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CURSO DE CONTABILIDADE E AUDITORIA

FISCALIDADE E FINANÇAS PÚBLICAS

Correcção do Exame Normal

(06-12-2018)

Leia e Reflicta antes de começar a responder. Redija com clareza e objectividade cada questão.
Doseie o tempo disponível.

Parte I

1. Enuncie e caracterize a principal fonte de financiamento do Orçamento do Estado. (1.5V)

A principal fonte de financiamento do Orcamento do Estado é o Imposto.

Nos termos do artigo 4 da Lei n° 15/2002, de 16 de Junho, Lei de Bases do Sistema


Tributário da República de Moçambique, Imposto é o pagamento para o Orcamento do
Estado, com natureza unilateral e obrigatoria, incluindo encargos legais e juros previstos
em normas tributárias.

Nos termos do n.2 do artigo 3 da Lei n° 2/2006 de 22 de Marco, Os Impostos são as


prestações obrigatórias, avaliáveis em dinheiro, exigidas por uma entidade pública, para
a prossecução de fins públicos, sem contraprestação individualizada, e cujo facto
tributário assenta em manifestações de capacidade contributiva, devendo estar previstos
na lei.

Prestação coactiva: no sentido de que é uma obrigatoriedade imposta pelo Estado. Prestação
pecuniária ou patrimonial: avaliável em dinheiro, mas também podendo ser pago em bens ou
serviços. Prestação definitiva: sem direito a restituição, reembolso, retribuição ou
indemnização. Prestação estabelecida por lei: de acordo com o princípio da legalidade.
Prestação sem carácter de sanção; sem fins sancionatórios. Prestação a favor do Estado ou
das Autarquias; a favor das entidades que exerçam funções públicas. Prestação para
realização de fins públicos: obtenção de receitas públicas e fins sociais, económicos.

2. Fale das Finanças Públicas, no que respeita aos meios de financiamento. (2.0V)

Finanças Públicas - significa a actividade através da qual o Estado ou outro ente público
afecta bens económicos à satisfação de necessidades sociais, isto é, associa-se a toda
actividade do Estado que envolve a realização de despesas e a obtenção de receitas com
vista à satisfação do interesse geral numa sociedade política.

No que tange aos meios de financiamento, Os impostos são um meio de financiamento


específico do Estado, onde se revela, de forma especial, o carácter coactivo da sua
actividade.

Há receitas obtidas por actos de troca, algumas empresas públicas produzem bens e
serviços com lucros – também é certo que se trata de uma pequena fracção da totalidade
das receitas, as quais provêm maioritariamente da cobrança dos impostos, receitas que já
não resultam de relação de troca.

O Estado, também produz bens, também faz despesas, também tenta reduzir estas ao
mínimo. No entanto, não o faz com objectivos lucrativos.

3. A Assembleia da República na sua última sessão, como forma de melhorar a captação de


receitas, aprovou a criação do Imposto de Turismo, com o fundamento de que este imposto vai
aumentar as receitas. Comente. (1.5V)

Nos termos do artigo 100 da CRM, Os impostos são criados ou alterados por lei que os
fixa segundo critérios de justiça social.

Nos termos do artigo 143 da Constituição da República de Moçambique, que versa sobre
Actos Normativos, prescreve que:

1. São actos legislativos as leis e os decretos-leis.


2. Os actos da Assembleia da República revestem a forma de leis, moções e
resoluções.

Nestes termos, o acto da Assembleia da República é constitucionalmente válido e vai


produzir eficácia.

4. A Lei 2/2006, de 22 de Marco, fala da Extinção das Obrigações Fiscais. Disserte? (1.5V)

O capítulo VI, da Lei n° 2/2006, versa sobre a extincao das obrigacoes tributarias, os
artigos 43 a 48, referem que se extingue a obrigação tributaria com: o Pagamento,
Compensação, Dação em cumprimento, Confusão, Extinção por falência ou Insolvência e
Prescrição.

5. Em que regime de tributação do IVA se devem enquadrar os sujeitos passivos que efectuam
importações bens e tenham atingido um volume de negócios no exercício anterior superior a
750.000,00Mt e inferior a 2.500.000,00Mt. (1.5V)
Tais sujeitos passivos, devem estar enquadrados no Regime Normal do IVA, por exclusão
dos mesmos nos Regimes de Isenção e Simplificado, isto é, nos termos dos artigos 35 e 42
do CIVA.

Parte II

João Joaquim exerce a actividade de Consultoria Contabilistica. Em 2015, facturou aos seus clientes
2.600.000 MT, enquadrando-se obrigatoriamente no regime de contabilidade organizada. A materia
colectável foi de 950.000,00 Mt

Em 2016, João Joaquim apresentou a seguinte informação:


Valores em MT
A - Proveitos
- Vendas 9.500.000,00

B Custos
- Renda do escritório 2.600.000
- Despesas com: água, energia, telefones 185.000
- Multas 250.000
- Material de escritório 448.000
- Salários e contribuições para o INSS de empregada de limpeza, secretária e estafeta 2.110.000
- Oferta de 750.000,00 ao Município da Namaacha
- Seguro, reparações com a viatura de carga 361.800
- Combustível da viatura particular da Marandza 350.000
- Despesas de representação (almoços com clientes) 390.000
- Deslocações e estadas do João Joaquim 810.000
- Deslocações do estafeta 105.000

Pretende-se:
 Correcções fiscais, e

Custos fiscalmente aceites, mas com limites legais

- Salários e contribuições para o INSS de empregada de limpeza, secretária e estafeta


2.110.000 (Encargos não dedutíveis até 10% dos proveitos, ou seja, 10% x 9.500.000 =
950.000 MT., sendo assim 1.160.000 deve acrescer - Cfr artigo 35 do CIRPS)

- Despesas de representação (almoços com clientes) 390.000 (Custo não aceite em 312.000
- Cfr artigo 36 do CIRPC)

Custos não aceites Fiscalmente

- Multas 250.000 (Encargos não dedutíveis Cfr artigo 35 do CIRPS ou Custo não aceite -
Cfr artigo 36 do CIRPC)

- Combustível da viatura particular da Marandza 350.000 (Custo não aceite - Cfr artigo
36 do CIRPC)
Resultado Liquido do Exercício = Proveitos – Custos
RLE = 9.500.000 – 8.359.800
RLE = 1.140.200

Correcções Fiscais
A Acrescer = 1.160.000 + 312.000 + 250.000 + 350.000 = 2.072.000

 Apuramento da Matéria Colectável

Matéria Colectável = RLE + Correcções Fiscais


= 1.140.200 + 2.072.000 = 3.212.200

Parte III

Fátima Santos, titular do NUIT 103271192, casada com o Sr. Carlos Manuel, reside a 175 dias, no
Município de Namaacha, antes residia na Cidade de Lichinga, durante o exercício fiscal de 2015,
obteve rendimentos que baixo se indicam:

a) 8.800.500,00 MT: rendimento proveniente da alienação de um imóvel que detinha na Malí


b) 790.345,00 MT: Ajudas de custos correspondentes a 120 dias;
c) 1.590.235,00 MT: Rendimento decorrente do depósito no Banco Único;
d) 580.000,00 MT: Prémio de lotaria promovida pela Moçambique da Sorte, edição 2017;
e) 989.900,00 MT: Rendimento de prestação de serviços de consultoria;
f) 1.200.000,00 Mt: Pensão de Reforma.
g) 750.000, 00 MT: salários pagos pela empresa Espiga D’Ouro;
h) 830.000,00 Mt: rendimento proveniente do arrendamento do imóvel sito na Matola;
i) 75.000,00 MT: de Abonos para falhas;

Referir que, no exercício a que os rendimentos dizem respeito Fatima teve a seu cargo o filho Ernesto
Fernando de 26 anos de idade, sem rendimentos e estudante do Curso de Contabilidade e Auditoria na
UNA, o primo Vasco de 21 anos, Maninha, neta de 3 anos, sua mãe Suzette incapaz para o trabalho e
um cachorrinho de estimação.

NB. As ajudas de Custos para os funcionários públicos são os seguintes:

 Directores – 2.000,00/dia
 Técnicos superiores – 1.700,00/dia
 Técnicos simples – 1.500,00/dia

PERGUNTAS

Fundamentando legalmente, responda as questões que se seguem:


1. Será Fátima sujeito passivo residente ou não residente? Qual é a extensão da sua obrigação
fiscal? (1v)

A alínea a) do n°1 do artigo 21 do CIRPS, prescreve que são residentes em território da


República de Moçambique as pessoas que, no ano a que respeitem os rendimentos, hajam
nele permanecido mais de 180 dias, seguidos ou interpolados; porque a Sra. Fatima reside
em território moçambicano a mais de 180 dias, ela é considerada residente em territorio
mocambicano para efeitos fiscais.

2. Como é constituído o agregado familiar? (1v)

Nos termos da alínea b) do n° 3 conjugado com a alínea e) do n°4 ambos do artigo 18 do


CIRPS, Fazem parte do agregado familiar o Sra. Fatima e a sua mãe Suzette Incapaz
para o trabalho.

3. Integre os rendimentos constantes da hipótese nas respectivas categorias de rendimentos


tributados em IRPS. (2v)

a) 3ª categoria nos termos da alínea a) do n. 1 do artigo 13 do CIRPS


b) 1ª categoria nos termos da alínea d) do artigo 4 do CIRPS
c) 3ª categoria nos termos alínea b) do n. 4 do artigo 10 do CIRPS
d) 5ª categoria nos termos da alínea a) do artigo 16 do CIRPS
e) 2ª categoria nos termos da alínea b) do n. 2 do artigo 8 do CIRPS
f) 1ª categoria nos termos da alínea a) do n.1 artigo 5 do CIRPS
g) 1ª categoria nos termos da alínea a) do n. 2 artigo 2 do CIRPS
h) 4ª categoria nos termos da alínea a) do n. 2 do artigo 15 do CIRPS
i) 1ª categoria nos termos da alínea c) do artigo 4 do CIRPS

Parte IV

A Sociedade Estudos Lda, enquadrada no regime Simplificado do IVA, no mês de Julho, efectuou as
seguintes operações:

 Compras de mercadorias – 50.000.000,00 Mt + IVA = 50.000.000*17% =8.500.000

 Aquisição de material – 25.000.000,00 Mt + IVA = 25.000.000*17% =4.250.000

 Vendas de Mercadorias – 350.000.000,00 Mt + IVA = 350.000.000*5% =17.500.000

Qual é o IVA a entregar ao Estado?

O IVA a entregar é o que resulta de 350.000.000*5% = 17.500.000, isto porque no regime simplificado
não há dedução do IVA suportado, nos termos do n. 2 do artigo 42 do CIVA.

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