácia, segurança, tolerância, dosagem, efeitos colaterais, dentre outros. Nessa etapa, os voluntários recebem o medicamento e são monitorados por uma equipe especializada. Após a etapa clínica, se for satisfatória, finalmente o medicamento pode ser aprovado pelos órgãos regulatórios e lançado no mercado, onde continuará a ser monitorado, no caso do Brasil pela ANVISA, para estudos de vigilância. Assim, podemos observar a importância da exigência por parte desses órgãos, desses inúmeros estudos para garantir a segurança no uso do medicamento, permitindo à população realizar diversos tratamentos de forma eficaz e segura.
Motivos para Participação em Pesquisa Clínica: análise retrospectiva dos motivos relatados por pacientes enfermos para participação em pesquisa clínica