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FACULDADE ADVENTISTA DA BAHIA

CURSO DE DIREITO
DISCENTE: IGOR FERNANDO TURNO: VESPERTINO
DOCENTE: HIRAN COUTINHO

TEORIA GERAL DO PROCESSO - Gustavo Filipe Barbosa Garcia Cap. 09


Pag.213-224
Pag.213-214 [...] O Estado tem o papel de manter a paz, a ordem e a harmonia nas
relações sociais. Com esse objetivo, é titular do poder soberano, exercido
nas atividades legislativa (criação de normas legais), executiva
administração do interesse público) e jurisdicional. A jurisdição estatal,
assim, é manifestação do poder do Estado: e decidir imperativamente e
impor as decisões[...].

[...] Por estar inserida na esfera do poder estatal, a jurisdição caracteriza-


se pela inevitabilidade, no sentido de ser exercida independentemente da
anuência do demandado, além do que os resultados do processo são
impostos de forma imperativa. [...]

[...] No âmbito das funções exercidas pelo Estado, indica-se a jurisdição


como a única dotada da característica de “definitividade”, no sentido da
“imunização dos efeitos dos atos realizados”. [...]

[...] A jurisdição também pode ser vista como atividade estatal, referindo-
se aos atos praticados pelo juiz no processo, com o objetivo de pacificação
social por meio da atuação (no sentido de realização, cumprimento,
afirmação, efetivação) do Direito objetivo. [...]

[...] A doutrina destaca ser a atividade jurisdicional “substitutiva das


atividades dos sujeitos envolvidos no conflito”, uma vez que a ordem
jurídica, em regra, não mais admite “atos generalizados de autodefesa"[...]

Pag.215-216 [...] Nota-se, portanto, o tríplice enfoque no que se refere à jurisdição, ou


seja, como poder, função e atividade"’. [...]

[...] Na realidade, a jurisdição pode ser vista como poder-dever do Estado,


no sentido de pacificar os conflitos sociais e assegurar a ordem jurídica.
Trata-se de forma de solução de conflitos”. [...]

[...] Embora o poder soberano do Estado seja uno, é possível enfocá-lo


conforme a modalidade de atividade e função desempenhadas, sabendo-
se que a jurisdição é exercida preponderantemente, mas não
exclusivamente, pelo Poder Judiciário. No Direito brasileiro, podem ser
identificados casos de atividade jurisdicional exercida, excepcionalmente,
por outros Poderes da República, como nos arts. 51, inciso, I. 52, incisos I
e II, e 86 da Constituição Federal de 1988[...]
Pag.217-218 [...] A arbitragem é facultativa e, em regra, exercida por pessoas JU entes
privados. Entretanto, mesmo se o árbitro for por órgão ou agente público,
ainda assim não se confunde com o poder, relativo ã soberania, de não
apenas decidir imperativamente, mas impor as decisões. [...]

[...] A jurisdição, como manifestação do poder estatal, é atividade essencial


que tem como objetivos a solução dos conflitos, a pacificarão social com
justiça e a atuação do Direito. Trata-se de instituto fundamental não
apenas no Direito Processual, mas de ordem constitucional e mesmo
política, por se inserir na organização, atuação e estrutura do Estado [...]

[...] A jurisdição tem três escopos ou objetivos centrais, quais sejam: o


social, o político e o jurídico, a seguir explicitados [...]

[...] O escopo social é considerado o de maior relevância, ou seja,


fundamental, e significa a pacificação social, solucionando os conflitos que
surgem na vida em sociedade com justiça. Ainda como escopo social,
destaca-se a educação para o exercício dos próprios direitos e respeito
aos direitos alheios. [...]

[...] O escopo político diz respeito à preservação do valor liberdade, em


que as pessoas e entidades defendem a liberdade individual em face do
poder Estado (como ocorre na tutela jurisdicional das liberdades públicas,
por meio de remédios ou ações constitucionais, como habeas corpus,
mandado de segurança, habeas data e mandado de injunção), à
possibilidade de participação nos rumos do Estado, por meio do exercício
da cidadania (como ocorre no ajuizamento da ação popular), e à
estabilidade das instituições políticas, por meio do respeito o ordenamento
jurídico e de sua autoridade. [...]

[...] O escopo jurídico é a atuação da vontade concreta do Direito objetivo,


ou seja, a aplicação das normas jurídicas materiais nos casos concretos
por meio da decisão judicial. [...]

[...] A jurisdição, como função do Estado, é exercida por meio do processo,


que é instrumento para se alcançar os referidos escopos, entendidos como
objetivos ou propósitos. Sendo assim, a instrumentalidade do processo diz
respeito aos diversos escopos (social, político e jurídico) a serem
alcançados por meio da sua utilização, não se tratando apenas de
instrumento do Direito material (escopo jurídico). [...]

Pag.219-220 [...] A jurisdição voluntária é normalmente considerada administração


pública de interesses privados, atribuída e realizada pelo Poder Judiciário.
Nela não se submete ao juiz um conflito de interesses para que seja objeto
de decisão, como ocorre na jurisdição contenciosa. A jurisdição voluntária
tem como objetivo a tutela de matérias de interesse público, por meio de
atividade judicial, em negócios jurídicos privados [...]
[...] Há casos previstos na lei em que os efeitos jurídicos de certos atos e
negócios privados exigem a apreciação ou a autorização judicial, com
fundamento na necessidade de se proteger o interesse público. [...]
[...] Além disso, mesmo na jurisdição voluntária a atividade judicial não tem
como objetivo orientar ou aconselhar, mas sim proferir uma decisão. [...]

[...] A sentença na jurisdição voluntária, em princípio, não faz coisa julgada


material, podendo ser revista a qualquer tempo, se houver modificação
superveniente das circunstâncias originais. [...]

Pag.221-222 [...] O procedimento terá início por provocação do interessado, do


Ministério Público ou da Defensoria Pública, cabendo-lhes formular o
pedido devidamente instruído com os documentos necessários e com a
indicação da providência judicial (art. 720 do CPC). [...]

[...] Na jurisdição voluntária normalmente a medida judicial não tem caráter


contencioso ou litigioso. Desse modo, em princípio, não há conflito de
interesses submetido para ser decidido por meio de atividade jurisdicional
contenciosa. [...]

[...] Na jurisdição voluntária o juiz não é obrigado a observar critério de


legalidade estrita, podendo adotar em cada caso a solução que considerar
mais conveniente ou oportuna (art. 723, parágrafo único, do CPC). [...]

[...] Admite-se na jurisdição voluntária, portanto, a decisão por equidade,


no sentido de estabelecer o mais justo, legítimo e adequado ao caso,
conforme específica autorização legal, exigida pelo art. 140, parágrafo
único, do CPC. [...]

Pag.223-224 [...] No âmbito trabalhista, o processo de homologação de acordo


extrajudicial tem início por petição conjunta, sendo-obrigatória a
representação das partes por advogado (art. 855-B da CLT, acrescentado
pela Lei 13.467/2017). [...]

[...] No prazo de 15 dias a contar da distribuição da petição, o juiz deve


analisar o acordo, designará audiência se entender necessário e proferirá
sentença (art. 855-D da CLT). [...]

[...] A homologação de acordo constitui faculdade do juiz, inexistindo direito


líquido e certo tutelável pela via do mandado de segurança”. [...]

[...] Caso a sentença rejeite (no todo ou em parte) a homologação do


acordo extrajudicial, é cabível recurso ordinário (art. 724 do CPC e art. 895,
inciso I, da CLT), a ser julgado pelo Tribunal Regional do Trabalho. [...]

[...] Havendo homologação (integral) do acordo extrajudicial pela Vara do


Trabalho, aplicando-se o art. 831, parágrafo único, da CLT, a decisão é
irrecorrível, salvo para a União quanto às contribuições previdenciárias
que lhe forem devidas. Sendo assim, em consonância com a Súmula 259
do TST: “Só por ação rescisória é impugnável o termo de conciliação
previsto no parágrafo único do art. 831 da CLT”. [...]

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